domingo, 17 de abril de 2011

Grupo liderado por Jorge Mautner viaja até o Nordeste para gravar programa da TV Brasil

RIO — Seis cariocas pegam a estrada rumo ao Nordeste brasileiro com uma câmera na mão e a missão de registrar as mais diferentes manifestações artísticas encontradas em seus destinos. Estreia desta terça-feira, às 20h, na TV Brasil, “Oncotô”, programa sob comando do músico e compositor Jorge Mautner, não pretende ser somente uma atração convencional sobre viagem.


— É um mochilão cultural. Nossa ideia foi justamente reunir pessoas interessantes e interessadas que fossem atrás desse tesouro cultural nordestino — explica Daniel Tendler, que dividiu a direção da atração com José Luiz Jr..

Corruptela de “onde é que eu estou”, “Oncontô” passeia por diferentes cidades dos estados do Ceará, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia. Com 28 episódios, a série revela curiosidades da História brasileira como as influências holandesa e francesa.

— O Nordeste ainda tem uma dificuldade para divulgar as suas manifestações culturais. Contamos com produtores locais em cada uma das cidades visitadas para encontrarmos os artistas entrevistados. Todos possuem uma relação apaixonada com sua arte. E vivem dela! Descobrimos vários grupos que ganham dinheiro se apresentando em praças ou dando aulas — informa o diretor.

“Oncotô” também explora conhecidas locações turísticas do Nordeste. Mas tenta evitar os cenários mais óbvios, segundo Tendler:

— Buscamos sempre mostrar ângulos diferentes desses lugares. Na Bahia, fomos a um terreiro no Pelourinho, ao Farol da Barra e na feira popular de São Joaquim, mas o foco sempre foi o turismo cultural. Os emissários (como os viajantes são chamados no programa) também conheciam pouca coisa do Nordeste. A intenção era justamente levar gente com um olhar virgem sobre a região. Em Recife, por exemplo, descobrimos o mais antigo mestre de maracatu numa favela.

A atração surgiu como um espécie de desdobramento natural de outros projetos realizados por Mautner e Tendler, como a série “Amálgama Brasil”, também exibida pela TV pública. Cada episódio tem 26 minutos de duração.

— Mautner gravou no Rio com os participantes. Ele sugeriu pautas e preparou o pessoal para as viagens. Acho que 60% dos lugares visitados foram indicados por ele. O restante das pautas foram descobertas que fizemos no meio do caminho — diz Tendler.

Para explicar exatamente o que queria de cada um dos seus enviados, Mautner faz referência ao conceito de amálgama logo na estreia. O que, nas palavras do compositor, significa: “Uma mistura que vai além da mistura. É miscigenação, mas é além da miscigenação. É uma condição fluídica e flutuante que dá ao brasileiro a capacidade de reinterpretar a cada segundo tudo novamente”.

Além de conduzir a narrativa dos episódios, Mautner também compôs a trilha original da atração em parceria com Nelson Jacobina.

— A trilha sonora foi baseada na discografia do próprio Mautner. O que dá uma unidade bacana ao programa — acredita Tendler.

As edições serão temáticas e falarão de assuntos como maracatu, tambores, festas religiosas e artesanato. Na estreia, o músico apresenta o grupo de emissários — Ericson Pires (39 anos), Omar Salomão (27), Vicente Coelho (25), Júlia Barreto (31), Thaís Lopes (32) e Esther Dias (26) — em gravação realizada na estação Leopoldina, no Rio. Na ocasião, cada um falou sobre o que esperava da jornada com “Oncotô”.

A equipe ficou dois meses na estrada para registrar todas as visitas. Cada enviado esteve em um estado diferente.

— O programa é todo fragmentado e os episódios não são lineares. Mas cada um mostra pelo menos três estados distintos. Traçamos as semelhanças e diferenças entre as culturas desses lugares — adianta o diretor.

Cenários cariocas como o Mercadão de Madureira e o bairro de Santa Teresa também estão presentes em “Oncotô”, que traça ainda uma relação entre o sincretismo e os guetos culturais da capital carioca com o Nordeste.

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