sábado, 14 de maio de 2011

O maestro da paixão cearense

Com passagens pelas principais emissoras do País, ainda nos anos 1960, o maestro Mozart Brandão foi um marco na música cearense. Hoje, ele chegaria aos 90 anos


Maestro, orquestrador e regente, instrumentista de mão cheia e compositor. A figura plural que conjugava todos esses talentos era Mozart Brandão (1921 - 2006), pernambucano de nascimento e cearense por convicção. Nasceu há exatos 90 anos, em Recife. Aos quatro anos, teve seus primeiros contatos com instrumentos musicais em família. Em 1927, mudou-se para Fortaleza com os pais, o coronel João Batista de Sousa Brandão, flautista e arranjador, e Irene Galvão de Magalhães Brandão.

Aos 14 anos, Mozart já tocava piano no Educandário Santa Maria, no bairro Benfica, no Colégio Santa Cecília, e em outros estabelecimentos de ensino. Ainda sobrava tempo para atuar também como arranjador, compositor de modinhas, valsas para os teatrinhos e músico, em festinhas de escola e clubes tradicionais da cidade.

Durante a II Guerra Mundial, na primeira metade da década de 40, entrou para a PRE-9, a Ceará Rádio Clube que ficava no bairro Damas. Na emissora, foi regente de orquestra, ao lado do italiano Ercoli Vareta. Posteriormente, a PRE9 foi para o edifício Diogo, no Centro da cidade. Foi lá onde Mozart Brandão se tornou o maestro principal da casa. Formou também dupla, com Hélio Bastos, cantando em inglês no horário de meio-dia.

Odontologia
Em paralelo à música, Mozart Brandão estudou odontologia na Universidade Federal do Ceará, onde obteve o diploma em 1946. Numa passagem por Fortaleza em 1954, o maestro Villa-Lobos ficou encantado com o talento do então jovem compositor, arranjador e pianista. Convidou o novato para fazer um Curso de Especialização que ministrava no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, no Rio de Janeiro.

Na área da educação, Mozart Brandão foi professor e superintendente do Serviço de Canto Orfeônico do DGE (Departamento Geral de Educação de Fortaleza), de 1943 a 1946, na Gestão de José Bruno Teixeira. Atuou como regente e orquestrador nas rádios Tupi, Mayrink Veiga, Nacional, todas no Rio de Janeiro; Poti, em Natal; Borborema, em Campina Grande; PRI-4 Rádio Sociedade, de Salvador; e Rádio Cariri, no Crato.

Na televisão trabalhou na Tupi, Excelsior, TV Rio e TV Globo, todas no Rio de Janeiro. Fez parte da primeira equipe de regentes e orquestradores da Globo, ao lado de Lírio Panicalli, Radamés Gnatalli e outros grandes nomes, quando foi contratado em 1965.

Foi maestro do programa Flávio Cavalcante e se destacou no recital "Quando os Maestros se Encontram", de grande sucesso na década de 60. Grandes personalidades da MPB passaram pela orquestra de Mozart Brandão, como Ângela Maria, Elza Soares, Linda e Dircinha Batista, Dolores Duran, Leny Eversong, Nelson Gonçalves, Jamelão, seus compadres Carlos Galhardo e Antônio Maria, Tom Jobim, Nely Martins, Carmem Silva, Carmélia Alves, Ivan Cury, Nora Ney, Jorge Goulart, o cearense Carlos Augusto, Déo, Gilberto Milfont, Trio Nagô e Roberto Carlos, dentre outros.

Como maestro orquestrador e regente, gravou na Odeon, RCA Victor, Continental, Copacabana, Columbia, Philips, Chanteclair, Sinzer, Todamérica, Polygram e Polydor. Teve músicas registradas por grandes artistas como Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Carlos Augusto, Déo, Gilberto Milfont e Maurício Benevides, entre outros nomes da MPB.

NELSON AUGUSTOREPÓRTER

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