sábado, 2 de abril de 2011

O leitor brasileiro na visão de nossos escritores clássicos

Publicado em 1º de março de 2011
Juliana Carvalho
Professora e redatora
Em continuação ao tema explorado no minicurso Literatura, Ensino e Divulgação Cultural, oferecido pela professora doutora Muna Omram na UFF, sobre o qual falamos aqui na edição de 4 de janeiro de 2011, a formação do leitor brasileiro mereceu especial atenção. Para Antonio Candido, faz pouco tempo que as obras nacionais trabalham com base no sistema literário autor – obra – público. Para o historiador, a literatura deve valorizar um esquema comunicativo mais completo, que não isole o autor em sua produção, mas coloque-o em diálogo com outros autores, adeptos ou não da mesma tendência. Durante muito tempo, o que vimos foi uma produção literária mais ou menos consciente de seu papel e que renegava o leitor a um papel secundário. Para esses autores, o papel do leitor era apenas ocupar um lugar de destaque como receptor privilegiado dessas obras.

Formação do público leitor no Brasil

A figura do leitor começa a aparecer na produção literária nacional no Romantismo. Os autores românticos se posicionavam como professores desses leitores. Em Memórias de um Sargento de Milícias, Manuel Antônio de Almeida parece conduzir o leitor pela mão, sempre recapitulando uma ação do capítulo anterior:

Os leitores devem estar lembrados de que o nosso antigo conhecido, de quem por algum tempo nos temos esquecido, o Leonardo Pataca, apertara-se em laços amorosos com a filha da comadre e que com ela vivia em santa e honesta paz. Pois este viver santo e honesto deu, em tempo oportuno, o seu resultado. Chiquinha (era este o nome da filha da comadre) achou-se de esperanças e pronta a dar à luz.
José de Alencar fornece ao leitor uma formação engajada com o projeto político e ideológico do Romantismo na primeira geração, representado pelo indianismo. Esse projeto pretendia, por meio da literatura, fundamentar os alicerces para a construção de uma nação ideal:

O que melhor do que a história de Peri para despertar o furor nacionalista que parecia adormecido no inconsciente coletivo — na juventude brasileira que ansiosa aguardava a chegada do trem transportando as páginas folhetinescas? O sentimento solidário agrupava jovens para uma leitura em voz alta a favor de quem não possuía um exemplar.

A mais conhecida razão para a escolha do índio como herói nacional foi a resistência que impuseram aos portugueses. Mas José de Alencar tenta desmentir isso nas primeiras linhas de Iracema. A luta apresentada quando Iracema se encontra com o branco é breve e apenas consequência de um reflexo de defesa contra um estranho. Mas ao disparar sua flecha e ferir o guerreiro, logo sente remorso. Este, ao contrário, “de primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida” .

Um pouco mais distante dos temas políticos, Machado de Assis tomou para si a missão de fornecer cultura ao leitor. São muitos exemplos, mas o conto Missa do Galo apresenta isso de forma bem clara. Observe o trecho em que Nogueira fala a Conceição (e ao leitor) sobre o romance que está lendo:

Tinha comigo um romance, Os Três Mosqueteiros, velha tradução, creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas (...).

— Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
— Justamente: é muito bonito.
— Gosta de romances?
— Gosto.
— Já leu A Moreninha?
— Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
— Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?
Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns.

Já o conto A Cartomante tem início com uma citação de Shakespeare:

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
Além de sugerir listas de livros, peças, concertos e obras culturais às quais o indivíduo deve ter acesso para adquirir formação ampla, outro recurso usado por Machado de Assis é aproximar-se do leitor, fazendo-o sentir-se parte da história. Em Dom Casmurro, no capítulo 10, chama o leitor de amigo para convencê-lo:

Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição, cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor... Mas não adiantemos; vamos à primeira tarde, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim.

Ao ser convidado a compartilhar os pensamentos e atitudes do narrador, o leitor é levado a refletir e tomar partido na narrativa. No caso da história narrada por Bentinho, o leitor decide se acredita na veracidade dos fatos ou não. Machado tenta claramente seduzir o leitor chamando-o de amigo ou tratando-o com cordialidade, mas o considera inapto para entender as sutilezas da linguagem. Talvez por isso Capitu não tenha sido condenada pelo autor, mas sim pelo público.

Shakespeare volta a ser referência, se observarmos a estrutura e as semelhanças entre os perfis de Bentinho e Otelo. Bentinho, assim como Otelo, também reflete desajuste social, sendo descrito como um sujeito manipulado e sem decisões próprias. Fruto da autoridade matriarcal e da acomodação burguesa, vê em Capitu uma figura cuja força, exuberância e firmeza de atitude são capazes de subjugar sua própria identidade. Ambos viram como solução para a suposta infidelidade a morte de suas esposas. Otelo, em sua personalidade mais sanguínea, parte para o ato evidente, estrangulando Desdêmona, reparando sua honra numa atitude totalmente movida pela emoção, chegando à insanidade. Já Bentinho, um homem que prezava as convenções sociais, buscou solução mais racional, embora covarde, em ignorar Capitu, retirando-a aos poucos de seu convívio. O assassinato pode ser entendido na própria narrativa, em que Dom Casmurro, quase que por descuido, deixa escapar que ela morreu na Europa, sem uma observação mais relevante, distante dele e já há muito de seu coração.

No século XX, Lima Barreto cria uma personagem leitora, o major Policarpo Quaresma, que se eleva quando transforma em ideal o conteúdo de suas leituras. Ainda assim, o autor apenas indica uma lista extensa de obras, sem oferecer nenhuma explicação sobre sua importância. Isso evidencia o desprezo ao leitor presente na literatura brasileira em geral até então.

Mário de Andrade, em seu livro Amar, verbo intransitivo, conta com a ajuda do leitor na medida em que este, ao ler um texto, estabelece conexões implícitas, preenche lacunas, faz deduções, comprova suposições, e tudo isso significa o uso de um conhecimento de mundo em geral e das “regras” literárias em particular. Partindo desse princípio, o autor constrói uma obra cheia de lacunas, em que é solicitado o trabalho do leitor para interpretá-las. Apesar disso, ainda não há diálogo. O leitor realiza seu trabalho de interpretação já com base nas pistas oferecidas pelo autor, que direciona a leitura.

O conceito de metanarrativa permite ao autor guiar o leitor por meio de uma sucessão de lacunas ao fim das quais ele terá reconstruído o texto segundo a intenção do autor. A obra apresenta pistas que balizam as interpretações. A consciência de que há uma regra de montagem é que nos leva a fazê-lo corretamente.

A obra apresenta um narrador onipresente e onisciente, que interrompe a história para comunicar ao leitor que o que ali está em palavras não é algo inventado, mas efetivamente um relato. O leitor, a par das impossibilidades típicas do relato, como a onisciência e onipresença autoral, aceita a tarefa de contextualizar a ficção e torná-la verossímil. Existe uma intenção clara que solicita a cooperação do leitor, mas não se predispõe a dividir com ele o trabalho de autoria.

Talvez o primeiro autor dentro da literatura brasileira que realmente convide o leitor para ajudá-lo na construção de sua obra é Graciliano Ramos. São Bernardo, aclamado no meio acadêmico, apresenta um narrador que dialoga com o leitor com base em sua maturidade. O leitor passa a ser produtor e operário, com base no sistema de produção capitalista. Desde o início de São Bernardo, o protagonista compartilha com o leitor o processo de elaboração da obra, questiona sobre a linguagem a ser empregada, a divisão dos capítulos. Esses traços metalinguísticos tornam a obra ainda mais complexa; esse estilo pode oferecer pistas para compreender Paulo Honório, que compartilha conosco suas memórias. Já no início do livro percebemos a intenção do autor: “Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho”. Paulo Honório convida o leitor para construir a narrativa junto com ele, demonstrando solidariedade e reconhecendo a necessidade de diálogo, entretanto sem desprezá-lo ou diminuí-lo.

A partir da obra de Graciliano Ramos, outros autores passaram a respeitar a independência do leitor, já que somos nós que produzimos a leitura, construímos o personagem e geramos sentido, independente da criação do autor. Bastava aos autores apenas o reconhecimento e a elaboração da obra a partir dessa perspectiva.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Uma imersão literária

Projeto do Centro Cultural BNB, "Abril para a Leitura" presta homenagem à arte das letras com uma mostra babélica, onde cabem teatro e artes visuais

Cena da peça "Ensaio para um silêncio", do grupo Expressões Humanas, sob direção de Herê Aquino. O espetáculo é livremente baseado no romance "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector
Uma programação de fôlego para o mês mais literário de todos. Assim será o evento multimídia "Abril para Leitura", promovido pelo Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) de Fortaleza. O projeto pretende marcar as datas comemorativas relacionadas ao livro e à leitura, comemoradas nas próximas semanas: o dia internacional do livro infanto-juvenil (02/04); o dia nacional do livro infantil (18/04); e o dia mundial do livro
(23/04).

Com entrada gratuita, a programação abrange peças de teatro adulto e infantil, um espetáculo cênico-musical, curso de apreciação de arte, oficina de formação artística, palestras e debates, passeios no Trenzinho da História, exibições de curtas-metragens, contação de histórias e uma Tenda Poética, entre outras atividades.

A agenda já tem início hoje, com a apresentação da peça "Ensaio para um silêncio", do grupo Expressões Humanas, com direção de Herê Aquino. Livremente inspirado no romance "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector, o espetáculo é uma tentativa da captar a essência do silêncio que penetra o vazio do ato da criação. A peça se trabalha o jogo entre criador e criatura e dos diversos "eus" que duelam na criação de personagens.

Na sexta-feira seguinte é a vez do espetáculo "Algumas histórias de amor", dirigido e encenado por Edivaldo Batista e Paula Yemanjá. Escrito a partir de contos de Marina Colasanti e Nelson Rodrigues, a peça traz à tona sentimentos e relações discutidas à luz de uma bela refeição, por meio de personagens como uma mulher que espera o marido ausente, e outra que se empanturra de comida para deleite do esposo.

Além do teatro, também há espaço para o cinema. A programação especial exibirá quatro curtas-metragens cujo foco é a literatura, em dois sábados: "Memórias de papel", "Como comer um elefante", "Pedreiro literário" e "Nosso livro".

Quem prefere ser mais do que espectador deve apostar na Tenda Poética, onde durante dois dias acontecem performances, rodas de leitura, leituras dramáticas e a Mostra de Poesia Falada. O público poderá inscrever sua poesia e apresentá-la no palco do CCBNB - Fortaleza.

Para os pequenos
Os domingos são dedicados ao público infantil. No dia 3 será apresentado o espetáculo "Livrolândia - O Reino da Leitura", com a Cia. Camarim de Teatro e direção de Davidson Caldas. A peça conta a saga de um rei que se cansou de ler histórias e decidiu lançar um concurso em seu reino para a pessoa que tivesse a voz mais bonita e soubesse ler bem. O espetáculo será reapresentado dia 17 (domingo), nos mesmos horários e local, e no dia 30, às 17h30, no Centro Cultural Patativa do Assaré (Av. B, 701), no Conjunto Ceará, dentro do programa Arte Retirante.

No dia 10 será a vez de "Em cada canto um conto", com o grupo potiguar Carmim e direção de Rogério Ferraz. Trata-sede um espetáculo lúdico e musical que trata da narração de histórias e brincadeiras populares. As histórias ressaltam valores como lealdade, trabalho em equipe e honestidade.

Também aos domingos acontece a oficina de arte "Animais inventados de biscuit" e o passeio no Trenzinho da História. A oficina parte da leitura do livro "O coelhinho esquisito descobriu que é bonito" para estimular as crianças a criar animais imaginários com as peças de biscuit. Já o passeio é direcionado a crianças de até 12 anos e seus acompanhantes. O trenzinho vai percorrer ruas e avenidas do Centro Histórico de Fortaleza, mostrando as principais praças e monumentos históricos da região. Haverá uma parada de 20 minutos na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel.

Dentro da programação infantil acontece ainda a contação de histórias "Marcelo, Marmelo, Martelo", baseada no livro homônimo da escritora de literatura infantil Ruth Rocha. Na história, um simpático menino muito curioso passa a questionar o nome e o sentido das coisas.

Conhecimento
Sem esquecer as ações formativas, o "Abril para Leitura" realiza no período de 5 a 7, o curso de apreciação de arte "Fortaleza das Letras: a Cidade na Literatura", ministrado pelo professor Carlos Eduardo de Oliveira Bezerra. O curso visa apresentar poemas, trechos de contos, romances e crônicas da literatura cearense, que enfocam a Capital cearense, no mês do aniversário da cidade.

Por sua vez, a oficina de formação artística "Laboratório de produção literária" acontece no período de 12 a 15, com o objetivo de vivenciar a criação literária de narrativas, através de conhecimentos teóricos e exercícios práticos de escrita artística.

Já no Literatura em Revista, um programa de apreciação e difusão literária, as escritoras Érica Zíngano, Roberta Ferraz e Renata Huber falam sobre o livro "fio, fenda, falésia", no dia 26. Na edição seguinte do programa, dia 30, o poeta Ítalo Rovere rememora em prosa e verso as viagens que fez para a Índia em 1989, 1990, 1991 e 1997, para encontrar-se com a Madre Teresa de Calcutá, com quem conviveu e trabalhou.

Já o programa Troca de Ideias traz, no dia 26, o artista visual Efrain Almeida. Cearense radicado no Rio de Janeiro, Efrain participará de uma conversa com o público sobre sua trajetória artística e história de vida. Além disso, lançará o livro "Efrain". Seus trabalhos afirmam o caráter autobiográfico de sua produção, que levanta questões relacionadas à natureza do sertão nordestino, ao corpo, à sexualidade e à religião.

Por fim, nos dias 12 e 26, acontece o Clube do Leitor, um programa onde as pessoas se encontram para participar de um grupo e compartilhar novas leituras e conhecimentos. A programação inclui ainda espetáculos e debates em outros municípios cearenses, dentro do programa Arte Retirante.

Programação
Hoje e 15/04 - Peça "Ensaio para um silêncio", às 15 horas e às 18h30

3/04 - Espetáculo "Livrolândia - o Reino da Leitura", às 11h e às 17h

De 05 a 07/04 - Curso "Fortaleza das Letras: a Cidade na Literatura", de 14h às 18h. Inscrições gratuitas na recepção do CCBN

8/04 - Espetáculo "Algumas histórias de amor", às 15h e 18h30

10/04 - Espetáculo "Em cada canto um conto", às 11h e 17h

12 a 15/04 - Oficina de formação artística "Laboratório de produção literária", de 14h30 às 18h30

19/04 - Conversa com as escritoras Érica Zíngano, Renata Huber e Roberta Ferraz, autoras do livro "fio, fenda, falésia", às 18h30

26/04 - Conversa com o artista visual Efrain Almeida, às 18h

Confira programação completa do evento no site do CCBNB - Fortaleza

http://migre.me/49BEa

MAIS INFORMAÇÕES
Abril para Leitura - De hoje até 30 de abril no CCBNB - Fortaleza (Rua Floriano Peixoto, 941, Centro). Contato:
(85) 3464.3108

ADRIANA MARTINS
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Coleção Outras Histórias lança novo livro de Ismael Pordeus

"Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim", de Ismael Pordeus, traz três séries documentais com preciosidades sobre a vida do líder de Canudos. Lançamento 06 de abril, 17h30, no Museu do Ceará.


A Associação de Amigos do Museu do Ceará - ASMUSCE é uma entidade de direito privado, sem fins econômicos, fundada em 28/8/1996, na cidade de Fortaleza, com o objetivo de auxiliar o Museu do Ceará a captar recursos para a execução da sua missão institucional: promover a reflexão crítica sobre a História do Ceará, por meio de programas integrados de aquisição e conservação de acervos, pesquisas museológicas, exposições, cursos, publicações e práticas pedagógicas.

Desde 2001, a ASMUSCE edita a Coleção Outras Histórias, que hoje conta com 65 volumes. Por esse trabalho, recebeu o Prêmio Rodrigo Franco Melo de Andrade, na Categoria Divulgação do Patrimônio Cultural Brasileiro, conferido em 2007 pelo IPHAN e o Prêmio Manoel Coelho Raposo, do Edital para o Autor(a) Cearense, da Secretaria da Cultura do Estado, na categoria Selo Editoral.

A intenção da Coleção Outras Histórias é divulgar a produção acadêmica das ciências humanas, em linguagem e preço acessível, mas sem a perda do rigor. Este material, muito procurado pelas escolas e universidades do Ceará, subsidia ainda as diferentes atividades produzidas pelo Museu do Ceará, dentro do seu projeto educativo, que envolve pesquisas para as exposições de curta e longa duração, visitas orientadas, produção de materiais didáticos e oficinas.

O perfil editorial da Coleção Outras Histórias prima por uma multiplicidade de abordagens e objetos de investigação, a partir de três núcleos temáticos: 1) estudos de cultura material, especialmente direcionados para o acervo da instituição (Museu do Ceará); 2) pesquisas no âmbito do conhecimento histórico ou áreas afins, relevantes para a compreensão do referido acervo e da História do Ceará; 3) publicação comentada de documentos inéditos, de modo a promover a divulgação de vestígios e testemunhos que possam servir de subsídio para trabalhos futuros.


Considerando esse perfil editorial, a ASMUSCE lança Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim, de Ismael Pordeus (Prefácio de Ana Maria Roland), que traz três séries documentais: A verdadeira idade de Antônio Conselheiro, texto inédito em livro (sem data); Antônio Conselheiro não é matricida (1949), Antônio Dias Ferreira e a matriz de Quixeramobim (1955), compostos por vários artigos publicados individualmente no jornal O Nordeste e reunidos agora pela primeira vez.

Esses documentos encontram-se na reserva técnica do Museu do Ceará. Além de homenagear um dos mais importantes historiadores cearenses, divulgando a sua obra, a ASMUSCE tem por objetivo apresentar também, para o grande público, parte do acervo do Museu que não está nas salas de exposição.

Lançamento do livro "Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim", de Ismael Pordeus
dia 06/04 (qua), às 17h30
no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51 - Centro de Fortaleza)
entrada franca
valor do livro: r$10
info: (85)3101-2609 3101-2610

quinta-feira, 31 de março de 2011

O ceará e seus encantos

Quando falamos em Ceará temos que colocar em voga, literatura, musicalidade, artes plásticas, artesanato, turismo, belezas naturais e o tradicional humor cearense, conhecido em todo o Brasil. Ceará terra da luz cantada em provas e versos, a loira e desposada do sol, a terra de Iracema, a terra alencarina. O estado do Ceará é rico em diversos aspectos: no petróleo, na culinária, na agricultura, na piscicultura, nas belezas naturais, nas praias, lagoas, serras, na música, nas rendas, no humor, romarias religiosas e outros apetrechos culturais. Uma hospitalidade fora de série faz do povo cearense um dos mais divertidos da nação brasileira. Mesmo com a chegada do progresso e da modernidade o Ceará ainda tem praias afrodisíacas e nativas, bem como um rico folclore, um vasto sertão pronto para irrigação.

O boom do estado é o grande número de resortes e usinas eólicas localizadas em locais onde o vento é constante. O Ceará tem história começando pela miscigenação de colonizadores europeus, indígenas catequizados e aculturados, depois da grande resistência à colonização de mulatos e negros que viviam tanto como povos livres e escravos. O desempenho independente do Ceará começou com a sua separação do estado de Pernambuco no ano de 1789, e sua história foi destacada por movimentos e lutas armadas. Reluz a história que um navegador espanhol de nome Vicente Yáñez Pinzón atracou na enseada do Mucuripe, antes mesmo de Cabral e existe muita veracidade no assunto, visto que muitos historiadores já conhecem de co e salteado essa façanha. Primo do navegador Diego de Lepe, integrou a primeira Armada de Cristovão Colombo que descobriu a América em 1492, tendo comandado a caravela Niña, tripulada por vinte e quatro homens, que armou os seus gastos.

A sua embarcação foi incumbida de socorrer a nau Santa Maria, que encalhou em 25 de dezembro de 1492, na costa da ilha de São Domingos. De retorno a Espanha, em 1495, obteve licença dos soberanos para empreender novas expedições ao novo continente. Quatro anos depois, partiu com uma esquadra de quatro caravelas tendo sido considerado o primeiro navegador europeu a cruzar a linha do Equador na região das Américas, tendo descoberto várias ilhas naquela região. Nessa expedição, alcançou à costa do Brasil, tendo avistado um grande promontório, que chamou de Santa Maria da Consolação (sobre o qual atualmente os autores se dividem, considerando-o ou o cabo de Santo Agostinho litoral sul de Pernambuco) ou a ponta do Mucuripe, (na cidade de Fortaleza), do qual tomou posse para a Espanha em 26 de janeiro de 1500. Na ocasião, registrou-se um violento combate com os potiguares. Infletindo para o Norte, Pinzón atingiu em fevereiro a foz do rio Amazonas, a qual denominou de "mar Dulce", de onde prosseguiu para as Guianas e daí para o mar do Caribe.

Na costa do Brasil, Pinzón teria capturado trinta e seis indígenas. Pinzon pisou o solo cearense, antes mesmo de Cabral chegar a Porto Seguro, na Bahia. Não é verdade que o Brasil foi descoberto a 22 de abril de 1500, no Monte Pascoal, região do Trancoso na Bahia: o fato concreto é que o Navegador espanhol do Navio Nina, Vicente Pinzon, da Frota de Cristóvão Colombo, esteve aqui no Mucuripe muito antes de Cabral partir de Portugal, comandando uma flotilha composta por quatro caravelas. A descoberta não entrou nos registros oficiais em consequência das determinações do célebre Tratado de Tordesilhas que demarcava estas Terras como pertencentes a Coroa Portuguesa. E a Espanha não tinha interesses de entregar de bandeja um prato cheio desses como a descoberta de terra abaixo da linha do equador. Para eles era pecado mesmo, e capital!

O descobridor Vicente Pinzon chegou a batizar a Terra Nova com o nome de Santa Maria de La Consolación, a 2 de Fevereiro de 1500, correspondendo aqui ao dia de Nossa Senhora das Candeias; era praxe batizar as terras descobertas com o nome do santo do dia. Pouco depois, uma outra expedição espanhola, comandada por Diogo Lepe deixou nas Terras cearenses, no mesmo local onde esteve o comandante da Nau Nina, marco de sua passagem, de presente, uma grande cruz de madeira.

Portanto dois meses antes do Português Pedro Álvares Cabral descortinar o Monte Pascoal, a Ponta Grossa do Mucuripe, atual Castelo Encantado, já estava nos mapas náuticos da coroa espanhola. Os livros de história do Brasil são unânimes em informar que as terras atualmente pertencentes ao Ceará foram doadas, em 1535, a Antônio Cardoso de Barros, mas este não se interessou em colonizá-las e nem sequer chegou a visitar a capitania. Ironicamente, quando Barros decide vir à Capitania do Siará (como era conhecida à região correspondente aos seguintes lotes: Capitania do Rio Grande, Capitania do Ceará e a Capitania do Maranhão), em expedição organizada, o navio naufraga na costa de Alagoas (1556), culminando com sua morte. A primeira tentativa séria de colonização ocorre com Pero Coelho de Sousa, que lidera a primeira bandeira feita em 1603, demonstrando por isso certo interesse em colonizar o Ceará.

A história do Ceará é longa e cheia de nuances denotando, por conseguinte a bravura do povo em ter seu estado independente de outros estados brasileiros. As nuanças histórias aqui enumeradas também fazem parte do encanto cearense. O que se lamenta é que o forró de pé de serra, um estilo de música regionalíssima tenha sido desvirtuado pelo forró eletrônico, como se segue: "O forró eletrônico se populariza na década de 1990, e o Ceará começa a despontar, seguindo a tendência do litoral nordestino, como um grande polo de turismo no Brasil.". Ao longo dos anos 1990, com ações como o Programa de Saúde da Família (PSF), o Estado também realiza grandes avanços na redução da mortalidade infantil. A migração em direção a Fortaleza segue forte, tendo em vista o persistente atraso do interior em comparação com o forte crescimento da capital.

As noitadas em Fortaleza têm sido mais alegres e divertidas com a implantação de casas de shows na orla marítima compreendendo o perímetro Barra do Ceará até a praia do Futuro. No site cearácultural.com.br/ retiramos a seguinte informação:"O sertão do Ceará é vasto e rico pelo povo que ali habita". Sua religiosidade e sua penúria pelo castigo das muitas secas que, de tão causticantes, foram palco de muitos livros e filmes. Uma das obras mais importantes sobre a seca no sertão cearense é "O Quinze" da escritora cearense Raquel de Queiros. Na música encontramos "A Triste Partida" do poeta cearense Patativa do Assaré grande sucesso com Luiz Gonzaga. Nas épocas de seca é comum o êxodo rural (veja a figura ao lado). Famílias inteiras mudam-se para as cidades a procura de trabalho, pois no sertão quando da estiagem na época de inverno nada se tira: a plantação é perdida e o gado e outros animais morrem pela falta da água. Uma das grandes secas ocorridas no ceará destaca-se a de 1915 (que gerou o livro citado acima) quando muita gente morreu de fome e desnutrição. Grande foi o sofrimento do sertanejo naquele ano.

A região sertaneja, que representa 57% do território cearense, corresponde à área em que as médias pluviométricas situam-se entre 500 e 700 mm. O período seco tem duração de até 8 meses e a temperatura máxima registrada situa-se entre 32 e 33º C, caindo para 23ºC durante a noite. Por causa da baixa umidade (inferior a 70%), a sensação de calor é maior do que no litoral. Assim como no litoral existe a figura do "Jangadeiro", no sertão existe a figura típica do "Vaqueiro". Vestido com a sua roupa de couro para se proteger do mato quando da corrida atrás do boi pelas caatingas, ele é o patrimônio vivo dos sertões cearenses.

A religiosidade do Vaqueiro é explícita quando das festividades de Padre Cícero Romão Batista (Padim Ciço) que ocorrem todos os anos na cidade de Juazeiro do Norte. Padre Cícero foi a grande figura, tanto religiosa quanto política, de Juazeiro do Norte. Os Vaqueiros costumam fazer uma procissão da zona rural até a igreja onde está enterrado Padre Cícero. Como turismo, o sertão cearense é rico em trilhas e zonas de ecoturismos. O Ceará apesar de se localizar numa região árida seu povo é muito hospitaleiro, além das belezas naturais com praias, serras, lagoas, rios e açudes, o Ceará se destaca na música, na literatura, no humor, nas rendas com as famosas mulheres rendeiras, as emboladas, as bandas cabaçais, os cordéis, as trovas, poesias e figuras tipicamente cearenses domo o "seu Lunga", Patativa do Assaré, Padre Cícero, cego Aderaldo e muitos outros. São apenas alguns detalhes conotados aqui que fazem vislumbrar o nosso Ceará como a terra dos mil e um encantos. Pense nisso!


Antônio Paiva Rodrigues

Jornalista, Radialista,Gestor de Empresas(Administração), Bacharel em Segurança Pública, Acadêmico de Letras, Membro da ACI(Associação Cearense de Imprensa)e da Associação De Ouvintes de Rádio(AOUVIR/CE) espírita por convicção, gosto de escrever crônicas, poesias, contos, faço resenha de livros, comento, faço novelas de rádio e agora pretendo compor letras de música, gosto de leituras e escrevo uma média de três matérias diárias e já tenho mais de 1.000 publicadas.Lancei recentemente o livro;80 Anos da ACI(Associação Cearenses de Imprensa) e Detalhes sobre a História do Rádio no Ceará, Brasil e no Mundo.

Fonte: Artigonal

Ipece quer investimentos no Interior para impedir êxodo

Ao todo 106 cidades do Ceará perderam população rural, ou seja, 57,60% do total de municípios

Um maior investimento em infraestrutura nos centros urbanos e políticas públicas direcionadas para fixar a população rural na sua região se fazem necessárias a curto prazo. Caso contrário viver nos grandes conglomerados do Ceará ficará bastante difícil. Pelo menos é o que afirma o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), em virtude da população rural do Estado ter registrado uma taxa negativa de crescimento geométrico (-0,50%) na última década, significando a perda de 11.278 habitantes

Para se ter uma ideia, 106 cidades do Estado apresentaram queda na taxa de crescimento da população rural. Ou seja, 57,60%. O maior deles foi no município de Itaitinga, que em 2000, tinha uma população rural de 2.671 habitantes, e agora conta com apenas 252, uma variação de -21,03% de crescimento geométrico.

Além disso, 21 cidades apresentaram queda no crescimento total, a maior delas foi em Guaramiranga, com -3,11%, em 2000 o total de habitantes era de 5.714, e agora é 4.165.

Urbana

Já a população urbana apresentou um aumento de 1.028.672 habitantes, alcançando uma taxa igual a 1,78%, confirmando assim um processo de crescimento urbano. A análise do Ipece foi baseada no Censo 2010, e destacou também o aumento da participação populacional do Estado em relação ao Brasil e a Região Nordeste.

O diretor geral do Instituto, Flávio Ataliba Barreto, atribuiu o crescimento da população do Ceará, a uma menor migração inter-regional, em virtude de um maior estabilização econômica e política. O dinamismo da economia, o Produto Interno Bruto (PIB) e taxas de crescimento, acima da média nacional, foram citados por ele como os principais atrativos.

"A ampliação do programas sociais também é um fator preponderante, caso contrário teríamos uma tendência migratória. Mas temos que observar também, que se o cearense está aqui, ele está tendo negócios, isso gera riquezas, possibilidade de empregos e novas tarefas", avaliou.

Em números de cidadãos o Ceará, na última década, registrou um aumento absoluto em sua população de 1.017.394 habitantes, o que equivale a um crescimento relativo de 13,69%. Ou seja, em 2000 tínhamos 7.430.661 habitantes, já em 2010 esse quantitativo chegou a 8.448.055.

Em termos percentuais, a população estadual correspondeu a 15,92% da população da Região Nordeste, que é de 53.078.137, e a 4,43% da população do Brasil (190.732.694), em 2010.

Em contrapartida o estudo observou um movimento migratório significativo dentro próprio Ceará, ou seja, a saída dos habitantes da zona rural pra zona urbana, ocasionando uma superlotação desses conglomerados, principalmente de Fortaleza e Maracanaú.

Essa tendência é evidenciada na redução da participação da população masculina em relação a população total das pequenas cidades no Estado, e o aumento da participação masculina nas grandes cidades.

Ações

A Secretaria das Cidades informa que possui uma política de desenvolvimento local e regional que inclui elaboração de projetos especiais em diferentes áreas para evitar o êxodo rural para as cidades. E apontou três grandes programas. O primeiro deles é desenvolvido em todo o Estado. Os outros dois são projetos localizados em duas regiões.

O Projeto Arranjos Produtivos Locais (APL) busca capacitar e investir no produtor do interior. Utiliza como seleção para as realizações de seus programas as associações ou cooperativas. Segundo a assessoria, a Secretaria lança editais, sendo o último concluído em 2010, a fim de captar beneficiários para garantir o crescimento e o desenvolvimento nas áreas produtivas e financeiras de todos os envolvidos. O projeto atua em 183 municípios do Estado.

Já o "Cidades do Ceará - Cariri Central" promove o desenvolvimento econômico, melhora a infraestrutura urbana e amplia as capacidades institucionais dos municípios para a gestão regional do Cariri Central.

Para o programa serão investidos US$ 66 milhões, sendo US$ 46 milhões financiados junto ao Bird (Banco Mundial) e o restante de contrapartida do Governo do Estado.

O ´Cidades do Ceará´ está baseado em cinco importantes eixos estruturadores : turismo ecológico e de esportes e aventura, religioso, cultural, artesanato, científico e de eventos e negócios. O terceiro projeto é o ´Cidades do Ceará- Baixo Jaguaribe e Baixo Acaraú´. Os projetos vão executar obras consideradas estruturantes para as regiões.

PAÍS

Fortaleza tem a maior densidade populacional

Fortaleza é a capital brasileira com maior densidade populacional por km² em 2010. Ou seja, são 7.815,70 habitantes por Km². Esse resultado reflete a necessidade de maiores investimentos por parte do poder público nas áreas de infraestrutura, saúde, educação, segurança, entre outras. Essa é a avaliação do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), não só para Capital, como também para as demais cidades que registram esse aumento.

No Ceará, depois da Capital, os municípios de Maracanaú, Juazeiro do Norte e Eusébio são os mais densamente populosos, e também condensam as maiores riquezas do Estado. Em virtude disso, e pela atração populacional que essas cidades tem, o Ipece acredita na necessidade imediata de se aumentar a oferta da qualidade serviços.

"Caso contrário teremos um agravamento pior na década que se segue. Como o aumento da violência e da desigualdade social e populacional", apontou o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba Barreto.

Ele frisou a responsabilidade prioritária do poder público para desconcentrar e reverter esse processo natural, a criação de universidades e incentivos ao desenvolvimento de outros centros urbanos foram citados como alternativas. Além disso, a criação e o respeito ao Plano Diretor foram apontados como alternativas.

Programas

O Projeto Cidades do Ceará - Baixo Jaguaribe e Vale do Acaraú vai ser iniciado este ano, é um planejamento de longo prazo, orientado pelo conceito de reestruturação territorial, a partir do fortalecimento dos polos e regiões estratégicas e da consolidação de uma rede de cidades. A Secretária de Cidades acredita que esse projeto tem a meta de reestruturar e desenvolver as regiões do Baixo Jaguaribe e Vale do Acaraú. O custo total é US$ 106 milhões.

THAYS LAVOR
REPÓRTER
 
Fonte: Diário do Nordeste

quarta-feira, 30 de março de 2011

Caminhos da Arte para o Interior

Brasilianas Itaú e Brassaï - Paris la nuit encantam estudantes e professores de escolas públicas do Ceará

Alunos da Escola Gerardo C. Lima, do município de Jaguaruana, durante visita à Unifor, acompanhados do chanceler Airton Queiroz
FOTO: ANDRÉ LIMA
Fortaleza Segue até o dia 1º de maio, a visitação de escolas públicas dos 184 Municípios cearenses às exposições Brasiliana Itaú e Brassaï - Paris la nuit, dentro do projeto Caminhos da Arte, que marca os 60 anos da Nacional Gás, empresa do Grupo Edson Queiroz.

Até lá, 10 mil crianças e adolescentes mergulharão no universo da arte, cultura e do saber, possibilitado pelo Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor). Somente na manhã de ontem, foram 322 estudantes e professores da Escola Gerardo Correia Lima, de Jaguaruana; Colégio Maria Júlia Maia Bonfim, de Uruburetama; Escola Professora Maria Luiza, de Fortim; Escola José Oster Machado, de Solonópole; Escola Andre Campelo, Potiretama; Escola José Eneias Pinheiro, de Milhã; e de Piquet Carneiro, a Escola José Martins da Costa.

A cada visita, uma nova possibilidade de conhecer olhares diferentes sobre a história destes dois países. As peças da exposição Brasilianas Itaú compõem um dos mais abrangentes acervos artísticos sobre o Brasil. Um dos destaques, uma raridade: a vista da cidade de São Paulo, no ano de 1821, em tela pintada com tinta a óleo, de Armaud Julien Pallière.

Entre documentos da época da escravidão, manuscritos de governantes brasileiros e livros da família real, estão também o maior panorama do Rio de Janeiro do século XIX, medindo seis metros; a primeira partitura da ópera O Guarany; primeiras edições dos clássicos infantis do escritor Monteiro Lobato; entre outros.

MAIS INFORMAÇÕES
Espaço Cultural Unifor

Av. Washington Soares, 1321 - Bairro Edson Queiroz - Fortaleza (CE) - (85) 3477.3319 / espacocultural@unifor.br

Fonte: Diário do Nordeste

Dênia Carvalho em CD

A cantora e autora cearense Dênia Carvalho faz o show de lançamento do seu primeiro disco solo, amanhã, às 20h, no palco do Theatro José de Alencar


Depois de uma trajetória artística de muitos shows e festivais que começou na década de 80 com o nome Deninha Carvalho - e que agora mudou para Dênia Carvalho -, a autora e intérprete cearense finalmente lança seu primeiro álbum de canções. O CD, que leva o seu nome, será lançado, no Theatro José de Alencar, nesta quinta-feira, a partir das 20h. Na oportunidade, a cantora será acompanhada por uma banda de experientes músicos como Tarcísio Sardinha (violão); Ocelo Mendonça (flauta e violoncelo); Aroldo Araújo (baixo); Adelson Viana (acordeom); Hoto Júnior (percussões); Denilson Lopes (bateria) e César e Juliana (vocais).

O disco "Dênia Carvalho" vem com o aval do violonista, arranjador e compositor cearense, radicado em Brasília, Marcílio Homem. O versátil instrumentista conterrâneo, que tem a música "Bela fantasia", parceria dele com A.J. Pinheiro, no álbum (onde também toca seu violão), publicou uma apresentação do CD, intitulada "A arte de cantar". "A mais antiga expressão do sentimento humano que é o ato de cantar, soa nos mais diversos timbres desde que os primeiros nativos que habitam a terra. Mas a voz que desliza no timbre aveludado e sensual como na cantora Dênia Carvalho, tem mais elementos de preciosidade - isso enquanto o valor vocálico... Intérprete, cantora navegante dessa paixão que é amar a arte, Dênia tem a marca do amor pelo canto e encanto da música em qualquer canto; tudo com amor", escreveu ele.

Repertório

A cantora cearense fala de como foi o processo de elaboração do seu disco de estreia: "A ideia era registrar apenas as músicas do meu irmão Helanio Bezerra. Durante o processo de criação, resolvemos acrescentar ao repertório criações outros de compositores como Kiko Fernandes em ´Velha Goiabeira´; Jurarildes da Cruz em ´Meninos´; Huygnes Carvalho em ´Viana´, meu outro irmão) e Marcílio Homem em´Bela Fantasia´, disse Dênia.

No show, ela será acompanhada por instrumentistas tarimbados da cena de Fortaleza. Dênia Carvalho escala o time: "o show tem a direção artística e cenário de Luis Carlos Pedrosa, o som de Sandro Levi e a luz de Walter Façanha. Os músicos são: Rebeca Câmara(violão); Tiago Almeida (teclado); Jorge Lima (violoncelo); Márcio Resende (sopros); Aroldo Araújo (baixo) e Hoto Jr. (percussão) e a participação especial de Adelson Viana na sanfona e voz".

CD
Dênia Carvalho
Independente
12 faixas
2011
R$ 20,00

Disco solo de estreia da cantora Dênia Carvalho com onze músicas de compositores cearenses

NELSON AUGUSTO
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 29 de março de 2011

Projeto Bazar das Letras recebe Fabiana Guimarães


A escritora Fabiana Guimarães  nasceu em Eusébio-CE. Foi agraciada em alguns concursos de poesia. Publicou Mar violeta, seu primeiro livro de poemas para ‘gente grande’. Depois veio a lume Poemas de sopro e pássaro. Publicou vasta obra no gênero infantil, ou para ‘gente criança’, como ela prefere. São de sua autoria: Brincadeiras da minha infância, As meninas do mundo de lá, Seu Miguelito e sua mala encantada, O menino e o tempo, A festa da muriçoca e O senhor do tempo e outras histórias.


Fabiana Rocha é o novo endereço da poesia no Ceará. Ela não é apenas uma promessa literária que se desenha num futuro próximo ou distante. Ela é, já agora, uma das vozes mais belas e límpidas da poesia brasileira dos nossos dias. Uma voz que celebra as múltiplas dimensões da vida e do amor. Uma voz que acalma os ventos e as tempestades da conturbada hora presente. Uma voz que acena para os seus semelhantes com novas expectativas de esperança, de beleza e de paz.

Francisco Carvalho

Suas metáforas correm ao solfejo do verso. E é uma poesia liberta, cósmica, liricamente sensual. O que é curioso, uma poesia dadivosa, com achados e imagens notáveis. Há uma musicalidade nos poemas que encanta. E parecem um dar-se por inteiro aos vendavais da vida.

Caio Porfírio Carneiro

Fonte: Blog A inquitetude da busca

O calvário de José Alencar na luta contra o câncer

Pres. Dilma durante umas das visitas a José de Alencar Foto: Presidência da República
RIO - Desde 1997, quando teve o câncer diagnosticado pela primeira fez, o ex-vice-presidente da República José Alencar, já retirou mais de 20 tumores em 17 cirurgias, e esteve internado diversas vezes para tratar da doença. Ele morreu aos 79 anos às 14h41m desta terça-feira, em decorrência do câncer e falência múltipla dos órgãos.

Em 1997, foram retirados dois tumores, um no rim direito e outro no estômago. Em 2000, Alencar teve extirpado um tumor da próstata. Cinco anos mais tarde, ele foi submetido a uma angioplastia para regularizar o fluxo de sangue em uma das artérias do coração.

Em 2006, nova intervenção cirúrgica, desta vez para a retirada de um tumor maligno de quatro centímetros no abdômen. Em novembro do mesmo ano, mais um nódulo extirpado do abdômen, desta vez em Nova York.

No dia 30 de outubro de 2007, uma nova cirurgia, desta vez no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a retirada de um terceiro tumor do abdômen, este com 3,8 centímetros de diâmetro.
'Rezem para mim que o negócio está feio', disse, em janeiro de 2008

Entre os dias 3 e 6 de janeiro de 2008, Alencar esteve no mesmo hospital para fazer sessões de quimioterapia por causa de um novo tumor na região do abdômen descoberto em dezembro. Ao deixar o hospital, sempre otimista, mas reconhecendo a gravidade da doença, ele disse:

- Rezem para mim que o negócio está feio. Estou saindo satisfeito porque sou assim mesmo, mas que a coisa é preta, é.

Em agosto de 2008, nova cirurgia para a retirada de três tumores. Bem-humorado, ao sair do hospital Alencar disse que estava se sentindo muito bem, "melhor do que das outras vezes". Ele afirmou ainda que a operação foi "muito grande, muito pesada, mas deu certo". Ele vinha sendo tratado com uma nova droga, fabricada na Espanha, durante as sessões de quimioterapia, e fazia exames preventivos a cada 60 dias.

Em janeiro de 2009, no entanto, o tratamento não estava mais fazendo o efeito esperado, e Alencar teve que se submeter a uma nova cirurgia no Hospital Sírio-Libanês. Considerada de alta complexidade, a operação durou mais de 17 horas. Ao fim, foi retirada da região do retroperitônio (porção posterior do abdômen) um tumor principal, com 12 centímetros de diâmetro e cerca de dez tumores satélites que ficavam próximos ao principal.

Na cirurgia, também foi retirada uma porção do intestino delgado, uma parte do intestino grosso e dois terços do ureter (canal que leva a urina do rim à bexiga), comprometidos pelo tumor. O ureter foi substituído por uma parte do intestino delgado.

Apesar dos riscos, Alencar se recuperou bem e pouco mais de uma semana depois já tinha deixado a UTI e se transferido para o quarto do hospital. Mas só deixou o Sírio-Libanês 22 dias após a cirurgia, e 13 dias depois da alta voltou ao trabalho.

No fim de março, Alencar esteve internado para se submeter a um procedimento médico para retirada de um cateter para reconstituição do ureter. A remoção já estava prevista pela equipe médica que acompanha o ex-vice-presidente.
    "Se Deus quiser me levar, nem precisa de câncer para isso"

Em maio, logo após saber que novos exames indicaram a ocorrência de um sarcoma (tumor maligno) em alguns pontos de sua região abdominal, Alencar disse que não ficou surpreso e que "está bem". Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, afirmou que enfrentaria o novo problema "com serenidade" e que "a vida está nas mãos de Deus".

Uma nova cirurgia, que seria a 16º, foi descartada. Os médicos decidiram junto com Alencar que o melhor a fazer seria voltar com as sessões de quimioterapia.

Em agosto, Alencar viajou de novo para os Estados Unidos, para mais uma etapa do tratamento experimental. No mesmo mês, porém, em exames em São Paulo, descobriu que o tumor em seu abdome havia aumentado. E disse: “Se Deus quiser me levar, nem precisa de câncer para isso”.
A partir de 2010, coração falha

No mês seguinte, precisou ser internado às pressas, para receber uma transfusão de sangue, pois o nível de plaquetas havia caído, devido à quimioterapia. Novos efeitos colaterais da quimioterapia viriam para Alencar em 2010: anemia, água no pulmão, hipertensão.

Se a principal luta de Alencar foi contra o câncer, a partir de julho de 2010 incluiu também problemas cardíacos. Naquele mês, precisou passar por uma cirurgia para colocar um stent no coração. Exames detectaram uma pequena isquemia. Após a colocação do stent, Alencar já brincava, dizendo querer um “leitãozinho”.

Em setembro de 2010, um edema agudo no pulmão levaria Alencar novamente ao Sírio-Libanês. Mas, no mês seguinte, o então vice-presidente, mesmo internado, fez questão de gravar um depoimento para o 65 aniversário de Lula. Durante todos os anos de luta de Alencar contra o câncer, o presidente manteve contato permanente com ele — a ponto de um dos médicos do ex-vice-presidente afirmar, certa vez, que Alencar e Lula se falavam “quase todo dia. Eles se adoram”.

O apoio viria também de cartas e receitas mandadas de várias regiões — por anônimos ou famosos como o ator Mauro Mendonça.

- É uma fábula de correspondência de toda natureza e do país inteiro - comentou Alencar certa vez em 2009.

Eram orações, cartas, e-mails e sugestões de tratamento alternativo, como garrafadas e águas-bentas.

- Essas mensagens me dão muita força. É uma das razões pelas quais tenho melhorado. Fico realmente até preocupado se mereço tudo isso. A própria força se redobra - contou o ex-vice-presidente.

Em 27 novembro do ano passado, Alencar voltou a ser internado para tratar uma obstrução intestina - foi a 16ª intervenção cirúrgica. No hospital, o então vice-presidente, que passou por sessões de hemodiálise, infartou.

Dilma e Lula visitam Alencar no hospital antes da posse da nova presidente. Foto: divulgação
Ele teve alta no dia 18 de dezembro, mas voltou ao Sírio-Libanês no dia 22 com uma hemorragia digestiva. Passou por mais uma cirurgia — a 17ª —, e no dia seguinte recebeu a visita de Lula e da presidente eleita, Dilma Rousseff, para quem disse ter como meta receber alta até o dia da posse.

Alencar foi impedido pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês de comparecer à posse da presidente Dilma Rousseff, no dia 1º de janeiro. Seu desejo era descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Chegou a se vestir para a ocasião, mas foi convencido pela mulher Mariza a não desafiar as orientações dos médicos.

- É um dever cívico descer a rampa ao lado de Lula -disse aos jornalistas.

No dia 4 de janeiro, Alencar, de 79 anos, apresentou um novo sangramento na região abdominal e voltou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Um dia antes, um boletim médico divulgado pelo hospital informou que Alencar retomaria o tratamento de quimioterapia contra o câncer no abdômen. Depois de dois meses sem se submeter ao tratamento, os exames indicaram o aumento do tamanhos dos tumores .

No dia 25 de janeiro, após receber a Medalha 25 de Janeiro das mãos de Dilma, foi para casa. Mas, dias depois, voltou ao Sírio-Libanês com uma perfuração no intestino e seu estado de saúde permaneceu grave, porém estável.

No dia 9 de fevereiro, José Alencar voltou a ser internado em caráter de emergência devido a uma inflamação na região abdominal. Conforme boletim médico divulgado pela equipe que o atendeu no hospital Sírio-Libanês, o ex-vice-presidente apresentava um quadro de peritonite por perfuração intestinal e teve de ser submetido a exames.

No dia 16 de março, após fazer mais uma sessão de hemodiálise, José Alencar recebeu alta e pode voltar para casa. O boletim médico informava que Alencar teria alta, mas deveria voltar ao hospital três vezes por semana para sessões de hemodiálise.

Na segunda-feira, dia 28 de março, por volta das duas da tarde, o ex-vice-presidente voltou a ser internado na UTI do hospital Sírio-Libanês, desta vez com uma grave obstrução intestinal. Os médicos da equipe que o atenderam informaram que o estado de saúde José Alencar era bastante crítico.

Fonte: Globo.com

Ex-vice-presidente José Alencar morre aos 79 anos

Nos últimos 13 anos, Alencar enfrentou batalha contra o câncer.
Ele passou por diversas cirurgias e buscou tratamento alternativo nos EUA.


José Alencar (Foto: Futura Press)
O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu nesta terça (29), às 14h45, por falência múltipla de órgãos, aos 79 anos, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O político mineiro lutava contra um câncer na região do abdômen.

Na última das várias internações, Alencar estava desde segunda (28) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com quadro de suboclusão intestinal.

O ex-vice-presidente lutava contra o câncer havia 13 anos, mas nos últimos meses, a situação se complicou.

Após passar 33 dias internado – inclusive no Natal e no Ano Novo –, o ex-vice-presidente havia deixado o hospital no último dia 25 de janeiro para ser um dos homenageados no aniversário de São Paulo.

A internação tinha sido motivada pelas sucessivas hemorragias e pela necessidade de tratamento do câncer no abdômen. No dia 26 de janeiro, recebeu autorização da equipe médica do hospital para permanecer em casa. No entanto, acabou voltando ao hospital dias depois.

Durante o período de internação, Alencar manifestou desejo de ir a Brasília para a posse da presidente Dilma Rousseff. Momentos antes da cerimônia, cogitou deixar o hospital para ir até a capital federal a fim de descer a rampa do Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele desistiu após insistência da mulher, Mariza. Decidiu ficar, vestiu um terno e chamou os jornalistas para uma entrevista coletiva, na qual explicou por que não iria à posse e disse que sua missão estava “cumprida”. Na conversa com os jornalistas, voltou a dizer que não tinha medo da morte. “Se Deus quiser que eu morra, ele não precisa de câncer para isso. Se ele não quiser que eu vá agora, não há câncer que me leve”, disse.

No mesmo dia, ele recebeu a vista de Lula, que deixou Brasília logo após a posse de Dilma.

Internações
Os últimos meses de Alencar foram de internações sucessivas. Em 9 de fevereiro, ele foi hospitalizado devido a uma perfuração no intestino. O ex-vice-presidente já havia permanecido internado de 23 de novembro a 17 de dezembro para tratar uma obstrução intestinal decorrente dos tumores no abdômen. No dia 27 de novembro, foi submetido a uma cirurgia para retirada de parte do tumor e de parte do intestino delgado.

Alencar passou alguns dias na UTI Cardiológica e começou a fazer sessões de hemodiálise depois que os médicos detectaram piora da função renal. Em setembro de 2010, foi internado em razão de um edema agudo de pulmão. No dia 25 de outubro, voltou ao Sírio-Libanês ao apresentar um quadro de suboclusão intestinal. Dias após a internação, ainda no hospital, sofreu um infarto no fim da tarde do dia 11 de novembro. Foi submetido a cateterismo, “que não mostrou obstruções arteriais importantes”.

Batalha contra o câncer
O ex-vice-presidente travou uma longa batalha contra a doença. Nos últimos 13 anos, enfrentou uma série de operações e tratamentos médicos. Foram mais de 15 cirurgias. Em abril de 2010, desistiu da candidatura ao Senado para se dedicar ao tratamento do câncer.

Desde 1997, foram mais de dez cirurgias para retirada de tumores no rim, estômago e região do abdômen, próstata, além de uma cirurgia no coração, em 2005.

A maior delas, realizada em janeiro de 2009, durou quase 18 horas. Nove tumores foram retirados. Exames realizados alguns meses depois, no entanto, mostraram a recorrência da doença.

Também em 2009, iniciou em Houston, nos Estados Unidos, um tratamento experimental contra o câncer. Alencar obteve autorização para participar, como voluntário, dos testes com um novo medicamento no hospital MD Anderson, referência no tratamento contra a doença. O tratamento não surtiu o efeito esperado e o então vice-presidente voltou a fazer quimioterapia em São Paulo.

José Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixa três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.

Tratamento no exterior
O tratamento experimental nos EUA em 2009 não foi a primeira tentativa de Alencar de obter a cura fora do país. Ele já havia viajado para os Estados Unidos em 2006 para se tratar com especialistas. No ano seguinte, no entanto, os exames mostraram que o câncer havia se espalhado para o peritônio, uma membrana que reveste as paredes do abdômen.

Iniciava-se, então, a série de cirurgias na região. Em 2008, foram três internações. Em janeiro e em julho, exames mostraram uma reincidência de tumores abdominais. Em agosto, Alencar começou tratamento com um novo medicamento, a Trabectedina.

Com a saúde fragilizada, o ex-vice-presidente também foi internado por outros problemas. Em novembro de 2008, durante uma visita a Resende (RJ), teve fortes dores abdominais. O diagnóstico foi enterite (inflamação intestinal). Segundo os médicos, não havia relação com o câncer. Vinte dias depois, ele foi internado novamente, com quadro de insuficiência renal. Recebeu alta dois dias depois.

Sempre bem-humorado nas sucessivas vezes em que deixou o hospital Sírio-Libanês, chegava a brincar com seu próprio quadro clínico. "Estou melhor do que das outras vezes", repetia.

Após a maior das cirurgias, em 2009, Alencar saiu do hospital dizendo que não temia a morte. “Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho", afirmou. “Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele.”

Problemas de saúde ‘paralelos’
O ano de 2010 começaria com uma boa notícia para o então vice-presidente. O tumor que tratava vinha apresentando redução, segundo o hospital.

Alguns meses mais tarde, no entanto, ele começou a ter problemas de saúde “paralelos” ao câncer.

No início de maio, numa das idas ao hospital para a quimioterapia, apresentou pressão alta. Exames apontaram isquemia cardíaca e uma “obstrução grave” numa das artérias. Alencar então passou por um cateterismo e uma angioplastia e recebeu um “stent”, um mecanismo que “alarga” a artéria. No total, ficou nove dias internado.

No final do mesmo mês, queixando-se de fadiga, foi internado novamente. Após exames, o hospital constatou que ele estava anêmico e tinha um “quadro congestivo pulmonar”, consequência da quimioterapia. O tratamento, no entanto, continuava a dar resultados positivos, com a redução dos tumores.

No final de agosto, contraiu uma infecção, que foi tratada com antibióticos. Ele seria internado novamente poucos dias depois, no início de setembro, com o diagnóstico de edema agudo de pulmão. Foram mais seis dias no hospital.

II Festival Internacional do do Camarão da Costa Negra em Acaraú- Ce

Confira momentos do II Festival Internacional do do Camarão da Costa Negra 13 ao 15-11-2010 em Acaraú- Ce



Fonte: Nutrimar

Livro "Palavras Aladas e outras crônicas", de Max Franco

Palavras Aladas e outras crônicas

(decifra editora)

de Max Franco


Ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense

Prêmio Milton Dias, de CRÔNICA, da SECULT/CE


Para aquisição de livros e contato com o Autor: samael_lua@hotmail.com

Promoção de lançamento: R$ 25,00

Sobre a Obra: Depois do sucesso da coleção Cantos sob o Sol, das obras de ficção, Na corda bamba, No fio da navalha e O Confessor, o autor cearense Max Franco, mergulha no fascinante mundo das crônicas e nos mostra outra vertente do seu talento. Seu novo livro, Palavras Aladas e outras crônicas, mexe com a emoção do leitor com histórias baseadas em experiências do próprio autor. O leitor se identifica da primeira à última história. Da receita para não pensar, ao ladrão de livros, dono de um bom coração, o conjunto de textos faz rir e até gargalhar, ao imaginar o protagonista puxar um livro para impressionar a linda mulher ao seu lado e acabar se frustrando ao percebê-la lendo em alemão, mas também emociona com a descoberta da poesia, narrada como quem conquista o amor. Uma prova de que a vida se transforma em palavras, crônicas.

Apoio Cultural

Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Livro "Criaturas" de Rochett Tavares

Criaturas

de Rochett Tavares

(La Barca Editora)


— ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense
Prêmio Otacílio de Azevedo (Reedição)



Para aquisição de livros ou contato com o autor e/ou editora:

Alvaro Beleza (La Barca Editora): alvaro@labarcaedtora.com.br - (85) 8768.3964 e 3264.8028

Rochett Tavares (autor) rochettsilva@hotmail.com - (85) 9987.9985

Sobre a obra: Na capa, o grito de pavor assinado pelo artista plástico Val França antecipa o que está por vir. O clima é soturno nos oito contos de Criaturas, com seus soldados, policiais, ordens iniciáticas e seres impossíveis. O horror e a fantasia se unem nas linhas de Rochett como no seu pior pesadelo, em um estilo que é exceção na literatura cearense.

"Criaturas é um conjunto de narrativas que exploram aquilo oculto pelo animal humano em sua pseudocivilidade. Minhas personagens não são arquétipos de heróis. Elas não fazem sacrifícios altruístas. São tão humanas quanto você e eu. Têm medo, sentem alívio quando são poupados, ainda que alguém próximo seja escolhido, seja vítima do mal a cercá-los. São histórias cujo objetivo é expor o homem a seu íntimo e forçá-lo a ver que não somos tão nobres quanto pensamos", define o autor.

Influenciado pela literatura estrangeira, principalmente pelo horror fantástico de Howard Philips Lovecraft, é lá fora que Rochett busca inspiração. A tomada da Normandia, uma deserta e antiga Champs Élyséss, a atmosfera inebriante do Cairo são alguns dos cenários de Criaturas. Outros são criações de Rochett. "O horror pode ocorrer em qualquer tempo e/ou lugar, com qualquer um a qualquer instante", diz.

Escrita no Ceará, a obra tem como característica a capacidade de levar o leitor a outros lugares. "Seja em reinos fantásticos onde deuses e deusas vivem em eterno combate contra as forças da escuridão, heróis desafiam a morte realizando tarefas impossíveis ou falando do desconhecido. Tudo isso para aliviar suas mentes de algo muito mais terrível que qualquer história ou monstro: o quotidiano". Pronto para fazer as malas?

Apoio Cultural

Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Fonte: Blog AlmanaCULTURA

Novos equipamentos sociais darão oportunidades aos jovens do Interior


O governador Cid Gomes e o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social, Evandro Leitão, assinaram nesta segunda-feira (28),  mais19 convênios com municípios para a construção de equipamentos voltados a ação social no Interior do Estado. Esses convênios representam um investimento de R$ 28,3 milhões, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa de Apoio as Reformas Sociais (Proares), que nos últimos quatro anos já beneficiou 43 municípios, totalizando assim 62 municípios e um montante total de US$ 64,2 milhões, financiados pelo Governo do Estado, junto ao BID, para a implementação do programa. Desse montante, US$ 45 milhões são oriundos do BID e outros US$ 19,2 milhões de contrapartida Estadual e Municipal.

Para o Governador, que afirmou ser os jovens foco de grande preocupação por parte do Estado, as ações do Proares podem transformar a vida de quem vive no Interior. “Quando se dá ao jovem oportunidades, eles se apegam e muitas vezes nos surpreendem”, destaca ao lembrar que quando prefeito do município de Sobral, construiu uma pista de skate e que dela já saiu campeão brasileiro. Cid Gomes também cobrou empenho dos municípios para que as obras sejam executadas dentro do prazo médio de 18 meses. “Vamos fazer um esforço coletivo para entregar esses equipamentos o quanto antes, para que os jovens usem o tempo de forma sadia”, afirmou.

O convênio assinado vai possibilitar a construção de quadras poliesportiva, centros de educação infantil, centros de referência e assistência social e polos de convivência. Os municípios beneficiados nesta segunda foram Acaraú, Alto Santo, Apuiarés, Campos Sales, Capistrano, Caridade, Cariús, Coreaú, Iguatu, Jardim, Jijoca de Jericoacoara, Massapê, Mauriti, Martinópole, Monsenhor Tabosa, Palmácia, Pedra Branca, Pires Ferreira e Sobral.

De acordo com o titular da STDS, Evandro Leitão, o Programa atende crianças, jovens e famílias, com atendimento em creches, equipamentos esportivos e centros de referência. “Nosso trabalho está favorecendo as famílias mais vulneráveis dos municípios”, lembra, ao afirmar que a secretaria executa diversas ações voltadas para os jovens cearenses. A prefeita do município de General Sampaio e presidente da Aprece, Eliene Brasileiro, agradeceu ao Governador e afirmou a satisfação de prestigiar um evento como a assinatura do Proares II. “Num momento em que vivemos a problemática das drogas é fundamental que o governo invista nos jovens, possibilitando a prática do esporte com infraestrutura para ações sociais no Interior.
Estiveram presentes o deputado federal Arnon Bezerra, os deputados estaduais Osmar Baquit, Antônio Carlos, Lula Moraes, Zezinho Albuquerque e Professor Pinheiro.

28.03.2011
Coordenadoria de Imprensa do Governo do Estado
Casa Civil ( comunicacao@casacivil.ce.gov.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. / 85 3466.4898)

Fonte: Portal do Governo do Estado do Ceará

Arte circense é tema de votação na Câmara

Projeto que será votado na Câmara Municipal hoje pretende regulamentar e garantir melhores condições de funcionamento aos circos de Fortaleza
O projeto prevê a criação da Escola Municipal de Circo, que terá suas atribuições definidas por decreto (FCO FONTENELE)
A Câmara Municipal de Fortaleza deve votar hoje matéria sobre o projeto de indicação que trata da regulamentação de circos itinerantes na Capital. Caso seja aprovado, o apoio do poder público poderá ser o marco inicial de uma nova fase para os artistas e profissionais do circo, uma oportunidade para não deixar se apagar a chama histórica de uma arte bastante popular.

O projeto, de autoria do vereador Guilherme Sampaio (PT), visa a assegurar condições básicas de funcionamento em cada Secretaria Executiva Regional (SER), autorizando o poder Executivo a disponibilizar espaços públicos com instalações fixas (água, luz, banheiros químicos) na área ocupada pelos circos, além de isenção nas taxas de alvará. Uma das principais reclamações dos profissionais do circo é a demora em conseguir a autorização para funcionamento. Pelo projeto, as regionais terão um prazo máximo de dez dias para analisar os pedidos e se posicionar sobre concessão do uso de terrenos públicos.

Segundo Guilherme Sampaio, o debate pretende garantir o reconhecimento do circo como um patrimônio cultural de Fortaleza, daí a necessidade de uma lei que regulamente e incentive tais equipamentos. “A linguagem artística do circo, que é milenar, não estava sendo reconhecida adequadamente pelo poder público”, afirma o vereador. Para ele, caso sejam realmente postas em prática as ideias do projeto, juntamente com a articulação dos profissionais de circo, haverá “um novo patamar para a organização política desses movimentos” e uma nova fase para a arte circense na Cidade.

Como se trata de uma indicação, o projeto, se for aprovado, será enviado ao poder Executivo, que o avalia e, caso o aprove, reenvia para a Câmara em forma de projeto de lei, para ser novamente votado, seguindo depois para a sanção da Prefeitura.

Para o presidente da Associação de Profissionais, Artistas e Escolas de Circos do Ceará (Apaece), Carlos Sousa, a execução do projeto poderá trazer “benefícios enormes, permitindo apresentar os espetáculos com maior qualidade” e tornar o circo mais visível e atraente ao público. Segundo o humorista, que faz o personagem Motoca, muitas pessoas se distanciaram do circo porque o primeiro contato com as apresentações não era bom, devido à falta de estrutura: “As pessoas vão ao circo esperando ver algo lindo e maravilhoso, mas chegam lá e veem o oposto, aí não voltam”, lamenta.

Outros problemas destacados pelo humorista se referem às dificuldades de acesso à educação e à saúde, uma vez que os órgãos municipais responsáveis por esses direitos prestam atendimento às pessoas que moram em sua área de abrangência. Devido ao caráter itinerante dos circos, esses fatores deverão ser anexados às propostas do projeto.

O projeto apresentado prevê ainda a autorização para que o poder Executivo crie a Escola Municipal de Circo, que terá sua estrutura e atribuições definidas por decreto. Sobre a criação da escola, Carlos Sousa diz que ela irá “fomentar a arte do circo na Capital”, com foco na formação de novos artistas de circo, contendo aulas de dança, teatro, expressão e música, entre outros. O artista diz ainda que a escola será fundamental para profissionalizar os artistas, pois “o artista circense do Ceará deixa a desejar em alguns pontos porque aprendeu na marra”.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O projeto de indicação propõe que a Prefeitura de Fortaleza regulamente e apoie os circos itinerantes da Capital. Pelo projeto, as regionais devem avaliar em até dez dias o pedido de alvará de funcionamento dos circos e disponibilizar espaço público dotado de água, luz e banheiros químicos.

Marcos Robério 
 
Fonte: O Povo

Dorgival Dantas in concert

O sanfoneiro potiguar Dorgival Dantas e a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho se apresentam juntos em dois concertos amanhã e quinta
Foto: Divulgação
“Tô me sentindo um matuto em Nova York”, diz Dorgival Dantas, 40. O compositor potiguar ensaia há três dias com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho para dois concertos, amanhã (30) e quinta-feira (31). No foyer do Theatro José de Alencar, palco da segunda apresentação, o sanfoneiro se admira com a habilidade dos músicos em ler as partituras de suas próprias composições. “Eles chegam, tocam do jeito que vem e eu que sou o dono da música não sei”, brinca. Os músicos gargalham. “É como se eu tivesse fazendo um supletivo aqui”.

Um dos compositores que mais arrecadam direitos autorais no Brasil, autor de grandes sucessos da música popular recente, Dorgival tem em mente as composições que fez na juventude, aos 20 e tantos anos, e que definhavam esquecidas há quase duas décadas. “Na época eu imaginava que ia tocar muito instrumental”, explica. “Agora quem tá tendo dor de cabeça pra tocar sou eu”.

Composições instrumentais como Inseticida, Chorinho e Desafio para acordeon e violino foram arranjadas pelo violinista e regente convidado dos dois concertos, o cearense Paulo Leniuson, 39, membro da Orquestra desde sua fundação, há quase 15 anos. “Deu um prazer enorme dar uma roupagem diferente ao trabalho do Dorgival”, fala.

Leniuson também fez o arranjo de um grande sucesso do compositor. Você não vale nada, mas eu gosto de você deve concluir uma nobre caminhada, saindo do repertório da banda Aviões do Forró, passando por trilha de novela, até chegar aos régios braços da música erudita. Não sem antes se transformar um tanto. “Posso dizer que ficou bem diferente”, adianta Leniuson. “Vai ser algo bem diferente do forró. Inclusive foi ideia do próprio Dorgival”.

Outros sucessos como Coração – “para que se apaixonou / por alguém que nunca te amou” – e Pode Chorar foram arranjados por Argemiro Correia e Marcus Vinícius, respectivamente. O arranjo da instrumental Voo do Mosquito coube Wellington de Souza.

“Existe a música boa e a música ruim. Eu posso dizer que o trabalho do Dorgival está muito bem classificado na música boa. Ela pode ser gravada tanto pelos Aviões do Forró como adaptada pela orquestra de cordas. A música é uma só”, afirma Leniuson sobre a suposta distância entre música popular e erudita.

Dorgival não tem do que reclamar – confessa ser esse um dos melhores momentos de sua vida. Quarta-feira o concerto será no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), antigo Cefet, dentro da série Concerto Universitário. Na quinta-feira, a obra do potiguar sobe o principal palco da cidade que escolheu para morar e criar seus quatro filhos. “Nunca imaginei tocar no Theatro José de Alencar”, admira-se. Ele lembra que receberá próxima semana o Troféu Imprensa das mãos do empresário Sílvio Santos e agradece: “Ainda bem que eu não tenho problema do coração”.

A ideia é que o concerto no José de Alencar vire um DVD. Para isso, Dorgival tem afinado a sintonia com os integrantes da orquestra. Em clima de descontração, ele tem aprendido a tocar novamente suas próprias músicas instrumentais, além de acertar os arranjos preparados especialmente para os concertos. “Tá bom demais. Eles estão sendo realmente muito legais, estão tendo bastante paciência comigo.”, fala. “A gente faz de conta que tá no interior debulhando feijão”.

SERVIÇO

DORGIVAL DANTAS E ORQUESTRA ELEAZAR DE CARVALHO
Quando: quarta e quinta
Onde: dia 30, no auditório do IFCE; dia 31, no Theatro José de Alencar
Entrada: aberto ao público
Mais informações: 8828.6405

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Tradição revisitada

Com mais de 100 gravuras, a exposição "Xilogravura Nordestina" sintetiza cinco décadas da arte da xilografia na Região Nordeste do Brasil

Obra de mestre Noza: clássico da xilogravura, presente na exposição do Memorial da Cultura Cearense
Resultado de uma longa pesquisa do artista plástico, compositor e escritor Bené Fonteles, a exposição "Xilogravura Nordestina" será aberta amanhã, no Memorial da Cultura Cearense. A mostra rememora as últimas cinco décadas da xilografia na Região, por meio de mais de 100 obras de artistas pioneiros e contemporâneos.

A ideia é mostrar aos próprios cearenses - e, posteriormente, ao público de outros estados - toda a riqueza estética e o vasto universo cultural que marca a xilografia nordestina. Para isso, a exposição resgata trabalhos desde a década de 60, a exemplo de Mestre Noza (Juazeiro do Norte), primeiro xilogravador a ser conhecido no Brasil e no exterior.

Noza foi pioneiro na questão de popularizar a técnica, ao trabalhar por encomenda para a Tipografia São Francisco, que desde os anos de 1930 era a mais importante editora e impressora do Cariri. A gráfica foi rebatizada pelo poeta Patativa do Assaré com o nome de Lira Nordestina, tornando-se por muito tempo a mais tradicional editora de cordel do País.

"Desde os anos 80 pesquiso sobre a xilogravura. Estou produzindo um livro sobre o assunto, que será lançado até o final deste ano" revela o curador Bené Fonteles. "90% das obras que compõem a mostra são da minha coleção, voltada aos artistas mais antigos - como, por exemplo, os de Juazeiro e do Crato, dois celeiros de talentos. Outro destaque é J. Borges, de Bezerros (PE), grande gravador pernambucanos".

Segundo Fonteles, a afinidade com xilogravura há muito faz-se presente no seu trabalho. "Como artista plástico, sempre fui ligado à questão das artes gráficas. Nas décadas de 70 e 80 usava a máquina de xerox como um tipo de prensa de gravura contemporânea", recorda.

Ao todo, integram "Xilogravura Nordestina" mais de 30 artistas, de quase todos os estados da região (exceto Rio Grande do Norte e Piauí), distribuídas pelas duas galerias do Memorial. Entre os nomes estão mestres como Antônio Celestino, Arievaldo Viana, Expedito da Silva, Fracorli, Francisco de Almeida, Gilvan Samico, J. Borges, Cícero Lourenço, Mestre Noza, Nilo, Stênio Diniz (mestre da Cultura), entre outros.

"A ideia era fazer uma síntese da xilografia nordestina ao longo das últimas cinco décadas. Ao mesmo tempo, percebe-se a evolução na trajetória dos mestres, que vão depurando sua estética", esclarece Fonteles.

"Para mim, a edição não foi tão difícil, porque já tinha conhecimento do assunto. Mas havia alguns artistas contemporâneos no Ceará cujos trabalhos não conhecia, pois estou afastado do Estado há algum tempo. Em compensação, nos últimos dois anos entrei em contato com artistas de outros lugares, como Sergipe e Alagoas", destaca o pesquisador.

"A hora de editar tem suas complexidades. Na última hora surge a sugestão de alguém, um artista, um catálogo. A coisa vai crescendo e isso é que é legal na curadoria", observa Fonteles. Depois de Fortaleza, a exposição vai circular pelo Brasil, como uma espécie de prévia do lançamento do livro do curador. A mostra deve passar por Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Salvador e Recife.

Em Fortaleza, além das obras, haverá uma sala onde estará montada uma réplica de um pequeno ateliê de xilogravura. "Pelo vidro os visitantes poderão ver todo o material utilizado, como a prensa", orienta o curador. A exposição traz ainda as matrizes das imagens, para o público tocar, inclusive pessoas com deficiência visual.

Para Fonteles, o mais importante em "Xilogravura Nordestina" é compreender como os artistas "assimilaram" sua cultura, transformaram-na e recriaram-na por meio da xilografia. "Eles invadiram o imaginário popular, especialmente por meio do cordel, porque há algumas décadas a xilogravura era a única forma de o ´povão´ ter contato com suas próprias imagens, suas raízes", observa Fonteles.

Segundo o curador, foi somente depois de inspirar os intelectuais que o trabalho dos xilogravadores passou a ser valorizado. "Até hoje muitos não são conhecidos ou inseridos no mercados. As obras custam muito pouco. No Ceará temos bons pesquisadores, como Gilmar de Carvalho, uma sumidade no assunto. Mas a exposição junta todas as pontas da xilografia no Nordeste", ressalta Fonteles.

MAIS INFORMAÇÕES
Exposição Xilogravura Nordestina. De amanhã até 12 de junho, no Memorial da Cultura Cearense (Centro Dragão do Mar). Acesso livre. Nos dias 31/03 e 01/04, às 19h, haverá visitas guiadas com o curador Bené Fonteles e os artistas José Lourenço e João Pedro (Juazeiro do Norte). Contato: (85) 3488.8600

ADRIANA MARTINS
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste