quinta-feira, 14 de junho de 2012

Jeri em tempo de cultura

Cinema digital, música cearense e rap paulista se encontram em dois festivais em Jericoacoara, a partir de amanhã. É tudo gratuito

O filme Homem-Ave, de David Cunha, é um dos trabalhos em destaque GELO ZOLINI/DIVULGAÇÃO

Num dos cenários mais bonitos do litoral cearense, Jericoacoara (a 313 km de Fortaleza), diferentes facetas da cultura se encontram a partir de amanhã, 15. O audiovisual independente ganha destaque na terceira edição do Festival de Jericoacoara - Cinema Digital e a música vem representada no 5° Jeri Eco Cultural, que além de artistas cearenses traz o rapper paulista Criolo para sua primeira apresentação no Ceará.

Iniciam os trabalhos do Jeri Eco, na sexta-feira, o grupo de capoeira Tribo Jeri e a Orquestra Sinfônica de Jijoca, seguidos da Banda Nigroover e do DJ Leo Teruz. A cantora Nayra Costa abre a noite de sábado, 16, e prepara o público para receber o MC, cantor e compositor Criolo com seu Nó na orelha, eleito melhor disco de 2011 pela Rolling Stone brasileira.

Cinema

Quarenta curtas-metragens, produzidos inteiramente com tecnologia digital, serão exibidos até o dia 21 deste mês no Festival de Cinema Digital. Idealizado pelo cineasta cearense Francis Vale, o evento teve 322 obras inscritas por realizadores de 19 estados.

Além da mostra competitiva, o público poderá conferir parte da obra do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, falecido em 1988 e grande homenageado do festival. Segundo Francis, há filmes do diretor nunca exibidos no Ceará que agora serão apresentados ao público. Caso de Os Inconfidentes, de 1972.

Oficinas de audiovisual para jovens de Jericoacoara e discussões sobre a sustentabilidade – do meio ambiente e da produção audiovisual – também fazem parte da programação. “O cinema independente é feito de forma solitária, há pouco financiamento. Não tem uma sistemática para que a coisa continue, se sustente. Nós temos que discutir como dar essa continuidade”, explica Francis.

Com as salas de cinema do País abarrotadas de produções estrangeiras, para Francis os festivais “são a salvação do cinema brasileiro, principalmente dos curtas-metragens”. Um dos realizadores cearenses que concorrem ao prêmio de R$ 5 mil na categoria documentário, por Sucata de Plástico, Yargo Gurjão acredita que as mostras estimulam a produção, mas não devem ser as únicas vias de escoamento dos filmes.

Com a Internet, primeira tela para muitos filmes independentes, o digital abre outras possibilidades para os realizadores. “O digital tem a intenção de reverberar, dessacralizar as salas de cinema. Também é uma maneira de as linguagens interagirem melhor”, diz Yargo.

Célia Gurgel, que concorre com a produção coletiva 8 Estações, aposta no viés político-social das imagens feitas de forma digital. “Nesta época, todo mundo tem a possibilidade de capturar imagem, de transformar essa imagem numa historinha. Então, o uso dessa imagem pode ser um elemento muito mobilizador”, afirma.

Raphaelle Batista raphaellebatista@opovo.com.br

Fonte: O Povo

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