sábado, 14 de maio de 2011

Alunos brincam e aprendem na Praça

Com projeto "Crianças e Praças", estudantes da rede pública e privada se divertiram no logradouro Martins Dourado, Papicu

Atividades lúdicas: com argila, linhas de tricô e pernas de pau, a turma viajou no universo do faz de conta
FOTO: GEORGIA SANTIAGO
Era para ser mais um dia típico na escola. Mas, a sala de aula ficou maior e mais florida. Ao invés dos cadernos, argila e linhas de tricô; no lugar de carteiras, bancos e pernas de pau. A aula aconteceu ontem ao ar livre na Praça Martins Dourados, no Bairro do Papicu.

Cerca de 100 crianças, alunas da Escola de Ensino Fundamental Colônia Z8 e da Micael Waldorf fizeram a festa. Com muita brincadeira, a meninada curtiu as atividades, patrocinadas pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) através do Edital Pontinhos de Cultura.

Brincadeiras
O local foi tomado por brinquedos e agitações, virou universo do faz de conta. Atividades como contação de histórias, oficinas circenses, modelagem em argila, exibição de curtas metragens e uma grande ciranda quebraram a rotina do lugar. O primeiro evento aconteceu ontem na Praça Martins Dourado e há programação para outros dois dias, 10 de junho na Praça Luiza Távora, Aldeota, e 15 de setembro na Praça Lago Jacareí, na Cidade dos Funcionários.

Após passar mais de um mês ensaiando, o estudante da Micael Waldorf, Pedro Gonçalves de Sales, 12, ia apresentar para o público uma peça, com contos e poemas clássicos, tudo bonito e bem organizado. "Nem parece que estamos estudando, é bom que assim a gente até aprende mais. Amo minha escola", diz.

A interação lúdica com os conteúdos possibilita maior apreensão de valores e preceitos, explica Guta Studart, idealizadora do Projeto. A ideia da ação é valorizar o ato de brincar, proporcionar mais interação com a Cidade e ocupar praças que, segundo ela, estão abandonadas e mal cuidadas pelo Poder Público. "Estamos também resgatando brincadeiras esquecidas do imaginário popular. Oficinas de leitura, aulas de tricô, andar de perna de pau fizeram muito sucesso", comenta Guta Studart.

Para a professora, Anastácia Helena Ribeiro, o principal valor é o da liberdade. Na praça, sem amarras e sem medo, as crianças podem usufruir do patrimônio público. "É o conceito do educar livre, da experimentação que leva ao aprendizado. É como aprender os numerais a cada vez que se pula uma corda ou conhecer de gravidade descendo de uma árvore", teoriza a educadora da Waldorf.

Novidade
A estudante da Escola Colônia Z8, Barbara Beatriz de Souza, 10, nunca tinha visto tanta animação junta durante um dia comum de aula. Botando a mão na argila, ela desenhava animais e bonecas com a massa. Estava empolgada e queria que as aulas fossem sempre diferentes. "Eu não quero ir embora. Esta praça é linda, muito boa de correr e de fazer amigos".

A professora da jovem, Daniele Saboya, concorda com a reivindicação de Bárbara. Aulas mais dinâmicas e atrativas têm que fazer parte do cotidiano da educação. "A gente até sente que eles aprendem mais, ficam, mais felizes e voltam para a casa cheio de novidades para contar para os familiares", frisa.

Com dezoito anos de história, a Escola Micael Waldorf foi a primeira Escola do tipo no nordeste, e desde então consolidou-se como um centro difusor da pedagogia e da antroposofia na região.

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