sábado, 14 de maio de 2011

C.A.S.A. realiza inscrições para Pró-Jovem Adolescente


A ONG Cultura e Arte Solidária (C.A.S.A.), situada em Acaraú/ CE, está com inscrições abertas até preencherem-se todas as vagas para pessoas de 15 a 17 anos  que estejam interessadas em cursar o Programa Pró-jovem Adolescente. No curso, os jovens têm aulas de temas transversais: Meio Ambiente, Direitos Humanos, questões socio-assistenciais, cultura, esporte, lazer e trabalho.
São três turmas de 25 alunos cada com aulas pela manhã, de 8h as 11h, à tarde, de 14h as 17h, e à noite, de 18h30min as 21h15min. As inscrições são gratuitas e não existe taxa de matrícula. Para a inscrição, deve-se apenas apresentar a cópia do cartão do Programa Bolsa-família da mãe, uma vez que o foco do Programa são alunos carentes. 

Informações:
(88)8103.6371
C.A.S.A. situa-se na rua José Júlio Louzada, 451, Centro de Acaraú (em frente à Escola Profissional Tomás Pompeu de Sousa Brasil).

CE tem apenas duas escolas com ensino bilíngue


Estar presente em sala de aula, mas sem entender a explicação do professor é a realidade da maioria das crianças e adolescentes surdas que estuda em escolas regulares do Ceará. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), no Estado são 250 mil surdos, mas existem apenas duas escolas que oferecem o ensino bilíngue (libras e português). No Instituto Cearense de Educação de Surdos (ICES), 500 alunos estão matriculados e no Instituto Filippo Smaldone, 200.

Para tentar mudar essa realidade, haverá na próxima segunda-feira, 16, uma caminhada até a Assembleia Legislativa do Estado, em prol do cumprimento do decreto 5626/2005, que garante o direito dos surdos de estudarem em escolas ou em salas de aulas bilíngues, com professores surdos. O mesmo movimento acontecerá dia 20 deste mês, em Brasília, reunidos entidades de todo o Brasil.

"Tive muita dificuldade na minha vida estudantil. Eu tinha que ler o lábio do professor para entender o que ele falava. Muitas vezes, pedia para ele repetir, mas ele não tinha paciência e mandava um colega do lado me explicar", desabafa a estudante de contabilidade Vanessa Vidal. Segundo ela, não basta apenas incluir o surdo na sala regular, é fundamental ter professores surdos que dominem libra.

Vanessa, que atualmente faz parte do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com deficiência do Estado do Ceará (Cedef), explica que libras é a primeira língua dos surdos, portanto eles não podem passar quatro horas em uma sala de aula estudando uma língua que não é a deles. "Os surdos precisam se comunicar com o mundo deles, além de ser uma questão linguística, faz parte da construção de uma identidade", ressalta.

Alunos brincam e aprendem na Praça

Com projeto "Crianças e Praças", estudantes da rede pública e privada se divertiram no logradouro Martins Dourado, Papicu

Atividades lúdicas: com argila, linhas de tricô e pernas de pau, a turma viajou no universo do faz de conta
FOTO: GEORGIA SANTIAGO
Era para ser mais um dia típico na escola. Mas, a sala de aula ficou maior e mais florida. Ao invés dos cadernos, argila e linhas de tricô; no lugar de carteiras, bancos e pernas de pau. A aula aconteceu ontem ao ar livre na Praça Martins Dourados, no Bairro do Papicu.

Cerca de 100 crianças, alunas da Escola de Ensino Fundamental Colônia Z8 e da Micael Waldorf fizeram a festa. Com muita brincadeira, a meninada curtiu as atividades, patrocinadas pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) através do Edital Pontinhos de Cultura.

Brincadeiras
O local foi tomado por brinquedos e agitações, virou universo do faz de conta. Atividades como contação de histórias, oficinas circenses, modelagem em argila, exibição de curtas metragens e uma grande ciranda quebraram a rotina do lugar. O primeiro evento aconteceu ontem na Praça Martins Dourado e há programação para outros dois dias, 10 de junho na Praça Luiza Távora, Aldeota, e 15 de setembro na Praça Lago Jacareí, na Cidade dos Funcionários.

Após passar mais de um mês ensaiando, o estudante da Micael Waldorf, Pedro Gonçalves de Sales, 12, ia apresentar para o público uma peça, com contos e poemas clássicos, tudo bonito e bem organizado. "Nem parece que estamos estudando, é bom que assim a gente até aprende mais. Amo minha escola", diz.

A interação lúdica com os conteúdos possibilita maior apreensão de valores e preceitos, explica Guta Studart, idealizadora do Projeto. A ideia da ação é valorizar o ato de brincar, proporcionar mais interação com a Cidade e ocupar praças que, segundo ela, estão abandonadas e mal cuidadas pelo Poder Público. "Estamos também resgatando brincadeiras esquecidas do imaginário popular. Oficinas de leitura, aulas de tricô, andar de perna de pau fizeram muito sucesso", comenta Guta Studart.

Para a professora, Anastácia Helena Ribeiro, o principal valor é o da liberdade. Na praça, sem amarras e sem medo, as crianças podem usufruir do patrimônio público. "É o conceito do educar livre, da experimentação que leva ao aprendizado. É como aprender os numerais a cada vez que se pula uma corda ou conhecer de gravidade descendo de uma árvore", teoriza a educadora da Waldorf.

Novidade
A estudante da Escola Colônia Z8, Barbara Beatriz de Souza, 10, nunca tinha visto tanta animação junta durante um dia comum de aula. Botando a mão na argila, ela desenhava animais e bonecas com a massa. Estava empolgada e queria que as aulas fossem sempre diferentes. "Eu não quero ir embora. Esta praça é linda, muito boa de correr e de fazer amigos".

A professora da jovem, Daniele Saboya, concorda com a reivindicação de Bárbara. Aulas mais dinâmicas e atrativas têm que fazer parte do cotidiano da educação. "A gente até sente que eles aprendem mais, ficam, mais felizes e voltam para a casa cheio de novidades para contar para os familiares", frisa.

Com dezoito anos de história, a Escola Micael Waldorf foi a primeira Escola do tipo no nordeste, e desde então consolidou-se como um centro difusor da pedagogia e da antroposofia na região.

VI Semana de Educação Musical da UFC valoriza cultura cearense


Estão abertas inscrições para a VI Semana de Educação Musical (SEMU) da Universidade Federal do Ceará, que ocorre simultaneamente em Fortaleza e no Campus do Cariri, entre os dias 23 e 27 de maio. É a primeira vez que o evento ocorre descentralizado, com o objetivo de atingir um maior número de participantes.

A inscrição é grátis e, para efetuá-la, é preciso acessar o blog da VI SEMU, clicar no menu “Inscrições” e preencher o formulário disponível no endereço.

O tema desta edição é “Educação Musical: valorizando a cultura cearense”. Na programação, estão previstas mesas-redondas, oficinas, palestras, recitais e apresentações culturais. O evento será aberto às 8h30min do dia 23, no auditório da Pró-Reitoria de Graduação, com recital do Grupo de Flautas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE).

Em seguida, ocorrerá a mesa-redonda “Educação Musical nas Escolas Estaduais”. Os convidados serão os professores Custódio Almeida, Pró-Reitor de Graduação; Izaíra Silvino e Luiz Botelho, do curso de Educação Musical; além de representante da Secretaria da Educação Básica do Estado do Ceará (Seduc).
Serão oferecidas oficinas de Arranjo, Flauta Transversal, Semiologia da Música, Leitura e Notação Rítmica, Prática Coletiva de Violão, Gaita, Princípios de Técnica Vocal e Fisiologia da Voz, Improvisação e Musicografia Braille. Todas serão realizadas de terça (24) a quinta-feira (26), de 10h às 12h, no bloco didático do curso de Educação Musical.

Dentre os palestrantes, o evento traz nomes como Cristiane Holanda (Seduc), Prof. Marco Túlio (Educação Musical – UFC) e Alan Mendonça (movimento Bora! Ceará Autoral Criativo). As apresentações musicais incluem grupos locais como Choro Acadêmico, Mestiço Trio e Realejo Viramundo. No encerramento, haverá show do Quinteto Agreste. Será conferido certificado de participação. 

Fonte: Yure de Abreu, do Centro Acadêmico Izaíra Silvino (Educação Musical – UFC) - (fone: 85 3366 922
Fonte: UFC

A imprescindível jornada

O TT só não foi cabrito por falta de tempo, mas externava sempre o desejo de pertencer à já famosa confraria
A Cultura cearense sofreu, nestes últimos tempos, a perda de três figuras emblemáticas. Primeiro, o inquieto Cláudio Pereira, eterno Secretário Municipal que, mesmo preso à sua afamada cadeira voadora, estava presente a tudo que fosse evento ou manifestação no âmbito das artes, literatura, política e, principalmente, a boemia, quando varava a noite fortalezense, batendo ponto nos oito selecionados botequins, roteiro ora refeito pelos amigos saudosos. Depois (ou foi antes?) viajou o Augusto Pontes, este, mais na dele, figura calada e circunspecta, de pouca badalação. Também foi Secretário de Cultura (Municipal e Estadual) e considerado guru de toda uma geração, mentor de um segmento da nossa música (anos 1970) que se convencionou chamar de Pessoal do Ceará. Agora nos deixa o agitadíssimo TT, publicitário pioneiro Tarcísio Tavares. Ultimamente ligado ao setor cultural da Oboé (atendia a conta e era mestre de cerimônias), incansável promotor do teatro, do rádio e da televisão. As folhas da cidade, blogueiros e tuiteiros, deram a essas personalidades imensos espaços e isto aqui é apenas um nostálgico registro, amigo que éramos desta trindade singularíssima.

Outros mais já haviam nos deixado na saudade como José Alcides Pinto, Blanchard Girão, os Lucianos, Barreira e Miranda, Marcus Belmino; tantas perdas que ameaçam este cantinho tornar-se o sarcófago da cultura, por ora parecendo uma coletânea de biografias inconclusas, mais chegada a um álbum de família. Mas são perfis interessantíssimos e pena que seus donos tenham resolvido partir mais cedo do que se esperava. Ademais, a certa altura do campeonato os amigos vão se tornando nome de rua e a gente tem mesmo é a obrigação de, se não homenageá-los, dar conhecimento ao público de sua profícua passagem por estes verdes gramados. E vieram juntos os tais ritos fúnebres que, decerto, agradariam ao Girãozinho, pois acaso ainda cá embaixo residindo estaria prestigiando esta malfadada etiqueta com seu modelito já de todos conhecido: paletó preto com botões dourados e cravo na lapela; arrematando o cerimonial da derradeira e refugada viagem de quem ele, muitas vezes, sequer conhecia.

E saibam os que esta lerem ou dela tiverem notícia que os notáveis vultos aqui citados, afora o Tarcísio, pertenciam ao Clube do Bode, agravante a deixar supersticiosos com as barbas de molho porquanto no mês passado houve a despedida do Coronel Evaldo, da vizinha patota do Flórida Bar. O TT só não foi cabrito por falta de tempo, era jurado de televisão no horário das reuniões do grupo, mas externava sempre o desejo de pertencer à já famosa confraria caprina, uma pena! No entanto é como se fosse, no livro organizado pelo jornalista Lustosa da Costa, TT das madrugadas, nada menos de sete cabritos, é verdade, contribuíram com textos alusivos à sua participação na vida cultural da cidade: Juarez Leitão, Inácio de Almeida, Gervásio de Paula, Dimas Macedo, o próprio Lustosa da Costa e este locutor que vos fala. Todos, ressalvamos, firmes no propósito de encompridar os janeiros neste mundão velho besta, com o intuito de coadjuvar melhor no esplêndido espetáculo da vida.

E tomara já pôr fim a este texto, assunto do qual não nos sentimos confortáveis (e imagine se) em abordar. Não obstante, só conhecemos duas pessoas que tratavam o tema com frieza, encarando a indesejada das gentes como um mero e inevitável desfecho do ciclo vital: Luciano Barreira e José Domingos, os quais, aliás, já não tocam mais no assunto. Outros companheiros se pelam de medo só em pensar na misteriosa dama. Nem a funerais comparecem, respaldados no dito popular: “Quem não é visto não é lembrado”. A propósito, você foi à missa de sétimo dia do TT?

Audifax Rios

Fonte: O Povo

CEO de Acaraú- recebe Certificação Nacional

OBs: Matéria Publicada Diário do Nordeste - 30.04.11  e no Blog Acaraú pra recordar

Em funcionamento desde maio de 2010, o CEO de Acaraú é o primeiro a receber certificação da 3M

Equipe técnica do Centro de Especialidades Odontológicas. Diariamente, a unidade realiza a esterilização segura dos instrumentos, com equipamentos de qualidade
FOTO: DIVULGAÇÃO
Acaraú O Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Acaraú (CEO-R) recebeu oficialmente o certificado emitido pela empresa 3M do Brasil como Padrão Ouro em Monitoramento do Processo de Esterilização. A certificação, altamente criteriosa, é baseada nas orientações estabelecidas pela Association for the Advancement of Medical Instrumentation e pela Sociedade Brasileira de Enfermagem de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização.

No Brasil, das 81 instituições que possuem o título, 15 são do Nordeste, dentre as quais estão o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e o Instituto do Câncer do Ceará (ICC).

Os centros são uma das frentes de atuação do Programa Brasil Sorridente. O tratamento oferecido nos Centros de Especialidades Odontológicas é uma continuidade do trabalho realizado pela rede de atenção básica e no caso dos Municípios que estão na Estratégia Saúde da Família, pelas equipes de saúde bucal.

O CEO-R de Acaraú entrou em funcionamento em maio de 2010 e com apenas nove meses de atividades foi o primeiro do País a receber esta certificação. Atualmente, com quase um ano de funcionamento, mantém sua qualidade reconhecida e recebe oficialmente a certificação. A unidade preza pelas práticas que envolvem o máximo cuidado com os pacientes oferecendo um ótimo serviço à população.

"Processamos mensalmente cerca de cinco mil itens, nos quais realizamos testes que garantem o correto monitoramento em todas as fases da esterilização. Com isso, garantimos a segurança do paciente e a qualidade no serviço prestado. A certificação é o reconhecimento de tudo isso. Saber que trabalhamos com a excelência é enriquecedor e motivador" declarou o diretor geral da unidade, Luiz Diego Loiola Ferreira.

Para manter a qualidade dos serviços, o CEO de Acaraú realiza diariamente a esterilização segura dos instrumentos utilizando equipamentos que são submetidos a testes físicos, químicos e biológicos. Integradores químicos são processados no interior das bandejas e afixados aos prontuários dos pacientes, o que dá a garantia de que o material utilizado foi submetido a um processo com alto padrão de controle de infecções e biossegurança. Para o coordenador estadual de Saúde Bucal do Ceará, Ivan Mendes Júnior, a certificação é um avanço no processo de trabalho do CEO.






O maestro da paixão cearense

Com passagens pelas principais emissoras do País, ainda nos anos 1960, o maestro Mozart Brandão foi um marco na música cearense. Hoje, ele chegaria aos 90 anos


Maestro, orquestrador e regente, instrumentista de mão cheia e compositor. A figura plural que conjugava todos esses talentos era Mozart Brandão (1921 - 2006), pernambucano de nascimento e cearense por convicção. Nasceu há exatos 90 anos, em Recife. Aos quatro anos, teve seus primeiros contatos com instrumentos musicais em família. Em 1927, mudou-se para Fortaleza com os pais, o coronel João Batista de Sousa Brandão, flautista e arranjador, e Irene Galvão de Magalhães Brandão.

Aos 14 anos, Mozart já tocava piano no Educandário Santa Maria, no bairro Benfica, no Colégio Santa Cecília, e em outros estabelecimentos de ensino. Ainda sobrava tempo para atuar também como arranjador, compositor de modinhas, valsas para os teatrinhos e músico, em festinhas de escola e clubes tradicionais da cidade.

Durante a II Guerra Mundial, na primeira metade da década de 40, entrou para a PRE-9, a Ceará Rádio Clube que ficava no bairro Damas. Na emissora, foi regente de orquestra, ao lado do italiano Ercoli Vareta. Posteriormente, a PRE9 foi para o edifício Diogo, no Centro da cidade. Foi lá onde Mozart Brandão se tornou o maestro principal da casa. Formou também dupla, com Hélio Bastos, cantando em inglês no horário de meio-dia.

Odontologia
Em paralelo à música, Mozart Brandão estudou odontologia na Universidade Federal do Ceará, onde obteve o diploma em 1946. Numa passagem por Fortaleza em 1954, o maestro Villa-Lobos ficou encantado com o talento do então jovem compositor, arranjador e pianista. Convidou o novato para fazer um Curso de Especialização que ministrava no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, no Rio de Janeiro.

Na área da educação, Mozart Brandão foi professor e superintendente do Serviço de Canto Orfeônico do DGE (Departamento Geral de Educação de Fortaleza), de 1943 a 1946, na Gestão de José Bruno Teixeira. Atuou como regente e orquestrador nas rádios Tupi, Mayrink Veiga, Nacional, todas no Rio de Janeiro; Poti, em Natal; Borborema, em Campina Grande; PRI-4 Rádio Sociedade, de Salvador; e Rádio Cariri, no Crato.

Na televisão trabalhou na Tupi, Excelsior, TV Rio e TV Globo, todas no Rio de Janeiro. Fez parte da primeira equipe de regentes e orquestradores da Globo, ao lado de Lírio Panicalli, Radamés Gnatalli e outros grandes nomes, quando foi contratado em 1965.

Foi maestro do programa Flávio Cavalcante e se destacou no recital "Quando os Maestros se Encontram", de grande sucesso na década de 60. Grandes personalidades da MPB passaram pela orquestra de Mozart Brandão, como Ângela Maria, Elza Soares, Linda e Dircinha Batista, Dolores Duran, Leny Eversong, Nelson Gonçalves, Jamelão, seus compadres Carlos Galhardo e Antônio Maria, Tom Jobim, Nely Martins, Carmem Silva, Carmélia Alves, Ivan Cury, Nora Ney, Jorge Goulart, o cearense Carlos Augusto, Déo, Gilberto Milfont, Trio Nagô e Roberto Carlos, dentre outros.

Como maestro orquestrador e regente, gravou na Odeon, RCA Victor, Continental, Copacabana, Columbia, Philips, Chanteclair, Sinzer, Todamérica, Polygram e Polydor. Teve músicas registradas por grandes artistas como Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Carlos Augusto, Déo, Gilberto Milfont e Maurício Benevides, entre outros nomes da MPB.

NELSON AUGUSTOREPÓRTER

As proezas do cordel no estrangeiro

Um dos principais divulgadores da arte do cordel fora do País, o norte-americano Mark Curran, relança o panorâmico estudo "Retrato do Brasil em Cordel"


Ainda que faça parte, permanentemente, da paisagem cultural de boa parte do Brasil, o cordel é capaz de provocar estranhamentos. Se encanta seus leitores habituais por converter em literatura seu cotidiano e seus valores, um outro tipo de leitor vê nele uma aparição, como se o passado irrompesse o presente e abrisse passagem para tradições antiquíssimas da poesia popular. Não são poucos os exemplos de pesquisadores europeus que, por ele, quedaram-se encantados.

Remetia-os à Idade Média europeia, com seus personagens a promover a intercessão entre o oral e o impresso. Trovadores, jograis e outros artistas da palavra; e também as folhas volantes, que haviam levado o invento de Gutemberg para além dos círculos nobres e burgueses. O espanhol Jesús Martin Barbero e o suíço Paul Zumthor foram alguns dos leitores encantados - este, um afamado medievalista, autor de uma sólida antropologia da voz; aquele, um dos nomes mais destacados no estudo das comunicações nos últimos 20 anos.


O estranhamento é devolvido. Estrangeiros a conhecer algo que é tão nosso - e que nossa própria academia ainda não dá o devido reconhecimento. Contudo, se deste círculo europeu há muito se fala, o mesmo não se dá a respeito da repercussão do cordel nos EUA. Registro deste outro olhar, talvez ainda mais distante da realidade da literatura de folhetos, é o livro "Retratos do Brasil em Cordel", de Mark Curran, professor de língua e literatura portuguesa e brasileira da Arizona State University (EUA). O livro foi lançado originalmente em 1998, pela Editora da Universidade de São Paulo, e, desde então, estava fora de catálogo. O título volta às livrarias, em nova e ilustrada edição, pela Ateliê Editorial.

O encontro
Em entrevista, por e-mail ao Diário do Nordeste, Mark Curran confirma este estranhamento. "Não sou perito nisso, mas acho que a cultura dos EUA não tem nada igual à tradição do cordel", conta o autor. "Há ´chapbooks´ (pequenos folhetos, também ilustrados com gravuras, contendo contos populares, baladas, poemas, comum entre os séculos XVI e XIX) da Inglaterra e uns poucos nos EUA, mas nada que se compare à grandeza do cordel", avalia.

O que mais estaria próximo de nossa tradição poética, de fortes marcas orais, é exatamente a poesia da voz. "As baladas de Appalachia, no Leste, muitas delas de origem irlandesa. Ainda mais, as baladas do ´faroeste´ americano - canções de bandidos, de índios ferozes que defendiam suas terras e, mais, a tradição do vaqueiro americano, também acompanhado de seu cavalo corajoso. A balada ´The Strawberry Roan´ tem muito em comum com ´O Boi Mandingueiro e o Cavalo Misterioso´ (de Luiz da Costa Pinheiro) ou até ´O Boi Misterioso´ (de Leandro Gomes de Barros). Há um filme de faroeste que sempre aponto: ´Monty Walsh´ (no Brasil, ´Um Homem Difícil de Matar´), a primeira versão, com Lee Marvin. Uma das cenas mais impressionantes é a do vaqueiro Monty tentando domar um cavalo tão brabo, tão épico, que dá muito a recordar ´O Boi Misterioso´ do cordel", enumera o pesquisador.

Tipos móveis usados na impressão de cordéis no passado: a tradição adotou técnicas mais modernas
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Mark Curran lembra que seu primeiro encontro com a literatura de folhetos se deu em uma aula de literatura na Saint Louis University, St. Louis, Missouri, em 1965. Especialista na obra de Jorge Amado, a professora Doris Turner trouxe curiosos livrinhos artesanais para mostrar aos alunos do PhD. O aluno que teve a certeza de que aquilo era muito mais uma curiosidade acabou ganhando uma bolsa de estudo pela Fulbright. Fez sua pesquisa de campo no Brasil entre os anos de 1966 e 1967, para erigir uma tese sobre os pontos de contato da literatura popular em verso ("assim era conhecido o cordel daqueles dias") e literatura "erudita" brasileira. A cearense Rachel de Queiroz e o paraibano Ariano Suassuna foram alguns dos autores explorados neste estudo comparativo.

Traçando o mapa
De lá para cá, Curran já fez mais de 20 viagens ao Brasil, com roteiros cheios de proezas. "Um ano intenso de estudos em 1966-1967, leitura e pesquisa de campo através o Nordeste, a bacia do Rio São Francisco, a Feira Nordestina no Rio, Brasília e até em Belém do Pará e Manaus, no Amazonas, à cata de folhetos, romances de cordel, entrevistas com poetas e público. Foi isso o começo. Depois fiz mais de 20 viagens ao Brasil, sempre à cata do cordel", reconstitui o pesquisador.

O norte-americano se tornou dono de uma coleção "respeitável", adquirida em feiras, além de outro tanto copiado (por vezes manualmente), nos principais acervos de cordel do País, como aquele que pertence a Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.

Foi através deste vasto material que Mark Curran estabeleceu um mapa, quase tão vasto, pelo qual passeia em seu livro. Aos invés de fazer uma história desta mídia da tradição popular, o autor encadeia núcleos temáticos. À maneira do xilógrafos, quando investe em obras mais extensas, com séries de gravuras, cada capítulo ganha o nome de álbum e traz tanto temas tradicionais como aparentemente incomuns, indo da religião popular à questões atuais de gênero.

Fique por dentro
A Voz do Verso
A francesa Martine Kunz caiu de amores pelo Brasil ainda nos anos 70, quando conheceu o Nordeste. Estudava clássicos de seu país, caso do poeta Charles Baudelaire e do romancista Marcel Proust, mas optou trilhar um novo caminho, o cordel. Professora da Universidade Federal do Ceará, Kunz é autora de obras consistentes sobre o tema, caso do breve e profundo "Cordel, A Voz do Verso", sexto volume da coleção Outras Histórias, no Museu do Ceará, e a antologia de poemas do poeta-jangadeiro Zé Melancia, editado pela Hedra.

Literatura
Retrato do Brasil em Cordel  
Mark Curran, Ateliê editorial, 2011, 368 páginas, R$ 70

DELLANO RIOS
 EDITOR

Fonte: Diário do Nordeste

Fulô da Aurora

Os integrantes Fabiano de Cristo, Raphael Bruno e Guilherme Cunha falam sobre a banda, as influências musicais e o novo disco Querendo Tem

Redescobrir a tradição oral do Ceará. É isso que pretende a banda Fulô da Aurora com a composição de suas músicas. Reizados, maracatus, grupos de coco, todos esses “brinquedos” da cultura popular do Nordeste são de grande influência para o grupo, que já vem pesquisando a estética da música nordestina há um bom tempo.

É nesse espírito brincante do Ceará, dos Cocos de Praia, dos batuques dos Bois e Maracatus de Fortaleza, da literatura de cordel, das Bandas Cabaçais, que a Fulô da Aurora desenvolve as canções, buscando uma “poesia lúdica” e uma ressignicação da tradição popular. O grupo se formou em 2003, mas desde muito antes os integrantes já estavam envolvidos numa pesquisa e numa vivência com a música cearense.



Todos participaram do grupo percussivo Tambor de Caboclo, que tocava no bairro Benfica, de Fortaleza. A experiência musical que culminaria na banda Fulô da Aurora foi quando participaram do Brincantes Cordão do Caroá, programa de extensão da Faculdade de Educação da UFC. No momento, só faltava mais um integrante para completar a formação que segue até hoje. Em 2003 já se consagrava a Fulô da Aurora, que tocava em formação cabaçal em vários espaços públicos de Fortaleza, quando faziam rodas brincantes com pifes, zabumba, caixa e prato.

O grupo não parou e resolveu investir também na formação de palco, que conta com vário instrumentos e vozes, femininas e masculinas. São sete integrantes e mais que sete instrumentos. Cavaco, viola, rabeca, flauta transversal, e muita percussão compõem o som do grupo, que investe num trabalho de músicas autorais. O disco Querendo Tem, por enquanto disponível apenas na internet, revela as canções da Fulô da Aurora depois de um amadurecimento como grupo musical. O CD dessa vez conta com uma direção musical e a participação de outros artista cearenses, como Nego Célio e Babi Guedes.

Parceiros de trabalho, mestres da cultura popular, compositores cearenses, influenciam na produção da Fulô, que afirma com veemência a importância dos artistas nordestinos para a composição da obra da banda. O futuro? Aprimorar o trabalho e continuar redescobrindo a tradição musical do Ceará, seja na formação cabaçal, seja na formação de palco. O mais importante parece ser revelar a beleza das músicas brincantes do nosso estado.
O disco Qurendo Tem está disponível para download na página da banda Fulô da Aurora http://fulodaaurora.com.br/

A Fulô da Aurora é composta por:
Rodrigo Claudino: Cavaco, Viola Caipira e Voz
Fabiano de Cristo: Rabeca, Pife, Violão e Voz
Guilherme Cunha: Flauta Transversal, Pife, Violão e Voz
Raphael Bruno: Percussão
Samira Cardoso: Percussão e Voz
Lorena Chagas: Percussão e Voz
Juliana Roza: Percussão e Voz


Assentamento completa 13 anos e inaugura Casa de Cultura

Comunidade de Santa Rita, em Santana do Acaraú, organiza festejos

Por: Beth Rebouças

 O assentamento 29 de Maio - Santa Rita, em Santana do Acaraú, na Região Norte do Estado, festeja 13 anos, no próximo dia 27. Os mártires da terra serão lembrados e, será inaugurada a casa de Cultura, uma conquista dos trabalhadores.

O projeto foi financiado pelo Governo do Estado do Ceará através do Projeto São José Agrário. Já são no total de seis casas de cultura em seis assentamentos do Ceará, que ainda precisam ser equipadas para desenvolver inúmeras atividades culturais propostas.


Fonte: Ceará é Agora

Arquivo público lança exposição “Fontes para a História da Escravidão no Ceará”

 
 
Em comemoração aos 123 anos de abolição da escravidão no Brasil, o Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC) lançou sexta feira (13), a exposição “Fontes para a História da Escravidão no Ceará”. Durante a exposição, que acontece até o dia 13 de junho, os visitantes poderão conhecer documentos dos poderes executivo, legislativo e judiciário relevantes para a história da escravidão no estado.

Entre os documentos da mostra estão a relação dos escravos libertados, em 19 de dezembro de 1883 no município de Sobral, a relação dos escravos matriculados na tesouraria de Fazenda do Ceará em 11 de janeiro de 1881 e o Estatuto da Sociedade Centro Abolicionista em 19 de dezembro de 1882.

Informações: 3101-2614

Serviço:
Exposição “Fontes para a História da Escravidão no Ceará”
Local: Térreo do Arquivo Público do Estado do Ceará – APEC
Data: de 13 de maio a 13 de junho de 2011
Horário: de segunda-feira à sexta-feira das 8h às 12h e de 14h às 17h

Coordenadoria de Comunicação da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará
Sonara Capaverde ( sonara.capaverde@secult.ce.gov.br / 85 3101.6759)

Fonte: Secult-Ce

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Acaraú ganhará novo pólo de lazer

No açude das Piranhas, em Acaraú/Ce, a Prefeitura está construindo um pólo de lazer, raro no Município. O espaço, cujas obras estão orçadas em mais de R$ 250 mil, conta com calçadões, quiosques e uma iluminação especial. As intervenções do Executivo Municipal passam a valorizar ainda mais o espaço.

O pólo tem uma previsão de estar pronto até o final do próximo mês. “O açude das Piranhas estava precisando de uma intervenção dessas, e o povo aprovou. Lá será um pólo importante de lazer em que as pessoas poderão se divertir aos finais de semana”, afirmou o Prefeito de Acaraú, Pedro Fonteles.
Além disso, o novo pólo, que embelezará o espaço e o vitalizará, atrairá turistas e consequentemente mais divisas para a região. “Esse pólo é muito importante. Vai tornar o local mais bonito e mais atrativo para as pessoas da região e nossos visitantes”, previu Pedro Fonteles.

O Sr. Vanderlei Terras de Sousa, estava com sua família visitando o espaço. “Venho com frequência aqui e acho que realmente esse espaço deve ficar ainda melhor com essas intervenções”, afirmou Vanderlei Terras.

Maria Áurea, acredita que a obra acaba valorizando ainda mais o ambiente e tornando o ambiente mais acolhedor aos frequentadores. “Vem muita gente da região pra cá fazer caminhada, tomar banho, pescar. Aqui tem mesmo que ter obras como essas para valorizar ainda mais o espaço”, defendeu.




EEEP Marta Giffoni participando da ISEF (Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel)

A Escola de Ensino Profissional Marta Maria Giffoni de Sousa – Acaraú-Ceará, está participando da Feira Intel ISEF (Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel) que está sendo realizada no período de dia 8 a 13 de maio, na cidade de Los Angeles, EUA, e terá representantes de Acaraú-Ceará. 

  Arbiston Borges(aluno), Professor Emanuel Bento e Rivan Pará (aluno) .
Os estudantes da Escola de Ensino Profissional Marta Maria Giffoni de Sousa – Arbiston Borges do 3º ano do Curso de Turismo e Rivan Pará 2º ano do curso de Aquicultura, que estão participando com o Projeto Energia Positiva. Os alunos contam também com o apoio do professor orientador do Projeto-Emanuel Freitas Bento.
 
A Intel deste ano contará com a participação de 1.500 estudantes que apresentarão projetos de 60 países diferentes, concorrendo a mais de US$ 4 milhões em bolsas de estudos e outros prêmios. A ISEF é realizada desde 1950 e já revelou milhares de projetos inovadores, patentes e cientistas brilhantes para todo o mundo. E desde 1996, a feira conta com o patrocínio da Intel e traz o nome de Intel ISEF - Intel International Science and Engineering Fair. O grupo do Brasil será composto por 28 estudantes representando 18 projetos que foram finalistas das duas principais feiras nacionais – FEBRACE (São Paulo, SP) e MOSTRATEC (Novo Hamburgo, RS).

Jornalista e escritor Pedro Rocha Jucá completa 70 anos de vida

Nesta quinta-feira 13.05.2011 todas as homenagens vão para o jornalista e escritor Pedro Rocha Jucá que completa 70 anos de vida. Cearense de nascença e cuiabano por adoção desde que aportou por aqui em 1959, Jucá tem uma trajetória marcante no cenário cultural mato-grossense. Dono do registro de jornalista mais antigo de Mato Grosso em atividade, tem mais de 10 livros publicados, foi o primeiro assessor de Imprensa e o primeiro secretario municipal de Cultura e Turismo, da Prefeitura de Cuiabá e durante quase 25 anos dirigiu o jornal “O Estado de Mato Grosso”. Foi o primeiro autor mato-grossense a publicar livros virtuais e hoje edita na Internet o jornal eletrônico “Varanda Cuiabana”, para divulgar a cultura de Mato Grosso.

Hoje Pedro Jucá recebe todas as atenções e carinho da mulher Dona Carminda, dos filhos Marcelo, Marcos, Mauro e Márcia, dos netos Lucas, Victor e Daniella, da bisneta Luna e da legião de amigos e admiradores pela passagem de seu aniversário. Parabéns!!!

No tempo dos rabos de burro

Os conflitos de geração e de gênero vividos pela sociedade fortalezense nos anos 1950 pautam o livro que a historiadora Lídia Noêmia Santos lança, hoje, na Livraria Cultura


Você sabe onde anda sua filha? - com essa interrogativa, o jornal cearense Gazeta Mercantil titulava, em 1959, uma campanha em que publicava fotos de jovens namorando, na tentativa de alertar os pais para o comportamento "impróprio" da nova geração. A publicação soa absurda nos referenciais de hoje, mas retrata os conflitos de uma década de mudanças sociais e culturais em todo o mundo, e que se reflete na Capital cearense estampada nos jornais, com os feitos e desfeitos da juventude da época.

Essa Fortaleza dos anos 50 ambienta o livro "Brotinhos e seus problemas", que a historiadora Lídia Noêmia Santos lança, hoje, às 19 horas, na livraria Cultura. A obra toma por base as publicações da imprensa local para analisar os conflitos de gênero e de geração que envolviam a pequena burguesia fortalezense nos que são chamados de "anos dourados".

O livro identifica e analisa o perfil de dois modelos de juventude próprios da época: as "moças casadoiras" - solteiras, com idade entre 15 e 25 anos, com dotes e habilidades que lhe valiam boas chances de casar; e os "rabos de burro", termo cunhado para identificar a variação alencarina do que, no Sudeste, era a juventude transviada.

O livro é baseado na dissertação de mestrado da autora, com o texto devidamente adaptado para atingir também o público não acadêmico e está sendo publicado por meio de um edital da Secretaria da Cultura do Ceará. O trabalho foi contemplado, em 2010, pelo edital Prêmio Literário para Autores Cearenses.

No estudo, Lídia destaca as mudanças sofridas nos principais centros urbanos brasileiros nos anos 50, com uma imprensa bancada pelo capital financeiro e integrando grandes conglomerados que incluíam emissoras de rádio e televisão, e eram a grande porta de entrada da cultura estadunidense. O texto jornalístico perdia espaço para fotografias e manchetes chamativas, ganhando força também as publicações direcionadas para mulheres.

Tendências
A juventude pós-guerra mundial era o alvo de um novo projeto social e econômico capitaneado pelo exemplo norte-americano. Daí surgem tertúlias, matinês, os clubes (a exemplo, em Fortaleza, do Ideal e Náutico), as lojas e espaços de socialização com atividades específicas para os jovens. "Com isso, novos modelos de juventude aparecem", conta a autora.

O colunismo social vai lançar para o público todas essas novidades. "A partir do momento que existe um grupo de pessoas promovendo essas ações, modificando jeito de se vestir, namorar, se encontrar, dançando rock, o jornal cria interesse de divulgar isso, porque modifica o cotidiano da cidade" diz a pesquisadora, explicando o interesse da imprensa em publicar comportamentos que muitas vezes eram mal vistos pela sociedade.

O livro aponta ainda a eleição da cearense Emília Correia Lima no concurso Miss Brasil de 1955 como um marco para a cultura jornalística da cidade. A partir daí, o colunismo social, o noticiário, a publicidade, a maioria dos veículos de imprensa passaram a dar conta de assuntos ligados à beleza feminina.

"Não vejo, no entanto, que essa imprensa não tivesse preocupação com a autonomia feminina. Apesar de não contestar o casamento, eles buscavam mostrar como a mulher pode ser mais independente, por meio de artimanhas e truques de sedução com os quais poderiam impor suas vontades aos pais, ao marido. Existe um estímulo a autoconfiança", avalia a historiadora Lídia Noêmia.

Se de um lado ganha espaço a figura de mulher mais independente, do outro, grupos de jovens contestadores e rebeldes são motivos de muitas dores de cabeça. Enquanto os Estados Unidos intensificavam a Guerra Fria com os países do bloco da União Soviética - marcada por uma política imperialista que demarcava território pela influência cultural, criando Hollywood e disseminando ícones da juventude como Marilyn Monroe, Elvis Presley e o recém-nascido rock´n´roll - no Ceará, o "terrível" Ivan Paiva, o James Dean da Parangaba, que chocava a pequena burguesia moradora do jovem bairro da Aldeota com seus atos delituosos estampados no noticiário.

Juventude
Ivan, segundo Lídia, foi o líder mais conhecido dos grupos que à época eram taxados como transviados, andando em lambretas e exibindo um visual com topetes e bigodinhos que feriam os padrões estéticos vigentes. Eram os já citados Rabos de Burro. "Tudo indica que o termo foi uma adaptação do apelido de um dos líderes para viabilizar a publicação nos jornais", explica Lídia. Existiam vários grupos de transviados, com destaque para a Turma do Pinduca, uma das mais violentas da época.

A historiadora defende a existência de duas gerações de rabos de burros. A primeira, protagonizava brigas de rua, confusões em cabarés, roubavam carros para praticar pegas, chegando a casos extremos de violência contra as mulheres. "Eles seduziam ou raptavam para estuprar e fazer curra. Acontecia de um dos rapazes namorar uma moça, que, no encontro mais reservado, estuprava", conta.

A segunda geração, a qual pertencia o grupo de Ivan Paiva, chocava mais pela questão estética e comportamental. "Tinham influência dos norte-americanos, na imagem do James Dean, uso de topete, palavras em inglês", diz. Ivan costumava posar para as fotos em quase todas as suas prisões, incluindo no episódio em que foi punido pela Justiça com um corte de cabelo e teve o seu topete destruído pelo barbeiro.

Anos 50  
Brotinhos e seus problemas  
Lídia Noêmia
Expressão gráfica, 2011, 219 páginas, R$ 25


FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

MAIS INFORMAÇÕESLançamento do livro "Brotinhos e seus problemas", de Lídia Noêmia, hoje, 19h, na Livraria Cultura (Avenida Dom Luís, 1010, Aldeota)

O retorno do rei

Conhecido nos anos 60 como O Rei dos Bailes, o cearense Ed Lincoln tem parte de sua obra em discos relançada, pela primeira vez, em formato digital. Uma caixa especial, lançada pelo selo carioca Discobertas, reúne seis álbuns produzidos no auge da popularidade de seus piano e teclado sensacionais

Ed Lincoln: rei dos bailes e das tertúlias dos anos 60, o cearense é cultuado na Europa e por colecionadores da MPB
Antes do Pessoal do Ceará tomar a MPB de assalto nos anos 70, o Estado já tinha dado, ao País inteiro, mostra de seu talento para a música e para o sucesso de público. Mesmo que muita gente não saiba, e outro tanto sequer o conheça, o cearense Ed Lincoln garantiu há mais de 40 anos seu lugar no panteão da música brasileira, com seu teclado eclético, que convertia bossa, samba, jazz e música latina num ritmo dançante, fácil de ouvir, quase sempre temperado, suavemente, com samba.

Os discos lançados pelo compositor cearense, autor de "Ai que saudade dessa nega", "Amar é bom" e "Eu vou também (Menininha)", esta última feita com Orlann Divo, não fizeram sucesso no Brasil inteiro. "Em Fortaleza, os LPs de Ed Lincoln eram obrigatórios, tanto nas tertúlias das casas ´de famílias´, como nas festas dos clubes dançantes. Suas músicas também faziam parte do repertório dos conjuntos musicais da época", recorda o empresário Francisco Parente.

Na cidade que o viu nascer, Ed Lincoln emplacou sucessos como "O Ganso" e "É o Cid". Ainda hoje relembradas pelos antigos frequentadores dos "encontros musicais" que ocorriam na Capital nos anos 60. Atualmente, seu nome perdeu o apelo massivo, mas conquistou o público europeu (que vê nele um dos pioneiros da música eletrônica) e por colecionadores, como o músico Ed Motta.

Nascido em Fortaleza, em 31 de maio de 1932, Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia partiu cedo da cidade. Trabalhou na imprensa local, como repórter e revisor, mas, aos 19 anos, já estava morando na Cidade Maravilhosa. Radicado no Rio de Janeiro desde 1951, ele começou sua carreira tocando baixo no conjunto do famoso cantor Dick Farney. A partir da segunda metade dos anos 50, ele troca de armas: assume de vez o piano e um então moderno órgão, comandando o seu próprio grupo e tocando na noite carioca.

Vem do sucesso desta época a inspiração para o título de um box recém-lançado, compilando seis álbuns do cearense, lançados no auge de seu sucesso, na primeira metade dos anos 60. Produzido pelo jornalista e pesquisador Marcelo Fróes, "O Rei dos Bailes - Ed Lincoln" traz ao mundo digital os antológicos LPs "Órgão Espetacular" (1960), "Seu Piano e seu Órgão Espetacular" (1961), "Álbum Nº 2" (1962), "Piano e Órgão Espetacular" (1963), "A Volta" (1964) e "Ed Lincoln" (1966). Os discos foram lançados originalmente pela Musidisc, gravadora nacional reconhecida pelo alto padrão de suas gravações, enquanto os CDs ficam por conta do selo Discobertas, de Fróes.

Caixa com os seis primeiros álbuns do artista remasterizados
Sofisticação
Especialista em reedições de clássicos da MPB, Marcelo Fróes não esconde a admiração pelo trabalho do cearense. "Acho sensacional o som dele. Ed Lincoln foi um cara que conseguiu trazer a sofisticação da era do Jazz e da Bossa Nova pra os bailes populares", sintetiza o pesquisador.

Lincoln não era o único a pilotar piano e teclados pensando no grande público. Entre os anos 50 e 60, não faltavam na noite carioca quem o fizesse, mas logo muitos passaram a imitá-lo. Quem chega mais próximo de seu talento e influência é Lafayette, tecladista preferido das estrelas da Jovem Guarda.

Resgate
Marcelo Fróes diz como iniciou o projeto: "Através de um amigo em comum, o colecionador Claudio Fragnan, soube da disposição do Ed Lincoln de, finalmente, autorizar a reedição de sua discografia em CD. Sua relação com a Musidisc sempre foi uma lenda. Estes discos estavam fora de catálogo há mais de 40 anos".

Para relançar os discos, o selo Discobertas também tinha de ter a autorização da detentora dos fonogramas originais. "O pessoal da Musidisc foi ótimo, Nilo Sérgio, principalmente, além do Marcelo Sabóia, engenheiro de som, que é filho de Ed Lincoln e fez um belo lobby doméstico", revela Fróes.

Os registros em discos da Musidisc são elogiados até hoje pela qualidade técnica. Os álbuns de "O Rei dos Bailes" foram remasterizados das fitas originais estereofônicas, obedecendo toda a sonoridade das matrizes, resgatando assim uma etapa importante da história de MPB. Mas, se sobra qualidade, falta informação. A ficha técnica dos discos relançados de Ed Lincoln guardam mistérios e, por consequência, gera muitas lendas. Muitos vocalistas que participaram das gravações não são creditados e não conseguiram ser identificados pelo pesquisador Marcelo Fróes. "Sabemos que Pedrinho Rodrigues, Orlann Divo, Sylvio César, Nilo Sérgio e muitos outros passavam pelos estúdios da Musidisc na mesma época", conta.

O produtor comemora a receptividade da primeira edição da caixa. "Tem sido extraordinária! Mal tinha chegado às lojas daqui e já aparecia na pré-venda do site da Tower Records, no Japão. Acredito que a caixa vá ter uma boa saída e, a julgar pelo espaço da mídia e entusiasmo do público, acredito que essa reedição já possa ser considerada um sucesso".

Reprodução fiel
A luxuosa edição de "O Rei dos Bailes - Ed Lincoln" resgata também o aspecto gráfico das edições originais, reproduzindo fielmente as capas, contracapas, encartes, textos, ilustrações, fichas técnicas e selos de suas matrizes. A reedição vai ao encontro de uma demanda pelas raridades do músico cearense, disputadas em sebos de discos de vinis por colecionadores e historiadores da MPB. "Já vi um título dele em CD pirata, feito na Rússia, com áudio extraído de vinil. É claro que esses 40 anos de material fora de catálogo não impediram que cópias em CD-R circulassem entre fãs e que, hoje, parte de sua obra esteja espalhada em MP3 pela internet. Mesmo assim, esse box irá agradar muita gente", avalia Fróes.

O produtor adianta a Discobertas deve lançar mais material de Ed Lincoln. Os próximos a sair devem ser os discos gravados na segunda metade da década de 60 e nos anos 70, assinados com o nome do músico. Paralelamente a seu trabalho autoral, o cearense gravou com pseudônimos, como Pierre Kolman e Bob Fleming, em discos de grupos como Os Violinos Mágicos e Orquestra Românticos de Cuba, também do catálogo da Musidisc. Fróes não descarta trabalhar, no futuro, com esta parte do vasto e valioso baú do rei dos bailes do Brasil.

REEDIÇÃO
O Rei dos Bailes
Ed LincolnDiscobertas, 2011, 6 CDs, r$ 99
Caixa com os seis primeiros álbuns do artista remasterizados. Textos de apresentação do pesquisador Marcelo Fróes

NELSON AUGUSTO
REPÓRTER

quarta-feira, 11 de maio de 2011

3ª CREDE promove Encontro Regional do pacto pela convivência com o semiárido cearense.

A 3ª CREDE, através do NRDEA (Núcleo Regional de Desenvolvimento do Ensino e Aprendizagem), e NRCOM (Núcleo Regional de Cooperação com os Municípios) realizou o  no dia 04/05/2011, no Auditório da 3ª CREDE, o I Encontro Regional do PACTO PELA CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO CEARENSE. Participaram do momento, Coordenadores, PCAs, professores e Secretarias Municipais de Educação, Turismo e Meio Ambiente da região acompanhada por esta Coordenadoria. No momento, foi apresentada a proposta do Pacto, o porquê da criação do mesmo, seus fundamentos e objetivos. As discussões giraram em torno dos eixos temáticos que envolviam o Semiárido e os investimentos sociais destinados a essas regiões cearenses, que, atualmente, correspondem a 86% do território do Estado. 
 
A reflexão sobre as grandes dimensões da questão (Econômica/Ambiental/Cultural/Social/Científica, Tecnológica e Inovadora) foi outro ponto forte do encontro, resultando no levantamento de diretrizes e bases para a formulação de uma Política Estadual de Convivência com o Semiárido em seus aspectos fundamentais. As reflexões culminaram na composição de proposições que foram encaminhadas à SEDUC e Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e servirá de base para a formulação do Instrumento Legal que estabelecerá a Política Estadual de Convivência com o Semiárido.
 
Mirele M.R.da Silva
ASSESSORA TÉCNICA-NRDEA/3ª CREDE
mirele@crede03.seduc.ce.gov.br
 
Fonte: CREDE 3

Coisa Nossa - Festival da Galinha Caipira dos Chorós


Quem é do interior sabe bem o valor que um bom prato de galinha caipira tem. Típica da culinária do sertão, esta iguaria vira agora a grande estrela do “I Festival da Galinha Caipira dos Chorós”, evento promovido pela Prefeitura de Cascavel em parceria com o Sebrae. O Festival acontece entre os dias 13 e 15 de maio e conta com uma programação, que vai reunir desde a degustação de pratos feitos à base de galinha caipira e outras comidas típicas, exposição de artesanato, apresentação de bandas de forró pé-de-serra e repentistas, humoristas, até brincadeiras pra lá de irreverentes, como corrida de jumentos, exposição de galinhas exóticas, campeonato do maior ovo, e até um “Galinheiro Eletrônico”, uma versão matuta das famosas tendas eletrônicas, garantindo muita diversão para os visitantes. O objetivo é resgatar os festejos populares da região enriquecendo as tradições culturais e ainda criar uma nova forma de movimentar a economia local através da criação de galinhas caipiras, já presentes no cotidiano dos moradores dali.

Segundo Edvar Soares, coordenador de Turismo de Cascavel, o evento vai ter ainda um impacto social muito importante. “A comunidade dos Chorós está sentindo sua autoestima resgatada, seu sertão valorizado. Os moradores estão orgulhosos de poder mostrar seus talentos, e isso é muito bom pra dar continuidade a esse projeto”, garante Edvar.

O Festival
A ideia do “Festival da Galinha Caipira dos Chorós” surgiu a partir de reuniões realizadas com 30 moradores daquela localidade, nas quais se discutiam alternativas de incentivar a geração de emprego renda para a comunidade. Foi quando eles deram-se conta de que a criação de galinhas caipiras poderia ser uma dessas alternativas. A ave, comum nos quintais do interior, é de fácil manejo e sabor bastante apreciado na culinária regional.

Além disso, a partir do momento em que a Galinha Caipira dos Chorós garantir espaço no roteiro gastronômico do Ceará, o potencial turístico local também poderá ser valorizado, já que trata-se de uma região rica em belezas naturais ainda não descobertas. Os Chorós são considerados um dos mais lindos sertões do litoral leste, com uma densa e encantadora floresta de carnaúbas.

Criadores
recebem orientação
Para garantir o sucesso do Festival da Galinha Caipira dos chorós, consequentemente, do projeto de inserção da comunidade no roteiro gastronômico cearense, uma série de ações foi realizada com as famílias da região. Uma delas, foi a realização de um curso de Empreendedorismo, ministrado por técnicos do Sebrae. A iniciativa foi fundamental para a organização das associações a fim de orientar os participantes, até então simples produtores rurais e donas de casa, sobre as perspectivas positivas de geração de renda. Além disso, o Sebrae ofereceu um curso de gastronomia que incluiu desde informações sobre manipulação de alimentos, até o refinamento de pratos e a elaboração de um cardápio à base de galinha caipira que será 
apresentado durante o Festival.

A Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará) também teve um papel fundamental nesse processo. Além do acompanhamento técnico e as orientações sobre como melhorar o manejo, auxiliou os produtores a conseguir linhas de crédito junto ao Banco do Nordeste.

TJ determina que cordelista não utilize mais o nome de "Seu Lunga"

Abraão Bezerra Batista publicou, sem a devida autorização do "Seu Lunga", o cordel intitulado "As histórias de Seu Lunga, o homem mais zangado do mundo"
"Se Lunga" Fonte: Banco de Dados/ O POVO
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) determinou que o cordelista Abraão Bezerra Batista deixe de utilizar a expressão “Seu Lunga” em publicações ou qualquer outra forma de divulgação. A decisão foi publicada pelo TJCE nesta terça-feira.

“Constata-se que houve prática de ato ilícito no presente caso, na medida em que os cordéis violam os direitos do apelante inerentes à personalidade, à dignidade e à honra, na medida em que tais publicações desnaturam a sua imagem perante à comunidade”, afirmou o relator do processo, desembargador Francisco Sales Neto.

Conforme os autos, Abraão Bezerra Batista publicou, sem a devida autorização de Joaquim Santos Rodrigues, popularmente conhecido como “Seu Lunga”, o cordel intitulado “As histórias de Seu Lunga, o homem mais zangado do mundo”.

Joaquim Santos Rodrigues afirma que teve a dignidade ferida, pois o cordelista fantasiou situações ao atribuir-lhe a prática de atos que nunca fez, contribuindo para consolidar a imagem negativa de “grosseirão dotado de incomum rudez”.

Em decorrência, ajuizou ação ordinária, com pedido liminar, requerendo que Abraão Bezerra Batista não publicasse mais cordéis com a expressão “Seu Lunga”. Alegou que, em virtude das publicações, tem sido alvo de chacota na sociedade Juazeirense, impedindo-o de ascender socialmente.
 

Peças arqueológicas são encontradas no Cariri

A história dos povos indígenas no Estado pode ganhar novo capítulo com acervo descoberto no Cariri

Catarina Borges, diretora do Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges, guarda as peças, consideradas diferentes
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Achados indígenas, que poderão comprovar formação de aldeamento neste Município foram encontrados na cidade. São peças em cerâmica que foram vistas durante as obras do projeto de iluminação, no Estádio Moraizão. O material ficou guardado por alguns dias com um morador, até que ele decidiu repassar para o Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges. Esta semana, um grupo de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estará em Caririaçu para examinar o material e verificar o local onde as peças foram localizadas.

O material cerâmico é grande e também pesado e se assemelha a bacias e panelas. Mas a maior delas poderá ter sido uma urna. Conforme e diretora do Centro Cultural, Catarina Borges Macedo, que está guardando as peças, é algo diferente do que se vê normalmente. Ela acredita que os achados arqueológicos poderão se tornar uma atração da cidade.

"A história de Caririaçu poderá ser elucidada por meio dessas cerâmicas", acredita a professora Catarina. Ela disse que há vários anos foi encontrado outro registro desse tipo de material, nas proximidades da Igreja Matriz de São Pedro, no Centro. Nada foi guardado e não se sabe o destino que foi dado à cerâmica na época da descoberta.

Logo que recebeu as peças de um amigo, Catarina decidiu consultar a arqueóloga Rosiane Limaverde, que há vários anos tem desenvolvido pesquisa na área, com a identificação de diversos sítios arqueológicos. A partir dos já identificados, a pesquisadora acredita que os aldeamentos cerâmicos ocorriam do sopé da Chapada do Araripe até o sertão dos Inhamuns.

Era nas áreas mais altas que os índios procuravam abrigo mais seguro, principalmente para se protegerem das inundações e porque eram locais mais próximos das fontes de água.

De acordo com a arqueóloga, foram formados vários núcleos de aldeias. São áreas de mais de 600 metros de altitude. O material que ficou nas áreas baixas acabou sendo arrastado pelas enxurradas. Os técnicos do Iphan farão uma notificação do material. A arqueóloga irá solicitar a guarda das peças para pesquisa no laboratório de Arqueologia da Fundação Casa Grande. Esse trabalho servirá para comprovar a autenticidade e origem do material. Quase 20 sítios arqueológicos já foram identificados na região.

Fique por dentro 

Região privilegiada
A região do Cariri é um dos locais importantes para a pesquisa científica nas áreas da Arqueologia e da Paleontologia. Antes da chegada do homem branco à região, no século XVII, o local era habitado por inúmeros indígenas. E não só as tribos, mas há mais de 100 milhões de anos, os céus do Cariri eram invadidos pelos pterossauros, répteis voadores, inspiração do cineasta Spielberg, dinossauros e outros animais pré-históricos. Segundo a arqueóloga Rosiane Limaverde, está comprovado que os índios seguiram o caminho das águas, isto é, entraram no Cariri, vindos da Paraíba, pelo Riacho dos Porcos, e caminharam no leito dos rios até os pés de serra. Os achados em Caririaçu poderão comprovar que essas tribos habitavam as áreas mais altas e com fontes de água.


Pesquisa urbana
Um dos recentes trabalhos do grupo da Casa Grande está sendo desenvolvido na cidade de Santana do Cariri, com acompanhamento de uma obra de saneamento. Pela primeira vez na região é realizada a pesquisa na área da Arqueologia Urbana. O material encontrado é encaminhado para o laboratório da fundação para ser examinado.

As peças de Caririaçu estão sendo motivo de curiosidade na cidade. Para Catarina, esse material poderá ser a comprovação da presença dos índios, de forma concreta. "É uma maneira de trabalharmos essa comprovação histórica não apenas nos depoimentos dos livros, mas com o que restou desse povoamento", diz ela.

Como educadora infantil, tem utilizado os achados para instruir as crianças. As pesquisas históricas na cidade também poderão ficar mais enriquecidas, conforme Catarina. A dona-de-casa Francisca de Oliveira Macedo está admirada com as peças. "Parece coisa de índio mesmo", ressalta. Ela considera as cerâmicas de grande importância para a cidade.

Têm sido constantes os achados arqueológicos registrados na região. Além disso, diversas inscrições rupestres já foram identificadas em sítios pela região. No caso de Santana do Cariri, quando é identificado algum vestígio, a prioridade é dos estudiosos, já que no local poderão ser encontradas peças que servirão de ponto de partida para elucidar a origem de cada lugar e do seu povoamento.

Autenticidade
A guarda do material para estudo deverá ser concedida pelo Iphan para a Fundação Casa Grande. Para Catarina Borges, é importante que todo esse material seja examinado, para posterior divulgação de análise, garantindo a autenticidade.

Será também uma maneira de educar a sociedade quanto à importância desse patrimônio. É algo que aparentemente, para a maioria das pessoas, segundo ela, pode parecer simples, mas que tem um grande significado para a civilização. É um criativo meio para conhecer o seu passado e melhor compreender o processo civilizatório.


Povoamento
"Os índios costumavam ficar em lugares altos e próximos de fontes de água, durante os aldeamentos"

Rosiane Limaverde
Arqueóloga e diretora da Fundação Casa Grande

MAIS INFORMAÇÕES
Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges, Av. Francisco Barros Sobrinho, 40, Santo Augustinho
Caririaçu, telefone: (88) 9912.4068

Elizângela Santos
Repórter

Jericoacoara entre destinos preferidos

  Foto: Divulgação
São Paulo. Conhecido como o mês das noivas, maio consequentemente também é o mês das viagens de lua de mel. E o Ceará ganha destaque como um dos destinos preferidos dos novos casais. Jericoacoara e Fortaleza estão na quarta posição do ranking da operadora de turismo CVC.

Segundo a lista elaborada pela operadora, os dois destinos cearenses só ficam atrás dos pacotes para Costa do Sauípe, para Fernando de Noronha (com passagem pela cidade de Natal-RN) e para Gramado.

Depois de Jericoacara e Fortaleza, a preferência dos noivos é viajar para Maceió, Natal (como único destino) e Porto de Galinhas. Quando a escolha do casal é uma viagem ao exterior, mas ainda na América do Sul, os destinos mais procurados são Buenos Aires e Santiago.

Jijoca de Jericoacoara é um dos destinos turísticos do Brasil que mais evoluem em termos de competitividade. De acordo com o Índice de Competitividade do Turismo Nacional (ICTN) - que inclui 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional, a pontuação geral do município cearense subiu de 33,3, em 2008, para 41, em 2010, o que representa uma evolução de 7,7 pontos em dois anos, superando a média do Brasil (que foi de 3,9 pontos) e dos outros destinos "não capitais", cujo crescimento geral foi de 3,4 pontos.

O conjunto de indicadores que compõem o ICTN é fruto do estudo da competitividade dos 65 destinos indutores do turismo realizado pelo Sebrae, em parceria com o Ministério do Turismo, e executado pela Fundação Getúlio Vargas.

Piso e estímulo à carreira de professor são destacados

Algumas diretrizes do PNE tiveram sua importância reconhecida pelos debatedores, como as que apontam para a valorização dos profissionais da educação, numa perspectiva que envolve piso salarial nacional, progressão na carreira e formação inicial e continuada. Para o professor Célio da Cunha, o piso salarial da categoria deve ser fixado em padrões correspondentes à importância social da classe.

- Nenhum país avança se não garantir aos professores o reconhecimento de uma profissão dignificada - afirmou Cunha.

Outro ponto abordado foi a busca de mecanismos de responsabilização para comprometer os gestores com o cumprimento das metas. De acordo com o senador Cristovam Buarque, mecanismos desse tipo estão ausentes, numa falha em que o novo plano "repete o velho PNE".

O secretário de Educação Especial do Ministério da Educação, Carlos Abicalil, defendeu o PNE. Para ele, o plano é capaz de colocar a educação em status muito superior. Dessa vez, observou, trata-se de um plano para um "sistema nacional de educação", enquanto os anteriores estabeleciam diretrizes em separado para União, estados e municípios.

Houve ainda considerações de que seria preciso aumentar os recursos para a educação. O plano indica uma elevação dos investimentos, dos atuais 5% do produto interno bruto (PIB) para 7%. A secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli, defendeu 10% do PIB já em 2014 e ainda 50% dos recursos do Fundo Social do pré-sal somente para a educação. No entender de Cristovam, dinheiro, apenas, não resolve os problemas do ensino. Ele cobrou aprimoramentos de gestão. Célio da Cunha chegou a sugerir a criação de um conselho nacional de gestão, com representantes dos três níveis de governo.

Marta Vanelli admitiu que a proposta conta com o respaldo de ampla base social representada na mais recente Conferência Nacional de Educação (Conae). No entanto, ela avaliou que o projeto merece ampla discussão no Congresso, para refletir mais apropriadamente as deliberações do encontro. A CNTE defende a institucionalização de mecanismos de gestão democrática do ensino e de controle social para assegurar o cumprimento das metas.

(Jornal do Senado, 05/05/11) 

Fonte: ASSEEC

Prefeitos reclamam do impacto da lei do piso dos professores nas contas municipais


Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Durante a abertura da 14ª Marcha Nacional dos Prefeitos, os presidentes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) reclamaram do impacto da lei do piso nacional do magistério nas contas dos municípios. Segundo João Carlos Coser, da FNP, serão necessários R$ 5 bilhões para cumprir a legislação.

Criada em 2008, a lei foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ao analisar ações apresentadas por governadores de cinco estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará. Os governadores argumentaram, no questionamento à Justiça, que o piso salarial aumentaria os custos com a folha de pagamento, podendo ultrapassar o que é estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A lei do piso estabelece que nenhum professor pode receber menos do que R$ 1.187,14 por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais.

“Nós detectamos mais de 500 municípios que gastam mais de 100% do que recebem do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica ] só com o pagamento de professor. Onde está o dinheiro para melhorar a sala de aula, a merenda, o livro, o transporte escolar? Assim, a qualidade do ensino não vai melhorar. Salário é um ponto importante, mas como vão resolver a questão da educação?”, questionou Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A lei prevê que a União complete o pagamento do piso quando o município não tiver condições financeiras de bancá-lo. Mas, segundo Ziulkoski, apenas cerca de 400 municípios estão aptos a receber essa complementação a partir dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação.
Ziulkoski criticou ainda um dispositivo da lei que determina que um terço da carga horária do professor deve ser reservada para atividades fora da sala de aula, como correção de provas e atualização. Como o resultado no STF, em relação a esse ponto, ficou empatado, a constitucionalidade da reserva de carga horária vinculou apenas os estados que entraram com ação. Ziulkoski apontou que será necessário reforçar o quadro das secretarias municipais com mais 190 mil docentes para atender à reserva de um terço das horas de cada profissional fora da sala de aula.

A presidente Dilma Rousseff, que participou da abertura da marcha dos prefeitos, assinou medida provisória que vai garantir recursos de custeio para as creches recém-inauguradas do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância). Essa era uma reivindicação antiga dos prefeitos, já que os alunos atendidos por essas escolas só eram computados no censo escolar do ano seguinte. Nesse período, o município não recebia os recursos do Fundeb referente àquelas matrículas.

Edição: Lana Cristina

Por onde anda o ensino de Literatura Cearense no Ceará?

Pare. Pense. Reflita: você, cearense, já teve alguma disciplina no colegial que abordasse respectivamente sobre a Literatura Cearense? Os autores de nossa região? Quantos escritores cearenses você conhece?

É triste afirmar, mas o ensino de literatura cearense em nossas escolas ainda é bem restrito, ou basicamente nulo, pois a maioria das instituições escolares no Ceará, preocupadas em seguir à risca seus currículos, acabam não valorizando as obras dos autores cearenses, assim sendo, é praticamente impossível constatar disciplinas específicas que abordem a nossa literatura. Além do mais, as escolas tendem a seguir o programa dos livros didáticos e estes não tratam de autores e nem da literatura cearense, portanto as escolas acabam também não trabalhando. No máximo, os livros didáticos vêm a estudar as escolas literárias ressaltando apenas alguns escritores salientes no plano mundial e/ou nacional.

É perfeitamente observável que mesmo nas aulas de literatura, não são trabalhadas obras de escritores cearenses e, raramente, quando são, percebe-se que é abordada numa visão geral da literatura no contexto brasileiro (no plano nacional – escolas literárias brasileiras) e, assim, apenas alguns autores cearenses se destacam, um exemplo deles é José de Alencar, um dos expoentes do romantismo brasileiro, que é trabalhado nas nossas escolas cearenses sobre o panorama geral da literatura brasileira e não regional.

Entre estes escritores cearenses citados no plano nacional temos, Domingos Olímpio, José de Alencar, Raquel de Queiroz e alguns outros, que, como dito, quando são trabalhados nas escolas o são sob a concepção de escritores nacionais e não regionais. Vale frisar que os escritores mais conhecidos são aqueles que se mudaram para o Rio de Janeiro ou outro estado cuja literatura tinha efervescência e por lá publicaram suas obras.

Displicentemente quando a literatura cearense é estudada nas nossas escolas em seu caráter regional, seu “estudo” se dá a partir de projetos e feiras onde a metodologia utilizada é de pesquisa autônoma, ou seja, na maioria das vezes, os alunos são encarregados de buscar informação aleatoriamente sem o monitoramento do professor para tirar dúvidas ou promover debates. Em outras palavras, quando a literatura cearense é trabalhada nas escolas é sempre descontextualizada do cenário nacional e levada apenas como literatura regional.

Portanto, restam-nos inúmeros questionamentos do tipo: por que valorizamos todo tipo de literatura menos aquelas que são produzidas por autores de nossa terra? Por que os escritores cearenses são mais valorizados por leitores de outros estados ou países do que por seus conterrâneos? Por que o descaso das escolas em trabalhar escritores regionais?

Para estes questionamentos temos inúmeros pressupostos, no entanto, sempre temos que levar em conta a questão cultural, a cultura globalizada, ou melhor: algo chamado mais-valia, que dita que devemos importar coisas, pois o que é importado é sempre melhor do que as coisas nacionais. Assim, a mídia e os meios de comunicações globais não focalizam muito a esfera nacional diga lá a regional! Sempre nos deparamos com músicas estrangeiras, filmes estrangeiros, produtos estrangeiros e uma vasta prateleira de livros de escritores, também, estrangeiros nas livrarias. Talvez essa valorização às coisas importadas venha de nosso berço cultural, quando os primeiros índios que tiveram contato com os colonizadores, através do escambo. Desde o princípio houve uma certa valorização pelo que vem de fora. E hoje, diante de toda a globalização há a idéia de que devemos importar cultura, roupas, enfim, praticamente tudo e exportar nossos alimentos e riquezas naturais. Mas este é um outro ponto, que não se faz pertinente para ser abordado, pelo menos por enquanto.
Não obstante, estes são questionamentos de suma importância, pois nos fazem refletir sobre nossa postura perante nossa própria cultura. A valorização cultural deve partir das pessoas que compartilham a mesma cultura, para que ela seja valorizada por terceiros. Mas como mudar o panorama contemporâneo sobre a literatura cearense? Pois como percebemos a mesma é desvalorizada pelos próprios cearenses e, de certa forma, nossa literatura vem arraigada de preconceitos, ou seja, conceitos pré-estabelecidos por pessoas que não lêem obras cearenses, ou que a partir de uma experiência ruim de leitura, generalizam todas as obras cearenses.

Esta concepção, este preconceito, esta desvalorização precisam mudar. Mas como mudar algo quando o lugar por excelência criado para debates desse teor também negligencia a importância da literatura cearense, que é o que ocorre nas faculdades presentes no Ceará, onde em muitas delas a disciplina de Literatura Cearense não passa de uma disciplina opcional? Quiçá o ‘x’ da questão esteja basicamente aí, pois se os professores nas academias não estudam literatura cearense, por conseguinte não são preparados para ensiná-la nas escolas. No entanto, esta questão ainda precisa ser vastamente debatida.

Portanto, compete a nós, cearenses, nos posicionarmos favoráveis a nossa literatura, pois em nosso estado existem muitos escritores bons que não são reconhecidos. O primeiro passo para fazer com que nossa literatura desponte é lê-la. Assim sendo, quantos livros de escritores cearenses você leu no ano passado? E nesse ano?

Que possamos, a partir de agora, parar para pensar por onde anda o ensino de literatura cearense nas nossas escolas do Ceará, já que a literatura cearense segue seu curso: anda, anda, anda, mas dificilmente pára em alguma escola para ser ensinada.

Camila Márcia Vasconcelos Ferreira-Aluna da cidade de Bela Cruz, cursa o 6º período do Curso de Letras – Habilitação em Língua Portuguesa da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Sobral