quinta-feira, 5 de maio de 2011

Alfabetização melhora, mas qualidade não

Estado ultrapassou a região Nordeste e o País, em termos de população com as primeiras letras, um total de 82,8%


Os resultados do censo de 2010 indicam que houve uma melhoria na educação, quando comparado ao ano 2000, o Ceará detinha na época uma taxa de alfabetização de pessoas de 10 anos ou mais, equivalente a 75,3%, inferior à taxa da região Nordeste (75,4%) e a do Brasil (87,2%). No entanto, em 2010 já ultrapassou a média da região Nordeste (82,35%), chegando a um total de 82,8% da sua população alfabetizada, esse aumento representou uma variação de 9,97%.

Ao analisar a taxa de alfabetização, segundo as áreas urbanas e rurais, verificou-se que o Ceará aumentou a taxa de alfabetização, ficando acima do Nordeste e do Brasil em termos relativos, destacando-se a elevação da taxa referente à população rural no Estado.

"Porém não temos como saber qual a qualidade dessa educação. Pois a pergunta do censo é apenas se você sabe ler ou não", disse o analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Vitor Hugo Miro.

Os especialistas do Instituto atribuíram a melhora no índice de aprendizagem da população cearense, nos últimos dez anos, ao aumento na taxa de alfabetização percebido em todas as faixas etárias estudadas, a partir de 5 anos de idade.

No entanto, a maior variação (71,4%) da taxa de alfabetização da década coube às pessoas da faixa etária de 5 a 9 anos de idade e a menor ficou com a faixa etária de 15 a 19 anos, ou seja, 6,52%. "O índice, especificamente nessa faixa etária, pode refletir diretamente na redução do trabalho infantil, se analisarmos a população rural", observou o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba Barreto.

Mesmo apresentando a menor variação no período, isso no que se refere a faixa etária de 15 a 19 anos, o Ipece destacou que essa população é a que apresenta maior taxa de alfabetização, com 96,37% em 2010.

"Porém precisamos ter uma escola mais atrativa, que segure essa população na sala de aula", disse o diretor.

A taxa de alfabetização, segundo o censo 2010, cresceu entre os idosos, mas ainda é significativo o percentual dessa faixa etária sem instrução no Ceará
FOTOS: ANTONIO VICELMO
Melhor Idade
O Instituto, em sua análise, também destacou as faixas etárias de 50 a 59 anos e 60 anos ou mais, esta última refere-se a pessoas que normalmente são denominadas como da ´melhor idade´. A taxa de alfabetização cresceu nessas duas faixas, respectivamente, 21,95% e 18,51%. Os resultados podem estar ligados a programas educacionais direcionados aos adultos e idosos, objetivando uma melhor qualidade de vida na terceira idade.

No entanto, ainda é significativo o percentual de idosos sem instrução no Ceará, tendo em vista que os alfabetizados representam apenas 54,14% da população acima de 60 anos, sugerindo uma maior dificuldade que as pessoas com mais idade tiveram de ingressar nas escolas na época adequada.

Variação
Em comparação com o Brasil e com a região Nordeste, durante a década, o estado do Ceará registrou variações percentuais superiores, em todas as faixas etárias, exceto a que fica entre 15 a 19 anos e 60 anos ou mais, que melhoraram, acima da média nacional, mas abaixo da média da região.


ALFABETIZAÇÃO
Crescimento ainda é considerado tímido
Na educação, entre os dados de maior destaque revelados pelo Ipece está o aumento de 9,97% na taxa de alfabetização, entre os anos de 2000 e 2010, no Ceará. Apesar de o número ser considerado importante, a doutora em Educação, Selene Penaforte, destaca que o crescimento é bastante tímido se considerado que em uma década a taxa cresceu cerca de 1% ao ano.

Para a especialista, mesmo sendo o índice insignificante perante a realidade, a informação revela a tentativa do poder público, em especial, neste caso do Governo Estadual, de desenvolver e aplicar ações que visem melhorias na educação, principalmente aquelas relacionadas à alfabetização. "Observamos que as iniciativas estão surgindo. Elas podem ter sido importantes para este crescimento, mas ainda é preciso um maior incentivo e empenho", destaca.

Dificuldades
Conforme a pesquisa, a maior variação da taxa de alfabetização (71,4%) ocorreu entre pessoas da faixa etária de cinco a nove anos de idade, enquanto que a menor ficou com a faixa etária de 15 a 19 anos, 6,52 %.

A respeito do fato, Selene Penaforte diz que ele deve ter sido motivado pela criação de programas específicos para o primeiro grupo. No caso do ensino médio, segundo a especialista, os dados podem ser explicados pelas dificuldades enfrentadas, como a ausência de professores habilitados a ministrar determinadas disciplinas. "Para que a situação em geral melhore é necessário valorizar os professores e incentivar o acesso à cultura e à leitura, peças fundamentais na formação do estudante.

A Secretaria da Educação do Estado (Seduc) informou que só se posicionará sobre os resultados da pesquisa após a análise desta.

Fonte: Diário do Nordeste

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