sábado, 18 de junho de 2011

Tauá está entre as melhores cidades digitais

Mesmo sendo um Município pequeno, Tauá se classifica bem na lista nacional de cidades que oferece acesso à web

Até na zona rural de Tauá já é possível acessar a internet. São diversos programas mantidos no Município que permitem a conexão dos moradores à rede mundial de computadores
FOTO: SILVANIA CLAUDINO
Tauá Quiosques digitais em vários pontos da cidade, TeleTauá Bodefones, Educação em Informática, Tauanet Móvel, Telesaude, Curso de Inclusão Digital para Todos, Metareciclagem. São projetos desenvolvidos neste Município por meio do Programa Cidade Digital, iniciado em 2006 pela Prefeitura Municipal, em parceria com o Ministério das Comunicações, e que transformou a cidade quando a inclusão digital. Nos últimos cinco anos, o Município praticamente respira progresso na área digital. Não é à toa que está no ranking nacional do Índice Brasil de Cidades Digitais, cuja solenidade de entrega do Prêmio ocorreu no último dia 14, em São Paulo. Ocupou o 10º lugar, com 332 pontos, atrás apenas de grandes capitais, como Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Vitória (ES), as quatro primeiras do ranking e pequenos Municípios do Sul e Sudeste, como Ibirapuitã (pouco mais de 4 mil habitantes), no interior do Rio Grande do Sul, e Tarumã (cerca de 13 mil habitantes), em São Paulo, além de grandes Municípios também paulistas, como Jundiaí, Campinas, Santos e São Carlos.

"Embora seja um Município pequeno, Tauá possui uma série de iniciativas na área, que começaram há cinco anos e estão tendo continuidade. Daí o seu posicionamento entre os dez primeiros", destaca Lia Ribeiro Dias, diretora da Momento Editorial, que lançou o Prêmio, juntamente com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Trata-se de um trabalho inédito no País, realizado com o objetivo de medir o nível de digitalização dos Municípios brasileiros que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). O trabalho oferece um panorama do estágio de digitalização de 75 Municípios.

Iniciativas diferentes
Ainda sobre Tauá, além da continuidade do Programa Cidade Digital, Lia destaca iniciativas diferenciadas na área. "Tauá mostra que já tem uma tradição e que seus gestores deram importância a oferecer os serviços. Tem iniciativas que são comuns em outros Municípios, mas tem também importantes projetos pitorescos, como o TeleTauá Bodefones, Quiosques, que o elevaram a essa posição", relata.

A diretora ressalta também que o Município já integra digitalmente várias unidades de saúde, uma parte relevante das escolas públicas e inclusão digital para a população de baixa renda. Cita o fato de os agentes de saúde utilizar palmtops em sua rotina de trabalho. "Claro que Tauá ainda precisa avançar mais, mas já oferece consideráveis avanços e serviços à população na área digital", conclui.

Além das dez primeiras colocadas no índice, foram premiadas as cidades que se destacaram em categorias específicas: Acessibilidade, Acesso Público, Cobertura Geográfica e Serviços e Aplicações. Esses Municípios, juntamente com as dez cidades classificadas nas primeiras posições do ranking, foram premiados. Do Ceará, mais um Município destacado com a premiação foi Icapuí, que ganhou na categoria Acesso Público. No ranking, ficou em 42°.

"Esse trabalho pioneiro revelou um fato importante: o nível de digitalização no País ainda é incipiente", afirma Lia Ribeiro. "Ainda falta muito para que as cidades brasileiras alcancem o nível de digitalização plena. Mas, com iniciativas simples como a ampliação da quantidade de aplicações e serviços de governo eletrônico, esses Municípios podem dar um salto de maturidade nessa área", diz.

"As cidades digitais apresentam diferentes estágios de maturidade, ou níveis de urbanização, em relação à disponibilidade e uso das TICs, seja pelo cidadão, governo, sociedade ou empresas", afirma Juliano Castilho Dall´Antonia, diretor de Tecnologias de Serviços do CPqD.

Metodologia
Para avaliar em que estágio estão os Municípios brasileiros, o CPqD criou uma metodologia que leva em conta uma série de critérios, divididos em nove categorias, relacionados não só à infraestrutura tecnológica (presença de equipamentos primários, banda, cobertura geográfica etc.), mas também à disponibilidade de serviços digitais e até de recursos de acessibilidade, por exemplo, para pessoas com deficiências físicas ou analfabetas, que possam ter acesso aos usos do computador.

SILVANIA CLAUDINO
Repórter

MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Tauá, Secretaria de Ciência e Tecnologia tivo, (88) 3437.2068/ Momento Editorial, (11) 3124.7444 - São Paulo

Pe. Antonio Vieira terá museu

Defensor ferrenho dos jumentos, Padre Antônio Vieira terá suas memórias preservadas em centro cultural

CASARÃO HISTÓRICO foi alugado pela Prefeitura de Várzea Alegre para ser sede do novo espaço cultural da cidade
Várzea Alegre O acervo pessoal do padre e escritor, Antônio Vieira, vai ganhar um espaço apropriado, nesta cidade, localizada na região Centro-Sul. Parceria firmada entre a Prefeitura e a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) viabilizará em breve a instalação de um centro cultural, com museu, biblioteca, salas de pesquisa, leitura e vídeo. Nesta semana, começaram os trabalhos para catalogação de peças e livros e para a elaboração do projeto de concepção do memorial.

Desde terça-feira passada, três técnicas da Secult trabalham na seleção de objetos, fotos, livros e documentos do acervo pessoal do Padre Vieira. "Era preciso o trabalho de uma equipe especializada em instalação de museu", observou o secretário de Cultura do Município, Hélio Batista. "Inicialmente, está sendo feito um diagnóstico do material histórico".

O padre Antônio Batista Vieira nasceu em Várzea Alegre em 1919 e morreu em abril de 2003, aos 84 anos. Morava em Messejana, bairro de Fortaleza, onde havia instalado um sítio e um espaço próprio para conservação de seu acervo pessoal e pesquisa. Em 1986, criou o Instituto de Arte e Cultura que tem a sua denominação. "Após a sua morte, o acervo ficou abandonado e era preciso revitalizar a diretoria do instituto", explicou o secretário, Hélio Batista.

Equipe DA SECULT e de Várzea Alegre faz levantamento do acervo para o projeto de concepção memorial que deverá viabilizar a instalação do centro sobre a vida de Pe. Vieira
FOTOS: HONÓRIO BARBOSA
A Prefeitura alugou um imóvel no Centro de Várzea Alegre para instalação do espaço cultural. "É uma casa apropriada, antiga e que tem tudo a ver com a proposta do Instituto", frisou Batista. O passo seguinte foi solicitar, por meio de ofício à Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural (Cophc) da Secult, o apoio necessário para a implantação do espaço cultural. O coordenador da Cophc, Otávio Menezes, atendeu a solicitação do Município e enviou uma equipe técnica, que tem a participação da museóloga e arquiteta, Lídia Sarmiento, e as historiadoras, Jana Rafaella e Janaina Cavalcante. O clima entre os envolvidos no trabalho de catalogação do acervo é de expectativa e empolgação.

A denominação oficial do espaço ainda não está definida, mas a tendência é que seja Centro Cultural Padre Vieira, e terá espaços diversos. "Será um equipamento fundamental para elevar o nível cultural da cidade", observa Lídia Sarmiento.

Jana Rafaella observa que a cidade precisava reconhecer a importância histórica do filho ilustre. "Os moradores devem valorizar e ter consciência da produção cultural do Padre Vieira", disse. Para Janaina Muniz, o espaço cultural deverá ser um centro de "construção da memória da cidade" e do homenageado. "Queremos ajudar a construir essa identidade".

O secretário de Cultura avalia que a instalação do centro vai preservar um importante acervo histórico. "Queremos revitalizar esse passado, fazer com que a produção cultural e a memória do Padre Vieira fiquem eternizadas, seja uma referência e um lugar de pesquisa", destaca.

O sonho do secretário Hélio Batista, com o apoio do prefeito José Hélder, começa a se tornar realidade. "É o Município que vai ganhar com esse espaço", frisou. "Não queremos que seja um depósito de coisa velha, mas um ambiente de pesquisa e de atração da juventude".

Além de sacerdote e de escritor, Padre Vieira foi político, eleito deputado federal na década de 1960, foi cassado, após o golpe militar de 1964.

A partir da década de 1970, começou a luta em defesa do jumento, que eram mortos em massa por frigoríficos. Mostrou intensa preocupação com o meio ambiente, preservação e consciência ecológica.

Acervo
No acervo há centenas de cartas trocadas entre amigos, parentes, governos e instituições internacionais. Objetos pessoais, peças artesanais, quadros, e dezenas de livros de sua autoria e centenas de publicações que compunham a biblioteca pessoal. O Centro Cultural deverá contar com uma biblioteca, sala de leitura, pesquisa, de exibição de vídeo, espaço para produção de peça artesanal de réplicas de jumentinhos, cordéis, xilogravura e até um ambiente cênico.

Fique por dentro  

História
Padre Vieira nasceu na Serra dos Cavalos, em Várzea Alegre, no dia 14 de junho de 1919. Filho de pais pobres que viviam no campo, conheceu na infância limitações e privações peculiares à situação de pobreza. Trabalhou na roça. Estudou no Seminário do Crato e de Fortaleza, onde concluiu Filosofia e Teologia. Ordenou-se em 1942. Em 1964, cursou Administração de Empresas na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Depois, cursou Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escrevia em jornais e publicou dezenas de livros: "100 Cortes Sem Recortes" (1963); "O Jumento, Nosso Irmão" (1964); "O Verbo Amar e Suas Complicações" (1965); "Mensagem de Fé, Para Quem Tem Fé" (1981); "Pai Nosso" (1983) e "Bom Dia, Meu Irmão Leitor" (1984).

Honório Barbosa
Repórter

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura e Turismo de Várzea Alegre, Rua Deputado Luiz Otacílio Correia, 237, Centro
Telefone: (88) 3541.1548

IFCE oferece vagas através do Sisu em 14 municípios

IFCE oferece 1.430 vagas em 14 municípios do Estado. Candidatos devem se inscrever pelo site do Sisu

Estão abertas as inscrições para candidatos aos cursos superiores oferecidos pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE). Os interessados devem se inscrever pela Internet no site do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, até domingo (19).

Podem disputar uma das vagas somente candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado e que obtiveram nota maior do que zero na redação. O IFCE ofereceu aos candidatos do Sisu 1.430 vagas em 14 municípios. Desse total, 375 vagas são para Fortaleza e 1.055 para Região Metropolitana e Interior (veja quadro ao lado).

Ao contrário da Universidade Federal do Ceará (UFC), que selecionou no começo do ano alunos para o primeiro e o segundo semestres, o IFCE optou por dividir a seleção no Sisu. O pró-reitor de ensino do IFCE, Gilmar Lopes, explica que a decisão segue o histórico da instituição de fazer dois processos seletivos por ano.

“Fizemos isso precavendo evasão de matrículas no meio do ano. É também oportunidade para quem optou por outra instituição e agora pode vir para o IFCE”, aponta. O pró-reitor lembra que até o dia 19 os candidatos podem escolher duas opções de cursos em universidades e institutos federais que oferecem vagas no Sisu. Hoje e amanhã serão divulgadas as “notas de corte” no sistema, a partir da proporção de vagas e concorrentes. Mesmo depois de inscrito, é possível mudar as opções de curso no sistema.

Interiorização
Para Gilmar, a nova seleção por meio do Sisu deve atrair estudantes da própria região dos 17 municípios em que o IFCE mantém cursos de nível superior. “A procura de estudantes de outros municípios foi baixa (na seleção do começo do ano). Nesse momento esperamos pessoas da mesma região”, projeta.

O pró-reitor cita a expansão do IFCE no Interior, hoje presente em 17 municípios. Até o fim do ano, de acordo com Gilmar, também devem iniciar as atividades dos campi de Morada Nova, Camocim, Ubajara e Tabuleiro do Norte.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

A seleção do IFCE ocorre pelo site www.sisu.mec.gov.br. É preciso ter feito o Enem no ano passado para concorrer. Além do IFCE, outras 45 instituições de todo o Brasil ofertaram vagas no Sisu para o segundo semestre deste ano.

Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Acaraú-Valorização do turismo comunitário

Integrantes da Rede de Turismo Sustentável esperam receber apoio das Prefeituras para continuarem com setor

Crianças brincam em praia de Icapuí, onde famílias da comunidade litorânea podem receber visitantes, mantendo um turismo sustentável e economicamente solidário
FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR

Icapuí O paraíso do turista é, principalmente, das comunidades que lá habitam. Mas uma proposta que alia desenvolvimento turístico e respeito ao meio ambiente e às identidades culturais é praticado pelos parceiros da Rede de Turismo Comunitário (Tucum). De quinta-feira última até hoje, comunidades da zona costeira de Fortim, Fortaleza, Aquiraz e Icapuí debatem sobre turismo comunitário e estratégias de valorização dos territórios das populações tradicionais. Também ocorre lançamento de um vídeo promocional da Rede Tucum.

Não é só um grupo de comunidades reunidas para promover turismo. A importância dessa reunião é medida na força de resistirem integradas, sem perder espaços para o turismo abusivo e insustentável.

A fórmula é essa: comunidade com valores culturais vivos é uma comunidade que não abre mão de seu território tradicional, e sim para dividir o paraíso com os turistas de uma forma ecossustentável.

Experiências
O debate sobre o turismo comunitário ocorre no Assentamento Coqueirinho, em Fortim, Conjunto Palmeiras (Fortaleza), aldeia Jenipapo-Kanindé e Batoque (Aquiraz) e Ponta Grossa (Icapuí).

Os eventos têm como objetivo apresentar as experiências do turismo comunitário cearense à população local e estreitar a relação das Prefeituras Municipais com essa proposta de turismo solidário e responsável. Atualmente, não existe apoio da Prefeitura a nenhuma das comunidades que participam da Rede Tucum. "Ainda existe uma concepção errônea de se apoiar o chamado turismo convencional, mas a proposta mais sustentável é a que apresentam as comunidades", afirma Rosa Martins, do Instituto Terramar.

A Rede Tucum é uma articulação de grupos organizados em 13 comunidades do litoral cearense que desenvolvem iniciativas de turismo comunitário. Formada por representantes de populações indígenas, homens e mulheres, pescadores e agricultores, oferece serviços turísticos de hospedagem, alimentação, trilhas ecológicas e passeios pelo mar. Tudo é planejado para promover a interação entre sociedade e natureza, valorizando as culturas e os territórios, integrando economicamente o turismo às atividades tradicionais e com a finalidade de produzir benefícios a toda a comunidade. A zona costeira vira um espaço de reafirmação das identidades locais.

Em cada uma das comunidades receptoras do debate, acontece oficina de turismo comunitário, com o lançamento do DVD promocional da Rede Tucum. Na comunidade da Praia de Ponta Grossa, em Icapuí, aconteceu ontem oficina de placas educativas, trilha ecológica e apresentação da quadrilha Brilho Lunar.

Integrantes
Atualmente compõe a Rede Tucum: Tatajuba (Camocim), Curral Velho (Acaraú), Caetanos de Cima (Amontada), Flecheiras (Trairí), Etnia Tapeba (Caucaia), Etnia Indígena Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Batoque (Aquiraz), Prainha do Canto Verde (Beberibe), Assentamento Coqueirinho (Fortim), Ponta Grossa (Icapuí), Tremembé (Icapuí), Centro de Formação Frei Humberto (MST-Fortaleza), Associação Mulheres em Movimento (Conjunto Palmeiras, Fortaleza), Instituto Terramar, Tremembé Onlus e Amigos da Prainha do Canto Verde.

Todas as famílias integrantes da rede assumem o compromisso de promoverem o turismo, mas preservando a cultura local, bem como os recursos naturais, principais atrativos para os visitantes do Estado.

Melquíades júnior
Colaborador

MAIS INFORMAÇÕES
Rede Cearense de Turismo Comunitário (Tucum)
http://www.tucum.org/
(85) 8612.3288 / 9621.6021 (Inara)

Fonte: Diário do Nordeste 

Zona Costeira do Ceará - Brasil
Localização das comunidades da Rede Tucum ao longo dos 573km de Zona Costeira do Estado do Ceará
Ilustração Zona Costeira Ceará

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Escritor cearense lança livro sobre Cidade de Goiás

Foto: Divulgação

Foi lançado ontem, no Museu das Bandeiras, na Cidade de Goiás, o livro Veredas de Goyaz – Viajantes e paisagens, do autor cearense Emmanoel Fenelon Saraiva Câmara. A obra é resultado de 10 anos de pesquisas e começou com a pretensão de ser um guia para amigos que queriam vir a Goiás. O autor disse ainda que é importante realizar o lançamento do livro em Goiás durante um evento como o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica, por se tratar de um evento de relevância e que, assim como seu livro, propaga ao mundo as belezas de Goiás.

Emmanoel Fenelon conta que a ideia do livro, de 196 páginas, nasceu por conta da paixão e do encantamento que ele tem pela cidade que visita há muitos anos. “Quis imprimir um olhar de turista, de quem vem de fora mesmo e contar as histórias de personalidades famosas da cidade”, explica ele.

O editor do livro, Anderson Batista de Melo, classifica a obra de Emmanoel como sendo um roteiro de viagens qualificado. “Este livro é o primeiro da série Caminhos do Centro, que vai retratar as histórias da região Centro-Oeste. Fico muito orgulhoso de que nossa estreia seja sobre a Cidade de Goiás”, relata.

Oito estados ficam abaixo do piso para professor sugerido pelo MEC


Professores da rede pública estadual estão com braços cruzados em seis estados, em protesto por melhores condições de trabalho. Em três deles - Amapá, Rio Grande do Norte e Santa Catarina -, o salário está abaixo do piso nacional estabelecido pelo Ministério da Educação. Levantamento feito pelo G1 com governos e sindicatos mostra que outros 5 estados - Bahia, Ceará, Goiás, Pará e Rio Grande do Sul - também não atingem o valor.

A lei do piso foi promulgada pelo governo federal em julho de 2008. O valor atual é de R$ 1.187 (válido desde janeiro) para professores de nível médio que trabalham até 40 horas por semana.
A obrigatoriedade do piso foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, que entendeu que o valor se refere a uma remuneração básica, ou seja, não leva em conta acréscimos pagos de formas diversas pelos estados, como gratificações e abonos.

A decisão foi tomada em abril, mas até agora não foi publicada no Diário Oficial. Segundo o STF, não há data prevista para que isso ocorra. Até lá os estados não são obrigados a adotar o piso.
Veja na tabela abaixo os salários-base e as remunerações totais de professores com nível médio em início de carreira:

Estado Salário-base de nível médio Remuneração total (com gratificações) Jornada semanal
AC* R$ 890,25 R$ 890,25 30 horas
AL* R$ 1.187 R$ 1.187 40 horas
AM R$ 679,09 R$ 952,51 20 horas
AP R$1.053,83 R$ 2.254,96 40 horas
BA R$ 1.105,56 R$ 1.450,27 40 horas
CE R$ 739,84 R$ 813,79 40 horas
DF R$ 1.701,16 R$ 3.121,96 40 horas
GO R$ 1.006,00 R$ 1.006,00 40 horas
MA* não informou R$ 854,98 20 horas
MG* R$1.122,00 R$1.122,00 24 horas
MT* R$ 1.248,68 R$ 1.248,68 30 horas
MS R$ 1.325,92 R$ 1.856,29 40 horas
PA R$1.093,20 R$1.859,12 40 horas
PB não foi informado não foi informado
PE* R$ 1.187,97 R$ 1.187,97 200 horas mensais*
PI R$ 1.187,08 R$ 1.417,08 40 horas
PR* R$ 853,46 R$ 1.392,90 20 horas
RJ* R$ 1.220,76 não foi informado 40 horas
RN* R$ 664,33 R$ 768 30 horas
RR R$ 1.399,64 R$ 2,099.47 25 horas
RS R$ 868,90 Há gratificações, mas valor final não foi informado 40 horas
SC R$ 609,46  R$ 1.185,24 40 horas
SE R$ 1.187 R$ 1,662.05 40 horas
SP não foi informado não foi informado não informado
TO R$ 1.239,31 R$ 1.239,31 (não há gratificações)

40 horas
O G1 partiu do valor de piso calculado pelo MEC e seguiu o conceito fixado pelo Supremo em julgamento para analisar os salários pagos.

O levantamento mostra ainda que dois estados que não pagam o valor mínimo definido em lei para professores de nível médio – Santa Catarina e Pará – nem sequer pagam esse valor para profissionais de nível superior.

Veja abaixo o que dizem os estados:

Amapá
No Amapá, o professor de nível médio tem salário-base de R$ 1.053,83 por uma jornada de 40 horas semanais, segundo dados fornecidos pelo governo. Os profissionais estão em greve há 28 dias pela aplicação do piso nacional. O G1 procurou o Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (Sinsepeap), mas não localizou nenhum dirigente para dar detalhes da paralisação e das negociações.
O governo afirmou que "tem interesse de acabar com a greve, afinal os alunos não podem ser prejudicados, porém assumimos o estado cheio de dívidas e o Governo do Estado não pode se comprometer com algo que no momento não pode cumprir. Um dos pontos fortes dessa gestão é a valorização do servidor e isso passa pelo pagamento do piso também.”

Bahia
Na Bahia, o professor de nível médio tem salário-base de R$ 1.105,56 para uma jornada de 40 horas semanais. Procurada pelo G1, a Secretaria de Administração disse que menos de 10% do quadro de professores estão nessa faixa. O governo informou que aguarda a publicação do acórdão do STF para aplicar o piso de R$ 1.187,08.

Ceará
No Ceará, um professor de nível médio tem salário-base de R$ 739,84 por uma jornada de 40 horas semanais, segundo informações da Secretaria de Planejamento. De acordo com a coordenadora de gestão de pessoas da Secretaria de Educação, Marta Emília Silva Vieira, a lei atualmente diz que o piso é formado por vencimento e gratificações e que os professores dessa classe recebem R$ 1.025 no total.
Em nota, o governo informou que seguirá a decisão do STF assim que o acórdão for publicado e reajustará o piso para R$ 1.187. “Neste momento, encontram-se em estudo as propostas para um novo plano de cargos e carreiras, fundamentado na lei do piso nacional do magistério”, informou o texto.
Segundo o governo, desde 1998 os concursos são realizados apenas para professores com nível superior e não há mais professores de nível médio em sala de aula. Os docentes de nível médio são cerca de 150 e estão em processo de aposentadoria, afirma a secretaria de Educação. Haveria um “pequeno número” destes professores em funções de apoio, ou seja, fora de sala de aula.
No total, a rede estadual tem 16 mil professores com nível superior em sala de aula, sendo 70% com especialização. “A remuneração média dos professores da rede, considerando uma carga de 40 horas semanais, é de R$ 2.240,30”, afirmou a secretaria de Educação.

Goiás
Em Goiás, os professores com formação de nível médio recebem um salário-base de R$ 1.006 por uma jornada de 40 horas semanais. Existem 1.109 professores nesta situação, de acordo com o governo.
A Secretaria de Educação afirma que a intenção é contemplar o piso nacional “e até mesmo ultrapassá-lo”, mas alega que, se a medida fosse tomada hoje, seria preciso gastar todo o orçamento da educação apenas com pagamento dos professores e faltaria dinheiro para pagar despesas de escolas e dos alunos.
O governo destacou que a maior parte dos professores recebe acima do piso: 12,6 mil docentes têm salários-base de R$ 1.525,18 e 14,9 mil recebem R$ 1.719,64 como salário-base. Além disso, há gratificações por tempo de serviço e qualificação.
A secretaria afirma que tem articulado junto ao governo federal a liberação de recursos para complementar os salários dos professores.

Pará
No Pará, professores de nível médio e de nível superior têm salário-base de R$ 1.093,20 e R$ 1.096,44 por uma jornada de 40 horas, respectivamente. Considerando abonos e gratificações, o professor de nível médio recebe R$ 1.859,12 no total, e o de nível superior, R$ 2.971,21.
No estado, 5.834 professores têm formação de nível médio e 17.658 possuem nível superior.
O governo argumenta que o piso não está sendo aplicado porque até antes da decisão do STF “havia uma liminar que garantia o entendimento de que o piso do professor corresponderia ao valor da remuneração (total de vantagens e gratificações) e não ao vencimento-base”.
Segundo a Secretaria de Educação do estado, até então isso significava “que o Pará vinha praticando valores acima do piso nacional do professor.” O governo afirma que vai aplicar o piso assim que o STF publicar o acórdão com a decisão.

Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, a tabela atual dos salários de professores de nível médio fixa R$ 664,33 de salário-base por uma jornada de 30 horas semanais. Para estar enquadrado dentro do piso nacional de 40 horas, o salário-base do professor de nível médio deveria de R$ 890 para a jornada de 30 horas. O governo afirma que cumprirá o piso imediatamente e diz que aplicará o valor neste mês.
Diante da greve da categoria, iniciada no dia 2 de maio - o governo propôs equiparar o salário de nível médio ao piso nacional a partir de junho e dar aumento para os outros níveis a partir de setembro, mas de forma dividida até dezembro. A cada mês haveria aumento de 7,6% até chegar a 34%.
De acordo com José Teixeira da Silva, um dos coordenadores gerais do sindicato, os professores não aceitam a proposta do governo e defendem que a secretaria pague o aumento de forma única aos profissionais de todos os níveis pelo menos a partir de julho.

Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, um dos estados que questionaram no STF a aplicação da lei do piso, os professores de nível médio recebem R$ 868,90 de salário-base para uma jornada de 40 horas semanais.
“A primeira medida do governador Tarso Genro foi pedir a retirada da assinatura do governo do Rio Grande do Sul da Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade). Isso não tinha efeito jurídico, mas teve efeito político, ficando claro para a sociedade gaúcha que o governo pagaria o piso”, diz a secretária-adjunta de Educação Maria Eulália Nascimento. O governador foi ministro da Educação e assumiu a administração do estado no início do ano.
Segundo a secretária-adjunta, o governo precisaria de R$ 2 bilhões para pagar o piso a todos os professores. Ela diz que um reajuste de 10,91% foi dado em maio e que será feita uma programação para complementar o restante, de 50%. “A constituição do Rio Grande do Sul determina que o mínimo a ser aplicado na Educação é de 35% da receita líquida. Recebemos um orçamento de 26% [para a educação]”, justifica.
De acordo com ela, cerca de 7 mil professores têm formação de nível médio na rede estadual. Mas a maior parte – 75% - possuem ao menos o nível superior.

Santa Catarina
Em Santa Catarina, o salário-base é de R$ 609,46 para um professor de nível médio e de R$ 993,12 para professores de nível superior, segundo dados informados pela Secretaria de Educação. Nos dois casos, a jornada é de 40 horas semanais.
Os professores entraram em greve no dia 18 de maio. Eles pedem a aplicação do piso, a realização de concurso público e a regularização da situação dos ACTs, que são professores admitidos em caráter temporário. Também pedem investimentos em infraestrutura nas escolas.
O governo calcula que 65% das escolas tenham aderido à greve e que 70% dos alunos tenham sido atingidos. Ainda segundo o governo, as aulas serão repostas. Já o sindicato que representa os professores, afirma que 92% das escolas estão paralisadas.

Em entrevista ao G1, o secretário-adjunto da Secretaria de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, disse que a defasagem no piso foi corrigida com uma medida provisória enviada à Assembleia Legislativa no dia 23 de maio.

Segundo ele, os professores com formação de nível médio vão passar a receber salário-base de R$ 1.187. Os salários dos docentes com nível superior também foram corrigidos, afirma Deschamps.
“Como o acórdão [do STF] ainda não foi publicado, enviamos uma medida provisória para alterar a tabela do magistério. Os governos anteriores trabalharam com adicionais e não incorporaram o salário. Agora estamos corrigindo isso”, justificou.
O secretário afirmou que haverá uma folha de pagamento suplementar referente às diferenças do reajuste e que o próximo salário referente ao mês de junho já terá o novo valor.
Pela nova tabela, segundo o secretário, um docente com formação superior receberá entre R$ 1.380 até R$ 2.317 dependendo da titulação, sem contar abonos e adicionais de regência.
Deschamps também disse que um plano de reforma estrutural e pedagógica nas escolas será apresentado nos próximos meses e que um concurso público será feito em até um ano. “A expectativa é de que os professores retomem as atividades ainda nesta semana.”
O sindicato dos trabalhadores, no entanto, diz que ainda pretende discutir a tabela de salários.

Governo federal tem fundo para complementar piso
O MEC reserva aproximadamente R$ 1 bilhão do orçamento para ajudar governos e prefeituras a pagar o piso salarial aos professores. O governo que pedir ajuda precisa, entre outras coisas, comprovar que aplica 25% da receita na manutenção e desenvolvimento do ensino, ter plano de carreira para o magistério e demonstrar o impacto da lei do piso nos cofres públicos.
"Me parece que os estados que se valeram do período de vigência da liminar que o Supremo deu não estão tendo problema. Agora, os estados que adiaram isso estão com problemas. O governo tem previsão para ajudar. A lei fixa os parâmetros do acordo federal", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Governos não responderam
O governo de São Paulo informou alguns dados de remunerações, mas não especificou a quais níveis de formação se referem. Por isso, não foi possível saber se o estado cumpre ou não o piso na forma determinada pelo STF. O governo da Paraíba não respondeu às perguntas enviadas.

Maria Angélica Oliveira Do G1, em São Paulo
*Colaboraram: Alex Araújo (MG), Bibiana Dionísio (PR), Fernanda Nogueira (SP), Glauco Araújo (SP), Ingrid Machado (BA), Kelly Martins (MT), Iara Lemos (DF), Letícia Macedo (SP), Marcelo Parreira (DF), Marilia Cordeiro (CE), Patrícia Kappen (RJ), Rosanne Dagostino (SP), Tatiane Queiroz (MS) e Vanessa Fajardo (SP).

Fonte: G1

Sérvulo, com esmero

A Pinacoteca do Estado de São Paulo presta uma merecida homenagem ao artista plástico cearense Sérvulo Esmeraldo, lançando amanhã uma mostra e um livro retrospectivos



Sérvulo Esmeraldo: retrospectiva que abre amanhã em São Paulo ajuda a visualizar a trajetória inventiva do artista cearense
FOTO: KIKO SILVA

Em meio a gravuras, desenhos, pinturas e uma infinidade de formas geométricas abstratas, datadas das últimas seis décadas, a Pinacoteca do Estado de São Paulo inaugura amanhã uma mostra retrospectiva do cearense Sérvulo Esmeraldo. São 117 obras que ajudam a desvendar a trajetória do artista cratense e dão uma pequena mostra d a dimensão e da importância de um trabalho inquieto, inovador e resistente ao tempo.

Aos 82 anos, Sérvulo Esmeraldo é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros vivos, tendo convivido com Aldemir Martins e Antônio Bandeira, nos anos 40, com Oswald Goeldi Sérgio Milliet, Bruno Giorgi e Lívio Abramo, na São Paulo dos anos 50 e 60, e integrado a Escola de Paris, na França, onde deu um salto rumo ao abstracionismo que tornou-se uma das marcas de sua obra.

"Sem duvida, é um dos artistas mais importantes da arte moderna e contemporânea brasileira, mas depois que voltou ao País, ele acabou ficando restrito ao Ceará", avalia o curador da mostra, Ricardo Resende, que encara a exposição como uma oportunidade de evidenciá-lo em âmbito nacional. "É uma obra muito atual. A arte cinética (que ele desenvolve a partir da década de 70) é uma prova de sua contemporaneidade. Há muitos artistas trabalhando com ela, hoje. Isso mostra a atualidade e a necessidade de revisão, que espero que se faça e se coloque Sérvulo em seu devido lugar", defende.

A exposição usa como base obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, do acervo pessoal do artista e da própria Pinacoteca de São Paulo. As negociações para a realização da mostra começaram em 2006, conta Ricardo Resende. O acervo reunido traz obras desde a juventude de Sérvulo, com desenhos, pinturas e xilogravuras do início de sua produção, até trabalhos tornados célebres (caso da série "Excitáveis", produzida na década de 70 e tida como um dos principais momentos na obra de Sérvulo) e esculturas cinéticas feitas entre 1980 e 2000.

"Uma das obras de destaque é um desenho de 1950, que é uma vista marinha, com velas de jangada, onde de alguma maneira já aponta para abstração que vai virar marca de suas obras. As velas são triangulares", destaca. Resende cita ainda obras como "O Escriba", de 1962, feito com uma caixa de madeira, motor, imã e varetas de metal. "Esse motor faz com que o imã e as varetas de metal criem desenhos na caixinha. São os primórdios dos excitáveis", explica o curador da mostra.

O interesse pela obra do artista, de acordo com Ricardo Resende, já começa a ser percebido desde que foi anunciada essa retrospectiva. "As pessoas têm comentado bastante, tem aparecido pessoas que colecionam, que tem obras de Sérvulo. Coisa que, com certeza, vai ajudar a localizar a produção dele no País para uma possível catalogação. E que mostra como é conhecido e respeitado", diz.

Abertura
A mostra será inaugurada neste sábado, acompanhada de lançamento de um livro organizado pela crítica de arte Aracy Amaral e contará com a presença do artista. "Eu não vi ainda. Vai ser uma surpresa muito grande, mas tenho certeza que é uma coisa muito bem feita", diz Sérvulo, que não interferiu na montagem da exposição. "O convite partiu da Pinacoteca. Todo o trabalho foi orquestrado por eles. Foram dois anos de trabalho, tudo feito de maneira muito respeitável", elogia Dodora Guimarães, crítica de arte e esposa do artista.

Esta é a segunda mostra retrospectiva da obra de Sérvulo. Para o artista é, também, a mais importante delas, em parte por se realizar em São Paulo, onde morou por mais de 20 anos, antes de seguir para seus anos na França. "Eu trabalhava em São Paulo. Fiz exposições. Minha última exposição foi no Museu de Arte Moderna. Isso é um reconhecimento muito importante. Tanto pela minha idade (82) como por ser em outra cidade que não Fortaleza, e que é a capital cultural do País".

Para o artista, não é possível destacar nenhuma entre as 117 obras expostas. Para ele, são igualmente "frutos" de sua criatividade. "Tem uma série grande. Posso dizer que tem uma coleção extremamente bem selecionada, mas não tem uma mais importante que outra", diz.

Livro
A livro-catálogo que será lançado pela Pinacoteca de São Paulo é, desde já, uma obra de referência sobre o trabalho do artista cearense. Ele reúne 13 textos produzidos por críticos d-e arte a respeito da criação de Sérvulo Esmeraldo. Ricardo Resende, curador da mostra retrospectiva, contribui com uma reflexão a respeito das dinâmicas de luz e sombra nas criações geométricas do artista; a organizadora do volume, Aracy Amaral, contribui com dois textos e Dodora Guimarães com um, o belo "Uma libélula no horizonte".

FRASES
"Em sua obra, percebe-se uma coerência entre a primeira tábua cortada de umburana e a monumentalidade da arte que interfere em espaços públicos" Gilmar de Carvalho, Pesquisador e escritor
"A exposição é prova que seu trabalho con- tinua com toda potência de realização" Estrigas, Artista e crítico de arte
"A importância da exposição se estende à promoção das artes visuais do Ceará" Carlos Macêdo, Artista e coordenador de Artes visuais da Secult



Marcelo Mattos

ENTREVISTA 
Marcelo Mattos*

"Sérvulo é um dos mais destacados artistas de sua geração"

Como surgiu o interesse da Pinacoteca pela obra de Sérvulo Esmeraldo?
Sérvulo Esmeraldo é um dos mais destacados artistas brasileiros de sua geração. Faz alguns anos que vimos pensando e preparando essa mostra que ora se concretiza, e que se insere em nosso programa de mostras temporárias, voltadas para a apresentação da obra de artistas brasileiros de consistente produção, as quais, até o momento, receberam pouco ou insuficiente atenção crítica e divulgação.

Como foi esta preparação?
A mostra é resultado de um longo processo de organização que deve muito à professora Aracy Amaral, grande estudiosa e divulgadora da obra do artista, ao curador Ricardo Resende, que durante sua estada em Fortaleza como diretor do museu do Centro Dragão do Mar também se envolveu com a obra de Sérvulo, organizando mostras e adquirindo obras para o acervo daquela instituição, e - principalmente - ao apoio e envolvimento do próprio Sérvulo e de Dodora.

Qual a importância de uma mostra como esta, assim como do livro que está sendo lançado?
Trata-se da primeira mostra de caráter retrospectivo de Sérvulo que se realiza em São Paulo, e o livro será a primeiro publicação dessa natureza sobre sua obra. São iniciativas com as quais esperamos poder contribuir para uma melhor divulgação e conhecimento dessa produção.

*Diretor da Pinacoteca de São Paulo

FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O historiador Totó Rios, será agraciado com o Troféu Nicodemos Araújo


A Prefeitura de Acaraú/CE, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, irá realizar o I Encontro de Escritores do Vale do Acaraú no próximo dia 22 de junho, a partir das 18h, no auditório da Escola Profissional Marta Maria Giffoni de Sousa, no bairro Monsenhor Edson Magalhães, em Acaraú. Na oportunidade, serão homenageadas personalidades acarauenses que se destacam no campo cultural, como o professor e poeta Dimas Carvalho e o historiador Totó Rios, que no evento receberão o Troféu Nicodemos Araújo.  Nicodemos foi um poeta e historiador de grande destaque na história do Município, e é o grande homenageado do evento.

Na escola em que ocorrerá o Encontro, poderá ser conferida exposição com o acervo bibliográfico, arquivo fotográfico e medalhas condecorativas de propriedade do poeta Nicodemos Araújo. A partir do dia 23 de junho, a exposição pode ser conferida na Biblioteca Pública Municipal Poeta Nicodemos Araújo, situada na Rua Major Coelho, s/n, Centro de Acaraú, em frente à Praça do Colégio Virgem Poderosa.
 A biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h30min às 21h. Projeto da Secretaria de  Cultura e Turismo do Município determina que todo dia 23 a biblioteca abra, mesmo que em dia feriado ou de final de semana, em homenagem ao poeta, em memória de seu falecimento, ocorrido em 23 de junho de 1999.
Já confirmaram presença ao Encontro do dia 22 vários poetas e escritores, de renome, premiados em Academias de Letras, além de jornalistas e colunistas. Na escola, poderá ser conferida a exposição do poeta Nicodemos Araújo, grande homenageado do Encontro, que ocorre exatamente no dia de sua morte.
O Secretário de Cultura e Turismo de Acaraú, Wandick Mesquita,  ressalta que o encontro é bastante importante para o setor cultural do Município, uma vez que “além de ser o primeiro de vários a serem realizados, o Município presta homenagem a um dos maiores poetas de Acaraú, que foi Nicodemos Araújo. Com outros nomes de destaque, como Padre Antônio Tomás, Acaraú é a Terra dos Poetas”.

Nicodemos Araújo, o grande homenageado do Encontro
O poeta e historiador autodidata, Nicodemos Araújo nasceu em Acaraú em 10/03/1905 e falecido em 23/06/1999.

Escreveu valiosos trabalhos sobre a região norte do Ceará, notadamente, sobre Bela Cruz e Acaraú. É autor de 12 livros de poesias, 12 de história, com incursão pelo teatro, biografia e genealogia.

Pertenceu a Academia Sobralense de Estudos e Letras, Academia Cearense de Letras, Academia de Letras Municipais do Brasil e a União Brasileira de Escritores
Fonte: Vale do Acaraú Notícias

Variante linguística é cobrada no vestibular

Principais universidades exigem que candidato diferencie forma oral e culta

 
Werther Santana/AE
Debate. A professora Rosane de Luiz Cesari, do Augusto Laranja, discutiu a polêmica do livro do MEC em sala de aula

Praticamente todos os anos, os vestibulandos encontram em suas provas ao menos uma questão que, a partir de uma tirinha em quadrinhos, de um poema ou de um trecho de um texto, aborda um tema que vem provocando polêmica há um mês: as variantes linguísticas.
Em maio, um livro de língua portuguesa adotado pelo Ministério da Educação (MEC) causou polêmica por defender o uso da linguagem coloquial (leia mais abaixo) e suscitou um debate em torno do chamado preconceito linguístico. A Ação Educativa, organização que é a responsável pedagógica pela obra, fez um levantamento que mostra que os maiores vestibulares do País vêm cobrando esse tema em questões nos últimos dez anos.

Os exercícios abordam as diferenças linguísticas de diversas formas: pedindo para o candidato verificar onde está aplicada a linguagem coloquial; identificar marcas de coloquialidade nos textos; responder o nome correto da variedade linguística usada em determinada expressão e transformar um trecho de linguagem oral na norma culta.

"O aluno precisa conhecer a linguagem popular para saber o quão distante ele está da norma culta", diz coordenadora-geral da Ação Educativa, Vera Masagão Ribeiro. "As variedades linguísticas já são um tema consolidado, que é cobrado nos exames."

Os coordenadores de três dos maiores vestibulares do País concordam que o conteúdo deve ser cobrado, mas sempre tendo em vista a avaliação do aprendizado que o candidato tem em relação à norma culta. "As variantes linguísticas constam no programa do nosso vestibular", afirma Maria Thereza Fraga Rocco, da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pelo exame da Universidade de São Paulo (USP). "E não só no nosso: praticamente todos eles cobram."

Renato Pedrosa, coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), destaca que a universidade está sempre em busca dos melhores candidatos, o que inclui expressar-se corretamente na escrita. "A Unicamp espera que o aluno tenha esse domínio, aprendido na escola", explica.

Para os coordenadores, a cobrança é um reflexo daquilo que é ensinado em sala de aula. "O vestibular presume que o aluno saiba distinguir os diferentes tipos de linguagem" diz Rogério Chociay, assessor da diretoria acadêmica da Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista (Vunesp).

Preparo. Para os cursinhos e colégios, o ensino da norma culta é indispensável e é encarado como uma das principais missões da escola. Mas os professores encaram as variantes linguísticas como um tema que passa por um viés cultural, demonstrando as diferenças de costumes entre pontos distantes do País, como os regionalismos dos sotaques e vocabulários.

"Penso que o assunto deva ser tratado pelos professores sem obscurantismo, elitista ou populista, nem moralismo, de uma perspectiva linguística e com sensibilidade para diferenças sociais e culturais", diz Francisco Achcar, professor aposentado da Unicamp e coordenador de língua portuguesa do Objetivo.

Francisco Platão Savioli, professor da USP e supervisor de língua portuguesa do Anglo, destaca que os estudantes chegam à escola dominando uma linguagem - como a utilizada entre os jovens nas redes sociais, por exemplo - que se afasta em menor ou maior grau da norma culta. "Na escola, o aluno vai saber em que situação ela (a norma culta) vai ser necessária, aprendendo a avaliar a adequação de uma linguagem", explica.

"Jogar fora as variantes é jogar fora a riqueza da língua. Ensiná-las não tem nada a ver com ensinar errado."

Debate. Algumas escolas discutiram o livro do MEC em sala de aula. No colégio Santa Amália, em São Paulo, os alunos tiveram uma proposta de redação baseada em diversos textos publicados nas últimas semanas - tanto os que apoiavam quanto os que acusavam a obra.

No Augusto Laranja, na zona sul paulistana, os estudantes se debruçaram sobre os artigos que saíram em diversos veículos de comunicação - a escola já costuma tratar o assunto a partir dos diversos gêneros textuais. "Para trabalhar o conceito de adequação de linguagem utilizamos os mais diversos tipos de padrão de texto", diz a professora Rosane de Luiz Cesari.

Rute Possebom, que leciona língua portuguesa no Santa Amália, reforça que os alunos precisam entender que é o domínio da norma culta que vai aprová-los no vestibular. "E também ajudá-los a conquistar uma vaga no mercado de trabalho", afirma.

PARA LEMBRAR

Livro iniciou polêmica

O livro Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver, Aprender, foi distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

O conteúdo sugere que o uso da língua popular - ainda que com erros gramaticais - é válido. Expressões como "Nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe" aparecem como exemplos. Os autores lembram que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico".

Em nota enviada na época, a autora Heloisa Ramos disse que "o importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa".

Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo
 
Fonte: Estadão

Pesquisa mostra quais os sonhos dos jovens brasileiros

Público de 18 a 24 anos está mais focado no coletivo, quer uma carreira e uma profissão que ajude a sociedade 

O maior desejo de 55% dos jovens brasileiros quando se fala de trabalho é ter a “profissão dos sonhos”. Nove em cada dez gostariam de ter uma profissão que ajudasse a sociedade. É o que aponta o estudo O Sonho Brasileiro, feito com cerca de 3 mil jovens de 18 a 24 anos de todo o País, que procura dar um panorama das expectativas desses jovens para o futuro.

Segundo a pesquisa, a possibilidade de construir uma carreira é o aspecto mais importante, seguido de ter carteira assinada. Os dois itens são mais importantes do que salário e encontrar uma profissão com perfil de futuro. Entre as pessoas ouvidas, 47% pertencem à classe C, seguida da B, com 33%, e das classes D e E, com 17%. 

O estudo, realizado nos últimos 18 meses em 23 estados brasileiros, procurou investigar as relações que esta parcela da população tem com questões como trabalho, política, economia, religião e família. Além disso, trouxe números reveladores da relação do jovem com o País: 89% têm orgulho em serem brasileiros e 75% acreditam que o País está mudando para melhor.

Já na área da Educação, os participantes dizem que, quando se fala em ensino superior, o diploma ainda é muito atraente e importante. “Dentro dos 79% que não estão no ensino superior, 77% têm intenção de cursar, há um desejo muito forte. Há uma valorização da sociedade, é algo necessário para a inclusão”, enfatiza o sociólogo Gabriel Milanez, um dos autores do estudo.

O jovem acredita que a mudança deve partir dele e a que a transformação social só é possível a partir da ação de pessoas. Mas, para isso acontecer, é necessário estimular a educação e formação para que possam exercer esse papel.

“Hoje, posso dizer que estou muito feliz em poder transmitir conhecimento. Eu tento tirar a ideia consumista dos meus alunos. Trabalho propaganda, consumo, relações sociais. O pouco que eu puder ampliar na cabeça deles, mostrar que o mundo não é shopping, eu fico feliz”, conta a carioca Sara Zarucki, de 23 anos, formada em Ciências Sociais.
No entanto, os dados colhidos revelam que os jovens acessam o conhecimento de maneira informal, especialmente pela internet. O estudo aponta que 82% esperam que escolas e universidades valorizem mais as experiências que trazem de suas vidas. “Este jovem começa a procurar conhecimento fora da escola. Há também uma abertura a outras fontes de conhecimento. Mas uma coisa não exclui a outra”, afirma Milanez.

Para 81% desses jovens brasileiros, tradições populares são tão importantes quanto escolas para repassar conhecimento. O estudo aponta uma grande valorização das tradições e dos saberes informais. Esta geração já não vê muito sentido em acumular sozinho o conhecimento - ele deve circular, pois se ficar estagnado ou acumulado perde o seu valor.

Fonte: Estadão

Inscrições para o Sisu começam com 26 mil vagas disponíveis

Ao todo serão oferecidas 26.336 vagas para o ensino superior

Já está no ar a quarta edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Criada pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado, a ferramenta unifica a oferta de vagas em instituições públicas de ensino superior.

Na edição do início do ano, estudantes enfrentaram dificuldades para entrar no sistema que ficou sobrecarregado em função do grande volume de acessos. De acordo com o secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, os “pontos críticos” foram melhorados e a expectativa é que o Sisu rode sem problemas.

– Hoje, o sistema trabalha com uma segurança muito grande em todos os aspectos. Estivemos fazendo análises e conhecendo cada módulo e etapa. Todos os pontos críticos, possíveis pontos de estrangulamento, foram detectados e estão completamente monitorados e corrigidos – , afirmou Costa.

Para o primeiro semestre de 2011, o Sisu oferecerá 26 mil vagas em 48 instituições públicas de ensino superior. Podem participar estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. No início do ano, o sistema registrou 1 milhão de inscritos, contra 793 mil  na primeira edição de 2010. Luiz Cláudio Costa acredita que a tendência é que a participação aumente a cada edição. Ele aposta que o novo modelo de seleção já está consolidado e que a sociedade reconhece a “justiça” que ele traz.

– É um sistema democrático em todos os sentidos. Ele preserva a qualidade que a academia tem que ter, mas tem um aspecto de inserção social muito forte –, defendeu.

Os candidatos interessados em participar do Sisu devem acessar o site do programa até domingo e escolher duas opções de curso, elegendo sua prioridade. Ao fim de cada dia, o sistema divulga a nota de corte para cada graduação. O estudante pode mudar de opção se concluir que tem mais chance de ser aprovado em outra instituição ou em outro curso. Cada alteração invalida a opção feita anteriormente. O sistema funciona das 6h às 23h59 de cada dia, quando é fechado para calcular as notas de corte.

Para o secretário, o Sisu inverte a lógica de seleção dos vestibulares tradicionais porque oferece ao estudante a oportunidade de disputar uma vaga em várias instituições a partir do desempenho de uma única prova, o Enem.

– Há 100 anos o Brasil faz vestibular, os exames de seleção começaram no país em 1911. Ele tem uma lógica em que o estudante faz a matrícula em um curso de uma instituição, depois faz a prova e se for reprovado está fora, a chance acabou. Isso não é justo –, afirma.

A previsão é que a  lista dos estudantes selecionados em primeira chamada pelo Sisu seja divulgada no dia 22 de junho. Os aprovados terão entre os dias 27 e 28 para efetuar a matrícula nas instituições de ensino. Caso o participante tenha conseguido uma vaga no curso marcado como segunda opção, poderá permanecer no sistema e esperar pela segunda chamada. Os selecionados para a primeira opção perdem a vaga se não efetuarem a matrícula.

No dia 2 de julho, o MEC divulga a segunda chamada, com prazo de matrícula de 5 a 6 de julho. Após esse período, o sistema gera uma lista de espera que fica disponível para as instituições selecionarem candidatos para as vagas remanescentes. Podem entrar na lista os estudantes não selecionados em nenhuma das opções escolhidas nas duas primeiras chamadas. Os interessados deverão fazer essa opção no próprio sistema, entre os dias 2 e 7 de julho.

Filme cearense é o grande vencedor

"Mãe e Filha" foi o grande vencedor da mostra, com cinco prêmios, entre eles o de Melhor Longa-metragem

O festival, que durou oito dias e exibiu mais de 100 filmes, distribuiu 12 prêmios. Destes, sete foram para produções nacionais, incluindo os cinco do cearense Petrus Cariry
FOTO: TUNO VIEIRA

O Festival, que durou oito dias e exibiu mais de 100 filmes, distribuiu 12 prêmios. Destes, sete foram para
Em noite de muita expectativa e comemorações, chegou ontem ao final a 21ª edição do Cine Ceará. A cerimônia de encerramento aconteceu no Theatro José de Alencar com premiação dos vencedores das mostras competitivas de longas e curtas-metragens e homenagem à documentarista norte-americana Estrela Bravo. Foram oito dias de festival e mais de 100 filmes exibidos, com mostras temáticas e competitivas em Fortaleza e Juazeiro do Norte.

As três produções nacionais levaram 7 dos 12 prêmios da Mostra Competitiva de Longa-metragem. Destaque para o jovem cineasta cearense, Petrus Cariry. Seu filme "Mãe e Filha" saiu consagrado da mostra com cinco Troféus Mucuripe, superando a marca de seu trabalho anterior, o Grão, que na edição de 2008 recebeu dois prêmios.

Antes da premiação, Petrus se mostrava apreensivo quanto ao resultado da mostra que, para ele, reuniu filmes de ótima qualidade.

"O meu maior prêmio foi ter feito uma sessão hipnotizante de exibição do meu filme no domingo, Dia dos Namorados. Mas se vier alguma premiação técnica, ótimo" disse Petrus, lembrando a comoção da plateia que prestigiou a primeira exibição de seu longa.

"Mãe e Filha" ficou com os prêmios de Melhor Longa-metragem, Melhor Roteiro (assinado por Petrus, Firmino Holanda e Rosemberg Cariry), Melhor Som (Petrus e Érico Paiva), Prêmio da Crítica e Prêmio BNB de Melhor Produção de Temática Nordestina. O também brasileiro "O Coro" rendeu o prêmio de Melhor Diretor para Werner Schumann e Melhor Fotografia para Felipe Meneghel.

Wolney Oliveira, diretor do Cine Ceará, comemorou o bom nível dos filmes participantes das mostras competitivas, que tiveram 109 inscrições de longas-metragens e mais de 400 curtas. "O cinema cearense sai bem fortalecido", avalia.

Ele destacou a estrutura do Theatro José de Alencar, que na sua opinião mostrou ter acústica e qualidade de imagem melhor que a do Cine São Luís, que até o ano passado sediava o festival. O diretor adianta ainda que a intenção de organização é permanecer no Theatro.

Curta-metragem
Na outra premiação da noite, a Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem, destaque para o filmes de animação, como o do realizador mineiro Leonardo Cata Preta, que levou os prêmios de Melhor Curta-metragem e Prêmio da Crítica com o filme "O Céu no Andar de Baixo". Além dele, Murilo Hauser recebeu o prêmio de Melhor Direção, com a animação "Meu medo" e Melhor Roteiro, para Rodolfo Barreto, com o filme "Com a Mosca Azul". A Melhor Produção Cearense foi o curta de ficção "Doce de Coco", de Allan Deberton.

Durante o encerramento, a documentarista Estela Bravo, de nacionalidade norte-americana, foi homenageada pelo conjunto de sua obra com o Troféu Eusélio Oliveira. O festival de cinema promoveu ainda durante a edição desse ano uma mostra com seus filmes. Nos últimos quarenta anos, Estela produziu mais de 30 filmes que põem em foco eventos da América Latina, da África, do Caribe e dos Estados Unidos. Além dela, a atriz brasileira Giulia Gam havia sido homenageada também com o Troféu na abertura do Cine Ceará.

Filmes premiados

Melhor Longa
"Mãe e Filha" - Brasil (CE)

Melhor Direção
"O Coro" - Brasil (MG)

Melhor Fotografia
"O Coro" - Brasil (MG)

Melhor Montagem
"Bicicleta, Colher, Maçã" - Espanha

Melhor Roteiro
"Mãe e Filha" - Brasil (CE)

Melhor Ator
"Bilhete para o Paraíso" - Cuba

Melhor Atriz
"Língua Materna" - Argentina

Prêmio da Crítica
"Mãe e Filha" - Brasil (CE)

Melhor Som
"Mãe e Filha" - Brasil (CE)

FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

Zé Maria Moreira de Seu Campos

O escritor Waldy Sombra lança amanhã um competente retrato falado de seu contemporâneo, o contista Moreira Campos, para o autor, um mestre nas artes de escrever e de fazer amigos

O velho Moreira Campos, tímido, pacato e 'magricela' em sua biblioteca doméstica
FOTO: LÍBIA XIMENES (16/04/1982)

O "magricela", como fora carinhosamente apelidado por Rachel de Queiroz, já nascera assim, fino, anguloso. Muito quieto, "matutão"; com os amigos, risonho, amante de anedotas; fumante inveterado, interrompia as aulas na Universidade Federal do Ceará (UFC) para a hora do cigarro. Seu fusquinha inconfundível se destacava no estacionamento do campus.

E o que se sabe sobre Moreira Campos vai assim se construindo, em pedaços de histórias contadas por amigos, familiares e alunos. A partir de agora, contudo, não será mais necessário recorrer apenas às lembranças destes. Em "Moreira Campos, professor de histórias e de amizade", livro de Waldy Sombra que será lançado amanhã, a vida e a obra do escritor estão muito bem registradas.

Períodos
Sombra passeia com maestria pelas fases do contista, representadas por seus nomes. Na infância, foi Zé de Seu Campos, numa alusão ao Campos pai, português "forte e vermelho"; José Maria, na juventude, morando na cidade grande com a ajuda do primo Jáder de Carvalho; e, finalmente, Moreira Campos, assinatura que veio com a publicação de "Vidas Marginais" (1949), o primeiro de seus 11 livros. O nome fora adotado por sugestão de Joel Linhares, que lhe deu o exemplo de "Eça de Queirós, que também tinha por nome de batismo José Maria, e Machado de Assis, o de Joaquim Maria" - como Moreira mesmo explicou em crônica escrita nos anos 90.

Quando novo, acompanhava o pai comerciante em viagens à Capital, posto em calças de brim bem passadas e gravatinhas. Ali, enquanto o pai transpirava para fazê-lo ingressar no comércio, Zé queria saber de Greta Garbo, John Gilbert e outros heróis dos cinemas, com os quais se encantou tanto que, se pudesse, teria sido cineasta.

Waldy Sombra nos leva sem receios a sentar no chão da sala da família Campos, em Lavras da Mangabeira, para ouvir a matriarca D. Adélia, que descansava seus reumatismos na alva rede, entreter os meninos com suas histórias: imagens de vagões cruzando montes (café-com-pão, café-com-pão, bolacha não...), com chaminés cujas fumaças mais pareciam a cabeleira de um fantasma, e mulheres aparecendo no meio da noite para assombrar o maquinista.

Igualmente sem receios o autor desta biografia mete-se em nossas próprias lembranças. Quermesses, festas da padroeira, namoro no banco da praça, mergulho nas águas sangradas de um açude, senhores debatendo na calçada da farmácia... Levando-nos a uma identificação extravagante com a infância de Moreira. E tão logo se passam 50 páginas, assim sem notar.

E de que interessam tantos detalhes de um cotidiano tão comum? Simples: como disse o escritor Caio Porfírio Carneiro, autor do prefácio, a contemplação da vida de Moreira Campos é, ao mesmo tempo, a compreensão das entrelinhas de sua obra, já que "foi ele essencialmente um escritor dessa classe média de sofrimentos não revelados e que afloram do dia a dia vivido".

A Fortaleza dos anos 30 foi descoberta não sem sofrimentos, na juventude de seus 16 anos. Pai e mãe se iam mal de saúde e a tal donzela alva e eterna explorada em seus contos logo habitaria sua própria casa: o pai se foi aos 44 anos, a mãe aos 38. Àquela época já estava José Maria apaixonado por Fortaleza e logo depois por Zezé, a companheira incondicional, conquistada com um soneto guardado na gaveta da mesa de trabalho, em 1935. Casaram-se dois anos depois.

Encontros
Com a literatura, se casaria dali a alguns anos. Em 1944, uma excelente passagem do livro, narrada pelo próprio Moreira Campos, marca uma invejável relação de afeto que se construiu entre ele e Graciliano Ramos. José Maria, em viagem ao Rio de Janeiro, encheu-se de coragem para adentrar a Livraria José Olympio, reduto dos grandes nomes da literatura da época, onde Graciliano guardava cadeira e mesa cativas.

De Graciliano, Moreira não queria dinheiro para publicação ou coisa que o valha - o julgamento bastava. E o recebeu. Ali, em meio a José Lins do Rêgo, Rubem Braga e outros que chegavam, Graciliano comentou: "Veja como o estilo dele é dinâmico". E, em outro dia, tendo lido todo o livro, disse-lhe: "Li e gostei deveras". Graciliano e D. Eloísa, sua esposa, se encantaram com o cearense tímido, matuto, e contador de causos.

Para além da biografia, "Moreira Campos, professor de histórias e de amizade" resguarda os bastidores do afeto existente entre o contista e seus contemporâneos, registrado em diálogos e fragmentos de cartas. Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, Eduardo Campos, João Clímaco, Artur Eduardo Benevides.

E não apenas entre eles, mas ainda o laço familiar que uniria de modo tão estreito pai e filha. Natércia Campos, também escritora, seguiu-lhe os passos com semelhança pungente. Essa presença de ambos, Sombra relata numa lembrança poética de tão simples: "Sabe qual era a paixão da Natércia? Ninho de pássaros. Tinha vários na casa dela, era assim ó..." (e demonstrava a distância com a mão) "Engraçado. A filha apaixonada por pássaros e o pai, por corujas!".

Depois de tal leitura, repleta de imagens, episódios e datas, restou a mim desejar aos escritores ainda vivos saúde e talento para que um dia, também enveredem, a exemplo de Seu Waldy, pela experiência de guardar em livros a memória afetuosa de seus próprios contemporâneos. (Quem sabe eu mesma não o faça um dia).

Bibliografia

Vidas Marginais. Fortaleza: Edições Clã, 1949. Contos.
Portas Fechadas. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1957. Contos.
As vozes do Morto. São Paulo: Francisco Alves, 1963. Contos.
O puxador de Terço. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. Contos.
Momentos. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1976. Poesia.
Contos Escolhidos. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1978.
Os doze Parafusos. São Paulo: Editora Cultrix, 1978. Contos.
Contos. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1978.
10 contos Escolhidos. Brasília: Horizonte Editora, 1981.
A grande Mosca no Copo de Leite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985
Dizem que os Cães Veem Coisas. Fortaleza: EUFC, 1987.

Literatura e memória  

Moreira Campos: professor de histórias e de
amizade Waldy Sombra
 
Premius, 2011, 222 páginas
O lançamento ocorre nesta sexta-feira, dia 17 de junho, às 19h30, no auditório do Centro Cultural Dragão do Mar.
Contato: (85) 3488.8600

MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER

A tradição recriada

Hoje é a última oportunidade de sentir aquele medinho bom, de ouvir causos antigos do Interior, com o encerramento do projeto Lamparina de Histórias

O espetáculo Os Bufões, do grupo Dona Zefinha, de Itapipoca

Nesta noite, o fogo acende-se pela última vez. Em sua derradeira edição, o projeto Lamparina de Histórias traz ao anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, logo mais à noitinha, oito contadores de histórias. Eles vêm de diferentes municípios do Interior e serão acompanhados por apresentações da banda Dona Zefinha e dos Irmãos Aniceto.

O Lamparina de Histórias foi criado pela contadora de histórias Júlia Barros. O evento reúne narradores tradicionais e amantes de causos, lendas, adivinhações, canções e anedotas pertencentes à literatura oral popular.

Depois de ter passado por Aquiraz, Assaré, Canindé, Caucaia, Itarema, Saboeiro, São Gonçalo do Amarante, o projeto retorna à Capital para um grande encerramento. Os contadores que participam hoje foram identificados nos municípios visitados ao longo das edições do projeto.

Ideia
O projeto surgiu a partir de uma experiência pessoal da autora, durante uma viagem a Saboeiro. Lá, certa noite, avistou várias pessoas passando com lamparinas, indo na mesma direção. A imagem entranhou-se na memória e foi resgatada quando Júlia presenciou as atividades de uma oficina voltada a idosos. Na ocasião, eles aproveitavam para contar histórias. A partir daí, a jovem pensou em organizar um projeto que identificasse contadores em outros municípios cearenses.

As três primeiras edições aconteceram em parceria com a Casa do Conto, ainda de maneira amadora, na Região Metropolitana - nos bairros Dias Macedo, João XXIII e no Boqueirão dos Cunhas, em Caucaia. Com a aprovação no Edital de Incentivo às Artes da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult), o projeto ganhou itens de mobilização e infraestrutura, com palco e som. Hoje, a abertura do Lamparina de Histórias fica a cargo da banda Dona Zefinha, de Itapipoca, enquanto o encerramento será ao som da centenária Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, do Crato.

Performance
Além da apresentação de hoje, os Aniceto fazem outras duas performances gratuitas na cidade. Amanhã, eles se apresentam, às 18 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - Contato: 3464.3108); e sábado, às 19 horas, no Cuca Che Guevara (Av. Presidente Castelo Branco, 6417 - Barra do Ceará - Contato: [85] 3237.4223).

MAIS INFORMAÇÕES
 Lamparina de Histórias. Hoje, às 18 horas, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Av. Almirante Tamandaré, 310). Gratuito. Contato: (85) 3252.3343

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

Cinema com Farinha fará lançamento de curtas da cearense Aurora Miranda Leão

A direção do Festival Cinema com Farinha, que acontece em Patos/PB, de 4 a 7 de agosto, confirmou nesta quinta-feira (2) que o evento fará o lançamento oficial para o público dos curtas "Resta um" e "No Passo do Birim", de Aurora Miranda Leão, que estará na cidade para a exibição. Ambos os filmes foram dirigidos pela jornalista e produtora cultural cearense Aurora Miranda Leão e o primeiro foi estrelado pela atriz Ingra Liberato.
Ingra Liberato em cena de "Resta um"

"Resta Um" foi gravado em novembro passado, durante a sexta edição do Festival de Goiânia do Cinema Brasileiro, no que – como define a realizadora – foi um exercício coletivo. Procurando utilizar o choque como recurso estético, o curta procurou inspiração na produtora Belair, criada pelos cineastas Júlio Bressane e Rogério Sganzerla. "Isso fica patente desde o início, quando o apito inconveniente do elevador azucrina o ouvido da atriz Ingra Liberato e o de quem a acompanha a projeção", revela Aurora.

Já "No passo do birim", roteirizado e dirigido por Aurora, nasceu da ideia de homenagear as mulheres do interior do Ceará que fazem da tradicional dança do coco um modo de tornar seu dia-a-dia mais feliz e preenchido com arte e energias positivas. "Apesar de não ser um meio de vida para essas mulheres, o grupo do coco das Mulheres da Batateiras existe e subsiste pela força e tenacidade dessas mulheres que, em meio a dificuldades comuns a quem faz cultura e arte no sertão nordestino, prosseguem alimentando corpo e espírito com essas manifestações típicas da cultura tradicional nordestina", afirma Aurora.

Jovem de MS vai cursar medicina sem ter concluído o ensino médio

Isabel cursava 2º ano do ensino médio quando foi aprovada na UFMS.
Tribunal de Justiça de MS julgou o caso e deu ganho de causa à estudante.


Jovem de MS ganha direito de cursar Medicina sem concluir segundo grau (Foto: Helder Rafael)

A acadêmica Isabel Tolentino garantiu na Justiça o direito a cursar medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, mesmo sem ter concluído o ensino médio. Em 2010, ainda no segundo ano escolar, a jovem de 16 anos ficou entre os aprovados com a nota obtida no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

Uma das exigências para a matrícula era o certificado de conclusão do ensino médio, cuja emissão foi negada pela Secretaria Estadual de Educação. O órgão alegou que Isabel não tinha idade mínima de 18 anos para obter a certificação por meio do Enem. A família da adolescente que mora em Campo Grande acionou em fevereiro o Tribunal de Justiça (TJ/MS), que concedeu liminar para que o documento fosse emitido.

Em maio, os desembargadores da 2ª Seção Cível mantiveram a decisão favorável à Isabel. A confirmação da vitória judicial veio no dia 2 de junho, quando a Procuradoria-Geral do Estado informou ao TJ/MS que não recorreria da sentença.
A jovem contou ao G1 que sempre teve as melhores notas da classe, resultado de muita dedicação aos estudos, foco nos objetivos e manutenção da calma. Tanto empenho não comprometeu a vida social, diz Isabel. "Eu saía nos fins de semana, ia ao cinema com os amigos. Mas nada de baladas, até porque nem tinha idade para isso".

O ingresso na tão sonhada faculdade demorou um pouco: ela foi a 72ª em uma lista inicial de 60 aprovados. A matrícula só foi possível na terceira chamada e através de um mandado de segurança.  Assim que começou a frequentar as aulas de medicina, Isabel ganhou da turma um apelido: prodígio.

A diretora pedagógica do colégio onde a Isabel cursou o ensino médio, Anete Valéria Lima, apontou um diferencial que ajudou Isabel a ganhar projeção. "Já no primeiro ano do ensino médio ela começou a fazer cursinho preparatório. Enquanto os outros levavam dois, três anos para ver todos os conteúdos, ela se antecipava e ia treinando. Não adianta o aluno fazer cursinho no último ano achando que vai fazer um milagre na hora do Enem", afirma a diretora.

O desempenho da filha encheu mais ainda o pai Sílvio Tolentino de orgulho, que já estava acostumado às sucessivas notas 9 e 10 de Isabel no colégio. Mas teve um dia em que o pai estranhou os 8,5 obtidos em uma prova de medicina. "Era uma prova super difícil, foi uma das notas mais altas da turma", explica a estudante, que tempos depois gabaritou um exame.

Encerrada a pendência judicial, tanto o pai como a educadora avaliam que o sistema educacional brasileiro deveria incentivar os alunos a ingressar na faculdade, independentemente da idade que tenham ou da série que cursem. "Minha filha provou maturidade e competência. A idade não pode ser o critério definitivo para dizer se o aluno é capaz de fazer curso superior", diz Sílvio Tolentino.

A assessoria da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) informou, nesta terça-feira (7) que com a decisão do Tribunal de Justiça de MS não vai contestar a validade da matrícula. 

O que diz a lei
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a conclusão do ensino médio é obrigatória para o estudante cursar uma universidade. A LDB diz, em seu artigo 44: "a educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente; II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo.

O Projeto de Lei 6834/10, do deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), está em tramitação na Câmara solicitando mudança na LDB. O projeto autoriza a matrícula em universidade aos estudantes que passaram no vestibular tendo concluído apenas o segundo ano do ensino médio.

 Fonte: G1