quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cinema-Ceará está na disputa para representar o Brasil

Ficção dos cearenses Glauber Filho e Halder Gomes concorre com outras 14 produções nacionais a uma vaga para disputar a indicação ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar

Para Glauber Filho, a inclusão na lista "é um reconhecimento" (DIVULGAÇÃO)

Pelo segundo ano consecutivo, um filme cearense entra para a lista dos inscritos para disputar a indicação brasileira ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar. Em 2010, o drama O Grão, de Petrus Cariry, disputou com outros 22 filmes um espaço para concorrer ao prêmio mais disputado pelo cinema internacional. Mas, perdeu para a vídeo biografia Lula, O filho do Brasil. Este ano é a vez de As Mães de Chico Xavier, drama dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes, que contou com o Nelson Xavier no papel do famoso médium mineiro. O anúncio foi feito na última segunda-feira (12) pelo Ministério da Cultura.

A lista com os 15 filmes nacionais que pretendem concorrer à estatueta dourada em 2012 inclui ainda produções como Bruna Surfistinha (Marcus Baldini), Assalto ao Banco Central (Marcos Paulo), Malu de Bicicleta (Flávio Ramos Tambellini), Tropa de Elite 2 (José Padialha) e Lope (Andrucha Waddington). Este último foi escalado no ano passado para representar a Espanha na competição, já que o filme é uma coprodução com este país. A escolha de quem será o indicado cabe a uma comissão formada pela secretária do Audiovisual do MinC, Ana Paula Dourado Santana, o presidente da Associação Brasileira de Cinematografia, Carlos Eduardo Carvalho Pacheco, o ministro do Departamento Cultural do Itamaraty, George Torquato Firmeza, e os representantes da Academia Brasileira de Cinema, Jorge Humberto de Freitas Peregrino, Nelson Hoineff, Roberto Farias e Silvia Maria Sachs Rabello. O anúncio do selecionado será feito no próximo dia 20.

Segundo o diretor Glauber Filho, além do mérito de poder concorrer ao Oscar, o momento serve para fomentar uma reflexão sobre o modo de produção cinematográfico local. “É um reconhecimento, mas temos consciência de uma qualidade de produção que temos que buscar”. Para ele, o perfil da premiação exige investimentos maiores do que os quase R$3 milhões colocados em As Mães de Chico Xavier. “Estamos tentando consolidar um processo industrial. Os incentivos ainda não são regulares. As políticas públicas não acompanham o movimento do que os realizadores estão fazendo”, acrescenta.

Petrus Cariry, que estreou como diretor de longa-metragem com O Grão, conta que inscreveu seu filme na competição como uma forma de gerar mídia espontânea. “Eu estava lançando o filme e pensei que poderia ter essa visibilidade, mas sabia que era complicado (ser selecionado)”. Para ele, o júri leva em conta uma série de aspectos que tornam essa disputa bastante acirrada. “O júri vai ver o que eles acham que a academia vai se interessar. Isso depende de uma série de interesses. Pra chegar aos cinco que vão concorrer na noite, passa por uma peneira enorme com cem países. Isso tem todo um trâmite que demanda muito dinheiro”, comenta.

Glauber Filho acrescenta ainda que ter dois filmes cearenses de perfis tão diferentes na competição é uma forma de revelar o atual cenário da produção do Estado. Além disso, As Mães de Chico Xavier veio na sequência de outro filme cearense que teve grande aceitação do público, principalmente espírita. “Bezerra de Menezes abriu uma estrada que foi importante para As mães de Chico. Essa indicação (para concorrer ao Oscar) vai ampliar isso. Vai atrair novos parceiros, a possibilidade de uma coprodução internacional e chegar nas grandes distribuidoras. São novas portas que se abrem”.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Entre os inscritos, será feita uma seleção pelo MinC do filme que irá representar o País no festival. Em seguida, a Academia de Hollywood faz uma seleção para escolher os cinco indicados ao prêmio de melhor filme estrangeiro.


Marcos Sampaio
marcossamapaio@opovo.com.br

Fonte: O Povo

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