quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dominguinhos: do preconceito da bossa ao reconhecimento da MPB

Sanfoneiro completa 70 anos e é um dos personagens onipresentes na música brasileira

Pedro Alexandre Sanches, repórter especial iG Cultura

Foto: Divulgação
O músico Dominguinhos em cena do filme 'O Milagre de Santa Luzia'


Quando o sertanejo pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) conquistou o Brasil com “Asa Branca”, em 1947, um menino de seis anos, seu conterrâneo, começou a tocar sanfona na cidade em que nasceu, Garanhuns. Dois anos mais tarde, o pequeno José Domingos de Moraes se apresentou para o futuro “rei do baião” em pessoa - já era músico de rua, tocando pandeiro, e não sanfona.

Aos 13 anos, o menino migrou para Niterói com a família, numa viagem de pau-de-arara que durou 11 dias. Seu pai, mestre Chicão, era conhecido tocador e afinador de foles de oito baixos, e procurou Gonzagão logo na chegada ao Rio. O cantor de “Baião”, “Assum Preto” e “Paraíba” passou logo a apadrinhar o pequeno José, que foi apelidado primeiro de Neném do Acordeon e, mais tarde, de Dominguinhos. A proximidade durou enquanto Luiz Gonzaga viveu, e o parentesco musical se mantém até este ano de aniversário de 70 anos do menino Dominguinhos, completados no último dia 12.

Adoentado após um princípio de infarto e um cateterismo, o aniversariante faltou à própria festa, que aconteceria no dia 13, na casa paulistana de forró Canto da Ema. Convidados especiais de várias gerações, como Elba Ramalho, Oswaldinho do Acordeon, Mariana Aydar e Duani, tiveram de homenagear o aniversariante em sua ausência.

Dois dias antes, Dominguinhos havia falado ao iG por telefone, demonstrando entusiasmo com o aniversário, a festa, as histórias fabulosas do passado, o momento de revalorização da sanfona pelas mãos de músicos jovens, como o pop-roqueiro-emepebista Marcelo Jeneci, e de cineastas, como Sergio Roizenblit, diretor do documentário “O Milagre de Santa Luzia”, recém-editado em DVD.

Falou sobre momentos de baixa e de alta, como a fase de “pau no sanfoneiro” iniciada pela bossa nova e a temporada de intenso sucesso pop resultante das gravações de suas “Eu Só Quero um Xodó” (1973), “Tenho Sede” e “Lamento Sertanejo” (1975) pelo tropicalista baiano Gilberto Gil. Comentou, também, sua nem sempre percebida onipresença na música brasileira pós-anos 70, como músico de estúdio num arco amplo e democrático que vai de Luiz Gonzaga a Gilberto Gil, passando por Gal Costa, Raul Seixas, Odair José, Chico Buarque, Roberto Carlos e duplas caipiras.

Fonte: iG Cultura

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