sábado, 13 de agosto de 2011

José Alcides Pinto: Um escritor diferente!


Um grande nome da Literatura Cearense que merece destaque é José Alcides Pinto, autor de renome, escreveu obras admiráveis. Nasceu no dia primeiro de setembro de mil novecentos e vinte e três em São Francisco do Estreito, distrito de Santana do Acaraú-Ce, e faleceu em Fortaleza-Ce, no dia dois de junho de dois mil e oito.

Seu pai José Alexandre Pinto, era capitão de tropa de ciganos, e sua mãe Maria do Carmo Pinto, descendente dos índios Tremembés. José alcides Pinto diplomou-se em Jornalismo, em Biblioteconomia, fez curso de especialização em Pesquisas Bibliográficas, em Tecnologia e um Curso de História das Américas. Começou a trabalhar muito cedo como jornalista, foi colaborador em vários jornais, revistas e em toda a imprensa de Fortaleza.

José Alcides Pinto estreou na Literatura Cearense em 1950, com a obra “Antologia dos poetas da nova geração”. Contribuiu significativamente para nossa literatura. Escreveu, com talento, romances, teatro, novelas, ensaios, poesias e foi crítico literário. Ganhou o Prêmio José de Alencar da Universidade Federal do Ceará pela produção de Romance e Conto em 1969 e é o principal responsável pela introdução do Movimento Concretista no Ceará.

Em suas obras, José Alcides Pinto utiliza-se do sobrenatural, do magnífico, do fantástico, do absurdo, etc., isto é perceptível nas obras que compõem a Trilogia da Maldição: O Dragão (1964), João Pinto de Maria (1974) e Os verdes Abutres da Colina (1974), analisada neste artigo.

José Alcides Pinto recebeu o apelido de “maldito”, já que suas obras eram pautadas em elementos de desordem, subversão e refletia aspectos de uma visão satanista do mundo. Segundo a própria visão do autor, o artista é predestinado a ser maldito. Porém, a partir desse tipo de maldição, o autor também é predestinado a ser dito, ou seja, falado, assim muitas de suas obras obtiveram o reconhecimento merecido, e este autor mal dito passa a ser bem dito graças a seu talento. Os Verdes Abutres da Colina: ingredientes de um “maldito”

Os Verdes Abutres da Colina, é um dos livros que compõe a trilogia da maldição. Estão presentes nesta obra aspectos como: o diabólico, o sagrado, a maldição do sexo, a morte, a paisagem alucinante, o real convivendo com o não-real, dentre outros. De acordo com Paulo de Tarso: “Aí está, enfim, o fantástico – uma narrativa que ultrapassa os limites da verossimilhança (…)”. (Os verdes abutres da colina, 2001, p.05).

O autor é de certa forma cúmplice de seus personagens, pois defende a tese desenvolvida por eles quando relata o porquê das relações incestuosas, motivo principal da maldição daquele povoado, que seria a lição: “(…) crescei e multiplicai-vos”, fundamento do livro de Gênese da Bíblia Sagrada, onde Deus, ao criar o mundo dá ordem para povoá-lo.

Observa-se também, a presença do extraordinário e da alucinação, um exemplo disto é o personagem José da Mata, que é um cego curandeiro, que possui uma mosca presa dentro de uma garrafa. Lembrando-se de que o Diabo era chamado pelos fariseus de Beelzebu, como em: “(…) Ele expulsa os demônios pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios!” (MATEUS, 12, 24). Na verdade, etimologicamente: “senhor das moscas”: Baal – Zebud.

Enfim, em seu livro acaba deixando transparecer nitidamente o ar demoníaco de suas obras, onde todas as características supracitadas aperfeiçoam o caráter extraordinário das obras de José Alcides Pinto: um escritor realmente de renome em nossa literatura.

Deusilene Rodrigues da Costa, de Ubaúna, coreaú, é aluna do Curso de Letras da UVA

Fonte: Jornal Correio da Semana

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Maranguape recebe Festival que valoriza a Cachaça como item do fazer cultural cearense


O Festival acontecerá na Praça Capistrano de Abreu
 
A valorização da cachaça como produto do fazer cultural do Ceará será o foco principal do evento, que a cidade cearense de Maranguape realizará nos dias 13 (Sábado) e 14 (Domingo) de Agosto de 2011. É o Festival da Cachaça que acontecerá na Praça Capistrano de Abreu, com a organização da Idéia de Evento e, co-realização da Associação Cearense de Forró e Associação dos Agentes do Patrimônio Cultural e Natural de Maranguape.

Ricas atividades culturais integram a programação gratuita do evento, onde nos finais de tarde, artistas regionais apresentarão o melhor da produção musical do Estado; paralelo a isso, as cachaçarias que serão montadas em praça pública, proporcionarão um ambiente agradável para a valorização do produto como item da cultura cearense. 

O forró regional de qualidade terá um espaço privilegiado: o “Palco Engenho da Música”, o qual será montado com a frente para a serra, propiciando uma vista inesquecível para os participantes do festival.

A gastronomia também vai dar ao evento, um toque especial, mediante oficinas formativas de coquetéis elaborados à base de cachaça. Dessa forma, juntamos todos os ingredientes para um evento de sucesso: turismo, cultura e gastronomia. 

Programação

Dia: 13/08/2011
Horário: 16h30 às 23h
Local: Praça Capistrano de Abreu-
Abertura do Festival
-Degustação nas Cachaçarias
-Oficinas de Coquetéis à Base de Cachaça

Horário: 19h às 23h
Local: Palco Engenho da Música
-Show de artistas ligados ao Forró Regional
*Diassis Martins
*Cacimba de Aluá
*Kbra da Peste

Dia: 14/08/2011
Horário: 16h30 às 23h
Local: Praça Capistrano de Abreu
-Degustação nas Cachaçarias
-Festival Gastronômico
-Oficinas de Coquetéis à Base de Cachaça

Horário: 19h às 23h
Local: Palco Engenho da Música
-Show de artistas ligados ao Forró Regional
*Messias Holanda
*Vanin e Nissinha

Camarão de Costa Negra obtem certificação do Inpi


Rio de Janeiro - Os camarões da Costa Negra, no Ceará, e os doces de Pelotas, no Rio Grande do Sul, elevam para 13 o número de produtos brasileiros com o selo de indicação geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

Para obter o certificado de registro, a Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN) e a Associação dos Produtores de Doces de Pelotas terão um prazo de 60 dias para fazer o pagamento da taxa estabelecida pelo Inpi. A certificação funciona como proteção para os produtos contra falsificações, na medida em que garante a sua procedência e amplia o nível de competitividade.

De acordo com o Inpi, o camarão de Costa Negra é cultivado em viveiros nos municípios de Acaraú, Itarema e Cruz. Ele constitui o segundo produto certificado na modalidade denominação de origem (DO). A certificação reconhece produtos cujas características devem-se essencialmente ao meio geográfico. O primeiro produto certificado na modalidade DO foi o arroz do litoral norte gaúcho.

O deferimento para os doces de Pelotas  foi concedido na modalidade indicação de procedência (IP), que delimita uma área conhecida pela fabricação de certos produtos, mas sem relação direta com o meio. O certificado engloba cerca de 15 doces e garantirá a exclusividade dos produtos, cujas receitas, segundo o Inpi, vêm do século 19.

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
 

Fotografia como arte

Chico Albuquerque estará presente no evento com imagens do ensaio "Mucuripe", de 1952, no qual registra o cotidiano de pescadores e outro trabalhadores daquela região do litoral fortalezense

No mês em que se comemora o Dia Mundial da Fotografia, o Fórum da Fotografia - Ceará mobiliza fotógrafos e espaços culturais da cidade com exposições, seminários, workshop e debates, lançando olhares sobre a fotografia em sua expressão mais sublime: a arte
 
No caminho em busca do fortalecimento da fotografia enquanto linguagem artística, organizada, atuante e bem articulada, fotógrafos cearenses aproveitam a efeméride do Dia Internacional da Fotografia, comemorado dia 19 de agosto, para atrair olhares à produção do Estado. A iniciativa, encabeçada pelo recém criado Fórum da Fotografia - Ceará, inclui exposições de mais de 50 artistas, seminários, debates e workshop, em uma grade extensa de atividades batizada de Encontros de Agosto.

Curadores de importantes centros, como Argentina e São Paulo, foram ainda convidados a prestigiar as mostras, em um primeiro esforço para divulgar e incluir a obra de artistas cearenses em exposições Brasil afora. Com o tema "Fotografia Contemporânea - linguagem e pensamento", o evento promove, a partir de hoje, exposições coletivas e individuais, ocupando diversas galerias e centros culturais da cidade, e, entre os dias 16 e 20 deste mês, um seminário no Centro Cultural Banco do Nordeste.

"Como existe certa carência, dificuldade, defasagem, na inserção de produção de fotógrafos cearenses em exposições nacionais e internacionais, faremos uma discussão sobre esse viés da fotografia, atraindo também olhares sobre nossos fotógrafos que atuam nessa linguagem. É uma ação de difusão e formação", resume Patrícia Veloso, coordenadora geral do Encontros de Agosto 2011 e participante do Fórum. Ela explica que a ação foi pensada e discutida durante as reuniões do Fórum, que começou a ser articulado em abril deste ano.

Inaugurando a programação, partir de hoje será aberta a exposição Encontro de Olhares, na Galeria Multiarte, reunindo trabalhos de quatro fotógrafos: uma homenagem a Chico Albuquerque, que terá exposto seu consagrado ensaio "Mucuripe", de 1952, documentando o cotidiano dos jangadeiros em Fortaleza; também o fotógrafo José Albano, que expõe sua série "Europa", com registros tomados entre os anos de 1972 e 1973 em 12 países do continente; e as mostras "Die Reise", de Beatriz Pontes e "Rendez-Vous", de Bia Fiúza.

Amanhã, serão abertas, ainda, as exposições "Do Instante à Imaginação", de Gentil Barreiram, na Galeria Casa D´Arte, e "Na Avenida", de Chico Gomes, na Galeria Antônio Bandeira. O Sobrado Doutor José Lourenço recebe o maior volume de fotografias, em uma grande mostra coletiva que será inaugurada dia 19, às 20 horas. A curadora e galerista Isabel Amado, de São Paulo, foi responsável pela seleção das obras.

Mobilização
O Fórum de Fotografia lançou, no início do mês, uma convocatória aos fotógrafos atuantes no Estado convidando a inscreverem seus trabalhos para participar das mostras. Além de terem suas obras inclusas em uma das mostras do evento, a convocatória mobilizou os profissionais por se colocar como oportunidade de expor as obras aos curadores convidados. Mais de 50 trabalhos foram selecionados, de autoria de fotógrafos jovens e experientes.

"Temos um mercado fotográfico muito restrito (no Ceará). O fotojornalismo é muito pequeno, limitado a assessorias de imprensa e três jornais principais. (No Encontros de Agosto) vão trazer galeristas importantes como o Miguel Chikaoka, Isabel Amado, Eder Chiodetto. Quando se traz esses caras, você fomenta outro mercado, ligado a arte", destaca o fotógrafo e professor do curso de fotografia da Casa Amarela, Igor Grazianno. Ele é um dos participantes da mostra coletiva, que também conta com alguns de seus alunos entre os selecionados.

Igor conta que incentivou seus alunos e mais fotógrafos participantes de um grupo online com mais de 300 integrantes a inscreverem seus trabalhos. "Durante a reunião, colocamos como palavra de ordem participar dos concursos e mostras", diz Igor, ressaltando o esforço do Fórum em mobilizar o maior número de profissionais. "Quando você vai a exposições em outros estados, não tem fotógrafos cearenses em destaque. Fui recentemente a uma mostra de fotografia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), do Rio de Janeiro. Tinha fotos do Rodrigo Braga, que é pernambucano, mas de nenhum cearense", ilustra Grazianno.

Seminário
Investindo ainda na formação dos fotógrafos, os curadores e outros fotógrafos convidados ministram palestras, seminário e workshop, discutindo temas voltado para a fotografia e a arte. O seminário é realizado em parceria com o programa Agosto da Arte do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). A programação do evento será aberta dia 16, com o lançamento das mostras "Buena Vista" e "Correspondências Visuais", de Marcelo Brodsky (Argentina); Tiago Santana (CE) e Cássio Vasconcellos (SP), que estarão presentes para uma conversa com o público.

Entre os temas discutidos nos seminários e palestra ministrados de 17 a 19 de agosto, destaca-se "O retrato como fonte para um inventário de fotógrafos" (Bertrand Lira - PB), "Fotografia Contemporânea (O retrato no Ceará)" (Silas de Paula - CE), "EGOSHOT: território do rosto ágrafo" (Flavya Mutran - PA), "Fotografia - galerias e colecionismo" (Eduardo Brandão - SP e Max Perlingeiro - SP) e "Internacionalização da Fotografia Brasileira" (Rubens Fernandes - SP).

Encerrando a programação, no dia 20, a curadora e galerista Isabel Amado ministra, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), o workshop "Fotografia e o mercado da arte". Ela traz orientações aos fotógrafos de como atuar no circuito autoral, montar um portfólio para apresentar suas imagens e publicar suas fotografias valorizando-a enquanto obra de arte. As vagas já estão esgotadas.

Encontros de agosto
Seminários e Palestras - De 16 a 20 de agosto no Centro Cultural Banco do Nordeste. Workshop Fotografia e o mercado da arte, com Isabel Amado (SP), dia 20, no Auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura em Fortaleza/CE. Inscrições para seminários e palestras: abertas no CCBNB (cultura@bnb.gov.br); inscrições para workshop com Isabel Amado encerradas. Contato: (85) 3261.0525. As inscrições e a participação nas atividades são gratuitas.

Exposição encontro de olhares - Die Reise (Beatriz Pontes), Rendez-Vous (Bia Fiúza), Europa (José Albano) e Mucuripe 1952 (homenagem a Chico Albuquerque) - Abertura, hoje, às 20h, na Galeria Multiarte (Rua Barbosa de Freitas, 1727 - Aldeota). Visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, aos sábados, de 14h às 20h. Até 10 de setembro. A exposição integra a programação do Encontros de Agosto 2011.

Contato: (85) 3261.7724 e www.galeriamultiarte.com.br

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Iphan estuda tombamento de paisagem natural de Camocim

Os barcos a vela de Camocim estão sob estudo do Iphan e podem receber a classificação de paisagem natural. Se a chancela for ratificada pelo Iphan, Camocim será o primeiro município cearense a ter essa denominação

Camocim é maior porto urbano de velas do mundo (FCO FONTENELE)


Camocim pode ser o primeiro município cearense a receber a classificação de paisagem natural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Estudos já estão sendo feitos desde o ano passado e a chance é alta de o município ser pioneiro no Ceará, de acordo com o Iphan/CE. O município é localizado no Litoral Oeste do Estado, a 379 quilômetros de distância da Capital.

Segundo a superintendente do Iphan/CE, Juçara Peixoto, algumas regiões da cidade estão sendo estudadas, principalmente as áreas em que há barcos movidos a vela. “Não há uma data para termos o resultado. Os estudos começaram em 2010 e já houve algumas etapas. Está bem avançado”, detalha Juçara. Camocim já recebeu a visita de vários técnicos do Instituto. O diretor do Departamento de Patrimônio Material do Iphan, Dalmo Vieira Filho, também esteve na cidade realizando pesquisas.

Juçara Peixoto avalia que, com a chancela do Iphan, é mais fácil para o município receber investimentos do poder público e isso beneficia toda a população – principalmente os pescadores, que se utilizam diretamente da área. A superintendente cita que o tombamento é um tipo de proteção mais rígida, que impede a modificação. “Você não vai tombar um barco, por exemplo. Com essa chancela, aquele conjunto de barcos possibilita algumas ações no Iphan”, conta.

A superintendente enfatiza a importância da classificação do Iphan para Camocim quanto à preservação da área. “É uma mistura do que a gente pode dizer, sentir e vivenciar nestes espaços. É o maior porto urbano de velas do mundo. É a maior quantidade de embarcações”, comenta. Além da classificação, há uma iniciativa complementar sendo tentada pelo Iphan em Camocim. É o Museu das Velas. “É uma tentativa junto com esse programa da paisagem natural”, adiciona Juçara, lembrando que é uma ação à parte.

Reuniões
Conforme a Prefeitura de Camocim, várias reuniões com representantes do Município e do Iphan têm ocorrido para discutir o assunto. De acordo com a assessoria de comunicação, membros das secretarias do Turismo, da Cultura e do Desenvolvimento Sustentável têm participado dos encontros e acompanhado o processo.

Onde

ENTENDA A NOTÍCIA
O município de Camocim está localizado a 379 quilômetros de Fortaleza, no Litoral Oeste do Estado. Está a cerca de 5h30min da Capital. As vias de acesso são BR-222, CE-362, CE-085 e CE-168. Faz limite com os municípios de Barroquinha, Bela Cruz, Granja e Jijoca de Jericoacoara.

SAIBA MAIS

Paisagem natural
A classificação de paisagem natural é diferente de tombamento, que é uma chancela mais rígida de preservação, em que não se pode modificar o patrimônio. O Iphan acompanha e autoriza os dois processos.

O tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público para preservar, por meio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.

Podem fazer o tombamento a União, por intermédio do Iphan; o Governo Estadual, por meio do Iphan do Estado; ou as administrações municipais, utilizando leis específicas ou a legislação federal.

Daniela Nogueira
danielanogueira@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Estudante lança livro de poesias

Estudante e integrante da PJMP, Messias Pinheiro, lança livro de poesias e conquista leitores em Acopiara. Foto: Honório Barbosa
O estudante e integrante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), no Ceará, Messias Pinheiro, lançou, na cidade de Acopiara, o livro ‘Poemas, poesias… e sentimentos’. A obra tem ilustrações de Marciano Nogueira Teixeira e apresenta um conjunto de 28 poemas, divididos em blocos denominados sentimentos, de mistério, sonho, paixão e carinho.

 Na apresentação da obra literária, Lorena Kelly Alves Pereira destaca que ‘Messsias Pinheiro escreve como quem colhe uma flor no sertão ou quem semeia rosas no deserto, pois tem a capacidade de motivar o leitor a enxergar esperança diante dos quadros mais improváveis’.

 Messias Pinheiro nasceu em Mombaça, filho de agricultor, violeiro e repentista, Antonio Pinheiro de Oliveira, e da doméstica, Maria Zuíla Pinheiro. A vida de jovem empobrecido foi razão para vencer obstáculos e desafios da vida. Recentemente, foi aprovado no vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece) da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (Fecli) para o curso de Letras.

 A obra em breve será lançada na cidade de Mombaça, nas escolas Aderaldo Castelo e Ananias Amaral Vieira, unidades onde Messias Pinheiro estudou, quando criança e adolescente.

Falha em método pode dificultar o aprendizado

Mais de 50% dos alunos chegam ao 5º ano sem saber ler nem escrever, segundo os dados da última Prova Brasil. Ceará é o Estado que mais avança na aprendizagem das crianças
LIANA SAMPAIO (26/06/2011)
Maracanaú recebe, hoje, seminário internacional sobre as melhores estratégias para alfabetizar

Nem sempre está na criança a dificuldade de aprender a ler e escrever. O processo educacional falho pode estar ligado ao método de ensino adotado. Essa foi a conclusão a que chegaram especialistas em três seminários internacionais sobre alfabetização e/ou distúrbios da aprendizagem, realizados no Brasil, em maio, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), nos quais foram apresentadas dezenas de pesquisas científicas nacionais e internacionais.

Os simpósios internacionais terão, como desdobramento, encontro, amanhã, em Maracanaú, que vai discutir as estratégias de alfabetização.

Para o professor e especialista em Educação, João Batista, nenhuma medida isolada resolve os problemas educacionais. "Mas é claro que há ações que são importantes e o método pode ser uma delas", afirma.

O mais grave problema da educação brasileira, segundo especialistas, ainda é a incapacidade de alfabetizar as crianças nos primeiros anos de escola, comprometendo todo o seu desempenho acadêmico posterior. Mais de 50% delas chegam ao 5º ano sem saber ler e escrever, segundo dados da última Prova Brasil. No Nordeste, a situação é ainda mais alarmante, mas o Ceará desponta como um dos Estados que mais avança na aprendizagem das crianças nos primeiros anos de escola, graças ao programa Alfabetização na Idade Certa. Prova disso é que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do 5º ano das crianças cearenses, que em 2005 estava aquém da média nacional, é hoje o único do Nordeste que atinge a média.

Para o professor João Batista Oliveira, organizador do seminário que acontecerá em Maracanaú e especialista em Educação, os dados da Prova Brasil têm demonstrado que o desempenho dos alunos se encontra muito aquém do necessário. "Isso é muito preocupante, pois a educação é o único meio de ascensão social, a condição para as pessoas saírem da pobreza e melhorar de vida. E também é condição para o País se tornar competitivo", afirmou.

Além disso, os simpósios questionaram o método construtivista, adotado atualmente no Brasil, mas que não é comprovado pelos estudos científicos feitos em diversos países ao longo dos últimos 20 anos. Essa corrente nega a necessidade do ensino explícito por entender que a criança deve ser levada a aprender por si mesma, criando e testando hipóteses acerca da matemática, da ciência e, inclusive, da escrita.

No entanto, os desafios ainda são enormes no Ceará, onde o percentual de crianças que estão no nível adequado de alfabetização é de apenas 50%. Apesar da melhora que aconteceu em quatro anos, quando esse número era de 29%, ainda é preciso avançar mais, conforme Márcia Campos, coordenadora de cooperação com os municípios e responsável pelo Programa Alfabetização na Idade Certa. Fora isso, no 5º ano, o Português tem 12% das crianças no nível adequado e 10% em Matemática, que são muito baixos. "Precisamos solicitar dos municípios mais investimentos em educação", frisa.

De acordo com o professor João Batista Oliveira, o Ceará apresenta um dos melhores desempenhos do Nordeste, mas situa-se abaixo da média brasileira, que não é elevada. "Apesar de iniciativas e esforços isolados, nem o Brasil nem o Ceará estão prontos para fazer uma necessária reforma na educação", pontua. Conforme Oliveira, o Ceará tem levado a sério a questão da alfabetização no 1º ano. Isso não vai revolucionar a educação, mas é essencial. "Sem isso nada do resto adianta", analisa.

Na alfabetização, há várias questões importantes, segundo ele. "Uma delas é definir com clareza o que é um aluno alfabetizado, e saber como avaliar.

A outra é definir quando é a idade certa - o governo do Ceará tem uma política que considera o 2º ano da escolaridade, as evidências indicam que deve ser o 1º ano, como é na escola particular, ou como já é feito com grande êxito no município de Sobral. Uma terceira é a questão do professor, é necessário formar e certificar professores alfabetizadores, que conheçam a teoria e prática de alfabetização. E outra questão do método de alfabetizar".

Propostas

Para o professor e mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, ainda faltam, para o Ceará, envolver a família no processo educacional, aproximar da biblioteca das comunidades e que o Estado possa colocar dois professores na 1ª série. Essa última é uma proposta defendida por Marco Aurélio de Patrício Ribeiro para que os alunos com deficiência grave tenham uma atenção especial.

Outra proposta é investir no projeto que promove reforço no turno inverso, tanto para os alunos com dificuldade em aprender, como para que os estudantes bons possam ser preparados para olímpias acadêmicas, por exemplo. "Chegaríamos a índices surpreendentes em pouco tempo", conclui.

LINA MOSCOSO
REPÓRTER

ENTREVISTA
José Morais
Doutor em cognição psicolinguística

Brasil tem futuro sombreado por baixos índices de alfabetização no ensino público

Que análise o senhor faz da educação brasileira e do Ceará?

Confirmo a ideia de que a alfabetização é um dos grandes desafios que se colocam ao Brasil. Não é de fato admissível que um País com índices de desenvolvimento econômico tão prometedores veja o seu futuro sombreado por índices de alfabetização da população escolar, sobretudo do ensino público, tão baixos. É um crime cometido sobre milhões de crianças que nasceram com as mesmas potencialidades cognitivas que as outras e que são condenadas a não explorá-las na mesma medida.

O que falta para melhorar os índices? Mudar o método de ensino resolve?

Generalizar métodos de ensino cientificamente confirmados e formar professores para que sejam capazes de os utilizar não resolve completamente, mas ajudaria muito.

O que será discutido no seminário de Maracanaú?

O objetivo deste seminário é justamente mostrar quais são os fatos empíricos em que se apoiam a ciência e a neurociência cognitivas para propor princípios básicos de alfabetização. A ciência não é fixa, é um questionamento constante e não pretendemos que ela tenha resposta para todas as questões.

Há proposta para melhorar a alfabetização das crianças?

Aos professores e responsáveis pedagógicos comunicaremos propostas precisas e esperamos que o seminário sirva para persuadir os responsáveis pela política educacional que deve ser definida de acordo com as conquistas da ciência.

LEITURA E ESCRITA
Ceará é um dos estados do Nordeste que mais avança

Apesar das dificuldades de fazer com que as crianças aprendam a ler e escrever, o desempenho alcançado pelo Ceará segue a meta proposta pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic) de garantir o sucesso da alfabetização dos alunos matriculados na rede pública até os sete anos de idade. O Estado já tem 143 municípios com nível de alfabetização adequado. Em 2007, eram apenas 14. Isso se deve muito ao programa "Alfabetização na Idade Certa (Paic)" implantando pelo Governo do Estado, em 2007.

O Paic hoje já é uma política pública prioritária do Governo do Estado. Com o programa, os municípios passaram a contar com apoio técnico e financeiro para a gestão municipal, avaliação, formação de professores, aquisição de material didático e de apoio pedagógico. O projeto trabalha com intervenções sistêmicas. Fora isso, o programa também monitora os resultados das escolas e ajuda na compreensão da avaliação. "Já temos índices bem melhores de alfabetização dos de quatro anos atrás", ressalta a coordenadora de cooperação com os municípios e responsável pelo Programa Alfabetização na Idade Certa, Márcia Campos.

De acordo com o quarto ciclo de avaliação da alfabetização, realizado, em 2010, pelo Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece), em sua vertente Spaece-Alfa, os números mostram que 71% dos estudantes encontram-se alfabetizados ao término do segundo ano do Ensino Fundamental. Em 2007, esse percentual era de apenas 40%. O mesmo estudo aponta uma redução do número de alunos no nível "não alfabetizado" que caiu de 33%, em 2007, para 7%, em 2010.

Com relação aos municípios, 76,7% atingiram médias de proficiência situadas no nível desejável, seguidos de 22,8% que estão no suficiente, totalizando 99,5%, ou seja, 183 com médias satisfatórias de alfabetização. Dos 184 municípios cearenses, 141 destacam-se por já apresentarem média de proficiência no nível desejável.

Sobre o método de ensino, Márcia Campos informa que especialistas selecionaram seis metodologias diferentes. "Primeiro oferecemos o material com abordagem construtivista, mas não nos prendemos a isso. É importante incentivar a leitura e o vocabulário. Outra coisa importante é a apropriação das crianças aos fonemas e que elas aprendam a decodificar. Procuramos trabalhar a mecânica do ato de aprender".

Para avançar mais, o Estado do Ceará precisa realizar a alfabetização no 1º ano do ensino fundamental, como propõe o professor e especialista em Educação, João Batista Oliveira. "Esta é a idade certa e os alunos ganharão um ano de proficiência de leitura", afirma.

Indicadores

A segunda proposta do professor é estabelecer indicadores de alfabetização consistentes com a evidência científica, o que levaria à elaboração de testes mais robustos e que ajudariam melhor as escolas e professores a entender os problemas dos alunos e a diagnosticá-los. "Uma terceira é promover uma revolução, estabelecendo um mecanismo de certificação de professores alfabetizadores, com base em indicadores baseados em evidência científica. Feito isso, seria importante começar a tratar de outras questões, como a da pré-escola e da primeira infância. Mas é preciso tratar bem uma coisa de cada vez".

proficiência

71% Dos Estudantes da rede estadual do Ceará encontram-se alfabetizados ao término do segundo ano do Ensino Fundamental. Em 2007, esse percentual era de apenas 40%

6,7% Dos alunos de escola pública do Estado atingiram médias de proficiência situadas no nível desejável, seguidos de 22,8% que estão no nível suficiente, totalizando 99,5%

RELAÇÃO DIRETA
Questão social dificulta o aprender

Para o mestre em Educação e professor, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, de uma maneira geral, a aprendizagem é dificultada fortemente pela questão social. "Quanto melhora condição dos alunos, mais fácil é o processo educativo".

Isso porque, como explica o professor, a criança com nível social mais baixo, geralmente, sofre violência em casa e não tem o apoio da família para estudar, que está mais preocupada em sobreviver do que com a educação. "A melhoria social ajuda, em algum momento, no processo de aprendizagem formal. As duas coisas estão diretamente ligadas".

Sobre o avanço do Ceará com o programa "Educação na Idade Certa", Ribeiro aponta a melhorias gerencial e administrativa como causa para os números positivos do Estado. "Investe-se nos professores e na estrutura física das unidades escolares.

No que diz respeito ao método de ensino, o professor explica que o método construtivista deu grande contribuição. "Trouxe ao processo educativo reflexões fundamentais". Ele acrescenta que, hoje, o Ceará adota o construtivismo, mas em associação a outros métodos, como a pedagogia por projetos, baseada na escolha dos temas pela crianças com aplicação da técnica de aprendizagem.

"Atualmente, existe cobrança de resultados, procuramos ver o tipo de estratégia se adequa melhor aos alunos e os professores estão mais comprometidos". Para ele, o somatório de todos os pontos positivos levaram o Estado do Ceará a alcançar índices melhores.

Fonte: Diário do Nordeste