sexta-feira, 6 de maio de 2011

Teatro do Seu Noel

Neste mês de maio, dois espetáculos teatrais cearenses integram memórias e canções de um dos maiores compositores de samba do País: o bom malandro da Vila Isabel, Noel Rosa


A noiva e o condutor, montagem do Coral de Artes Cênicas do IFCE: homenagem ao Poeta da Vila
Fazendo homenagem ainda ao centenário do bom sambista da Vila, Noel Rosa, ocorrido no ano passado, grupos cearenses exploram a prosa e a poesia de suas letras em dois espetáculos cênico-musicais. A partir de hoje, o Coral das Artes Cênicas do IFCE inicia uma temporada de apresentações pelos Centros Culturais do BNB, em Juazeiro, Sousa (na Paraíba) e Fortaleza com o espetáculo "A Noiva e o Condutor". Já a peça "Boteco do Seu Noel" será encenada apenas em Fortaleza, em duas praças da cidade, hoje e em todas as sextas-feiras de maio.

Adaptação
A parceria entre o diretor Aldrey Rocha e o Coral das Artes Cênicas do IFCE começou em 2007, mas a inserção de Noel Rosa na vida do grupo aconteceu no fim de 2008. A escolha pelo compositor foi estimulada pela pouca difusão do trabalho de Noel no Ceará. "Ele não é tão estudado aqui e poucas pessoas, na verdade, conhecem mesmo a obra dele. Noel é mais conhecido pela interpretação de outros artistas, mas isso causa confusão. Nem todo mundo sabe quais são as músicas de sua autoria", comenta Aldrey.

Tendo como ponto de partida a opereta "A Noiva do Condutor", o grupo adaptou a curta novela, transformando em um espetáculo que une teatro e canto. "A opereta só tem 20 minutos, o que nós fizemos foi nos basear na história para criar um texto e incluir na trama músicas do compositor, que já são todas de domínio público", explica o diretor.

"A Noiva do Condutor" foi composta entre os anos 35 e 36 e retrata com humor e simplicidade os hábitos da sociedade carioca na década de 30. A trama fala de Helena, moça apaixonada por Joaquim, que se diz grande advogado, homem das leis. O pai de Helena, vendo a filha tão enamorada, com muito custo consente o noivado. Mas os problemas começam quando Helena e o pai, certo dia, tomam um bonde no Centro e descobrem que Joaquim nada mais é do que um reles condutor.

O grupo, que é composto por 27 pessoas, leva aos palcos 18 artistas, que ofertam ao público canções como "Com que roupa", "Dona Emília", "Tudo pelo teu amor" e "Tipo zero". Percorrendo o Ceará e a Paraíba, o Coral de Artes Cênicas fará um total de oito apresentações no período de 3 a 13 de maio.

A temporada começa no CCBNB-Cariri, em Juazeiro do Norte, nos dias 3, 4 e 5, sempre às 19h. Em seguida, nos dias 6 e 7, também às 19h, no CCBNB-Sousa. A temporada se encerra em Fortaleza, nos dias 11, 12 e 13, com apresentações às 18h30.

Lembranças
Investindo em um modo original de relembrar os sucessos do sambista, o diretor e roteirista Murillo Ramos montou o espetáculo "Boteco do Seu Noel".

Na trama, quatro atores, malandros dos dias de hoje, contam a história do poeta de Vila Isabel em uma roda de botequim. O improviso e a atmosfera de festa ficam por conta da apresentação ao ar livre, que acontece em duas praças de Fortaleza: a Murilo Borges, próxima ao BNB e a José de Alencar, ambas no Centro da cidade.

A proposta da peça surgiu num dia em que Murillo e seus outros três amigos, que integram o elenco, ouviam "Fita amarela". "Quando soubemos que aquela composição era de Noel, ficamos pensando em quantas pessoas escutam suas canções sem conhecer sua história. Por isso, a iniciativa de montar um espetáculo", comenta o diretor. Há anos trabalhando com teatro de rua na Trupe Caba de Chegar, Murillo definiu que a peça deveria ser encenada no meio da praça.

Assim, longe da paisagem de época, mas sim em um boteco improvisado, ao sabor do churrasquinho de gato, da pinga quente e da cervejinha de isopor, músicas inesquecíveis do cancioneiro popular brasileiro são lembradas junto à história do sambista. "Nossa ideia era contar a vida do Noel aos moldes de hoje", afirma Murillo. Desse modo, pode-se considerar que a questão fundamental do espetáculo é: quem é o malandro dos dias atuais?

"O malandro daquela época, de paletó branco e chapéu-palheta, era o cara mal visto pela sociedade elitizada, eram os artistas da comunidade. Hoje ele é traduzido pela bermuda e chinelas de dedo, pela linguagem popular, mas a identidade dele ainda é um tanto indefinida", teoriza o diretor.

"Boteco do Seu Noel" acontece apenas em Fortaleza, nas quatro sextas-feiras de maio, sempre às 17h, na Praça Murilo Borges (dias 6 e 20); e na Praça José de Alencar (dias 13 e 17).

MAYARA DE ARAÚJOREPÓRTER

MAIS INFORMAÇÕESBoteco do Seu Noel. Hoje e 20 de maio na Praça Murilo Borges, às 17h; e dias 13 e 17 na Praça José de Alencar, às 17h. Contato: (85) 3464.3108

 Fonte: Diário do Nordeste

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