quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dom Quixote de Baturité

Com narrativa divertida e crítica sobre antigos povos do Ceará, o livro Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, será relançado hoje na Livraria Cultura

O autor passeia pela cultura indígena com ironia e vocabulário rico (MARCOS CAMPOS)

Imagine uma tribo de guerreiros Jenipapos, que séculos atrás viveu nas terras da Vila de Monte-Mor, atual Serra de Baturité. Eram Liderados pelo quixotesco Antônio da Silva Cardoso, grande revolucionário nativista, que inspirava seus descendentes a conspirarem contra o imperador, os portugueses em geral e a Igreja. Essa história divertida, crítica e instigante constitui a narrativa de Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, com relançamento hoje (1º), na Livraria Cultura.

Publicado pela primeira vez em 1988, o livro tem narrativa não-linear e é marcado por uma crítica aguda e pela ironia, permeadas por um rico vocabulário, cheio de expressões e palavras da época, sobretudo da cultura indígena. Nilto conta que, para a atual edição, procurou manter quase intacta a grafia e estrutura originais, fazendo apenas uma ligeira revisão ortográfica e de alguns vocábulos. “Minha ideia inicial era escrever um grande romance de 1000 páginas, que viesse desde os pré-colombianos, mas o José de Alencar já tinha feito coisa parecida, aí resolvi mudar”, conta o autor.

O escritor conta que começou então a ler tudo sobre História do Ceará e resolveu desmembrar em vários livros o que seria seu romance sobre a trajetória de gerações passadas. “Quando fui pra Brasília autoexilado ia todo dia para a biblioteca do Congresso e procurava só coisa velha, sobre povos antigos, principalmente dos personagens mais voltados para o Ceará”, diz Nilto. Porém, ele frisa que não se considera um autor regionalista.

Em Os Guerreiros de Monte-Mor, o que logo chama a atenção do leitor é a figura excêntrica de Antônio, que faz questão de criar o filho dentro da tradição de seus povos, enchendo a mente do menino. “Tem um pouco de D. Quixote, embora eu ainda não tivesse lido D. Quixote quando escrevi, e tem um pouco de Policarpa Quaresma também”, diz Nilto, referindo-se a personagens de Miguel de Cervantes e Lima Barreto, respectivamente. “Meus personagens são todos rebeldes”, destaca, sendo que no livro há referências a eventos como a Confederação do Equador e a Inconfidência Mineira. Natural de Baturité, Nilto diz que o livro: “É uma homenagem à minha terra, aos índios do Brasil e do mundo e a todos os povos que foram massacrados”.

SERVIÇO

Relançamento do livro Os Guerreiros de Monte-Mor
Quando: Hoje (1º), às 19h
Onde: Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010 - Aldeota)
Preço do livro: R$ 23
Entrada franca
Outras info.: (85) 4008 0800

Marcos Robério 

Fonte: O Povo

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