quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lustosa da Costa


As primeiras manifestações da literatura cearense dizem respeito aos “Oiteiros” e as tertúlias palacianas. Sendo a poesia de Juvenal Galeno que marca os primórdios da nossa literatura.
Cabe referir, no período do Romantismo o nome de José de Alencar, o nosso maior representante literário. 

Já o Simbolismo no Ceará ocorre paralelo à Padaria Espiritual e o nome de maior destaque é o de Lívio Barreto. Ressalva-se também Patativa do Assaré, o mais canônico e o mais alto de todos os nossos poetas populares. Rachel de Queiroz, Domingos Olímpio, dentre outros nomes, hoje completamente deslembrados, e principalmente os escritores nem lembrados pela região nordeste, projetam na literatura brasileira e que confirmam o Ceará como um celeiro de escritores, alguns renomados e outros não.

Aos escritores cearenses é justo acrescentar o nome de Lustosa da Costa. É fundamental colocar a grandeza deste cronista, jornalista e romancista, e dizer da sua vida e da sua obra, e falar do primor e do encanto de sua prosa.

Lustosa da Costa reside em Brasília onde foi repórter da sucursal de “O Estado de S.Paulo” e colunista político do “Correio Braziliense”. É, atualmente, colunista do “Diário do Nordeste”, de Fortaleza. Iniciou carreira jornalística no “Correio da Semana”, de Sobral e exerceu o posto de editor chefe de “Unitário” e “Correio do Ceará”, jornais da cadeia “associada”, na capital cearense. Em 2000 foi eleito membro da Academia Brasiliense de Letras no lugar do goiano Bernardo Elis e ganhou o Prêmio Ideal Clube de Literatura, com o livro de crónicas “Rache o Procópio!”.

A obra de Lustosa da Costa representa um marco da nossa tradição literária moderna e a seu respeito já se manifestou a crítica favoravelmente. A caracterização dos personagens é perfeita, e em seu registro história e memorialística se juntam numa grandeza meridional e abrangente.

Natural de Cajazeiras (PB), o jornalista Lustosa da Costa chegou a Sobral no ano de 1942. Na época, com quatro anos de idade, morou na terra de Dom José até o final de 1955. Estudou no seminário e de lá saiu em 1953 para o colégio sobralense. Chegou a participar ativamente de movimentos estudantis criando dois jornais em 1955: o Clarim, com Aldo Melo e o Idealista, com João Alberto Bezerra. Mordido pela paixão política chegou ainda a participar de vários comícios da época e estrelou como articulista, em agosto de 1954, no Correio da Semana.

O jornalista, que tem Sobral como seu berço cultural é filho de um funcionário público que residiu na mesma cidade foi homenageado com a construção de uma biblioteca pública com seu nome: Biblioteca municipal Lustosa da Costa. Retornando de Paris em 1995, o autor escreveu: “Sobral não é uma cidade, é uma saudade chorando baixinho em mim”.

O escritor já conta vinte e cinco livros publicados, três dos quais editados em Lisboa. Quase todas as suas obras têm um eixo central, a cidade sobralense, no Ceará. As obras como “Sobral cidade das cenas fortes”, “Rache o Procópio!”, “No aprês-midi de nossas vidas”, “Vida paixão e morte”, “Cartas do beco”, “Sobral do meu tempo”, “Ideologia do Favor”, de 1977, dentre outras, das quais, o autor aborda a questão do clero, aborda também a questão do Coronel Patrolino Albuquerque. Todos os livros têm Sobral como foco. 
Trata-se de livros provincianos; o autor retrata sua infância, sua cidade, seu bairro, a casa onde morou.

Segundo Milton Dias, Lustosa da Costa se inscreve na lista dos melhores cronistas brasileiros. Nas suas crônicas: “Sobral do meu tempo,” de 1982 e”Clero, Nobreza e Povo de Sobral”, de 1987, apresenta o estilo simples, escorreito, a prosa pura, enxuta, a que não falta um lirismo contido, o vocabulário rico, sem afetação, a palavra fácil, a plasticidade, abordando os temas mais variados, os mais graves e os mais leves com a mesma vibrante espontaneidade.

Na obra “Louvação de Fortaleza”, o autor engrandece a cidade, pelo seu elevado conteúdo humano e literário, e pelos personagens que desfilam, ao longo das crônicas, traduzindo um acendrado amor por este pedaço de solo abençoado, aberto, livre, capaz de receber e proporcionar condições de sobrevivência a qualquer um.

Lustosa da Costa, cearense por adoção, é um dos jornalistas políticos brasileiros que carregam maior bagagem cultural. Atualmente, o autor ingressa com o mesmo brilhantismo e competência igual, no campo do conto.

F. Vanuza Araújo Matias – de Pires Ferreira, aluna do Curso de Letras, da UVA, em homenagem ao aniversário de Lustosa da Costa, em 10 de setembro.

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