A parceria entre a fuleragem de Bené Barbosa, o Papudim, e o acervo de humor de Tarcísio Matos pro- mete render bons frutos. Ambos são idealistas do projeto Ce-abrindo, que deve levar o humor cearense às telonas, telinhas e aos palcos
Bené Barbosa, criador do Papudim, liderou o projeto "Terça de Graça", que reuniu mais de dez mil pessoas
DENISE MUSTAFA
O advogado cearense, natural de Itapajé, nascido em fins do século XIX, era reconhecido por duas coisas: nunca ter perdido uma causa e nunca ter perdido uma piada. José Quintino da Cunha, bacharelado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, entraria para a história não somente pela profissão ou pelos anos como deputado estadual, mas sobretudo como fundador da molecagem cearense. Mas será possível conceder-lhe esse título?
"Para mim, Quintino Cunha representa o que há de mais inteligente no humor do Ceará", defende o jornalista Tarcísio Matos, que desde a década de 80 escreve humor. Há mais de 30 anos teve contato com o "anedotário quintiniano", como intitula. As histórias, ouvidas de pais e avós, o seguiram na faculdade, quando entrou na UFC, e continuou nas rodas de amigos.
Nas telas
Agora, ao lado de uma leva de grandes humoristas, a dupla Tarcísio e Bené vê uma iniciativa de longa data finalmente ganhar corpo: o instituto Ce-abrindo. A partir deste projeto multimídia, o curta-metragem "A Maldição da Sogra Coral e Outras Histórias", já filmado, chega às salas cearenses em breve; e o longa de nome provisório "Quintino, o poeta moleque" levará para as telonas o humorista maior da molecagem cearense.
"Quando pensamos em fazer o filme, decidimos que não seria um roteiro novo, mas uma compilação das melhores histórias de Quintino. O importante é que os mais jovens, que talvez não tenham ouvido falar dele, finalmente o conheçam", revela Tarcísio Matos.
E as histórias do advogado moleque são muitas. Dentre as tantas, encontra-se no filme a passagem em que Quintino emociona o júri contando uma penosa história sobre a mãe do acusado que defendia.
A versão fora tão comovente que juiz e advogado de acusação interromperam a sessão e deram a liberdade ao réu. Ao deixar o local, o advogado, ainda choroso, perguntou a Quitino quem era, afinal, a santa mãe do acusado. Quintino respondeu prontamente: "E eu lá sei se esse filho de uma égua tem mãe!".
Essas e muitas outras comporão o longa que, segundo Bené, deverá contar com a participação de atores cearenses. "Queremos filmar com Gero Camilo, Cláudio Jaborandi... Trazer nossos atores pra fazer nossos filmes", afirma. A história já está escrita e passa agora pelas mãos de um roteirista apenas para adaptá-la à linguagem cinematográfica.
Além das telonas, a proposta é levar humor também para a TV. "Vamos fazer o ´Ce-abrindo com Papudim´. Será um programa cheio de convidados, para que os humoristas cearenses também tenham seu espaço garantido, além dos teatros e casas de shows", explica Bené.
O jornalista e escritor de humor Tarcísio Matos mantém contato com a obra de Quintino Cunha há mais de 30 anos
Sinfonia
Em 30 de janeiro de 2012, um acontecimento marcante na história do humor cearense completa seus 70 anos. Em 1942, após 72 horas de tempo nublado, o sol decidiu surgir com sua presença escaldante e foi vaiado por uma multidão em plena Praça do Ferreira.
Para não deixar passar em branco a efeméride, o Ce-abrindo já está nos preparativos de uma senhora cerimônia. "Vamos fazer uma ´Sinfônica da Fuleragem´, com regência de Papudim e músicas de Bené Barbosa, Tarcísio Matos e Tarcísio Sardinha", adianta o comediante.
Para os palcos dos teatros, o instituto pretende dar continuidade ao projeto "Terça de Graça", que leva espetáculos de humor gratuitos ao Theatro José de Alencar, uma vez por semana. A primeira edição reuniu, em 18 apresentações, mais de dez mil pessoas.
"O que queremos é atingir não só os turistas, mas fazer rir nosso próprio povo. Isso é também um desafio, já que não é fácil fazer cearense achar graça!", acrescenta Bené. Pode-se ver que os planos estão a passos largos. Para os espectadores, basta esperar e conferir um Ceará moleque ocupando espaços em sua própria terrinha.
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
Bené Barbosa, criador do Papudim, liderou o projeto "Terça de Graça", que reuniu mais de dez mil pessoas
DENISE MUSTAFA
O advogado cearense, natural de Itapajé, nascido em fins do século XIX, era reconhecido por duas coisas: nunca ter perdido uma causa e nunca ter perdido uma piada. José Quintino da Cunha, bacharelado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, entraria para a história não somente pela profissão ou pelos anos como deputado estadual, mas sobretudo como fundador da molecagem cearense. Mas será possível conceder-lhe esse título?
"Para mim, Quintino Cunha representa o que há de mais inteligente no humor do Ceará", defende o jornalista Tarcísio Matos, que desde a década de 80 escreve humor. Há mais de 30 anos teve contato com o "anedotário quintiniano", como intitula. As histórias, ouvidas de pais e avós, o seguiram na faculdade, quando entrou na UFC, e continuou nas rodas de amigos.
Quintino Cunha
Nas telas
Agora, ao lado de uma leva de grandes humoristas, a dupla Tarcísio e Bené vê uma iniciativa de longa data finalmente ganhar corpo: o instituto Ce-abrindo. A partir deste projeto multimídia, o curta-metragem "A Maldição da Sogra Coral e Outras Histórias", já filmado, chega às salas cearenses em breve; e o longa de nome provisório "Quintino, o poeta moleque" levará para as telonas o humorista maior da molecagem cearense.
"Quando pensamos em fazer o filme, decidimos que não seria um roteiro novo, mas uma compilação das melhores histórias de Quintino. O importante é que os mais jovens, que talvez não tenham ouvido falar dele, finalmente o conheçam", revela Tarcísio Matos.
E as histórias do advogado moleque são muitas. Dentre as tantas, encontra-se no filme a passagem em que Quintino emociona o júri contando uma penosa história sobre a mãe do acusado que defendia.
A versão fora tão comovente que juiz e advogado de acusação interromperam a sessão e deram a liberdade ao réu. Ao deixar o local, o advogado, ainda choroso, perguntou a Quitino quem era, afinal, a santa mãe do acusado. Quintino respondeu prontamente: "E eu lá sei se esse filho de uma égua tem mãe!".
Essas e muitas outras comporão o longa que, segundo Bené, deverá contar com a participação de atores cearenses. "Queremos filmar com Gero Camilo, Cláudio Jaborandi... Trazer nossos atores pra fazer nossos filmes", afirma. A história já está escrita e passa agora pelas mãos de um roteirista apenas para adaptá-la à linguagem cinematográfica.
Além das telonas, a proposta é levar humor também para a TV. "Vamos fazer o ´Ce-abrindo com Papudim´. Será um programa cheio de convidados, para que os humoristas cearenses também tenham seu espaço garantido, além dos teatros e casas de shows", explica Bené.
O jornalista e escritor de humor Tarcísio Matos mantém contato com a obra de Quintino Cunha há mais de 30 anos
Sinfonia
Em 30 de janeiro de 2012, um acontecimento marcante na história do humor cearense completa seus 70 anos. Em 1942, após 72 horas de tempo nublado, o sol decidiu surgir com sua presença escaldante e foi vaiado por uma multidão em plena Praça do Ferreira.
Para não deixar passar em branco a efeméride, o Ce-abrindo já está nos preparativos de uma senhora cerimônia. "Vamos fazer uma ´Sinfônica da Fuleragem´, com regência de Papudim e músicas de Bené Barbosa, Tarcísio Matos e Tarcísio Sardinha", adianta o comediante.
Para os palcos dos teatros, o instituto pretende dar continuidade ao projeto "Terça de Graça", que leva espetáculos de humor gratuitos ao Theatro José de Alencar, uma vez por semana. A primeira edição reuniu, em 18 apresentações, mais de dez mil pessoas.
"O que queremos é atingir não só os turistas, mas fazer rir nosso próprio povo. Isso é também um desafio, já que não é fácil fazer cearense achar graça!", acrescenta Bené. Pode-se ver que os planos estão a passos largos. Para os espectadores, basta esperar e conferir um Ceará moleque ocupando espaços em sua própria terrinha.
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
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