quinta-feira, 9 de junho de 2011

Repetência e evasão limitam acesso ao ensino médio, destaca presidente do Inep

Foto: Divulgação
Dos 15 aos 17 anos, os jovens estão em idade de cursar o ensino médio, mas essa expectativa criada pelas normas educacionais ainda não vem sendo rigorosamente cumprida no país. A observação foi feita pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, nesta quarta-feira (8), na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Dos 10,2 milhões de jovens nessa faixa etária, assinalou, 45% registram ensino fundamental incompleto, seja por atraso decorrente de reprovação ou, no caso de 15%, porque já desistiram da escola.
 - Precisamos voltar e olhar o que está acontecendo no ensino fundamental, para entender porque os alunos estão repetindo e repetindo ou se evadindo – observou.

Malvina foi uma das convidadas de audiência destinada a examinar os problemas do ensino médio, na sequência de discussões que a comissão está travando sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que valerá por dez anos, a partir de 2011. O projeto do governo ainda tramita na Câmara, mas a comissão optou por antecipar as discussões.

De acordo com a presidente do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação, a universalização do ensino fundamental foi um inegável avanço. Agora, o novo desafio – ao lado do esforço para estender o ensino médio a todos – é garantir qualidade, inclusive para que a escola seja mais atrativa e possa evitar a repetência e a evasão.
- Essa é uma responsabilidade de todos. Precisamos desmitificar o argumento de que o problema é do professor, que não resolve; ou do aluno, que não tem condições [de aprender]; do governo, que não investe; ou da família, que não liga – disse.

Representante do Conselho Nacional dos Secretários de Educação, Maurício Holanda Maia, salientou que o ensino médio sempre funcionou como simples passagem para a universidade ou mercado de trabalho, no caso dos mais pobres. Para ele, esse ciclo necessita de “identidade” e isso deve partir de um reconhecimento: o ensino médio é lugar de “convivência de jovens”, seres em fase de afirmação e em busca de reconhecimento social.
- Se olharmos seus anseios, talvez possamos encontrar oportunidades para soluções mais significativas – comentou.

Maurício Maia, que também é secretário-adjunto de Educação do Ceará, sugeriu a ampliação das políticas de transferência de renda para os jovens carentes. Assim, eles teriam como acessar bens e serviços de baixo valor que estão associados aos desejos dessa faixa etária, como, por exemplo, frequentar salas de cinemas. Outra solução seria a garantia de estágios, que seriam úteis tanto como experiência profissional como para a prática de trabalho em equipes.  

Novas tecnologias 
A professora Marta de Campos Maia, professora de Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), destacou a importância das novas tecnologias, especialmente entre os jovens que já cresceram conectados à internet, os chamados “nativos digitais”. Ela observou que o tráfego em redes sociais aumentou 51% em 2010 e que o país já pode ser considerado líder em mídias sociais no mundo. Com o Plano Nacional de Banda Larga, observou ainda, 80% da população terá acesso à internet. Por isso, argumentou, o ensino deve incorporar ferramentas tecnológicas que possam trazer benefícios aos professores e aos alunos.
- São recursos que podem tornar a aprendizagem mais eficaz, agradável e colaborativa – destacou Marta Maia.

Na avaliação do pesquisador Celso João Ferretti, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o novo PNE incorpora ações e metas de forma “precária ou até mesmo indevida”. Ele apontou como insuficientes, por exemplo, as metas de atendimento para as populações do campo, indígenas e quilombolas.

A audiência foi coordenada pela vice-presidente da CE, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e teve participação ainda de Ana Amélia (PP-RS), Lídice da Mata (PSB – BA) e Cyro Miranda (PSDB-GO).
Gorette Brandão / Agência Senado

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