domingo, 13 de março de 2011

Barba, cabelo e bigode

O TRADICIONAL reduto dos homens se transformou ao longo das últimas décadas. À navalha e tesoura, juntaram-se outras formas de preservação do tão maltratado macho contemporâneo. O Vida & Arte Cultura traz hoje perfis de profissionais do ramo e um retrato das barbearias da cidade

(RAFAEL CAVALCANTE)
O ritual era preciso. Se chegasse acompanhado da respectiva, despedia-se na porta de entrada. Lá dentro, nada de saias, vestidos, maquiagem, batom. Só homem com pelo na cara por fazer. O barbeiro já conhecia os gostos dos clientes. A confiança era necessária para se deixar a navalha deslizar sobre o pescoço. Era o momento de conversar sobre política, futebol, mulheres e qualquer outro assunto que viesse à baila. Os mais vaidosos poderiam tratar das unhas, mãos e pés. Reservadamente, claro. Então, vieram os cabeleireiros unissex, os salões de beleza, os centros de estética e a vaidade majestosa dos homens.

As cadeiras Ferrante, produzidas em São Paulo, que até hoje trazem no aparo dos pés o endereço da fábrica, permanecem em muitos dos antigos salões do Centro da Cidade, mas não conseguiram impedir as transformações. Mudanças para melhor na opinião de todos os barbeiros perfilados neste caderno. Mudanças conquistadas com muito suor para Nilzete Freitas, a mulher que fez história no ramo das barbearias da cidade, gerente hoje do Presidente Cabeleireiros.

O salão, com mais de 40 anos de história, hoje recebe homens e mulheres e oferece uma grande variedade de tratamentos estéticos. Limpeza de pele e hidratação capilar chegaram para ficar, juntando-se ao inseparável trio “barba, cabelo e bigode” que reinou por várias décadas nas barbearias. Cremes e loções tornaram-se ferramentas de trabalho tão importantes quanto a tesoura e a navalha. Que o diga Francisco da Silva, “O Baiano”, dono do salão O Príncipe, que teve que acompanhar o ritmo da demanda.

Quem não quis muita conversa com essa nova história foi Bartolomeu Amarante, fundador do Parapuiense, que não mudou quase nada em seu estabelecimento, fundado em 1974. Lá, ou você faz barba, ou você faz cabelo, ou faz os dois. E faz bem feito. De hidratação capilar a alisamento permanente, Bartolomeu encaminha o pretendente para outro salão nas redondezas.

Ou então, quem sabe, o cliente pode buscar serviço completo no Fígaro Barbearia Social Club. Barba, cabelo e bigode... e massagem, manicure, maquiagem, penteado, depilação, entre outros tantos tratamentos estéticos, estão à disposição do macho alfa contemporâneo na mais sofisticada barbearia da cidade. Que ainda conta com sala de jogos e bar. Um prato cheio para quem quer lustrar aquela carcaça velha e desgastada ao longo dos anos.

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Nenhum comentário: