quinta-feira, 9 de junho de 2011

Moda e música em Jericoacoara

Céu, Eddie e Mundo Livre S/A se apresentam na paradisíaca praia do litoral oeste cearense, na 4ª edição do Jeri Eco Cultural

Em sentido horário, Céu (foto), Mundo Livre S/A e Eddie, atrações do festival de moda sustentável (DIVULGAÇÃO)

Na quarta edição do evento que combina música e moda regional sustentável, a programação chama a atenção e deve atrair um grande público à paradisíaca praia do litoral oeste cearense neste fim de semana. A paulista Céu e os pernambucanos Eddie e Mundo Livre S/A sobem no próximo sábado à noite ao palco do 4º Jeri Eco Cultural, que ocorre nesta sexta e sábado em Jericoacoara (300 km de Fortaleza).

Na sexta, abre o evento o Jeri Brasil Fashion, desfile de peças confeccionadas pela Associação das Crocheteiras de Jericoacoara, além das peças de lojas locais. Uma feirinha com produtos de artistas da região é outra das atrações do evento, que ainda inclui atividades ecológicas em sua programação, tais como a distribuição de eco bags. O primeiro dia do evento será encerrado com show da Banda Tow In.

Sábado, a noite será aberta, a partir das 20 horas, pela cantora Céu, que deve apresentar músicas de seu último CD, Vagarosa (2009), como Bubuia, Cangote, Comadi e Sonâmbulo, além das canções de seu primeiro CD, Céu (2005). A banda Eddie sobe logo em seguida. A noite será encerrada com show do Mundo Livre S/A, embalando Jeri ao som de sua irreverente e crítica mistura de samba e rock.

Fábio Trummer, 40, líder da banda Eddie, diz que o repertório do show vai depender do clima da noite e das sugestões do público em redes sociais como o Twitter, Facebook e Orkut. “Como é uma banda independente e tem muita gente que tá chegando agora nas nossas músicas, a ordem cronológica dos CDs não importa”, explica. Prestes a entrar em estúdio novamente para gravar seu quinto CD, a banda deve tocar os grandes sucessos de seus mais de 20 anos de carreira, desde o debutante Sonic Mambo (1998) até o mais recente Carnaval no Inferno (2008).

A banda, surgida em Olinda, no começo da década de 1990, foi um dos grupos que ganharam projeção com o Manguebit pernambucano, ao lado de Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Único remanescente da formação original da banda, formada ainda no colégio e que atravessou a faculdade até se profissionalizar, Fábio afirma que nunca esta geração esteve tão afiada musicalmente.

“Na minha visão, mais do que nunca, as bandas que faziam parte lá no início do Manguebit até hoje continuam evoluindo sua musicalidade, dominam melhor o processo de criação. E no mercado também, porque hoje nós temos uma credibilidade por conta da coerência da obra que foi feita desde o início”.

Envolvido em projetos paralelos como a Orquestra Santa Massa, o Punk Reggae Park e o Original Olinda Style, ao lado da Orquestra Contemporânea de Olinda, Fábio não descarta a possibilidade da viagem à Jericoacoara inspirar alguma parceria com Céu. “Eu sou bem próximo dessa família musical dela”, fala, referindo ao grupo que inclui músicos como Dengue e Pupillo, integrantes do Nação Zumbi, e Rica Amabis, do Instituto e irmão de Gui Amabis, marido da cantora. Céu inclusive já gravou em 2008 CD com eles do projeto Sonantes. A noite promete. (Pedro Rocha)

SERVIÇO

4º JERI ECO CULTURAL, COM SHOWS DE CÉU, MUNDO LIVRE S/A E EDDIE
Onde: Praia de Jericoacoara
Quando: sexta (10) e sábado (11)

Quanto: Entrada franca.
Outras info.: 85 3261 0665


Os curtas cearenses do Cine Ceará 2011

Na 21ª edição do Cine Ceará, a mostra competitiva de curtas tem duas produções cearenses e uma carioca com a participação de um realizador local 

O curta-metragem Doce de Coco , do diretor Allan Deberton, foi rodado em Russas (DIVULGAÇÃO)

Duas produções cearenses foram selecionadas para a mostra competitiva de curtas do 21º Cine Ceará: A Casa das Horas, de Heraldo Cavalcanti; e Doce de Coco, de Allan Deberton. O primeiro será exibido hoje, às 19 horas, no Theatro José de Alencar; e o segundo na sexta-feira (10), no mesmo horário e local. Além destes filmes, a animação coletiva EngoleLogoUmaJacaEntão conta com a participação do cearense Diego Akel, apesar de ser uma produção carioca.

Em Doce de Coco, a adolescente Diana mora no interior com uma família que faz cocadas para sobreviver. Natural de Russas e formado em cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o diretor Allan Deberton retornou à cidade natal para vivenciar sentimentos decisivos para a construção do roteiro. “Cresci numa família simples, onde meus pais trabalharam bastante para dar bons estudos. Sempre era preciso ‘ir para algum lugar’, ‘buscar mais’, fazer faculdade, trabalhar... O filme tem um pouco disso”, comenta Allan.

O que é mais singular no filme de Allan é a interpretação de Débora Ingrid, que faz a protagonista e aparece pela primeira vez no cinema. Ela e os demais atores de Russas foram preparados pela atriz profissional Marcélia Cartaxo. “O filme corria o risco de ficar piegas, falso, ou caipira, caso os atores não fossem bons. Eu queria brilho nos olhos, verdade na falas. Ao mesmo tempo, desejava fazer um filme que tivesse a cara de Russas, com não-atores, pessoas simples, não interpretando, mas vivendo os personagens”, afirma o diretor.

A Casa das Horas narra a história de Celeste – interpretada por Nicette Bruno –, uma senhora que, para não se sentir mais sozinha, conversa com atendentes de telemarketing. O roteiro foi pensado por Heraldo, quando ele se sentia melancólico em relação às lembranças de sua cidade. “A casa onde cresci, não existe mais, o colégio onde estudei, agora é uma universidade, na verdade percebia que ruas inteiras haviam sumido. Fui arremetido para a minha infância e percebi que coisas mais sutis também tinham sumido”, explica o diretor.

No roteiro, a protagonista englobava características de vários parentes de Heraldo, como a avó paterna, o pai e a irmã. Ao chegar nas filmagens, Nicette Bruno expandiu todas as nuances da personagem. “Na reunião de leitura de roteiro, seus olhos começaram a marejar e eu vi a Celeste ali. Quando ela apareceu no set de gravações, era outra pessoa, puxava de uma perna, um certo olhar”, afirma Heraldo. Antes do Cine Ceará, o curta já foi exibido em Havana, Guadalajara e Porto Velho. Mas foi mesmo no Cine-PE, de Recife, que Heraldo pode conferir de perto a recepção do público. “Vi gente chorando, algumas pessoas me procuraram depois da projeção. Pessoalmente, a projeção deu um baque em mim, me fez amar essa relação com o público. Quero fazer filmes que falem às pessoas”.

O curta EngoleLogoUmaJacaEntão é um projeto coletivo de oito animadores, organizado pelo carioca Marão, que convidou o cearense Diego Akel para fazer um dos episódios. “São filmes soltos, espontâneos e despretensiosos, e ao mesmo tempo carismáticos, malditos e surpreendentes. Não teve diálogo entre os animadores e a única coisa que o Marão me falou foi para flertar com o bizarro”, explica Akel. Apesar de livre, a produção do curta precisou seguir algumas regras básicas, como não deixar que os animadores saibam o que cada um fez. “Eu mesmo ainda não vi o filme completo e estou curiosíssimo pra ver como ficou. Não teve nem sombra de roteiro pré-definido: cada animador fez o que quis e como quis, então pode esperar que o filme está recheado de temáticas, visuais e técnicas completamente diferentes umas das outras”.

SERVIÇO

21º CINE CEARÁ – FESTIVAL IBERO-AMERICANO DE CINEMA
No Theatro José de Alencar. Exibição de A Casa das Horas, hoje, às 19h. Doce de Coco e EngoleLogoUmaJacaEntão, amanhã (10), às 19h.
Outras informações: www.cineceara2011.com

Camila Vieira
camilavieira@opovo.com.br

 Fonte: Jornal O Povo

Enem -Primeiro fascículo é lançado hoje

A iniciativa contará com 16 fascículos. A circulação do material será nas quintas-feiras até o dia 22 de setembro

Pelo segundo ano consecutivo, o jornal auxiliará estudantes de todo o Estado na preparação para as provas do exame

Leitores do Diário do Nordeste de todos os 184 municípios do Ceará recebem hoje o primeiro fascículo do projeto "Diário do Nordeste no Enem". Pelo segundo ano consecutivo, o jornal auxiliará estudantes do Estado na preparação para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A iniciativa contará com 16 fascículos que serão encartados no periódico. A circulação do material impresso acontecerá todas as quintas-feiras até o dia 22 de setembro.

Criado como exame de avaliação da Educação Média, o Enem passou a ser critério de seleção em muitas universidades públicas no acesso à educação superior e como certificador do Ensino Médio. No Ceará, já passa de 226 mil o número de pessoas inscritas, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organizador do concurso. Amanhã é o último dia de inscrição para o exame, marcado para ser realizado nos dias 23 e 24 de outubro.

Parceria

Com o objetivo de oferecer o que existe de melhor em conteúdo, o projeto do Diário do Nordeste terá como parceiro o Colégio Ari de Sá Cavalcante. Professores da instituição de ensino irão elaborar questões no modelo do exame que abrangerão todas as áreas cobradas no concurso, além da redação.

Ari de Sá Neto, diretor executivo do Sistema Ari de Sá de Ensino (SAS), enfatiza que o Enem adota uma metodologia diferenciada daquelas antes cobradas para o ingresso nas universidades, desta forma o projeto é uma excelente oportunidade para a prática de questões que envolvem uma maior contextualização. "O Enem hoje é adotado por diversas universidade federais. As provas do concurso são bastante longas, com 180 questões em dois dias, e ainda envolvem compreensão dos acontecimentos da realidade, sai da abstração da qual os alunos estão acostumados. E o projeto oferece tudo isso aos leitores do Diário do Nordeste", enfatiza Ari Neto.

Para a coordenadora de planejamento de vendas do jornal, Camila Coutinho, o projeto vem contribuir, cada vez mais, na formação, na qualificação e na educação dos estudantes cearenses, já que a publicação impressa estará disponível em todos os municípios do Estado.

Simulados

Camila Coutinho destaca que os candidatos terão acesso ainda ao material e às ferramentas disponibilizados no hot site do Diário do Nordeste. Um dia após a publicação, os leitores poderão conferir simulados virtuais, vídeo-aulas com os professores do Colégio Ari de Sá resolvendo e comentando as principais questões da publicação, tirar dúvidas e obter os fascículos anteriormente lançados.

Ainda visando à preparação para o Enem, o jornal promoverá, no fim do projeto, um grande simulado para todos os estudantes na Universidade de Fortaleza (Unifor).

Um verso entre o linotipo

Em homenagem a "Fortalezaamada", a escritora Lucíola Limaverde lança hoje "Ciro Colares: a crônica paixão por Fortaleza", que rememora a obra de um jornalista-cronista-amante

O jornalista Ciro Colares atuou no Ceará por 60 anos, sendo testemunha da história da imprensa local
FOTO: NEYSLA ROCHA (04/1984)

O bom e velho Ciro era pessoa calada, mas querido por todos. Não estava nas palavras faladas o seu forte, mas na escrita. Fora dos poucos, daquele tipo de jornalista por sina, que não vê jeito em ser outra coisa na vida. E justamente por ter sido forjado escritor a partir dos jornais, sua crônica nascia da cidade, da rua, "de coisas sutis que lemos no jornal, mas não damos tanta importância", como explica a escritora e jornalista Lucíola Limaverde, que decidiu lhe rememorar.

Após 17 livros reunindo suas crônicas, fadadas ao esquecimento nos jornais, Ciro finalmente ganha um livro sobre si, sobre jornalismo e literatura, sobre a cidade e o tempo. Sobre a poesia, ainda que escrita em prosa. "Ciro Colares: a crônica paixão por Fortaleza", publicação do Trabalho de Conclusão de Curso de Lucíola será lançado hoje, às 19h, na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará, a Adufc.

Trajeto
A leitura, o menino Ciro aprendeu nos jornais. Ali, no chão da sala de casa, o moleque chegava a se cobrir com os papeis já amarelados, sujava-se da tinta da prensa no esforço de juntar as letras e delas via palavras e delas frases e delas a completude do jornal. Que coisa importante tinha entre as mãos.

Antes de tudo, aquelas páginas enormes eram o trabalho do pai, jornalista do Correio do Ceará, que como as outras redações se situava no Centro. Ao Seu Domingos Colares, visitava todos os dias, levando-lhe a marmita do almoço. E ainda que o velho fosse um tanto ranzinza, Ciro conseguia pôr-se na máquina e lá satisfazia o gosto de escrever suas próprias linhas, entre uma ou outra colherada do pai.

Aos 18 anos estava seguindo a sina do pai, trabalhando também no Correio do Ceará, mas como revisor. A produção escrita, no entanto, só passou a ser exercida em 1946, quando ingressou no jornal "O Povo". Em 60 anos de jornalismo, Ciro passou por diversas redações cearenses, sendo testemunho da história da imprensa de nosso Estado. Também essas páginas do Caderno 3, por sinal, foram palco da escrita cotidiana de Ciro, que atuou como articulista no Diário do Nordeste, em fins dos anos 90, publicando sempre aos domingos.

A palavra conquistou-lhe não apenas o ofício, mas também os amores. Não haveria melhor modo. Foi pela troca de cartas que Ciro apaixonou-se pela eterna esposa, Neuza. O endereço precioso fora anotado em 1943, quando sob o pseudônimo "Bety Selma" o publicou na revista Carioca. Mas conheceram-se apenas em 1948, cinco anos depois, quando já era ofensa que a distância física atrapalhasse amor tão sincero. Casaram-se em 1950.

Neuza fora, de fato, a amante a moda antiga. Das cartas e da permanência até os últimos dias da vida. Ciro despediu-se da "Fortalezamada" (termo por ele cunhado) nos braços da esposa, acometido por um infarto.

A escritora e jornalista Lucíola Limaverde saiu à caça das poucos livros ainda existentes de Ciro Colares para a produção de sua monografia, que culminou na obra

Musa
À beira mar, Ciro costumava se banhar de inspiração para falar de um dos maiores amores: Fortaleza. O jornalista-cronista-amante era morador do Jardim América, ou do Beco do Segundo, como era conhecido. Seu texto tinha um pé na rua e outro na areia da praia. Mas não só de mar e sol viveu o repórter.

Ciro fazia denúncia com a mesma sensibilidade com que beijava as faces da "Fortalezamada". Na obra de Lucíola, destaca-se o poema-crônica escrito por Ciro que ilustrou a capa do caderno de cultura da Tribuna do Ceará, em agosto de 1973.

Tendo a prefeitura demolido sem aviso prévio treze casebres no então bairro Verdes Mares, Ciro buscou sentido nos detalhes: "As lágrimas das mulheres/ e o choro das crianças/ serão cobertos pelo asfalto... E sobre a sua mudez rodarão automóveis do ano; ou cairão restos de uísque/ das futuras residências infamiliares". E mais na frente, arrematou: "Amanhã pode ser domingo pra todo mundo / menos para as famílias da ex-favela do bairro Verdes Mares / só porque elas não estarão reunidas em casa".

Registro
Em 2008, Ciro já tinha nos deixado quando a ainda estudante Lucíola procurou pelo jornalista e professor Ronaldo Salgado. A ele confessou seu desejo por estudar crônica e jornalismo, e Ronaldo apresentou-lhe a obra de Ciro. A estudante, já utilizando das ferramentas jornalísticas, saiu à caça, já que os livros de Ciro se haviam caído no esquecimento, como infelizmente ele mesmo sentenciara nos últimos dias de vida. Encontrou alguns exemplares de seus 17 livros na Biblioteca Pública e revirando em sebos.

"O que me encantou na obra do Ciro foi a capacidade dele de pegar coisas simples, do cotidiano, cenas das ruas, e relatar isso, traduzir, com substância. Isso não se aprende", comenta Lucíola. Para ela, as pessoas nascem com esse olhar para a beleza escondida das coisas. E, por isso mesmo, independentemente de os jornais atuais concederem ou não espaço para poesias em prosa como as Ciro, nada garante que haveriam hoje tantos jornalistas produzindo semelhante.

A oportunidade de produção do livro surgiu através do Edital Prêmio Literário Para Autores Cearenses 2010, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Quanto a isto, destaca-se o fato de que Lucíola não precisou fazer modificações para adequar a monografia de fim de curso para um formato, digamos, ensaístico. Já estava feito. A então estudante não viu modo de se falar de Ciro Colares sem pôr os dois pés na literatura. Assim, mesclou teoria, análise e poesia, retirando o livro da categoria de escritos para públicos selecionados.

Ainda que se apresente, de fato, como uma importante referência bibliográfica aos que queiram estudar as nuances entre jornalismo e literatura, "Ciro Colares: a crônica paixão por Fortaleza" é, acima de tudo, um registro merecido da vida e da obra "de um dos maiores cronistas nacionais, sem medo. Ao nível de Rubem Braga ou João do Rio", como assegurou a autora.

Nas entrevistas finais, reproduzidas por Lucíola, Ciro se mostra e tal qual a poesia que escreve, nele não há prolixidade. Ciro é a leveza impressa pelo chumbo do linotipo, é a beleza de um passeio despretensioso com a neta pelo Jardim América.

"Acho que a gente já nasce enxergando a poesia, depois é que se passa tudo para o papel. Minha neta Andréa dizia ao chegar comigo à pracinha do Jardim América, depois de uma chuva ligeira: ´Vovô, o sol tá enxugando a pracinha!´. Poesia é justamente a beleza que se vê ou a beleza que se cria".

E essa sua escrita, apesar de simples, tinha a força de gritar: Parem as máquinas! Falta um verso ao jornal.

JORNALISMO E POESIA 
Jornalismo e poesia Ciro Colares: a crônica paixão por Fortaleza Lucíola Limaverde
Expressão gráfica, 2011, 151 páginas, R$ 10
O lançamento acontece hoje, às 19h, na sede da Adufc (Av. da Universidade, 2346).
Contato: (85) 8764.0904

MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER

Acaraú ganha o mais novo Banco Comunitário do Ceará

A rede cearense de bancos comunitário acaba de ganhar mais um novo associado. Trata-se do Banco Dunas de Aranaú, localizado no distrito de Aranaú, no município de Acaraú


O empreendimento foi inaugurado na manhã do último sábado (04.06) durante solenidade que contou com as presenças do deputado federal Eudes Xavier (PT-CE), do prefeito Pedro Fonteles, além de representantes da Caixa Econômica Federal, Banco Palmas e autoridades locais. Na ocasião, o deputado Eudes Xavier destacou a importância do banco para a comunidade local. Segundo o deputado, o Banco Dunas de Aranaú  promoverá a inclusão bancária daqueles que sempre estiveram à margem do crédito. “Essa comunidade tem um imenso potencial. Aqui temos a pesca, o comércio e a agricultura. Esse banco vai oferecer crédito para que as pessoas possam ter a oportunidade de trabalhar e produzir melhor", explicou o parlamentar.
A implantação do Banco Dunas de Aranaú foi uma iniciativa do deputado federal Eudes Xavier, que juntamente com a Prefeitura de Acaraú articulou junto ao Governo do Estado a implantação do empreendimento no distrito. De acordo com o Secretário de Agricultura e Pesca de Acaraú, Nacélio Cruz, Aranaú foi escolhida para acolher o banco comunitário por apresentar “grandes potencialidades na agricultura, na pesca, no turismo, em pleno desenvolvimento”.

Com o banco comunitário, o pequeno produtor de Aranaú, explica Nacélio Cruz, será beneficiado com crédito facilitado. “O crédito é concedido sem juros até o valor de R$ 1.000. Após esse valor, cobra-se uma pequena taxa de juros.” Nacélio lembra ainda que “o crédito é concedido a membros da comunidade e há uma flexibilidade na concessão do crédito em comparação aos bancos e empresas financiadoras tradicionais, além de estimular a criação de uma rede local de produção e consumo, promovendo o desenvolvimento local”.

Já o prefeito Pedro Fonteles, lembrou que além de fortalecer os pequenos produtores, a chegada do Banco Dunas de Aranaú, também refletirá no dia-a-dia da comunidade, já que a concessão de pequenos empréstimos facilitará a vida dos moradores mais carentes. “ Ninguém mais vai ter que se humilhar  porque faltou dinheiro para comprar o gás. O banco também vai ajudar nessas situações “, esclareceu o prefeito. Junto com o  Banco Dunas de Aranaú foi lançada também a moeda social própria,  denominada de Timbaúba, com a mesma cotação do real. O empreendimento está apto a oferecer os mesmos serviços de uma agência bancária, como pagamentos de benefícios, abertura de contas corrente, depósitos e saques, recebimento de títulos e convênios (água, energia e telefone).

De acordo com o consultor do Banco Palmas, Luciano Cidrack, o Palmas prestará assessoria até o primeiro ano de atividades do banco, mas a própria comunidade se tornará gestora do empreendimento. O foco do banco é o público de alta vulnerabilidade social, principalmente os beneficiados com programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família.

Além disso, o banco comunitário tem uma parceria com a Caixa Econômica Federal, que através da implantação de um correspondente bancário, proporcionará uma variedade de serviços financeiros e bancários à população. O Banco Dunas de Aranaú estará apto a oferecer os mesmos serviços de uma agência bancária, como pagamentos de benefícios, abertura de contas corrente, depósitos e saques, recebimento de títulos e convênios (água, energia e telefone). Atualmente, estão em funcionamento em todo Brasil 52 bancos comunitários. No Ceará, revela Luciano Cidrack, o número de empreendimentos chega a 28, mas a previsão é que até o final deste ano, possa aumentar para 38.

Repetência e evasão limitam acesso ao ensino médio, destaca presidente do Inep

Foto: Divulgação
Dos 15 aos 17 anos, os jovens estão em idade de cursar o ensino médio, mas essa expectativa criada pelas normas educacionais ainda não vem sendo rigorosamente cumprida no país. A observação foi feita pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, nesta quarta-feira (8), na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Dos 10,2 milhões de jovens nessa faixa etária, assinalou, 45% registram ensino fundamental incompleto, seja por atraso decorrente de reprovação ou, no caso de 15%, porque já desistiram da escola.
 - Precisamos voltar e olhar o que está acontecendo no ensino fundamental, para entender porque os alunos estão repetindo e repetindo ou se evadindo – observou.

Malvina foi uma das convidadas de audiência destinada a examinar os problemas do ensino médio, na sequência de discussões que a comissão está travando sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que valerá por dez anos, a partir de 2011. O projeto do governo ainda tramita na Câmara, mas a comissão optou por antecipar as discussões.

De acordo com a presidente do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação, a universalização do ensino fundamental foi um inegável avanço. Agora, o novo desafio – ao lado do esforço para estender o ensino médio a todos – é garantir qualidade, inclusive para que a escola seja mais atrativa e possa evitar a repetência e a evasão.
- Essa é uma responsabilidade de todos. Precisamos desmitificar o argumento de que o problema é do professor, que não resolve; ou do aluno, que não tem condições [de aprender]; do governo, que não investe; ou da família, que não liga – disse.

Representante do Conselho Nacional dos Secretários de Educação, Maurício Holanda Maia, salientou que o ensino médio sempre funcionou como simples passagem para a universidade ou mercado de trabalho, no caso dos mais pobres. Para ele, esse ciclo necessita de “identidade” e isso deve partir de um reconhecimento: o ensino médio é lugar de “convivência de jovens”, seres em fase de afirmação e em busca de reconhecimento social.
- Se olharmos seus anseios, talvez possamos encontrar oportunidades para soluções mais significativas – comentou.

Maurício Maia, que também é secretário-adjunto de Educação do Ceará, sugeriu a ampliação das políticas de transferência de renda para os jovens carentes. Assim, eles teriam como acessar bens e serviços de baixo valor que estão associados aos desejos dessa faixa etária, como, por exemplo, frequentar salas de cinemas. Outra solução seria a garantia de estágios, que seriam úteis tanto como experiência profissional como para a prática de trabalho em equipes.  

Novas tecnologias 
A professora Marta de Campos Maia, professora de Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), destacou a importância das novas tecnologias, especialmente entre os jovens que já cresceram conectados à internet, os chamados “nativos digitais”. Ela observou que o tráfego em redes sociais aumentou 51% em 2010 e que o país já pode ser considerado líder em mídias sociais no mundo. Com o Plano Nacional de Banda Larga, observou ainda, 80% da população terá acesso à internet. Por isso, argumentou, o ensino deve incorporar ferramentas tecnológicas que possam trazer benefícios aos professores e aos alunos.
- São recursos que podem tornar a aprendizagem mais eficaz, agradável e colaborativa – destacou Marta Maia.

Na avaliação do pesquisador Celso João Ferretti, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o novo PNE incorpora ações e metas de forma “precária ou até mesmo indevida”. Ele apontou como insuficientes, por exemplo, as metas de atendimento para as populações do campo, indígenas e quilombolas.

A audiência foi coordenada pela vice-presidente da CE, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e teve participação ainda de Ana Amélia (PP-RS), Lídice da Mata (PSB – BA) e Cyro Miranda (PSDB-GO).
Gorette Brandão / Agência Senado

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Projeto reúne literatura e teatro

Esta é a segunda edição do projeto, que beneficia atores sociais, de 9 a 17 anos, no Município de Tauá

O II ciclo de Leituras Cínicas envolve crianças e adolescentes com a apresentação de vários textos
FOTO: DIVULGAÇÃO
Tauá Hoje, a Cia. Artes Cínicas de Teatro apresenta a obra dramatúrgica "As Bondosas", em sessão única no pavilhão da Escola Estadual de Educação Profissional Monsenhor Odorico de Andrade, neste Município, tendo como público os alunos da Escola e a comunidade em geral. A apresentação do texto inicia às 20h e faz parte do II Ciclo de Leituras Cínicas, apoiado pela Secretaria Municipal de Cultura. Esta é a segunda edição do projeto, que beneficia atores sociais, de 9 a 17 anos, participantes de atividades em espaços culturais e educacionais em Tauá.

"O Ciclo de Leituras envolve as crianças e adolescentes que apreciam a arte e que já fazem parte das atividades mantidas pela esfera pública aqui na cidade", diz o produtor, Gilmar Costa. Segundo ele, o I Ciclo de Leituras Cínicas surgiu como uma possibilidade de articular literatura e teatro, uma vez que em seu interior são trabalhadas leituras dramáticas de textos teatrais da dramaturgia cearense e nordestina que tem como marca a comicidade. "As leituras dramáticas são eficazes instrumentos para se formar público leitor e apreciador do fazer teatral", garante o produtor. Acrescenta, ainda, que o público aumenta a cada apresentação, alcançando assim outra meta do projeto, que é a formação de plateia. "As apresentações, inclusive, são sempre gratuitas, para facilitar esse objetivo", diz.

As Leituras Dramáticas se traduzem como o limiar entre a literatura e o teatro. Daí, ao realizar o evento este ano, a Companhia se propõe a trabalhar com diversificados textos teatrais integrantes da dramaturgia cearense e nordestina. Depois das leituras dramáticas são realizadas conversas formativas entre os atores e o público, com o intuito de favorecer ao último a narratividade de suas impressões sobre as leituras dramáticas e o fazer teatral como um todo, sob a mediação de Gilmar Costa. "É uma oportunidade de interação com o público", salienta Gilmar.

Selecionados

Para esta edição, foram selecionados três textos: "A Farsa de Romeu e Julieta", de José Mapurunga, "As Bondosas", de Ueliton Rocon e "As artimanhas de Simão ou O Causo dos Dotes", de Márcia Oliveira. Trabalhadas em sequência, as leituras dramáticas são previamente ensaiadas, envolvendo no elenco 11 atores e três músicos. O grupo já concluiu os trabalhos com o texto "A Farsa de Romeu e Julieta". A cenografia será montada em todo o pavilhão.

MAIS INFORMAÇÕES

Artes Cínicas
www.artescinicasdeteatro.com
Município de Tauá
Telefone: (88) 9915.8406

terça-feira, 7 de junho de 2011

Acaraú: Árvore centenária vai abaixo na rua Gal Humberto Moura

Uma das árvores centenárias situada na rua general Humberto Moura ao lado da igreja Matriz e do Colégio Virgem Poderosa no centro de Acaraú, não aguentou o peso do anos e veio abaixo nesta segunda-feira (06), causando transtorno aos transeuntes que por ali passavam e bloqueando a via pública, não houve relatos de acidentes.




Fotos: Rodrigo Lopes Otero

Fonte: Blog do Erasmo Andrade

Acaraú - Endesa pede licença para 3 eólicas no Ceará

Caso a empresa vença o leilão que será realizado em julho, usinas ficarão em Acaraú, São Benedito e Guaraciaba do Norte

Dando continuidade ao plano de explorar o potencial eólico no Ceará, a empresa espanhola de energia Endesa solicitou à Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente) três Licenças Prévias (LPs) para participar nos leilões de reserva e A-3 de 2011, que devem ocorrer no próximo mês de julho.

As usinas eólicas que a empresa pretende implantar, caso se saia vencedora no leilão, ficarão localizadas em Guaraciaba do Norte, Acaraú e São Benedito. O único projeto que possui previsão de geração de potência é o de Guaraciaba, que deve contar com 24 MW. A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Endesa, mas não obteve retorno.

Além desses empreendimentos que podem integrar a cadeia da energia dos ventos do Estado, outros 14 já haviam pedido licenças à Semace, que analisa toda a documentação e tem até seis meses para fazer a emissão da autorização para as usinas. Os projetos estão espalhados por todo o Estado, em municípios considerados detentores de potencial nesse tipo de exploração energética, como Aracati, Icapuí, Beberibe, Flexeiras, Paraipaba e Trairi.

Condicionante
A LP é um condicionante para que os empreendimentos possam participar do certame. Como forma de facilitar a entrada das eólicas nos leilões, a Semace emite a chamada Licença Prévia para Leilão (LPL), que é uma autorização mais simplificada, beneficiando as empresas participantes. Dessa forma, elas não correm o risco de ter um grande prejuízo caso elaborem um Eia/ Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), consigam a LP, mas não sejam vencedoras no certame do governo.

Investimento
A Endesa havia manifestado, no mês passado, a intenção em investir R$ 1,4 bilhão em eólicas no Nordeste. Segundo a empresa, o Ceará receberia cerca de metade desse investimento, considerando a estimativa de custo de R$ 3,5 mil por quilowatt instalado. Há dois anos, a companhia espanhola vem realizando a medição de ventos na região, mirando o setor eólico.

Festival de Inverno da Serra da Meruoca divulgadas as canções classificadas

A coordenação do festival de música do VIII Festival de Inverno da Serra da Meruoca divulgou as canções classificadas para o evento, que acontece de 23 a 25 de junho

Isaac Cândido e Simone Guimarães são os compositores e cantores de Amor, no VIII Festival de Inverno da Serra da Meruoca


Num universo de 200 composições inscritas, foram selecionadas 20 canções, de concorrentes de várias cidades do Brasil. Além delas, foram contempladas dez na categoria Regional, de inscritos com residência em um dos municípios de região: Alcântaras, Cariré, Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Groairas, Hidrolândia, Irauçuba, Massapé, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira, Reriutaba, Santana do Acaraú, Senador Sá, Sobral e Varjota. Divulgado em todo o Brasil, o Festival chega à oitava edição com uma participação bem diversificada na área das inscrições.

Concorrentes de alguns estados brasileiros como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, entre outros, inscreveram-se com várias canções. Barro, Crato, Juazeiro, Sobral, Caucaia, Canindé, Santa Quitéria, Massapê, Varjota, Aquiraz e Fortaleza foram as localidades que mais marcaram presença na quantidade de inscrições nos limites do estado do Ceará.

Os artistas classificados farão suas apresentações em duas eliminatórias na cidade serrana, nos dias 23 e 24 de junho. Nas duas noites de exibições serão classificadas dez canções, após avaliação de um júri técnico. A grande final acontece no dia 25, com registro para posterior lançamento de um CD ao vivo, a ser será distribuído entre os concorrentes, uma ação que acontece desde a primeira edição do certame. A disputa concede mais de 15mil reais em prêmios.

Objetivos
Segundo o coordenador geral do VIII Festival de Inverno da Serra da Meruoca, o cantor, compositor e músico Pingo de Fortaleza, "chegar a esse estágio de representatividade nacional e regional sempre foi um dos maiores objetivos desta mostra musical, propiciando, desta forma, o fortalecimento de uma rede de troca de informações e experiências entre artistas de diversas partes do Brasil".

Para o produtor executivo do evento, Arnóbio Santiago, a existência de parcerias é de importância fundamental para a realização da competição. "Desde 2006 o Banco do Nordeste do Brasil é um patrocinador importante do festival, através da Lei Rouanet. Seu apoio possibilita a continuidade do projeto, não permitindo que iniciativas culturais como esta possam se extinguir", conta.

Classificados
Além de concorrentes que são figuras carimbadas nos circuitos dos festivais, como os compositores cearenses Fernando Rosa e Jord Guedes, o VIII Festival de Inverno da Serra da Meruoca também resgata o violonista Wilson Cirino. Ele, que começou com o Pessoal do Ceará, retornou para Fortaleza, mas andava sumido. Foi classificado com "Recanto da serra", composição dele e de Haroldo Ribeiro.

Músicas e intérpretes

Selecionadas:
A flor e o espinho (Ivânia Catarina); Aconteceu (Grupo Bossambar); Amor (Isaac Cândido e Simone Guimarães); Assovio (José Ferreira); Cá em nós (Fernando Rosa); Eclipse (Mário Soul); Lendas brasileiras (Juliana Roza); Malfeito (Tavinho Limma); Na lua da minha estrada (Ermano Morais); O Grão (Cláudio Mendes); O Sonho (Ciço Lifrate); Presságio (Paulo Façanha); Quem dera (Laecio Beethoven); Quer carona? (Arma Sophia); Recanto da serra (Wilson Cirino); Silêncio e escuridão (Zebeto Correa); Simples arte (Caixa de Entrada); Traços (Jord Guedes); Vai e vem (Lupe Duailibe); Voz de atriz (Marcos Catarina); Cante o que eu sinto, poeta (Régis Brito); Capital da zona norte (Antônio Santana); Difícil esquecer (Itallo Mourão); Gangorra (Dulcivando Azevedo); Luzias (William Rodrigues); Noite de São João (Will Kpeli); O suor não escorre em vão (Daniel Vitório); Senhor da canoa (Tafarel Teixeira); Sinais dos tempos (Moacir Costa); Vida de verso (Kelly Brasil)

NELSON AUGUSTO
 REPÓRTER

MAIS INFORMAÇÕES
VIII Festival de Inverno da Serra da Meruoca. De 23 até 25 de junho, na cidade serrana cearense. Contato (85) 3226.1189

Arte - Aberto ao público

Fora de cena por meses para restauro, a escultura "Femme Bateau", do artista cearense Sérvulo Esmeraldo, foi devolvida às longarinas da Ponte Metálica. Outras obras de nomes locais, novas e antigas, estão previstas para compor a paisagem urbana de Fortaleza nos próximos meses

 O artista Francisco de Almeida: obra embebida em religiosidade adquirida pelo Estado 

O verde esmeralda da Femme Bateau está de volta ao horizonte da Praia de Iracema. Instalada na década de 1970 nas longarinas da Ponte Metálica, a escultura de Sérvulo Esmeraldo, que estava recolhida para restauro, ganha uma nova estrutura. Volta mais resistente, cingida em aço inoxidável e revestida por fibra de vidro e estrutura em metalon - e está de volta ao mar.

Com cinco metros de altura e pouco mais que isso de comprimento, a obra "é uma coisa feita no Ceará, para o Ceará" nas palavras de seu criador. Sérvulo diz ter pensado e organizado a escultura para transparecer a maneira de ser do nordestino, reluzindo ao balanço dos ventos sobre as águas da Praia de Iracema. "Aqui onde estou, não posso vê-la, mas estou sentindo-a" diz Sérvulo, contente com o resultado do restauro, durante visita a outra obra sua, a escultura "Jangadas", instalada na Avenida Beira-Mar.

A "Femme Bateau" foi uma das agraciadas com o programa de restauro de obras de arte da Secretaria da Cultura do Ceará. O artista plástico e assessor técnico de artes visuais da Secult, Carlos Macedo, explica que a primeira versão da escultura não resistiu às intempéries da beira do mar, tendo que ser reestruturada.


Walter Monte e o projeto de sua escultura. Acima, a obra recém-restaurada de Sérvulo Esmeraldo
FOTOS: MIGUEL PORTELA/ FRANCISCO VIANA

"Nós também restauramos, de Sérvulo, a escultura Cones Cinéticos , que em breve será colocada onde era o antigo fórum da cidade, na Praça da Sé", adianta Macedo. Ele destaca a importância do artista para a Cidade, pela identificação que suas obras provocam e a projeção internacional que podem dar. "Quando a gente fala dele (Sérvulo), fala com certa convivência e isso parece não dar a importância exata da dimensão dele" diz, lembrando que até a prefeitura de Paris tem obras do artista cearense.

Cinco pirâmides de Sérvulo Esmeraldo, instaladas no Parque Ecológico do Cocó, também foram restauradas. Além das obras do artista, foram recuperadas cinco esculturas de Zenon Barreto - a "Louceira", a "Rendeira", a "Mulher com pote", a "Mulher no pilão" e a "Mulher com menino" - que estão no Palácio da Abolição e na residência oficial do Governador; 11 obras em papel, tela e colagem. "Entre elas, temos obras de Antônio Bandeira, Vicente Leite (exposta na galeria do Palácio da Abolição), Renina Catz, Bené Fonteles, Barrica" diz, adiantando que elas serão colocadas em espaços diversos da Cidade.


Aquisições
Outra boa notícia para a paisagem urbana de Fortaleza foi a aquisição pelo Estado de uma gravura de 1,5m de altura por 20m de comprimento do artista Francisco de Almeida. "Se não é a maior do mundo, é a segunda" diz Macedo, embora o valor das obras do gravurista estejam além de seu tamanho.

Ainda não se sabe onde será exposta a gravura, mas a intenção, segundo Almeida, é que fique no Aeroporto Pinto Martins. Ele foi contemplado no Prêmio Antônio Bandeira de aquisição de obras de arte do VII Edital Prêmio de Incentivo às Artes da Secult. "Ela fala da religiosidade do sertão nordestino, fala da crendice popular, dos deuses, da sequidão, da resistência do homem do campo. E o discurso dela também está voltado para os elementos da natureza, ar, fogo e terra" explica Francisco de Almeida.

Carlos Macêdo destaca a importância dessas iniciativas para a harmonização e o engrandecimento do espaço urbano. "Essa importância é reconhecida na lei municipal 7503/94 de 1994, que determinava a obrigação da existência de obras de arte nos espaços públicos e de uso publico", argumenta. Apesar de não ser cumprida, a lei vale como um alerta para se refletir essa necessidade. "Nós estamos sempre interferindo, criando avenidas, com calados postes, fiação. Tratamos muitas vezes de enfear a Cidade", diz.

Impasse
Sete metros de altura por 1,2 m de diâmetro, com base em aço industrial vermelho e corpo branco em poliuretano rígido e fibra de carbono. Dessa forma deve ser construída a escultura que o artista Walter Monte deseja instalar no novo centro de feiras e negócios do Estado, o Expo Ceará. A escultura abstrata estava prevista pelo autor para ser inaugurada junto com o centro de negócios. Um desentendimento burocrático, entretanto, está travando o início do trabalho, que tem tempo de execução estimado em 140 dias.

O projeto foi contemplado no último edital Incentivo às Artes da Secult na categoria de aquisição de acervo. O assessor técnico de artes plásticas da Secult, Carlos Macedo, explica que houve um desentendimento entre o propósito do edital e o do artista. "O Estado não pode entregar o prêmio sem que ele tenha a obra para adquirirmos. Ele não tem o produto para entregar" explica Macedo.

Walter argumenta, que essa condição (de receber o prêmio para só então confeccionar a obra) estava explícita no projeto aprovado pela Secult. "Mas a questão já está para avaliação da Procuradoria Geral do Estado e acredito que isso vai ser resolvido", minimiza. Ele acredita que logo poderá dar início à construção da escultura.

O local escolhido, segundo Walter Monte, foi uma estratégia para dar destaque à obra, ao passo que garantisse a sua conservação. "A ideia era de que ela ficasse em frente ao aeroporto, mas avaliei que em frente ao Expo Ceará ela deve ser mais cuidada", explica. O artista conta com uma equipe de ex-alunos seus, especializados em trabalhos com esse tipo de material para a feitura da obra.

FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

Literatura-Era uma vez... um edital

Os autores cearenses têm até o dia 18 de junho para inscrever textos inéditos de literatura infantil no edital da Secretaria da Educação do Ceará para publicação na "Coleção Paic Prosa e Poesia"

 Ilustração do livro Tempo de Caju, da escritora Socorro Acioli, que já foi premiada com o edital da Secretaria da Cultura: o retorno é impressionante!, afirma ela  

Os pequenos leitores cearenses e educadores da rede pública só têm a comemorar com a segunda edição do edital para publicação e distribuição de textos inéditos de literatura infantil promovido pelo Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic) da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). O edital é específico para autores cearenses e selecionará 24 textos publicação e distribuição em todas as salas de aula do ensino infantil e do 1º e 2º ano do ensino fundamental da rede pública estadual. As inscrições estão abertas até o dia 18 de junho. Os textos em prosa ou poesia podem ser inscritos em duas categorias, de acordo com a idade da criança à que o livro é destinado, com faixa etária de quatro a cinco anos e de seis a sete anos. Para participar, o autor deve residir há pelo menos dois anos no Ceará e enviar textos ainda não publicados ou divulgados ao público, contendo o máximo de 3.390 caracteres distribuídos em dez parágrafos ou estrofes.

"O principal objetivo é formar indivíduos letrados mas que sejam também leitores e que conheçam a cultura do Ceará", explica Fabiana Skeff, coordenadora do eixo de literatura infantil do Paic. Os livros serão editados, ilustrados e publicados pelo projeto, sendo distribuídos em coleções com os 24 títulos premiados. Ao todo serão impressas cerca de 30 mil coleções. Os autores contemplados recebem, ainda, uma premiação em dinheiro no valor de R$4,5 mil, cada.

Os livros ficam disponíveis em cada sala de aula no espaço batizado de cantinho da leitura, tendo livre acesso dos alunos. "Os professores participam de oficinas onde recebem técnicas de contação de historias, musicalização, recreação literária, para que saibam passar as histórias e incentivar os alunos à leitura", diz Fabiana.

Tempo de caju
Esse é o segundo edital parar publicação dos textos da coleção que já chega à sexta edição, atualmente com 48 títulos inéditos de autores cearenses publicados. A escritora cearense Socorro Acioli foi premiada no primeiro edital com o livro Tempo de Caju. "O retorno é impressionante! Saber que o livro estará em todas as escolas estaduais do Ceará é um impacto que eu venho sentindo a cada cidade que visito", diz a escritora, que a partir da premiação teve uma outra edição do livro publicada em 2010 pela editora Positivo, de Curitiba.

Em seu livro, Socorro Acioli conta a história do curumim Porã, escrita a partir da tradição dos índios cearenses de contar os anos de vida pelas safras de caju que vivenciam. "Eu criei especialmente para a seleção do edital. Eles queriam um texto para pré-leitores e leitores iniciantes com temática regional" explica Socorro. Ela destaca como êxitos do Paic "identificar novos autores que muitas vezes tem talento mas não conseguem publicar pela falta de mercado editorial no Ceará e democratizar o acesso à literatura de qualidade, com livros bem ilustrados e bem impressos".

Entre os critérios de seleção das propostas, está a adequação à faixa etária a qual se propõe o texto, o repertório linguístico, fruição estética, capacidade para motivar à leitura e a possibilidade para promover o conhecimento acerca da cultura cearense. O edital está disponível no site da Seduc (www.seduc.ce.gov.br). As inscrições devem ser feitas no prédio da Secretaria da Educação do Estado do Ceará - Centro Administrativo Governador Virgílio Távora (Avenida General Afonso Albuquerque Lima, s/n Cambeba, Fortaleza). Mais informações pelo telefone (85) 31013944.

domingo, 5 de junho de 2011

Expedições mostra as belezas do Rio Acaraú

Foto: Arquivo Acaraú pra recordar
Na terça-feira dia 03/06/11, o Expedições – Descobrindo o Ceará mostrou as peculiaridades do Rio Acaraú. Franciane Amaral e Gutemberg Filho percorreram mais de 300 quilômetros, entre Monsenhor Tabosa e Acaraú, onde acontece o encontro da água doce do rio das garças com a salgada do Oceano Atlântico.

No caminho, nossos repórteres se depararam com os efeitos destrutivos da falta de consciência ambiental. Lixo, sujeira e trechos inteiros onde a água encontra dificuldades para seguir seu curso.

Em Varjota, o leito seco ganha corpo e vida no pulmão hidráulico da bacia do Acaraú: o açude Paulo Sarasate, o 4º maior reservatório do Estado. Graças à água represada, o norte cearense se tornou região importante em vários segmentos produtivos.

Em todo o trajeto, relatos de quem sobrevive de atividades às margens do Acaraú. Um mergulho na história, na importância e nos desafios deste gigante hídrico.

Confira o Programa sobre o Rio Acaraú:










Lei no Ceará deve ser mais rigorosa

O Zoneamento Ecológico Econômico aguarda regulamentação. Pelo decreto, leis para construções em dunas vai ficar mais rigorosa. Perfil econômico deve mudar

A lei de ocupação do litoral cearense será mais rigorosa com a ZEE (FCO FONTENELE)
Há nove anos, tiveram início estudos para regulamentar a ocupação e o uso do litoral cearense. O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) vai deixar a legislação ambiental mais rigorosa. Foram concluídos o diagnóstico socioambiental da Zona Costeira do Estado; e analisada a vulnerabilidade, capacidade de suporte e exaustão dos ecossistemas cearenses.

Municípios 

A primeira parte da regulação da ocupação definiu em lei o Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro (ZEEC), que abrange os municípios Granja, Chaval, Barroquinha, Camocim, Jijoca de Jericoacoara, Cruz, Bela Cruz, Acaraú, Itarema, Amontada, Itapipoca, Trairi, Paraipaba, Paracuru, São Gonçalo do Amarante, Pentecoste, Caucaia, Fortaleza, Eusébio, Aquiráz, Pindoretama, Cascavel, Beberibe, Fortim, Palhano, Aracati, Itaiçaba, Jaguaruana e Icapuí.

Alguns municípios, como Limoeiro do Norte e Russas não estão na faixa costeira, mas foram acrescidos em razão da interiorização das atividades econômicas próprias dos ecossistemas componentes da zona costeira em seus territórios. Nas próximas páginas, O POVO detalha o que diz o ZEE e como está o andamento da instalação da regulamentação.

Andreh Jonathas
andreh@opovo.com.br

Riqueza de detalhes em réplicas artesanais

Filho de pai artesão, Messias Souza continuou o ofício do pai inserindo ao seu estilo, novos detalhes e delicadeza

O cotidiano da vida sertaneja ganha vida em réplicas miniaturizadas. A riqueza de detalhes encanta visitantes
FOTO: WILSON GOMES
Massapê Quem visita o Ceará não consegue resistir ao apelo das compras de produtos artesanais e da animada vida artístico-cultural cearense. E quem visita o Município de Massapê, na região Norte do Estado, tem interesse em conhecer o trabalho das mulheres do vilarejo de Ipaguassu Mirim, que fabricam produtos artesanais oriundos da palha de carnaúba e da palmeira e já ganharam o Brasil. Mas é na sede do Município onde mora um dos tradicionais artesãos da cidade, Manoel Messias Souza. Juntando o que encontra na natureza, Messias Souza consegue fabricar pequenas réplicas de encher os olhos: cabeças de cavalo, chaveiros, pavão, araras e o temido gavião, entre outras.

Com o barro, o artesão consegue fazer peças bastante interessantes. A que mais chama atenção é a miniatura da cozinha de uma casa de reboco que o artesão jura que é uma "maquete" do cômodo onde morava com os pais e os 12 irmãos. Ali cresceu vendo o pai fabricar canoas, ofício que aprendeu do avô, mas que não quis que os filhos aprendessem. "A delicadeza com meu avô tratava a madeira e construía as canoas, chamava a minha atenção. Talvez seja esse o motivo de ter se tornado artesão", destaca Messias Souza.

Com uma semente de jatobá, espécie típica da caatinga, e com alguns gravetos de marmeleiro, em poucas horas nas mãos habilidosas desse artesão o material se transforma num jumento. Está pronta mais uma peça decorativa. A cabeça do animal, típico do sertão nordestino, é feita da semente do mucunã. E bastam alguns detalhes; o que era apenas um jumento, com dois furinhos a mais ganha uma cangalha e passa a ser um animal de carga. "É dessa forma que ganho o sustento da minha família. Entre um trabalho e outro consigo fazer com mais perfeição", disse. Ele assegura que tudo é feito com a garantia para durar por muito tempo.

Ateliê
É no fundo da casa de número 60, da Rua Major Filinto Aguiar, no bairro Marambaia, que Messias Souza passa a maior parte do tempo. É debaixo de uma tenda onde está montado sua oficina. Lá ele fabrica as suas peças que ajudam a preservar um dos costumes do sertão cearense. Com dificuldades de se locomover por conta de uma doença rara, artrose, que o deixou paralítico das pernas, seu Messias Souza não ver nos filhos o interesse pela arte. A doença lhe atacou a cerca de 10 anos, mas não tirou sua habilidade, nem o interesse pela arte. "Tenho três filhos, mas vejo que nenhum deles tem interesse pelo artesanato. Também não cobro muito a presença deles aqui". A conversa com o artesão é sempre acompanhada de perto pela esposa, a dona de casa Luzanira Souza, que o auxilia no trabalho artesanal.

Messias Souza, lembra que as primeiras peças ganharam repercussão pelos detalhes, um talento que o artista não esquece. Por conta dos detalhes, Messias garante que a confecção de uma peça, como exemplo, a casa de reboco pode levar até dois dias. Peça que lhe garantiu um convite a Central de Artesanato do Ceará (Ceart).

O artista massapeense é sempre chamado para participar de feiras e eventos regionais. O seu talento também já lhe rendeu convite para conferir palestras em escolas do Município. "Foi numa dessas feiras que veio reconhecimento pelo trabalho. As pessoas ficavam admiradas com o meu trabalho e sempre aparecia alguém interessada em comprá-las", disse o artesão. Os preços das peças variam entre R$ 10,00 e R$ 150,00.

Outro ponto forte do artesanato local é o trabalho desenvolvido pelas mulheres da Cooperativa de Artesanato de Ipaguassu Mirim (Cooparmil). Com mais de 900 associadas, elas chegam a produzir mensalmente cerca de cinco mil bolsas, de diversos tamanhos, modelos e cores. Antes da criação da cooperativa as mulheres viviam da atividade de produção de chapéu de palha. Com o estímulo elas passaram a confeccionar bolsas. As associadas se dividem em 16 comunidades do Município, com a maioria delas concentradas em Ipaguassu Mirim. Os produtos são comercializados em vários Estados.

Wilson Gomes
 Colaborador

MAIS INFORMAÇÕES
Manoel Messias Souza - Artesão - Rua Major Filinto Aguiar, 60
Bairro Marambaia - Massapê (CE)
Telefone: (88) 3643.1247

História de Sobral-Famílias retratadas em livro

O pesquisador sobralense, Assis Arruda, lança no próximo dia 15 um livro sobre a família Gomes Parente

Assis Arruda se dedica à pesquisa genealógica de Sobral há 41 anos
FOTO: JOSÉ LEOMAR

Fortaleza Você já se perguntou sobre a origem da sua família? Ela não se resume aos dois sobrenomes que você recebeu do seu pai e da sua mãe. Se pararmos para avaliar com quantas famílias nos relacionamos, concluiremos que fazemos parte de muitas delas. Este exercício, ou melhor, esta pesquisa é o que guia o trabalho do escritor Francisco de Assis Vasconcelos Arruda. Como resultado, ele lança seu oitavo livro, Genealogia Sobralense - Os Gomes Parente, próximo dia 15 de junho, no Náutico Atlético Cearense, em Fortaleza.

Filho de Sobral, ele se interessou pela história das famílias da Zona Norte ainda na juventude. E diz que, "quando a gente estuda uma família, acaba estudando muitas outras". O início da sua pesquisa foi dedicado a conhecer melhor quais eram os integrantes da sua família, a Arruda. A partir daí, outros desdobramentos se apresentaram, entre eles o dos Gomes Parente.

Na história das principais famílias de Sobral, Assis Arruda tem como partida dois pontos. A primeira é consultar os escritos do cônego Francisco Sadoc de Araújo. O segundo é estudar as famílias descendentes das sete irmãs, filhas do patriarca Manoel Vaz Carrasco. Ele dá início ao que o escritor chama de rio genealógico de Sobral e seus afluentes. Conforme conta o escritor, o viúvo Manuel Vaz Carrasco casou com Maria Madalena de Sá e Oliveira.

Descendência
Deste segundo casamento, nasceram nove filhos. As sete filhas formaram novas famílias, entre elas estão os Ferreira da Ponte, Saboia, Linhares, Figueira de Melo, Xerez, Gomes Parente e Prado. "Como costumamos dizer, lá em Sobral somos todos parentes. A maioria dos sobralenses descende das sete irmãs". Para Arruda, os Ferreira da Ponte formam este grande rio genealógico e as outras famílias, os seus afluentes.

Seguindo este pensamento, o pesquisador desenvolve estudos sobre as principais famílias sobralenses. Para os Gomes Parente, o escritor reservou seis tomos dedicados aos principais nomes e fatos históricos desta família. O seu patriarca, o português Capitão José Inácio Gomes Parente, refugiou-se em fazendas longínquas, vivendo do criar e da agricultura. Na ribeira do Acaraú, a família se destacou pela criação de gado. "Os Paula Pessoa, Os Rodrigues, Os Albuquerques, Os Gomes Parente etc. foram grandes criadores e ainda o são hoje, proprietários de enormes latifúndios, onde seus rebanhos contavam milhares de cabeças", disse Arruda.

O entrelaçamento com outras famílias - Rangel, Marinho de Andrade, Arruda Coelho, Almeida Monte, é destacado no Tomo V a ser lançado no próximo dia 15. Dentre estes, estão Manoel Marinho de Andrade e José Falb Rangel. Estes dois homens deixaram contribuições importantes para a região.

José Falb Rangel, nascido em 10 de fevereiro de 1905, formou-se em Engenharia Civil. Dentre os seus feitos estão o Arco de Nossa Senhora de Fátima e Praça da Coluna da Hora. Já Manoel Marinho de Andrade, de 23 de agosto de 1880, formou-se em Medicina e dedicou-se ao trabalho humanitário.

Emanuelle Lobo
Repórter

GENEALOGIA

Coletânea abordará principais nomes

Fortaleza Francisco de Assis Vasconcelos Arruda iniciou na genealogia ainda na juventude e de uma forma despretensiosa, como costuma frisar. Na época, um primo fazia a pesquisa para montar a árvore genealógica dos avós e despertou a sua curiosidade. "Estava me preparando para o vestibular. Não dei muita atenção, mas quando estava em Areia (PB), já cursando Engenharia Agrônoma, veio a ideia de resgatar a história dos Arruda", afirmou.

Sem saber por onde começar, Assis Arruda enviou cartas para seus familiares querendo saber dos antepassados. Alguns respondiam, outros não tinham muita informação. Isso acontecia no ano de 1970. Em algumas oportunidades, visitou parentes. "Onde eu sabia que tinha um Arruda, eu ia lá. Bati na porta de muita gente", confirmou. E não era para saber somente dos "importantes". "Este trabalho não tem o sentido de buscar nobreza. Quero conhecer a família, identificar a sua importância para a cidade, sua atuação e contribuição política e social no Estado", afirmou.

De 1980, não parou de lançar o resultado de suas pesquisas. Foram sete, no total. A partir daí, nasceu a ideia de lançar a coletânea Genealogia Sobralense, contemplando as principais famílias em ordem cronológica, em 10 volumes e 42 tomos.

Para Arruda, a falta de investimento na área pode ser um dos motivos do pouco desenvolvimento. "Existem poucas pessoas estudando a genealogia, se pensarmos no universo de habitantes. Mas os trabalhos são bastante relevantes". Enquanto os apoios não chegam, o autor já programa os próximos lançamentos, do sexto tomo da família Gomes Parente e o dicionário bibliográfico das famílias da ribeira do Acaraú.


O sobrado do coronel Inácio Gomes Parente ilustra do livro dedicado a esta família

Família Falb Rangel

Raimundo Osvaldo Rangel

  Humberto Rodrigues de Andrade e Rita Mendes Rangel  

Família de João Júlio Gomes Parente

  Casal Manoel Marinho de Andrade e Geminiana Andrade. Ele foi um dos grandes médicos da região  
FOTOS: ACERVO ASSIS ARRUDA

Fonte: Diário do Nordeste 

Feira popular é tema de desenho animado

As peripécias de um garoto, em meio à feira livre de Limoeiro do Norte, são contadas em filme feito por crianças

Todo processo de criação, produção e gravação foi realizado na a Associação Carnaubeira, com participação de crianças e jovens
Russas Já está correndo pelos festivais de cinema do Ceará e de outros Estados o filme "Feira da Fantasia", produzido pelos jovens da Associação Carnaubeira que traz as peripécias vividas por um garoto em meio à feira popular. O curta-metragem em animação é o mais recente trabalho da ONG, um verdadeiro celeiro cultural no Vale do Jaguaribe. Fazer filme também é só uma das várias atividades dos jovens, que exercitam do desenho à concepção digital do trabalho audiovisual.

Antes da carnaubeira, a maioria dos meninos nunca tinha mexido em computador. Mas não é que se queira só destacar o trabalho social para que adolescentes e jovens usem as ferramentas tecnológicas no interior do Ceará. O que tem acontecido é o acesso à tecnologia e o uso criativo dela. "A Feira da Fantasia", um desenho animado de pouco mais de dez minutos, foi totalmente produzido entre as paredes da ONG Carnaubeira, no distrito de Flores, em Russas. E não é por mérito social, e sim por qualidade técnica, que o filme foi selecionado para concorrer nos festivais de cinema em Maringá (São Paulo), Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis (Santa Catarina) e II Festival de Cinema Digital de Jericoacoara. Esses são os primeiros.

Universo do comércio sertanejo foi escolhido para ser tema de animação. Os adolescentes, atendidos pela Associação Carnaubeira, desenvolveram do texto à edição
FOTOS: REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO
Roteiro
"Feira da Fantasia" traz Miúdo, um garoto de dez anos, que mora na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, e se encantou com as estórias contadas pelo pai, seu Antônio, sobre a feira popular no Centro da cidade. Depois de muitas recusas em deixar o filho acompanhá-lo nas compras na feira (foi lá que a mãe do menino morrera em acidente de trânsito), seu Antônio disse ´vamos´ para o menino que nem pensou duas vezes. Encantado e distraído com o universos de coisas e pessoas, e as estripulias dos artistas populares, Miúdo se perde do pai, que começa então uma busca desesperada.

O filme em desenho traz como cenários o Limoeiro antigo, entre os anos de 1920 e 1960, com base em fotografias da época. A trilha sonora foi feita, especialmente, pela Orquestra Carnaubeira, grupo da mesma associação. Teve regência do professor Nilo Pinheiro, com música de Talvanes Moura, diretor do filme e coordenador do Ponto de Cultura no qual está situada a Associação Carnaubeira de Arte e Educação.

Resultados
"Um destaque nessa produção é que todo o processo produtivo foi realizado 100% dentro do som das Carnaubeiras, ou seja, nenhum serviço foi contratado de fora, isso demonstra os resultados que o Ponto de Cultura produziu durante os seus nove anos de existência com a formação de agentes culturais, artistas e técnicos", afirma Talvanes. Os equipamentos também são todos de lá. Então a gravação de falas, sons, trilha sonora, bem como as técnicas de animação em storyboard, configuração de cenas, cenários e edição foram produzidas por eles, jovens entre 16 e 19 anos.

Todo a tecnologia usada no filme foi concebida a partir do uso de softwares livres. "Apesar da experiência adquirida, os jovens animadores nunca tinham trabalhado numa produção tão longa e séria, que exigiu uma qualidade técnica ao nível de outras produções nacionais. Foi preciso, muitas vezes, criar ou reinventar formas de produzir já que não se tinha muitos paramentos comparativos", explica Talvanes.

Artistas já conhecidos do Vale do Jaguaribe também deram suas contribuições: além do diretor do filme Talvanes Moura, já com trabalhos musicais e audiovisuais, figuraram o desenhista Diego Armado (direção de fotografia, já conhecido pelos desenhos em revistas norte-americanas), radialista e artista-plástico Cleudo Bill, na supervisão de arte-final do filme. Outro parceiro foi o músico e produtor cultural Khalil Gibran, que escreveu o roteiro do filme.

Objetivo

"É possível não só fazer arte como profissionalizar-se e viver disto no interior" Talvanes Moura, Diretor do filme e presidente da Assoc. Carnaubeira

"É um filme sobre o povo brasileiro. Nossos problemas são os mesmos" Khalil Gibran, Músico e produtor cultural

Melquíades Júnior
Colaborador

MAIS INFORMAÇÕES  
Associação Carnaubeira de Arte e EducaçãoDistrito de Flores - Russas (CE)
Telefone: (88) 3409.0090

EXPANSÃO
Associação espera ter apoio financeiro
Apesar de destacado trabalho na região, faltam recursos para as ações da Associação Carnaubeira, em Russas

Russas
Os trabalhos da "Carnaubeira" ganham destaque e visibilidade, mas nem sempre está na legenda das conquistas um importante fator: a dificuldade financeira para a manutenção de todas as atividades do grupo. E não são poucas: além de um núcleo de animação, com ilha de edição e demais equipamentos, possuem Orquestra Sinfônica, com todos os instrumentos necessários, espaços para realização de outras atividades socioculturais e artísticas, bem como profissionais para corresponderem a cada ação. Por falta de recursos, a escola de música da ONG está parada. A associação se mantém às custas de aprovação em editais, prêmios com retorno financeiro ou por meio das leis de incentivo.

"Quando não temos recursos simplesmente paramos e esperamos conseguir novo apoio para só então continuarmos. Temos períodos de atender a 150 jovens, em outros atendemos a somente 30, que mesmo sem professor ou recursos vêm para estudar e produzir trabalhos", explica Talvanes.

O projeto inteiro tem um custo mensal de R$ 3 mil, que inclui ajuda de custo de professores, com transporte e alimentação, luz, água, lanche dos jovens, material de expediente e de limpeza. É um valor irrisório, se comparado com gastos públicos da prefeitura de Russas somente em cerimônias de inauguração de pequenas obras, como na contratação de estruturas de palco, som e bandas de forró para anunciar obra de calçamento.

"Infelizmente não temos a parceria da prefeitura de Russas. Se tivéssemos esse apoio de manutenção o resto seria mais fácil com editais e outros parceiros. Temos muitos amigos profissionais que trabalham de forma voluntária", afirma Talvanes. Desde janeiro último as atividades da escola de música, um dos principais destaques da ONG, estão paradas. Os alunos aparecem para estudar, reúnem-se para tocar instrumentos, mas não há recurso para pagar o maestro.

Mesmo assim, criatividade e vontade não faltam para os "meninos da Carnaubeira". A associação pretende concluir, nos próximos anos, o Centro Cultural Carnaubeira, com a construção de novos espaços onde hoje já funciona o Ponto de Cultura. A pretensão é ser referencial do fomento cultural no Vale do Jaguaribe, com um teatro com capacidade para 240 espectadores, salas de aula, auditório, estúdios de áudio e vídeo, espaço verde com café cultural, tudo em 1.400 m² de área construída que já fazem parte da atual sede da Carnaubeira. O recursos financeiro obtido em editais e prêmios nacionais (como o Prêmio Asas, do Governo Federal), só deu para começar as obras. Falta mais apoio local.