sábado, 23 de julho de 2011

Preservar a memória

A cultura brasileira saiu engrandecida com a realização da última semana nacional de museus, cuja atenção maior foi voltada para o tema "Museu e Memória". Engajaram-se no evento 994 instituições culturais do País, distribuídas por 502 municípios, sendo 356 estreantes, numa demonstração inequívoca do crescimento da iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus.

Esse esforço para tornar os museus instituições culturais atuantes se completou com as atenções dedicadas à memória nacional, relegada a plano inferior pela ausência de uma compreensão maior sobre o seu papel na preservação da cultura e da história dos povos. Nesse campo, o Brasil avançou quando, em 1937, o governo criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), embora, nas gestões seguintes, tenha se verificado estagnação no setor.

O projeto concebido pelo então ministro da Educação, Gustavo Capanema, assessorado por uma equipe de vanguarda, deslanchou com o peso de grandes intelectuais no período, mas refluiu na conturbada política do pós-guerra. Entretanto, a semente bem plantada vingou preservando, embora parcialmente, um patrimônio vasto, fruto da diversidade da cultura nacional, livrando o País do risco de perder sua memória.

Mesmo tolhido pela burocracia, o Iphan mantém os vestígios materiais dos diversos ciclos evolutivos do País, resguardando seus valores e fomentando escolas encarregadas de repensar sua missão ao longo do tempo. Agora, o Ministério da Cultura tenta abrir, em versões pioneiras como a do Iphan, novos caminhos para os museus disseminados pelas diversas regiões brasileiras e difundir a consciência cívica para a preservação da memória nacional.

O Ceará tem sido palco, nos últimos dias, de fatos significativos nesse campo. Embora seus sítios históricos tombados reflitam a civilização do Couro, sem o fausto encontrado nas civilizações do Açúcar e do Ouro, nem por isso, seus monumentos deixam de merecer a ingente tarefa da preservação. É o que acaba de ocorrer em Icó, onde o Iphan, esgotados todos os recursos persuasivos para interromper a descaracterização de algumas edificações do centro da cidade, se viu obrigado a recorrer à Justiça e ganhou a causa.

Os proprietários dos imóveis descaracterizados se viram obrigados a desfazer as reformas "modernosas" e a restabelecer o padrão habitacional dos bens tombados. A decisão judicial alertou os demais proprietários de habitações tombadas como patrimônio histórico e artístico nacional, particularidade nem sempre levada em consideração por eles. Para a cidade, ficou também a lição do dever coletivo dos habitantes em relação às marcas históricas do Ceará de outrora.

Outro fato relevante ocorreu em Várzea Alegre, onde a Secretaria de Cultura do Estado e a Prefeitura local estão garantindo a preservação do acervo do padre Antônio Vieira, abrigando-o num centro cultural, com museu e biblioteca. Já foram iniciados os trabalhos de catalogação da obra desse intelectual, falecido em 2003, um exemplo a ser seguido por outros municípios antes que seus filhos ilustres caiam no esquecimento.

Atleta representa Baixo Acaraú em competição em São Paulo

Otávio numa de suas competições - Arquivo pessoal
O atleta paraolímpico de natação, Otávio Costa, residente em Acaraú (CE), representará a região do Vale do Acaraú na 1ª Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa Brasil de Atletismo, Halterofilismo e Natação. Otávio concorrerá nesta última modalidade, no Sport Club Corinthians Paulista, em São Paulo, nos dias 5, 6 e 7 de agosto.

Desde 2009, Otávio já participou de vários campeonatos, conquistanto até o momento 26 medalhas. Já competiu em Fortaleza, Belém (PA), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Buenos Aires (Argentina). No site de relacionamentos “Orkut”, define: “pena que devido minhas condições financeiras, não posso participar de todos os campeonatos”.

Apesar de ter alguns patrocinadores, como as Prefeituras de Cruz, além de estabelecimentos comerciais, Otávio afirma que sua maior luta é a “busca de patrocínios”, uma vez que para participar das competições o custo é muito alto.

No ano de 2007, após sofrer um acidente de moto, acabou perdendo a perna, necessitando a partir de então utilizar uma prótese.  Mas a sua limitação não o impede de buscar a vitória, sendo um grande exemplo de vida para muitos. O atleta, que faz parte da Associação dos Deficientes Motores (ADM-CE), não se lamenta e com toda força expressa “agradeço a Deus pelas conquistas”.

Para o empresário que deseje tornar-se um patrocinador do atleta paraolímpico Otávio Costa, seu telefone é (88) 9926.9746 e o e-mail: otavionadador@hotmail.com.

Festa de Acaraú-162Anos


A qualquer momento estaremos divulgando a programação completa da Secretaria de Cultura e Turismo para as comemorações dos 162 anos de emancipação politica de Acaraú.
 



sexta-feira, 22 de julho de 2011

Do patamar da Matriz

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos

Mais uma vez venho encher a paciência do leitor para dizer de minha cidadezinha. É que ela está toda prosa, promove o novenário em honra a Senhora Santana, está assim de conterrâneo saudoso, saem pelo ladrão companheiros de infância, comportados cruzadinhos, sonhadores ginasianos; um mundo de relembranças acendidas, as primeiras traquinagens, as inaugurais aventuras proibidas.

A Banda de Música ainda desfila garbosa pelas ruas de calçamento azul acompanhando o andor da padroeira, anima alvoradas no patamar da Matriz, participa de leilões e procissões. Os mesmos dobrados de outrora: Quarto centenário de São Paulo, Saudades da minha terra e o decantado hino Louvores a Sant’Anna que ganhou nova roupagem na partitura do músico da terra, Paulo de Tarso Pardal.

Porém você não verá mais os pirulitos açucarados da Dona Maria Capote, nem os “bulins” da Dona Isa Gomes, nem o bombocado do Sibirá. Muito menos as tapiocas da Dona Antonia, mãe dos músicos Xavier e Bastião Mucuim, grudes e bolos de milho da S’a Graça Correia, que vendia suas iguarias na porta da loja do Augusto Gaioso. Há muito partiram as barbas de gato, peixinhos de madeira em lago de areia, coelhos amestrados entrando e saindo em portinholas de casinhas numeradas.

O enferrujado carrossel do Cauby Machado aposentou-se em meados do século passado, seu fantasma marrom ainda range correntes no largo do São João onde se instalava, todos os anos, o Parque Brasil do Arnaldo de Tal que faliu por obsoletismo (não é absolutismo) enquanto espingardas viciadas não mais atiram em alvos circulares concêntricos, a mosca hoje é um tablete de chocolate desbotado pelo tempo.

Leilões perderam seus arautos impertigados que levantavam embandeiradas prendas enfeitadas com papel crepom a preço de banana, enquanto cabritos e garrotes dormitavam ao pé da mesa farta aguardando a hora da transação. Coronéis abriam a bolsa polpuda e adubavam as burras do vigário para a pintura da Matriz secular, o conserto do órgão, o azeite do Santíssimo na candeia votiva.

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos que não portam mais estandartes das irmandades ou uniformes das confrarias. Matracas tagarelam uma fé rouca e o sino ecoa distante o chamado de Deus num funesto sinal. Ana irrompe entre panos esvoaçantes e, matriarca dominadora, chama os filhos de volta para o seio da família esfacelada.

Muitos ficam pelas esquinas ouvindo forrós em adoidados decibéis e consideram todo este nefasto ritual um troço careta. O cortejo passa indiferente, com suas latomias substituídas por cânticos à imitação evangélica e mais indiferente está a moçada, nem aí para a ira dos céus, perdoai-lhes Pai, eles não sabem o que cantam e ouvem.

Em outras freguesias, consta, ocorre fato semelhante, ninguém respeita mais essa liturgia decadente, o vivo retrato e a fiel pintura da Matrona Adorada encontram-se desbotados, já não sois mais mulher forte, sagrada heroína. O rio Acaraú a tudo presencia e passa alheio em procura de paz nas profundezas do maroceano. Aqui na terra a boa vontade já saiu do dicionário dos homens.

O rebanho civil, igualmente, segue desgovernado, as palavras de ordem são os jargãos judiciais, todo mundo entende de leis, há um entra e sai de cadeiras no legislativo e no executivo o trono está ainda quente. Se há vazios nas repartições, na cadeias os vãos são ocupados por cidadãos que estão privados de ver a procissão passar e oram, na moita, pela luz do sal e do sol da liberdade. Para eles, estes momentos não passam de uma última novena. Sem cheiro de incenso e com um amargo gosto da saudade.


do Blog: Audifax Rios retrata muito bem cmo era a Festa da Padroeira de Santana do Acaraú.
Em Acaraú tinhamos belas festas religiosas: São Sebastão 20 de Janeiro e a Festa de Nossa Senhora da Conceição 8 de dezembro que foram sendo desprezadas pelas pessoas que já não valorizam e  nem frequentam-nas.

Música na Ibiapaba

Festivais de música movimentam, a partir de amanhã, a Serra da Ibiapaba. Trio Madeira Brasil e o cantor Wando são destaques nas programações
Sombra, música e brisa fresca aos felizardos que estiverem na Serra dá Ibiapaba (no norte do Estado, divisa com o Piauí) nos próximos dias. De amanhã até o próximo dia 30, a região respira musicalidade com a realização do Festival União da Ibiapaba (FUI), mostra itinerante que este ano acontece em Tianguá, como parte das comemorações de 161 anos do município; e do Festival Música na Ibiapaba, realizado tradicionalmente em Viçosa do Ceará, reunindo mais de mil estudantes de música, professores e grupos artísticos.

Viçosa desponta como celeiro da boa música no Estado, mobilizando grandes mestres para ministrar oficinas e coordenar apresentações, formando e depurando jovens instrumentistas. Este ano, são 50 oficinas ofertadas e participação estudantes de Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Apesar dos os festivais acontecerem na mesma região e terem como matéria-prima a música, eles não são interligados entre si, apresentando propostas distintas e mobilizando um público bem diferente. Mais voltada para o entretenimento e visando o desenvolvimento turístico da região, a mostra itinerante FUI aposta na diversidade da programação e na promoção de figuras populares da música brasileira. Entre as atrações deste ano, destaque para as apresentações do cantor romântico Wando e do brega-star Falcão. Os shows, em sua maioria, se concentram no fins de semana, com diversas apresentações à partir das 20 horas. Falcão encerra a noite de sábado e Rebel Lion, a de domingo.

Em sua quinta edição, o festival já passou por São Benedito, Ibiapina, Ubajara e Viçosa do Ceará. "Nós acreditamos no potencial da Serra da Ibiapaba como um grande polo cultural e turístico do Estado. A região é um berço histórico do Estado e se destaca em manifestações da cultura popular, na música, no artesanato", contextualiza um dos coordenadores da Mostra, o cantor Rogério Soares. A cidade sede é escolhida de acordo com o interesse manifestado pelas prefeituras da região.

Além de música, o festival promove mostras de cinema, com exibições em praça pública do media-metragem "Fca. Carla", de Natal Portela, e do longa "As Mães de Chico Xavier", de Glauber Filho e Halder Gomes. "Teremos também uma programação infantil, das 17 horas às 19 horas, na tenda do Sesc, com contação de história, teatro infantil, brincadeiras e mostra de cinema infantil", complementa Rogério.

Na próxima semana, de segunda-feira à sexta-feira, serão promovidas ainda oficinas e palestras direcionadas à comunidade local, a exemplo da palestra "Resgate e Difusão da Cultura Indígena", a ser realizada segunda-feira na comunidade Tucum, distrito de Tianguá habitada por descendentes dos índios Tabajaras, com participação de representantes de três tribos do Ceará. "Tentamos elucidar temas importantes para a comunidade, que contribuam para o desenvolvimento local", explica o organizador do festival.

Encerramento
Uma das apresentações mais aguardadas deve ficar a cargo de Wando. Ele faz o show de encerramento oficial do festival na quarta-feira (apenas as oficinas seguem até sexta). Antes dele, às 20 horas, há ainda a performance do grupo de dramistas da cidade, liderados pela mestre da cultura Ana Maria da Conceição, seguido pelos cearenses Régis & Rogério.

Wando sobe ao palco com um espetáculo intimista, acompanhado por apenas pelo violão. "É um show montado para isso, ou seja, o público canta o show inteiro comigo", diz Wando. Símbolo do conquistador, romântico e galanteador, ele promete ainda cenas indiscretas como dar mordidas em maçãs e distribuir calcinhas ao público. No repertório, grande sucessos de sua carreira como "Chora Coração", "Moça", "Fogo e Paixão", etc. "Vamos reviver um tempo em que a gente era muito feliz e não sabia", conclui.

FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

Casa da Prosa - Almir Mota

Almir Mota-Diretor da Editora Casa da Prosa, Júlia Barros-Autora do Projeto Lamparina de Histórias e Totó Rios-Projeto Acaraú pra recordar

Almir Mota-É Diretor da Editora Casa da Prosa, Diretor Financeiro do Conta Brasil – Fortaleza/CE  e Escritor de literatura infantil com diversos títulos publicados. Primeiro colocado no II Concurso Literatura para todos do MEC (2008) categoria jovens e neoleitores. 

Convidado para eventos internacionais de contadores de histórias no Brasil e no exterior: México e Colômbia. Coordenou a programação infantil do pavilhão F da 5ª e 6a. edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará em Fortaleza (2004 e 2006).

Atua como contador de histórias em Centros Culturais em vários estados do Brasil. Editor da Casa da Prosa, Presidente da Casa do Conto. Coordenador Geral  da Feira do livro infantil de Fortaleza de 2010.

Contatos: (85)32523343
 
Informações: Blog Casa da Prosa

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Aracati recebe festival de teatro

O evento é uma reafirmação da resistência dos movimentos de teatro do interior cearense

Grupo de teatro de Aracati participa do festival nacional, que reúne diversos artistas do Brasil
FOTO: DIVULGAÇÃO

As ruas desta cidade estão tomadas de teatro, magia e poesia. Atores de rua de sete Estados participam, desde ontem, da sétima edição do Festival Nacional de Teatro de Rua. Os casarões antigos e monumentos históricos compõem o cenário do festival que traz 20 grupos, reunindo 200 atores do Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. O evento, que segue até sábado, ainda homenageia (em memória) o escritor e poeta Mário Lago e a figurinista Francisca Alves da Silva, a "Formiguinha", de Aracati.

No teatro de rua o acesso é gratuito e prático: não precisa pagar, só parar quem estiver passando. Artistas de caras pintadas ou de cara limpa mesmo. E na rua, em que o cenário cotidiano é palco para qualquer ficção, vale corpo e voz, para o som chegar a quem está do outro lado da rua. O evento, em seu sétimo ano, é uma reafirmação da resistência dos movimentos de teatro do interior cearense e de outros Estados. "Muitos grupos existem só na base da vontade própria", afirma o coordenador executivo do festival, Teobaldo Silva.

E no bom e velho "correr atrás", cerca de 200 atores já se avolumaram ontem à noite na abertura na Casa da Cultura, no Centro de Aracati. Quem abriu a série de espetáculos foi o Grupo Teatral Frente Jovem, anfitrião do evento, com a peça "Dengue em Verso e Prosa". Em seguida, se apresentaram o grupo Maracatu Nação Tremembé, de Sobral, e grupos musicais.

Homenagem
Nesta ano o Festival homenageia, com menções honrosas, o poeta, dramaturgo e escritor Mário Lago (1911-2002), e a costureira e figurinista Francisca Alves da Silva, a dona "Formiguinha", como era conhecida em Aracati. Falecida no ano passado, Formiguinha era símbolo de humor e irreverência, principalmente, pelos grupos teatrais de Aracati, que agradecem a ela a confecção de roupas e adereços de vários espetáculos realizados. No sábado, durante o encerramento, será exibido um documentário que teve a participação da costureira.

O Festival Nacional de Teatro de Rua, em Aracati, surgiu em 1999, idealizado pelo professor Tinoco Luna e tendo por iniciativa o Grupo Teatral Frente Jovem. O evento começou apenas com grupos de Aracati, depois passou a receber outros Municípios, e agora recebe sete Estados de Nordeste a Sul.


MAIS INFORMAÇÕES
Grupo Teatral Frente JovemMunicípio de Aracati
Vale do Jaguaribe
Teobaldo Silva: (88) 9964.8648

Acaraú atinge a meta de vacinação 95% contra sarampo

Entre os estados que participam da campanha, o Ceará apresenta o segundo menor índice de imunização

Até agora, 606 mil crianças foram vacinadas no Ceará e mais de 100 mil ainda precisam receber a imunização FOTO: BRUNO GOMES
A um dia do encerramento da campanha de vacinação contra sarampo, o Ceará está entre os estados da Região Nordeste com o menor índice de crianças vacinadas até agora. Da meta de 791.360, o Ceará vacinou 606.747 crianças com idade entre um e seis anos, o que corresponde a 76,67%. O objetivo da mobilização era de vacinar 95% das crianças nesta faixa etária.

O Ceará apresenta ainda o segundo menor índice entre os demais estados onde a campanha foi antecipada, ficando a frente apenas do Rio de Janeiro, com 71, 74%. Minas Gerais é o que está mais próximo de atingir a meta, com 94,83%. Participam ainda da ação os estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Segundo o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manuel Fonseca, a responsabilidade da vacinação é de cada município, ficando a cargo do governo do Estado a distribuição das doses. Desta forma, explica, os municípios que não alcançaram a meta acabaram influenciando na média de vacinação de todo o Ceará.

Para Manoel Fonseca, a desarticulação das campanhas contra sarampo e pólio em algumas cidades é um dos fatores que contribuiram para os baixos índices de imunização. Contudo, o coordenador ressalta que o número de mais de 600 mil crianças vacinadas no Estado contra o sarampo é um avanço.

"Nós temos ainda 100 mil crianças que precisam ser vacinadas. É preciso fazer um esforço extra. A expectativa é de que este percentual suba até sexta-feira e que chegue a 80%", diz.

Até agora, 74% das crianças menores de um ano foram vacinadas. O grupo que teve um maior índice de vacinação foi o da população de quatro anos, com 83,19%.

Desempenho
Na Capital, a situação não é diferente. Até agora, o Ministério da Saúde aponta que apenas 54% do público alvo da campanha foi imunizado. A meta era também de 95%. Segundo a coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Vanessa Soldatelli, a boa cobertura vacinal da doença em Fortaleza, com parte das crianças tendo sido vacinadas antes da campanha, fez com que a demanda caísse durante a ação. Contudo, a coordenadora afirma que o mau desempenho da campanha na Capital é preocupante. "Como hoje nós temos uma boa cobertura em sarampo, acreditamos que a maioria das crianças já tomou as duas doses da vacina e por isso a procura foi baixa", pontua.

A vacina contra sarampo estará disponível nos 92 postos da Capital mesmo após o fim da campanha. Conforme Vanessa Sondatelli, desde a semana passada, agentes de saúde estão identificando crianças que ainda não foram imunizadas. "Acredito que não temos mais tempo de alcançar a meta até sexta-feira, mas vamos continuar trabalhando para atingir o maior número de crianças possível".

Além de Fortaleza, municípios como Itapipoca e Juazeiro do Norte tiveram baixos índices de imunização, com 62 e 33,15%, respectivamente. Já Sobral, Acaraú e Ocara estão entre as cidades que atingiram a meta, 95%.

O Ministério da Saúde antecipou a mobilização contra o sarampo em oito estados com maior fluxo turístico. O objetivo é proteger o país do surto que ocorre na Europa e que já infectou mais de seis mil pessoas.

REGINA PAZ
ESPECIAL PARA CIDADE

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Educação ganha força com parceria

Por quase uma década parceria das Edições Demócrito Rocha e da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Ceará estimula a leitura focada em crianças e adolescentes. Ontem, a parceria foi formalizada

Parceria ganha força após formalização assinada ontem (IANA SOARES)

O projeto “Eu Sou Cidadão – Amigos da Leitura” segue firme por quase uma década. Já estimulava um total de 1.500 crianças e adolescentes com a formação de crianças e adolescentes através da leitura. Mas as primeiras-damas e outras mulheres que realizam o trabalho queriam mais. Assim, foi oficializada ontem, 19, a parceria de cooperação entre a Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Ceará (APDMC) e a Fundação Demócrito Rocha (FDR).

O convênio já funciona há quase 10 anos. A oficialização deve, agora, ampliar o grau de alcance do projeto. A presidente da FDR e do Grupo de Comunicação O POVO, jornalista Luciana Dummar, propôs a participação para além da editora de livros. Quer que o Jornal do Leitor, caderno semanal do O POVO, passe a publicar artigos das crianças e adolescentes atendidas pelo projeto.

“O Eu Sou Cidadão já alcança 94 municípios, atende a 1.500 jovens, mas precisamos ir além. A participação do jornal vai estimular o projeto”, aponta Luciana. A presidente destaca a contribuição do Grupo de Comunicação O POVO para projetos que desenvolvem o ensino e a cultura. “O exemplo disso é o projeto O POVO na Educação, que trabalha com a formação cidadã”, pontua.

A parceria funciona da seguinte forma: a FDR convida autores para que eles conversem com o público do projeto, jovens de 10 a 14 anos sobre o seu cotidiano. A partir dessa interação, nomes como Ângela Escudeiro e Tércia Montenegro elaboram histórias de ficção mais próximas da vida dos jovens. Os livros são doados à Associação, que promove encontros de leitura, discussões, peças teatrais, contação de histórias e outras iniciativas.

“O projeto não é somente de formação de leitores. É de capacitação de cidadãos. Porque faz parte de um determinado tempo na vida da criança e do adolescente. As contribuições é que permanecem”, afirma a presidente da APDMC, Célia Costa, primeira-dama de Limoeiro do Norte.

Nove anos de atuaçãoAo longo de nove anos, foram distribuídos mais de 90 mil livros destinados a um público de leitores entre 10 e 15 anos. Muito mais que a entrega de histórias para jovens, o trabalho estimula que a família e a comunidade participem do projeto.

De acordo com Amélia Prudente, assessora técnica da APDMC, muitos pais analfabetos se sentem estimulados de buscar o estudo após ver o filho interessado na leitura. “O trabalho que realizamos não se restringe somente à criança. Ele alcança a família e a comunidade toda”, conta.


ENTENDA A NOTÍCIA
O projeto “Eu Sou Cidadão – Amigos da Leitura” incentiva a leitura como instrumento de promoção da formação cidadã de crianças e adolescentes em 94 municípios do Ceará. O atendimento é feito a 1.500 jovens, entre 10 e 14 anos.

SAIBA MAIS

Cada um dos 94 municípios atendidos pelo projeto “Eu Sou Cidadão – Amigos da Leitura” atende um público médio de 15 crianças e adolescentes com idades variando entre 10 e 14 anos.

A Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Ceará funcionava como Associação das Primeiras Damas do Ceará.

Cada ano o projeto lança livros com temáticas diferentes. Ao todo, 10 edições foram lançadas.

Cada criança ou adolescente é chamado de Amigo da Leitura Colaborador e recebe três livros para serem emprestados aos colegas.

LIVROS LANÇADOS PELO PROJETO

Marias e Fulaninho, de Ângela Escudeiro, sobre os direitos e deveres previstos no ECA;

A história inacabada de Maria Rapunzel de Júlio Lira, aborda o cárcere privado;

Telma e Heloísa, de Antônio Loureiro, sobre gravidez na adolescência;

Vendo o mundo de ponta cabeça, de Maria Auxiliadora Garcia, sobre questões de gênero;

Vó tem cada uma, de Adriana Alcântara, sobre o respeitos ao idoso;

Você viu a Rosinha, de Célia Chaves Gurgel do Amaral, sobre o trabalho infantil;

Um pequeno gesto, de Tércia Montenegro, sobre a preservação do Patrimônio Público;

Uma história diferente, de Arlene Holanda, sobre o respeito às diferenças;

A bola da vez, de Raymundo Netto, sobre a importância do esporte;

Caixinha de memória, de Arlene Holanda, sobre o resgate da cultura e do Patrimônio Histórico;

O mistério da professora Julieta, de Socorro Acioli, sobre o prazer da leitura.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um clássico cearense reeditado

Abelardo Montenegro tem a obra Fanáticos e Cangaceiros relançada amanhã à tarde, no Instituto do Ceará. O livro é originalmente de 1971

Pesquisador profícuo, Abelardo Montenegro costumava gabar-se como um dos homens que mais amou o Ceará (IGOR DE MELO)

O homem foi toda a vida das letras, das que lia e das que escrevia. Tanto que não casou para dedicar-se em plenitude à sua maior paixão: os livros. O advogado Abelardo Montenegro foi um dos mais profícuos escritores cearenses, tendo publicado 42 obras, e um ano após seu falecimento, em 2010, aos 98 anos, ainda ter seis títulos inéditos. Fanáticos e Cangaceiros, que será relançado amanhã (20), às 15h30min, no Instituto do Ceará, é originalmente de 1971.

A segunda paixão do escritor não se dissocia da primeira. Ao contrário: a complementa. Abelardo, que gostava de ser chamado de intérprete do Ceará, dedicou boa parte de sua vida a escrever sobre os meandros da cultura e do povo cearense. Exemplo disso é Fanáticos e Cangaceiros, que trata de religiosidade, seca e vida sertaneja.

A nova edição se dá porque a primeira, feita com recursos próprios, foi apenas de 300 exemplares, que foram distribuídos para bibliotecas e estudiosos. Esta edição traz, além dos três capítulos originais, um prefácio assinado por Gildácio Sá que fala um pouco da história do escritor. Apesar de não ter casado, Abelardo, aos 50 anos, adotou como sua uma família cuja mãe, dona Clara, lhe prestava serviços domésticos. Os filhos e netos de Clara são hoje seus herdeiros. Gildácio, casado com uma dessas netas, conviveu com o escritor por 30 anos e dedicou-se a digitalizar toda sua obra, que também estará exposta amanhã.

“Fanáticos e Cangaceiros começou a ser feito por Abelardo ainda no final da década de 1930, o que deu a ele oportunidade de conversar com pessoas que participaram in loco das histórias contadas por ele no livro”, fala Gildácio. Mais de 100 livros e 42 entrevistas compunham a base da obra.

Dividido em três partes, o livro conta a história da vida, do sofrimento e peregrinação do beato Antônio Conselheiro; do fanatismo religioso, das santas missões, das festas religiosas, do misticismo cearense, desde o padre Ibiapina até o padre Cícero - com quem Abelardo conviveu por duas semanas, hospedado em sua casa; e, por fim, da fome, seca e injustiça social que permeava a vida sertaneja e contextualiza o cangaço.

Esta edição, que Gildácio define como “de extrema importância para a história do Ceará” passou por modificações, em relação a primeira, feitas pelo próprio escritor. “Nós atualizamos algumas coisas, revisamos datas e dados, revemos recortes de jornal”, Gildácio explica o trabalho em conjunto feito pouco antes do falecimento do escritor.

Gildácio conta que Aberlado, avesso à entrevistas por sua natureza humilde e modesta, gabava-se apenas de ser o homem que mais amou o Ceará. “Ele dizia: ‘Pode haver alguém que empate esse amor, mas não tem ninguém que passe, não”. E completa: “Fanáticos e Cangaceiros guarda nas entrelinhas a prova do intenso amor de Abelardo ao Ceará”.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Nascido em Crateús, Abelardo Fernando Montenegro morreu aos 98 anos, em 26 de abril de 2010, deixando uma obra que transitou por áreas como a Ciência Política, Economia, Sociologia e Psicologia Social, em quase 50 livros, a grande maioria dedicada ao Ceará.

SERVIÇO

FANÁTICOS E CANGACEIROS
O quê: relançamento do livro Fanáticos e Cangaceiros, de Abelardo Montenegro
Quando: amanhã (20), às 15h30min
Onde: Instituto do Ceará (rua Barão do Rio Branco, 1594 - Centro)
Outras info.: 3226 1408

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Estátua de Padre Cícero toma banho de loja

Estátua do padre Cícero será entregue restaurada nesta quinta-feira. Monumento contará com nova pintura e iluminação. Reparos integram os festejos pelos 100 anos de Juazeiro do Norte

Horto é tido como ponto sagrado de Juazeiro. Estátua passa pela primeira reforma desde a construção, em 1969 (FOTO EDIMAR SOARES)

Quem sobe a colina do Horto para visitar a estátua de Padre Cícero tem encontrado a imagem do fundador de Juazeiro do Norte escondida entre andaimes e telas verdes.

Em obras desde o começo de junho, o monumento deve ser entregue restaurado na próxima quinta-feira (21), a partir das 19h. A reinauguração integra as comemorações do centenário de Juazeiro do Norte, lembrado na próxima sexta-feira (22).

O secretário de Turismo e Romaria da cidade, José Carlos dos Santos, explica que os trabalhos incluíram a pintura externa da estátua, conserto de infiltrações e implantação de nova iluminação.

Ele cita que esta é a primeira restauração desde que o monumento foi inaugurado, em 1969. “Não restauramos porque estava em perigo. Era porque havia necessidade de aproveitar as festividades para reconhecer e pintar aquilo que é o cartão-postal da cidade”, prega.

Ainda segundo José Carlos, foram investidos R$80 mil na restauração, custeados pela Prefeitura e Fundação Salesiana Padre Cícero. “Como a estátua é branca, estava precisando passar por essas modificações. Vamos restaurar os acessos e continuar fazendo a manutenção”, destaca.

Lugar sagrado
O professor do departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), Régis Lopes, conta que o monumento foi resultado de mobilização pública de arrecadação de fundos.

Ainda segundo ele, mesmo não sendo imagem de santo reconhecido pela Igreja, a construção não chegou a causar burburinho entre os religiosos da cidade. “Na época não houve porque era um monumento. Problema teria causado se fosse dentro da Igreja. O espaço onde foi construído não é de domínio oficial”, explica.

Régis lembra que era na colina do Horto onde padre pretendia construir igreja em devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A ideia, segundo Lopes, ocorreu no mesmo período dos episódios dos milagres, ainda no século XIX. “Começou a construir, mas ficou proibido. Dom Joaquim, segundo bispo do Ceará, proibiu dizendo que era obra de fanáticos”, relata Régis.

Ele explica que para os fiéis a estátua tem o significado do ritual da proteção. “O romeiro vai a Juazeiro para pedir proteção. Essa proteção sempre se dá através de algo material, de algo concreto. A fé precisa de algo para ser visto, beijado. Muitos choram, conversam. A fé precisa desse suporte material. Por isso ela (a estátua) é tão querida”, descreve.

Régis ressalta que, “se Juazeiro é cidade sagrada, o Horto é o lugar mais sagrado”. Por isso, continua ele, muitos fiéis acreditam que, no momento do Juízo Final, “o mundo começará a acabar por ali”.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A estátua em homenagem a padre Cícero Romão Batista em Juazeiro do Norte foi inaugurada em novembro de1969, na gestão do prefeito Mauro Sampaio. A obra foi criada pelo escultor pernambucano Armando Lacerda. O monumento mede 25 metros de altura, 17 m de estátua e oito de pedestal.

SAIBA MAIS

O secretário de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, José Carlos dos Santos, diz que a estátua contará com iluminação especial a partir da reinauguração. Mais detalhes sobre a modificação são “segredo” reservado para o momento da celebração.

A solenidade de reinauguração da estátua de padre Cícero deve reunir vários corais da cidade na colina do Horto.

Apesar da reforma, a visita à colina do Horto continua aberta ao público. Amanhã o local deve se encher de romeiros que vão à cidade por conta da romaria pelo 77º aniversário de morte do Padre Cícero .

Thiago Mendes
ENVIADO A JUAZEIRO DO NORTE
thiagomendes@opovo.com.br

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Acaraú - Mineração na mira do Ceará

Calcário, minério de ferro e urânio cearenses, dentre outros materiais, vão fortalecer a atividade exploratória no País

Principal responsável pelo montante girado no setor, no Brasil, a produção de minério deverá dobrar até 2015
SILVANA TARELHO
A história da América do Sul é amargada por um doloroso passado de exploração. Vários recursos abundantes nessas terras e escassos no resto do mundo foram alvos da ambição europeia. Os principais itens de desejo eram os minerais, que enriqueceram os colonizadores e patrocinaram os avanços de nações atualmente consideradas desenvolvidas. Passados alguns séculos, no entanto, as perdas foram insuficientes para comprometer totalmente as potencialidades do Brasil. O País continua com imensa abundância. Para melhor aproveitar as riquezas de que dispõe, o governo federal traçou as diretrizes e metas no intuito de robustecer seu setor mineral nos próximos 20 anos, por meio do Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM). Nesse contexto, o Ceará, que vem olhando para esse segmento de modo mais perspicaz, tem papel importante para os anseios nacionais de expandir o potencial minerador.

Para se ter uma dimensão do avanço dessa atividade no Estado, o número de requerimentos para pesquisa, licença, lavra garimpeira e registro de extração ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) subiu 70% entre 2009 e o ano passado, fazendo o Ceará saltar de décimo para sétimo lugar no ranking das unidades da federação. Foram 1.205 pedidos em 2010, contra apenas 710 no ano anterior. A maioria (87%) foi de solicitações de pesquisa, provando que o Estado está cada vez mais firme na busca por desbravar o potencial que possui e não é aproveitado como deveria. Ainda assim, é preciso crescer muito para alcançar o nível da Bahia - principal do Nordeste - que possui mais do que o dobro de nossas prospecções.


Construção impele setor
A vocação cearense está, primordialmente, voltada para os minerais com uso direcionado para indústrias, com destaque para a construção civil. O desenvolvimento do setor imobiliário nos últimos anos e ainda a chegada do programa de habitação Minha Casa, Minha Vida têm concedido aos materiais cearenses mais relevância, já que a demanda é crescente. O calcário para a fabricação de cimento é encontrado em vastas quantidades em território cearense. Rochas ornamentais, que são negociadas para diversos países, também estão entre as maiores potencialidades da geologia local.

Mais prospecções
Além disso, no intuito de ampliar o leque de elementos explorados, novos levantamentos estão sendo realizadas em solo alencarino, de acordo com o Fernando Antônio da Costa, superintendente do DNPM no Ceará. Segundo o especialista, estudos se encontram em efetuação nos municípios de Pedra Branca e Mombaça, que podem ter platina e ouro; Viçosa e Parambu, onde há possibilidade de ser encontrado cobre; e ainda minerais pesados em Camocim, Granja, Barroquinha, Bela Cruz, Acaraú e Jijoca de Jericoacoara.

Geração de energia
A geologia cearense também poderá ser fundamental no futuro da geração energética brasileira. Apesar de ser uma grande fonte de petróleo, o Brasil tem atentado para outras matrizes, dentre as quais se destaca a nuclear. Para garantir a expansão desse filão, conforme o PNM 2030, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o País necessita de mais urânio, cuja principal jazida é situada no Ceará, em Santa Quitéria.

Já o minério de ferro, principal responsável pelo montante girado no setor, em âmbito nacional, deverá ter sua produção dobrada até 2015, passando de 370 milhões de toneladas para 787 milhões. No Ceará, conforme o DNPM, além da mina de Quiterianópolis, outras localidades estão recebendo pesquisas como possíveis novas fontes para a exploração da matéria.

Avanço
70% foi a expansão no número de requerimentos para pesquisa, licença, lavra e registro de extração no Ceará entre 2009 e 2010

VICTOR XIMENES 
REPÓRTER