domingo, 13 de março de 2011

Licenciatura em Libras derruba barreiras

FOTO: KID JÚNIOR
A formação da primeira turma em Letras Libras concebe a surdez como uma diferença cultural

Em Fortaleza, a Universidade Federal do Ceará (UFC) dá um passo decisivo rumo à educação inclusiva ao formar a primeira turma de Licenciatura em Letras /Língua Brasileira de Sinais (Libras). E como era de se esperar, na solenidade de Colação de Grau - realizada na noite de sexta-feira no auditório da Fábrica de Negócios (Avenida Monsenhor Tabosa, 740) - predominou a emoção das mães de filhos surdos recém-graduados.

"Antes os surdos viviam isolados da sociedade", recordou a educadora aposentada Aldenora Nogueira Machado, residente no município de Quixeramobim e que veio à Capital para assistir à colação de grau de dois filhos, Andreia e Rodrigo Nogueira Machado, respectivamente com 35 e 27 anos. "Esse curso é muito importante na vida deles", disse relatando o esforço para conseguirem se formar em Letras Libras.

"Durante o ato ecumênico de ação de graças, chorei o tempo todo de felicidade. Estou realizada", completou. Mãe de seis filhos, dos quais quatro são surdos, a educadora ressalta, ainda, que no Brasil a legislação que obriga o Estado a oferecer educação inclusive é da época do então presidente Fernando Henrique Cardoso, porém foi regulamentada na gestão de Luiz Inácio da Silva Lula.

Distância
Semi-presencial, ou seja com aulas à distância e presencial a cada 15 dias, o curso foi projetado para preparar para o ensino, mas era necessário que o universitário tivesse proficiência em Libras. Segundo a coordenadora da Secretaria de Acessibilidade, Vanda Magalhães Leitão, a primeira turma de professores em Libras foi formada graças a um convênio da Universidade Federal de Santa Catarina com mais nove instituições federais de ensino superior no País, dentre as quais a UFC.

Com grupo de 47 estudantes - sendo 44 surdos - o curso de Licenciatura atende a legislação de educação exclusiva.

"Além disso, adota a concepção da Língua dos Sinais como instrumento mediador dos processos de ensino e aprendizagem e vê e concebe a surdez como diferença cultural e não uma deficiência", explica Vanda Magalhães, enfatizando a importância da formação dessa turma para derrubar barreiras.

MOZARLY ALMEIDA
REPÓRTER

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