domingo, 9 de outubro de 2011

Padre Antônio Tomás, o Príncipe dos Poetas


Contraste

Quando partimos, no verdor dos anos,
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente,
E vão ficando atrás os desenganos.
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
Vamos marcando descuidadamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
Desfazendo ilusões, matando enganos.
Então nos enxergamos claramente,
Como a existência é rápida e falaz,
E vemos que sucede exatamente,
O contrário dos tempos de rapaz:
Os desenganos vão conosco à frente
E as esperanças vão ficando atrás.

Antônio Tomás nasceu em 14 de setembro de 1866, na cidade de Acaraú – Ceará,  filho de Gil Tomás Lourenço e Francisca Laurinda da Frota. Depois de estudar em Sobral, interessou-se pela vida religiosa, ainda na juventude. Em 6 de dezembro de 1891 ordenou-se sacerdote no Seminário da Prainha, em Fortaleza.

A partir daí começou a pregar o evangelho em cidades do interior do Estado, tentando, ao mesmo tempo, aliviar a população rural das consequências das secas e da miséria. Exerceu os cargos de coadjutor de Acaraú (1897-1901) e vigário de Acaraú (1901-1919 e de 1921 a 1924). Devido a problemas de saúde, deixou o sacerdócio em Acaraú e passou a morar em Santana, com familiares, até 1940.

Com o agravamento da doença, precisou ser transferido para a Santa Casa da Misericórdia de Sobral. Mas a necessidade de tratamentos mais sérios fez com que seguisse para Fortaleza. Na capital foi submetido a uma intervenção cirúrgica no Hospital  São João, numa tentativa de prolongar um pouco mais a sua vida. Nove dias depois, no entanto, morreu vítima de um ataque cardíaco, as 23h15m do dia 16 de julho de 1941.

Conforme desejo expresso no testamento, o corpo foi sepultado no dia seguinte, na matriz da cidade de Santana do Acaraú, local indicado pelo próprio Antônio Tomás, onze anos antes.

Igreja Matriz de santana do Acaraú  Foto: Leandro Costa-Café História
"Peço muito encarecidamente aos meus irmãos, sobrinhos, parentes e amigos que nunca, de forma alguma e sob qualquer pretexto, concorram para a publicação coletiva dos meus versos. Quero ainda que meu corpo seja enterrado sem esquife, e que a pedra da sepultura seja reposta no mesmo plano, ficando debaixo do chão, como atualmente se acha, e que não ponha em tempo algum sobre ela, nome, data ou outro qualquer sinal exterior que a faça lembrada."

Este é um trecho do testamento deixado pelo padre Antônio Tomás, considerado um dos maiores sonetistas do Brasil. Apesar de não ter publicado livros, seus versos constavam obrigatoriamente de qualquer recital, tanto na província, quanto em outros Estados.

Modesto ao extremo, não desejava fama ou riqueza,  razão pela qual permitia a publicação de alguns de seus poemas apenas em jornais da cidade, mesmo assim, por insistência de terceiros. Em 1942, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses, através de concurso público promovido pela Revista Ceará Ilustrado, de Demócrito Rocha.

Dinorá Tomás Ramos, sobrinha do poeta e autora do livro Padre Antônio Tomás – o príncipe dos poetas cearenses,  diz que a família obedeceu às disposições testamentárias: o padre foi sepultado sem ataúde, não sendo colocada nenhuma lápide, nenhuma inscrição, nenhum nome, nem sequer uma data.


extraído do livro
A História do Ceará passa por esta rua de Rogaciano Leite Filho

Fonte: Blog Ceará em Fotos

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