quarta-feira, 22 de junho de 2011

Festival de Jericoacoara: termina a Mostra Competitiva

A noite de segunda-feira (20) do II Festival de Jericoacoara – Cinema Digital, na praia cearense, se revelou uma grande surpresa. Após o fiasco dos curtas metragens em competição da noite de domingo (19), boas produções nacionais se destacaram entre os nove curtas exibidos para a população local.

O grande destaque da noite foi “Timing” (foto), de Amir Admoni (SP), curta protagonizado por Caco Ciocler ao lado de seu pai, Jackson Ciocler. Assim como indica seu título, o curta reflete sobre a passagem do tempo na vida das pessoas, e o que elas perdem pela impotência de deixar as coisas passarem. Com uma montagem dinâmica e efeitos visuais interessantes, o potencial do curta também está em sua trilha sonora, que se sobrepõe ao nome de Ciocler e se mostra de grande sensibilidade.

Desconstruindo o amadorismo de alguns realizadores que tentam documentar a cultura brasileira de forma hostil, três produções do gênero também se sobressaíram na noite de ontem. “Mato Alto – Pedra por Pedra”, de Arthur Leite (CE), mostra a vida de moradores de Quixeré, no Ceará, que têm em suas terras e pedras histórias familiares tradicionais para contar. Além do bom ritmo, sem jamais deixar enfadonho ou desinteressante, o diretor Arthur Leite o transforma em uma ode à solidão, ressaltando com sua câmera a vivência daqueles personagens reais.
O segundo documentário que se destacou foi “Hoje Tem Espetáculo?”, de Leandro Alves (PB), focado na paixão que existe embaixo da maquiagem dos palhaços. Ainda que o tema seja recorrente e tenha faltado mostrar esses artistas em rua e sua habilidades em levar o entretenimento, o curta é carismático e engrandecido por profissionais que amam o que fazem.

O doc “É Muita Areia Pro Meu Caminhãozinho” também foi uma surpresa. O nome desfavorável à proposta de Ana Guimarães (SP) não conseguir tirar o brilho da fotografia e da narrativa empregada ao mostrar o cotidiano e a cultura dos índios Tremembé que se viram invadidos pelo crescimento comercial de suas terras. Aliás, talvez tenha sido o curta da noite com a melhor técnica, ressaltando também a captação de áudio e trilha incidental, mesmo que a estrutura narrativa se disperse em alguns momentos.

A ficção bem humorada “Dalva”, de Felipes Venceslau (BA), se agregou à religiosidade de uma moça à moda antiga que disfarça a vontade de encontrar um marido. Desencantada, ela compra um santinho de São Francisco para atrair casamento, mas se descobre desacreditada no que diz a cultura popular. A comédia traz atuações regulares, nunca acima do tom, mesmo dentro das caricaturas.

Ainda foram exibidos “O Outro Lado do Curral Velho”, de Philipe Ribeiro (CE); “De Pés Descalços”, de Sheyla Tomás (BA), “Pulmões Urbanos”, de Danilo Ferrari e outros; e “Contos e Desencontros”, de Humberto Rosa e Thairon Mendes (RJ). Os curtas fecharam a bateria de 50 produções nacionais que disputam o Trofeu Pedra Furada, que será entregue na noite desta terça-feira (21) no Circo Jeri.

Nenhum comentário: