sábado, 14 de maio de 2011

CE tem apenas duas escolas com ensino bilíngue


Estar presente em sala de aula, mas sem entender a explicação do professor é a realidade da maioria das crianças e adolescentes surdas que estuda em escolas regulares do Ceará. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), no Estado são 250 mil surdos, mas existem apenas duas escolas que oferecem o ensino bilíngue (libras e português). No Instituto Cearense de Educação de Surdos (ICES), 500 alunos estão matriculados e no Instituto Filippo Smaldone, 200.

Para tentar mudar essa realidade, haverá na próxima segunda-feira, 16, uma caminhada até a Assembleia Legislativa do Estado, em prol do cumprimento do decreto 5626/2005, que garante o direito dos surdos de estudarem em escolas ou em salas de aulas bilíngues, com professores surdos. O mesmo movimento acontecerá dia 20 deste mês, em Brasília, reunidos entidades de todo o Brasil.

"Tive muita dificuldade na minha vida estudantil. Eu tinha que ler o lábio do professor para entender o que ele falava. Muitas vezes, pedia para ele repetir, mas ele não tinha paciência e mandava um colega do lado me explicar", desabafa a estudante de contabilidade Vanessa Vidal. Segundo ela, não basta apenas incluir o surdo na sala regular, é fundamental ter professores surdos que dominem libra.

Vanessa, que atualmente faz parte do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com deficiência do Estado do Ceará (Cedef), explica que libras é a primeira língua dos surdos, portanto eles não podem passar quatro horas em uma sala de aula estudando uma língua que não é a deles. "Os surdos precisam se comunicar com o mundo deles, além de ser uma questão linguística, faz parte da construção de uma identidade", ressalta.

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