terça-feira, 31 de maio de 2011

Da sala de aula para o primeiro emprego

Quem conclui curso tecnólogo tem 48% de chance a mais de conseguir emprego, com uma remuneração média 13% superior ao do assalariado que terminou o ensino médio regular

Alunos de escolas profissionalizantes têm maiores chances de conseguir o primeiro emprego (FOTO ETHI ARCANJO)
A cultura da faculdade como padrão ideal de ensino é enraizada no Brasil. O que se diz popularmente é confirmado pelos números. De acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 61% dos pais de alunos do ensino médio regular querem vê-los na faculdade ao fim do período escolar.

“O Brasil tem o viés muito acadêmico, e a oferta é muito baixa. As pessoas estão focadas na faculdade, no resto do mundo não é assim”, diz o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Cláudio Ricardo Gomes.

O ensino técnico, no entanto, vem ganhando espaço. E com bom respaldo. De acordo com uma segunda pesquisa da FGV, que traça o perfil do ensino técnico no Brasil, concludentes de curso técnico têm 48% de chance a mais de conseguir emprego, e com remuneração média 13% superior à de quem conclui o ensino médio.

Cláudio Ricardo explica que a principal diferença do tecnólogo para o bacharelado é que o primeiro tem foco na preparação para o trabalho. “Esses cursos hoje têm forte apelo no mercado e flexibilidade curricular, que permite ser lançado quando necessários no mercado”, diz o reitor.

Embora os cursos sejam quase totalmente preenchidos por jovens e adolescentes, adultos que querem se manter no mercado recorrem ao ensino técnico. É o caso Pedro Martins, 37. Ele trabalhava com conserto de relógio, profissão atualmente quase extinta. Hoje Pedro estuda tecnologia ambiental e tem boas perspectivas. “Minha antiga profissão parou no tempo. Se eu não renovar minha habilidade, eu paro também”, justifica.

Objetivo
Enquanto algumas faculdades têm excesso de profissionais, como Direito, técnicos em informática é uma carência.

Tendo em vista que os cursos técnicos se moldam às exigências das ocupações. E graças a essa vantagem, 98% dos formados em institutos técnicos federais saem da aula diretamente para o emprego, de acordo com o Ministério da Educação. Nas escolas técnicas estaduais, 77% dos concludentes saem empregados.

Ainda assim, há áreas com carência de estudantes e profissionais. Cláudio Ricardo classifica como “situação crítica” a oferta de matrículas em manutenção industrial, mineração, eletromecânica e manutenção de aeronaves. A oferta nesses cursos é menor ainda em municípios do Interior.

Ilustres desconhecidos
Como os cursos tecnólogos são, em sua maioria, recentes, com média de 10 anos de existência, parte da população ainda não reconhece o seu valor. “Os concursos (que exigem ensino superior) nem sabem que o tecnólogo pode se inscrever. Alguns conselho ainda não regulamentaram. São pontos que ainda falta resolver”, diz Cláudio Ricardo.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O crescimento vertiginoso da economia brasileira na década passada demandou também a expansão de cursos profissionalizantes. O foco dos cursos é preparar o estudante para o trabalho de acordo com as exigências do mercado.

NÚMEROS

61%
FACULDADE
Dos pais preferem que filhos cursem faculdade.

98%
EMPREGO
Dos formados em escolas técnicas federais saem da aula empregados.

RESUMO DA SÉRIE
Uma década, avanços e desafios do ensino superior no Ceará, desde domingo (29), O POVO veicula a série que faz uma radiografia da educação de nível superior no Estado.

André Teixeira
andretb@opovo.com.br

Fonte: O Povo

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