sexta-feira, 3 de junho de 2011

Bispo Acarauense, receberá premio em São Paulo


O Bispo Acarauense, Dom Edmilson da Cruz, atualmente Bispo emérito da Diocese de Limoeiro do Norte, irá receber, dia 27/06, em São Paulo, o Prêmio Brasileiros de Valor PNBE, na categoria Cidadão de Valor. 

Motivo: sua relevante indignação frente ao aumento dos salários dos deputados e senadores brasileiros. 

Dom Edmilson recusou receber comenda do Senado em protesto ao reajuste de seus salários.

Segundo informações sua Eminência estará, ainda neste mês no distrito de Aranaú em Acaraú, por ocasião das festividades do padroeiro do distrito.

(com informações da Lêda Maria/DN)

Bonecas do Cariri em Cuba

Entre linhas, agulhas e tecidos, mulheres artesãs ressignificam as próprias vidas e são referência em pesquisa

À SOMBRA DA MANGUEIRA, as bonequeiras costuram personagens de pano que contam as próprias histórias das mulheres. A experiência foi destaque em congresso internacional
Crato Bonecas fabricadas neste Município são apresentadas no Congresso Ibero Americano de Psicodrama, realizado em Cuba. A iniciativa foi da psicóloga Elisete Leite Garcia, uma cratense residente em São Paulo, que transformou as bonecas, um brinquedo de infância, numa fonte de pesquisa científica de Psicodrama e Sociodrama, originando o Tatadrama.

Esta metodologia tem como fundamento, segundo Elizete, o pensamento atribuído a Platão, segundo o qual "a pessoa pode descobrir mais sobre os outros em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa".

As mulheres cubanas, segundo Elizete, ficaram encantadas com o trabalho das cratenses, o que é traduzido em cartas afetivas que recebeu das cubanas e também das bonecas que ganhou, feitas após o encontro por elas. Uma delas, a cara da própria psicóloga.

A outra boneca, uma linda negra de cabelos louros, será levada para as mulheres do Crato, as mesmas que enviaram seus personagens de panos coloridos para Havana, junto com bilhetinhos carinhosos. "A história das bonequeiras do Crato que iniciaram seu trabalho artesanal na sombra de um frondoso pé de manga no quintal da casa de uma delas emocionou as cubanas", afirma Elizete.

A interação foi maior quando a psicóloga apresentou a técnica a um grupo de psicodramatistas formados por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e educadores, que fizeram questão de acompanhar o seu trabalho e participar de sua oficina com as bonecas, durante a programação do congresso em Cuba. Eles entenderam que a psicóloga usou as bonecas do Crato como objeto intermediário, um termo criado pelo psicodramatista Jaime Rojas Bermúdez. Foi o mesmo que introduziu este conceito e o utilizou, especialmente trabalhando com fantoches, ainda na década de 60, em hospitais psiquiátricos de sua época.

Mais que brinquedos de criança, as bonecas feitas pelas artesãs do Crato são instrumentos de terapia de grupo por meio do Psicodrama
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
Ponte
O objeto intermediário, de acordo com Elizete, é a "ponte" entre o personagem e o ser, no caso, as bonecas. Rojas Bermúdez estabeleceu as características que um objeto intermediário deve possuir como existência, maleabilidade, adaptabilidade, identificabilidade, entre outros.

Neste projeto, Elizete teve a ajuda de duas outras psicodramatistas, que trabalharam como auxiliares: Rafaella Calentano e Carolina Cintra. Elas interpretaram bonecas cratenses, intervindo com as mulheres cubanas. Mais do que uma experiência enriquecedora profissionalmente, a psicóloga ficou encantada mesmo com a troca afetiva entre as mulheres da região do Cariri e de Cuba.

"No plano real, elas não se encontraram. Mas por meio de bilhetes, cartas e até presentes que umas enviaram às outras, digo que foi um encontro de almas. O que mais me deixa feliz e enriquecida é saber que dois mundos tão parecidos e tão diversos se juntaram em seus amores, dores, sabores, risos e dramas", afirma a psicodramatista. Tão perto e tão longe. Em Cuba, são mulheres vivendo sob o julgo do duro regime ainda comandado pela família Castro. Um dos poucos lugares onde as mesmas têm liberdade de expressão é no local em que foi realizado o congresso, na Casa de Orientação da Mulher e da Família, localizado na Praça da Revolução, um patrimônio cultural do povo cubano

Já as mulheres cratenses realizam seu trabalho, no sertão nordestino, com sua simplicidade e sabedoria da roça, tecendo suas tramas e dramas debaixo de uma mangueira.

Trata-se de um grupo com potencialidades adormecidas, que foram despertadas. "Elas resgataram a identidade, o papel profissional e o valor como mulher bonequeira e artesã", destaca Elizete, complementando: "E ainda ganharam uma nova fonte de renda familiar".

Antônio Vicelmo
Repórter

MAIS INFORMAÇÕES Mulheres Bonequeiras do Crato, Av. Perimetral, 235c, bairro São Miguel, Região do Cariri
Telefones: (88) 9911.6617/ 8809.6838

Total de analfabetos no Ceará é de 18,8%

Mais de 24% da população cearense não tem acesso a coleta de lixo, segundo o levantamento oficial
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, ontem, novos resultados preliminares do Censo Demográfico 2010 por município, contendo informações sobre pulação residente por situação do domicílio e cor ou raça.

O levantamento traz dados sobre o registro de nascimento de cartório; pessoas alfabetizadas; por grupos de idade e, ainda, domicílios particulares permanentes, por número de moradores; com energia elétrica; a forma de abastecimento de água; com banheiro ou sanitário; o tipo de esgotamento sanitário; o destino do lixo e as classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita.

Índices
Dos índices apresentados dois chamam a atenção pela expressividade dos números: o nível escolar de pessoas com 15 anos ou mais de idade e a cobertura da coleta de lixo domiciliar. No Estado, do total de 6.264.131 pessoas nessa faixa etária, 81,2% são alfabetizadas e 18,8% são de analfabetas.

Em Fortaleza, do total de 1.898.503 habitantes de 15 anos ou mais de idade, 93% são alfabetizadas, e 7% analfabetas. Já no Nordeste, temos 19,1% de analfabetos e no Brasil, o percentual atinge 9,6%.

Lixo
Os dados sobre a coleta do lixo nos municípios preocupam. No Estado dos 2.365.276 domicílios permanentes, 24,66% não possuem coleta de lixo. Na Capital esse percentual cai para 1,25%. No Nordeste, 25% das residências não têm coleta de lixo e no País somente 12,59% não possui sistema de coleta .

As informações divulgadas pelo IBGE vão nortear as políticas públicas que deverão ser adotadas pelos governantes para os próximos anos. Os setores de saneamento básico e educação deverão ser os prioritários para a adoção de medidas.

A análise dos dados vai influenciar diretamente na vida da população nos municípios e em seus recortes internos - distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanos - cujas realidades socioeconômicas dependem dos resultados censitários para serem conhecidas.

Fechamento
Com a divulgação ontem, dos resultados, o IBGE entra na reta final da conclusão do censo de 2010 e traz a público informações sobre a população para o total do Brasil, grandes regiões e unidades da federação.

São apresentados, ainda, os totais da população residente nos 5.565 municípios brasileiros criados e instalados até 1º de agosto de 2010. As análises efetuadas contemplam a dinâmica da população brasileira, com questões relacionadas ao seu crescimento, concentração geográfica, razão de sexo e estrutura etária e por sexo, bem como a relação entre o total da população residente e o total de domicílios ocupados, além das espécies dos domicílios particulares.

O IBGE apresentou ainda várias tabelas contendo dados específicos sobre característica da população residente por cor ou raça, condição no domicílio, pessoas responsáveis pelos domicílios particulares, cônjuges das pessoas responsáveis pelos domicílios particulares, existência de compartilhamento da responsabilidade pelo domicílio, pessoas com registro de nascimento em cartório, alfabetização, rendimento domiciliar, mortalidade e algumas características dos domicílios particulares considerados permanentes.

Municípios
Total de domicílios com coleta por serviço de limpeza
Fortaleza - 663.681

Caucaia - 65.176

Juazeiro do norte - 62575

Maracanaú- 53.023

Sobral - 38.207

Crato - 27.456

Iguatu - 21.149

Maranguape - 17.342

Itapipoca - 13.828

Quixadá - 13.399

Aracati - 12.322

Eusébio: 100% das escolas com tempo integral

A visão educacional adotada pelo município beneficia diretamente mais de três mil alunos da rede municipal

Membros do Observatório em Educação visitaram duas escolas no município para conhecer o novo sistema
FOTO: MARÍLIA CAMELO
O Brasil espera, até 2020, implantar o regime de tempo integral em 50% das escolas brasileiras. No Ceará, o município de Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza, já atingiu essa meta em 100% de suas 35 escolas.

São 3.670 crianças e adolescentes de um universo de 13,5 mil alunos dispostos na rede municipal de ensino. Eles têm merenda, almoço balanceado, lanche, intercalados por noções de higiene, banho e tempo para o descanso em dormitórios para meninos e meninas.

Eusébio fica a apenas 18 quilômetros de Fortaleza, mas demonstra a enorme distância entre vontade política e a prática educacional.

As crianças estão aprendendo, na prática, como comer com talher já a partir dos seis anos de idade. E fazem seu prato sozinhas. Depois escolhem entre dançar, cantar, tocar instrumento, artes marciais ou futebol entre outras oportunidades que preenchem todo o dia, das sete da manhã às cinco da tarde.

Experiência
Uma experiência inovadora que será levada ao conhecimento dos deputados federais, em Brasília, junto à Comissão de Educação da Câmara Federal, no próximo dia 13 de junho.

"O porta-voz será o deputado cearense Arthur Bruno, que vai apresentar o projeto de educação em tempo integral e mostrar a experiência positiva do município de Eusébio aos parlamentares", salienta Roseane Oliveira de Medeiros, presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC). É através de um instrumento do CIC, o ´Observatório em Educação´, que modelos educacionais cearenses bem sucedidos são colocados em primeiro plano e ganham destaque no cenário brasileiro.

Ontem, duas unidades educacionais de Eusébio, Escola de Ensino Infantil e Fundamental Eduardo Alves Ramos e a Escola de Ensino Fundamental Neusa de Freitas Sá, receberam a visita de membros do ´Observatório´ do CIC. O organismo, segundo Roseane Medeiros, trabalha diretamente no fomento de políticas públicas voltadas à Educação, com um olhar no futuro para viabilizar experiências em outros municípios.

Eusébio conseguiu priorizar a educação infantil e fundamental, atingindo diretamente às camadas mais pobres do município. A viabilização foi conquistada através do empenho da Secretaria da Educação. E o apoio veio através do incentivo e, consequentemente, da visibilidade obtida junto ao Observatório em Educação do CIC. A mudança estrutural na educação municipal é atribuída a atual administração do municípios, liderada pelo prefeito Acilon Gonçalves, que deu início às mudanças educacionais a partir de 2005.

Foram, primeiramente, quatro centros de educação infantil com regime de tempo integral. Em 2007, 15 escolas do ensino fundamental adotaram o critério, apresentando um diferencial: em regime de contra-turno, ou seja, os alunos iam à escola e retornavam em outro turno para novas atividades.

Práticas motivacionais
A Escola Eduardo Alves Ramos é um bom exemplo de prática motivacional. Lá, dos 660 alunos matriculados, 235 respiram aulas e atividades das sete da manhã às 17 horas.

A universalização da Educação atende toda a população municipal e engloba crianças entre quatro e cinco anos de idade. A Prefeitura aplica, segundo a secretária de Educação, Marta Cordeiro, 25% da receita de impostos no setor. "Chegamos a aplicar até 35% na Educação".

O "tapa com luva de pelica" dado pelo município de Eusébio aos demais municípios brasileiros reflete o trabalho de base feito a apenas 18 quilômetros da capital cearense.

Essa articulação entre setor privado e gestores públicos, silenciada em grande parte do País, tem voz através de práticas positivas do ´Observatório´.

Em Eusébio, a política educacional busca agora incorporar a parcela de adolescentes que ainda resiste ao tempo integral. O processo já começou: 210 dos 750 alunos da Escola Neusa de Freitas Sá já aderiram à nova prática.

EDUCAÇÃOEmpresários analisam ensino municipal
O Observatório Social em Educação é uma iniciativa do Centro Industrial do Ceará (CIC). Ele nasceu a partir da necessidade de se criar uma ferramenta que sistematizasse e organizasse o processo de discussão sobre a Educação no Ceará e os projetos de desenvolvimento econômico que estão previstos para os próximos 15 anos no Estado.

O Observatório Social em Educação tem outras iniciativas tais como: reuniões de especialistas em educação e desenvolvimento econômico para análise de informações oficiais sobre educação e desenvolvimento do Estado; encontros, seminários, palestras e outros eventos que servirão de ambiente de debate sobre os temas; publicação de artigos em jornais e revistas locais; campanha publicitária para mobilização da sociedade em torno do tema.

Parceria
A parceria entre trabalhadores e empreendedores já está em curso. Investir mais conhecimento, mais gerência e mais recursos financeiros em Educação, é o propósito do CIC.

A intenção do Centro é promover com especialistas a interpretação destas informações, gerando ações que mostrem de forma clara e simples o impacto que a Educação tem no desenvolvimento do Ceará e na qualidade e melhoria de vida de todas as famílias cearenses.

ELIELDO TRIGUEIRO
 ESPECIAL PARA CIDADE

ENTREVISTA

"Queremos fomentar políticas públicas positivas como as do Eusébio"

Como o Centro Industrial Cearense (CIC) pode intervir nos municípios cearenses com o modelo educacional de Eusébio?
De maneira positiva, fomentando políticas públicas educacionais bem-sucedidas como a apresentada no município de Eusébio.

O que falta para que todos os municípios cearenses tenham como referência educacional o município de Eusébio?
Falta vontade política e uma melhor articulação entre setor privado e gestores políticos. É preciso acreditar no que se propõe fazer em termos de educação. Eusébio, através de sua Secretária de Educação, é um ótimo exemplo do que se pode fazer quando se tem vocação e vontade de provocar mudanças necessárias.

E ao País, como o Ceará pode mostrar esse exemplo?
A experiência vivenciada no Eusébio fará parte da explanação do deputado federal Arthur Bruno, em Brasília, para a Comissão de Educação da Câmara Federal. O encontro acontecerá no dia 13 de junho. Queremos, com isso, mostrar que é possível mudar os caminhos da educação no Brasil. Basta apenas vontade política para isso. O caminho é a educação.

Roseane Oliveira de Medeiros*
Presidente do CIC

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Campus de Acaraú abre semana do Meio Ambiente

Com o objetivo de sensibilizar toda a comunidade acadêmica a respeito da necessidade da preservação do meio ambiente e da atuação profissional sustentável, o campus de Acaraú do IFCE promove a partir de hoje (01/06) até a próxima sexta-feira (03) atividades alusivas a Semana Nacional do Meio Ambiente.

Entre as atividades, estão programadas palestras sobre sustentabilidade ambiental aplicada às atividades profissionais dos cursos ofertados pela sede do IFCE; visita ao projeto de conservação de tartarugas marinhas (Tamar) em Almofala, distrito de Itarema; limpeza da praia e oficina do mangue na Praia de Arpoeiras em Acaraú; e apresentação de documentários. Além disso, ocorre inauguração da sala de artesanato do grupo IFCarte, composto pelos  alunos do campus que confeccionam para comercialização produtos com base em resíduos de pescado e sucata marinha, sob coordenação da Profa. Soniamar Saraiva.

Conforme a professora da área de Biologia do campus de Acaraú, Rafaela Camargo, responsável pela elaboração do projeto “O meio ambiente na minha prática profissional”, norteador das atividades da Semana Nacional do Meio Ambiente, o objetivo do evento é “sensibilizar os alunos, enquanto futuros profissionais, sobre a importância da conservação do meio ambiente, fazendo com que cada um adote posturas que colaborem para a geração de um ambiente sustentável e socialmente justo.”

Fonte: Blog IFCE-Acaraú

Esporte-17 medalhas no Norte/Nordeste de Karatê para o Vale Acaraú


CEARÁ

Depois de ter conquistado por 12 vezes seguidas o título de Campeão Norte/Nordeste fora de casa a FCKE antiga FCKI, representante cearense do Karatê Esportivo sagrou-se Campeã pela 13ª vez dentro de casa, pois no último final de semana aconteceu em Fortaleza(Ce) o III Campeonato Norte/Nordeste de Karate Esportivo conquistando 120 medalhas de ouro. Participaram também os estados do Pará, Bahia e Pernambuco.

VALE DO ACARAÚ

A AAKC-Karatê representante do Vale Acaraú dentre mas de 600 atletas que participaram do evento conquistou 17 medalhas sendo 3 medalhas de Ouro, 3 medalhas de Prata e 11 medalhas de Bronze. Nesta competição contamos com o apoio da Prefeitura Municipal de Bela Cruz, de atletas e pais de atletas que custearam a nossa participação e de alguns patrocinadores individuais. Aproveitamos a oportunidade para agradecer a todos que colaboram e parabenizamos os atletas pela bela participação e conquistas.

Veja o Quadro de Medalhas da AAKC logo abaixo:
PRÓXIMO DESAFIO

No próximo dia 19 de Junho a cidade de Cruz(Ce) se tornará a capital cearense do Karatê Esportivo, pois sediará a III Copa Estadual Vale do Acaraú a qual os organizadores tem a expectativa de receber 300 atletas de todo o Estado do Ceará.
A competição acontecerá mais precisamente no Ginásio da Vila Olímpica a partir das 8:30h da manhã se estendendo até a tarde, com entrada franca sendo arrecadado alimentos não perecíveis para famílias carentes.
Será um dos maiores eventos esportivos já realizados na região.

Literatura-Peças da imaginação

O escritor cearense Nilto Maciel resenha a coletânea O Cravo Roxo do Diabo e escreve sobre a recente produção fantástica da literatura cearense


Nilto Maciel
ESPECIAL PARA O POVO

Apesar de a literatura, seja ela oral ou escrita, ter se originado da necessidade de um homem contar a outros o não-visto, o não-ouvido, o não-sabido, o não-sentido, o não-explicável ou o inexplicável, demorou muito até os estudiosos se debruçarem sobre a literatura do mistério, do estranho, do ilógico, do irracional, e a aceitarem como uma das vertentes da arte. Antes de Todorov, ninguém se ocupou tanto dela. Ninguém se preocupou em lhe dar nome certo: literatura fantástica. Nos compêndios de história liam-se apenas expressões como “fulano tem imaginação prodigiosa”, “sicrano vai da fantasia mais pueril ao...”. Passados anos e estudos, a literatura fantástica ainda é vista com certo desdém. Como o são a literatura policial, a literatura erótica, a literatura infantil e outras.

Esse tipo de literatura teve e tem cultores no Ceará. Porém, a maior parte desse acervo se encontra desaparecida, imersa na poeira dos séculos ou mesmo nas prateleiras mais inatingíveis de bibliotecas de outros mundos, como a de Babel, Alexandria e New York.

Nomes do Ceará
Alguns nomes muito conhecidos podem ser lembrados aqui como cultores do fantástico no Ceará. Como o de Oliveira Paiva, cujos contos estamparam-se em jornais quase todos em 1887, reunindo-se em livro somente em 1976.
Entre 1855 e 1908 viveu Emília Freitas, autora do primeiro romance fantástico da Literatura Brasileira. Publicado em 1899, A Rainha do Ignoto só foi redescoberto recentemente, pelo pesquisador e crítico Otacílio Colares, que escreveu o prefácio da 2ª edição, datada de 1980. A obra apresenta-se “com os apelos ao imponderável, por facilidade de alguns acoimado de espírita, quando mais não foi, nas intenções de sua autora, que uma fuga propositada ao passado, ao que se convencionou denominar – romance gótico, embora partindo do regional mais autêntico.”

Histórias de ancestrais
Nos meados do século XX, surgiu entre nós outro cultor do fantástico: Moreira Campos. No artigo Afinal, os cães veem coisas?, Linhares Filho pergunta: “Qual a razão do interesse maior do fantástico em Moreira Campos, se tal categoria não constitui uma constante do escritor?” E responde: “Justamente o fato de, sendo ele um autor neo-realista às vezes, outras vezes neo-naturalista, apresentar-se cioso da verossimilhança, adotando, nos raros contos em que abriga o fantástico, uma postura que mais se inclina para o estranho do que para o maravilhoso”.
Depois vieram José Alcides Pinto, o criador de dragões e demônios; Juarez Barroso, o adestrador de cururus e cavalos; Airton Monte e seus loucos; Carlos Emílio e suas viagens intermináveis; Gilmar de Carvalho e os tipos do sertão e da cidade; Nilto Maciel; e agora o pessoal mais novo, como Tércia Montenegro, Jorge Pieiro, Dimas Carvalho, Pedro Salgueiro e outros.

A literatura fantástica seria muito mais rica, se a humanidade tivesse conhecido a escrita há mais tempo. Assim, teríamos relatos ou histórias de nossos ancestrais de cinco, dez, vinte mil anos atrás. De animais desaparecidos, criaturas monstruosas, seres humanos perdidos nas matas da Chapada do Araripe, das serras da Ibiapaba, Meruoca, Uruburetama, Maranguape, Maciço de Baturité. Cabe a nós, herdeiros da memória de nossos antepassados, a recriação daqueles mundos.

O cravo roxo do diabo é um volumoso compêndio do que se pode chamar pelo nome de fantástico. Não se tem notícia de obra tão abrangente no Ceará e mesmo no Brasil. Coletâneas de contos fantásticos há muitas. No entanto, nesta coleção há muito mais do que narrativas curtas de mistério, horror, espanto. Salgueiro arrancou do fundo da terra – como um coveiro imortal, sempre a cavar o chão, embora enterre os mortos (seria melhor dizê- lo, pois, arqueólogo) – peças literárias (nem sempre douradas) criadas pela banda sórdida da imaginação humana.

Nilto Maciel é escritor, autor, entre outros, do romance A Rosa Gótica

Fonte: O Povo

Seduc lança edital para seleção de textos de literatura infantil

A seleção é composta de duas categorias: textos destinados às crianças de quatro e cinco anos de idade, e para as de seis e sete anos
Desenho: Dilvulgação
A Secretaria da Educação (Seduc) realiza até o próximo dia 18 de julho as inscrições para um concurso destinado à seleção de textos inéditos de Literatura Infantil. Poderão participar autores residentes no Ceará.

Para cada texto escolhido, o autor receberá premiação no valor de R$ 4,5 mil. Os textos vencedores serão reproduzidos, editados, publicados e distribuídos aos alunos da Educação Infantil, 1º e 2º anos do Ensino Fundamental da rede pública, atendida pelo Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic).

As inscrições serão realizadas de segunda a sexta, das 8h às 11h ou das 14h às 17h, na Coordenadoria de Cooperação com os Municípios (Copem), da Seduc, localizada na avenida General Afonso Albuquerque Lima, s/n, Cambeba.

De acordo com o edital, a seleção é composta de duas categorias: textos destinados às crianças de quatro e cinco anos de idade, e para as de seis e sete anos. O material selecionado fará parte da “Coleção Paic Prosa e Poesia”. 

Fonte: O Povo

Literatura-Arquitetura da alma

Obra-prima da escritora Natércia Campos, o romance "A Casa" ganha sua terceira edição. Livro será lançado, hoje, às 19h30, na Academia Cearense de Letras


O mercado editorial cearense nem sempre faz justiça com os escritores da terra. Se publicar ainda é uma batalha árdua, reeditar é talvez ainda mais difícil. Daí a importância do reaparecimento de uma obra como "A Casa", de Natércia Campos (1938 - 2004), lançado, originalmente, em 1997, que chega a sua terceira edição. O livro será lançado, às 19h30, na Academia Cearense de Letras.

O romance é considerado, por parte da crítica, como a obra-prima da escritora - ela mesma, uma das principais personagens de nossa história literária e filha de outro gigante das letras, o contista Moreira Campos. O projeto foi laureado na categoria Reedição (Prêmio Otacílio de Azevedo), do primeiro edital Prêmio Literário para Autor (a) Cearense, da Secretaria da Cultura do Estado Ceará (Secult).

O ponto mais alto
A nova edição de "A Casa" traz um texto de apresentação de Sânzio de Azevedo, escritor, crítico literário e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Penso que todos são unânimes em considerar o ponto mais alto da obra de Natércia Campos o romance ´A Casa´, que recebeu o Prêmio Osmundo Pontes de Literatura no ano de 1998. Nada mais justo do que se reeditar o livro, tal como ela desejava: com todas as epígrafes (que fazem parte da estrutura do livro), a página de abertura escrita pela autora e a dedicatória ao pai, Moreira Campos", escreve o pesquisador.

"Angela Guitiérrez, que havia considerado ´A Casa´, ´um dos mais belos romances da literatura brasileira contemporânea´, dá esse depoimento: ´Lembro-me, à época do lançamento d´A Casa´, do espanto dos leitores (entre eles, me incluo), ao ler o texto de uma escritora da pancada do mar que sabia captar e exprimir, com tanta sensibilidade, até com detalhes preciosos, a mística dos costumes sertanejos", cita ele.

A própria Natércia Campos tinha clara a importância do romance para o conjunto de sua obra. "Talvez no romance ´A Casa´, ´os segredos múltiplos da reminiscência, o mundo que vive entre nós, obscuro e palpitante´, nas palavras do mestre Luís da Câmara Cascudo, ajudem-me ampliar esta singular saudade dos sertões da terra", anotou à época da aparição do livro.

Ainda sobre a obra, publicada originalmente em 1997, a amiga de Natércia, a também escritora Regina Pamplona Fiúza, se posicionou dizendo: "É um romance que inventa a si mesmo! É a literatura do olhar, da observação profunda, da descrição extremamente poética. E ´A Casa´ se produz na superposição de duas suítes temporais, como as duas vozes na música. É a interação perfeita do narrador-personagem principal com o Leitmotiv".

Exposição
Além do lançamento do livro, o qual não será apresentado apenas por uma pessoa, sendo a palavra facultada aos amigos presentes, Carolina Campos, filha da escritora, adianta que, paralelamente, acontecerão outras atividades: "Vai ser uma grande homenagem da Academia Cearense de Letras para a minha mãe. No sétimo ano de falecimento dela, vamos também realizar uma mostra de parte do seu acervo, a qual, tem como curadora Neuma Cavalcante, da UFC, onde o material se encontra atualmente".

Carolina Campos acrescenta que também haverá uma exposição dos quadros originais da capa de "A Casa", pintados pelo artista plástico catalão Pablo Manyé. Natércia Campos teve uma ligação muito forte com a Espanha, país onde sua filha residiu. "A melhor amiga da minha mãe era a também escritora espanhola Margarita Solari, que também morou aqui em Fortaleza, onde as duas estreitaram os seus laços de amizade. Além disso, seus dois primeiros netos, Thiago e Natércia, também nasceram em Barcelona", relembra sua filha Carolina.

Romance  
A Casa
Natércia Campos
Imprece, 2011, 136 páginas, R$ 20
Lançamento às 19h30, na Academia Cearense de Letras (Rua do Rosário, 1, Centro).
Contato: (85) 3226.0326

NELSON AUGUSTO
REPÓRTER

CRÍTICA

Natércia Campos: crenças e mitos
Na escritura de Natércia Campos, além da própria imaginação, existe uma fusão entre pensamento e linguagem, numa perfeita harmonia entre enunciação e enunciado. Trata-se de uma linguagem pessoal, que une o sentimento poético à capacidade de observação; linguagem entrelaçada, portanto, ao poético, ao lirismo; por isso, imaginação e memória se fundem e se confundem, tornando-se um corpo uníssono.

Desse modo, o tom poético imprevisto é um dos fulcros de sua expressão literária; e o místico, o fabuloso, o fantástico imprimem-se como reais, à semelhança do universo palpável. Atinge o tom épico e mitológico, fruto do tom da fábula, em linguagem plástica. É um romance narrado em primeira pessoa: a própria casa, sofrendo um processo de antropomorfização, conduz a narrativa. Assim, a edificação do texto funde-se à da própria casa: "Fui feita com esmero, contaram os ventos, antes que eu mesma dessa verdade tomasse tento". No princípio, a casa; depois, o que ela iria comportar. O processo de construção da narrativa consiste na conversão de tijolos e madeiras em memória.

A autora, cedendo o fio condutor do texto a uma casa, faz desta a encarnação dos poetas da oralidade. Nesse sentido, a tessitura do romance se aproxima da rapsódia: mais que a história de uma família, o que, em verdade, se imprime é a história de um povo, tecida a partir das manifestações do mítico, do místico, das crenças, das superstições, do folclore, das lendas, das tradições populares...

Da narrativa
A casa, enquanto espaço, é a casa-grande, morada da aristocracia sertaneja; foi edificada a partir de um conhecimento intuitivo, hierárquico de engenharia e arquitetura: o pé-direto alto (para a circulação de ventos); nas paredes externas, bem a meio, buracos grossos, abertos pelo lado de dentro e fechados com argamassa (para a defesa); um longo e escuro corredor a ligar os vários quartos divididos por meia-parede (para o controle da sexualidade); a varanda dando para o Norte e para o Sul.

A pedra de lioz (calcária, branca e dura, usada em cantaria), posta na soleira, funda a casa; fixada à entrada, defensora e guardiã, protegeria, então, a família dos malefícios. Sob tal pedra iriam ser enterrados os umbigos dos recém-nascidos; (para que fossem apegados à casa paterna); As mulheres não poderiam tocar na soleira (da mesma forma como na ara dos altares), pois ficariam estéreis.

As simpatias do plano mágico eram guardadas sob a pedra. Para o dono da casa deixar de beber ou de jogar baralho, abandonar hábitos errantes, o lugar privilegiado para ocultar-se a moamba era na soleira. As primeiras unhas cortadas do bebê e o primeiro cabelo aparado iam para a soleira; o primeiro dente, para o telhado; e o segundo era escondido sob o batente do limiar. Aí também se punha a ponta da cauda do cachorro fujão. As defumações começavam pela porta da rua, exatamente da soleira. Daí recebia a mãe o filho voltando do batizado.

Em "A Casa", a escritora Natércia Campos enumera, ao longo da narrativa, algumas superstições, tais como: abrir-se a porta sem a intervenção do homem ou dos ventos (chegada de Ela - a morte); criança que chora no ventre da mãe (dotada de poder de cura); não podem ficar no escuro doente grave e menino pagão (a chama das velas protege os necessitados).

E, como existe uma relação intrínseca entre o sagrado e a morte, é esta uma das presenças mais constantes.

CARLOS AUGUSTO VIANA
EDITOR DO CADERNO CULTURA

Educação-Intercâmbio eleva ensino em Direito

Universitários de Sobral participam de aulas via internet diretamente de uma instituição americana

Com aulas ao vivo, em língua portuguesa, os estudantes participam da grade curricular americana
FOTO: WILSON GOMES
Sobral Alunos dos cursos de Direito e Ciências Contábeis da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) estão realizando intercâmbio via internet com a faculdade americana American College of Brazilian Studies (Ambra). Esta é a primeira turma do Brasil a realizar um intercâmbio com a faculdade sediada em Orlando, na Flórida (EUA), que oferece o curso de bacharelado em Ciências Jurídicas, voltado ao ensino das leis brasileiras (Bachelor of Science in Foreign Legal Studies - Brazilian Tradition). O conteúdo do curso é equivalente ao das Faculdades de Direito brasileiras.

Além da oportunidade de participar do sistema de ensino e das aulas da Ambra, os créditos das matérias cursadas são integralizados no curso de Direito e no curso de Contabilidade da UVA. Os estudantes da UVA contam com uma biblioteca virtual com acervo de mais de mil obras de várias partes do mundo, disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. O objetivo é facilitar os estudos e o enriquecimento curricular do estudante. Todos os alunos, ao mesmo tempo, podem consultar qualquer obra na íntegra via internet. O curso é ministrado por professores de diversos países, inclusive brasileiros, tudo ofertado na língua portuguesa.

Tanto os estudantes da Ambra quanto os da UVA possuem a mesma avaliação por parte dos docentes. Além do intercâmbio, futuramente, os universitários do Ceará terão a oportunidade de participar do desenvolvimento de projetos de pesquisa conjuntos, participação de práticas jurídicas reais e simuladas e ainda a participação de professores e alunos das duas instituições em cursos de extensão, seminários e congressos organizados pelas duas instituições.

Para assistir às aulas pela Ambra College, que acontecem ao vivo, é necessário que se tenha a disposição um computador conectado à internet. Porém, caso o aluno perca alguma das aulas, existe a opção de assistir a gravação, no horário que for mais conveniente.

O diretor da Ambra College,Francisco Neto, diz que a meta é ampliar o projeto nos próximos semestres, oferecendo intercâmbio via internet para outros alunos da Universidade Estadual Vale do Acaraú.

MAIS INFORMAÇÕES
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Avenida da Universidade, 850, Betânia, Sobral
(88) 3677.4243/ uva@uvanet.br

Seção áurea: equilíbrio harmônico

Livro traz uma visão ampla sobre o panorama histórico da seção áurea: uma proporção encontrada em estruturas da natureza, usada da Pre-história à Modernidade

O modulador, 1948. Desenho de Le Corbusier, da Fundação Le Corbusier, em Paris. A seção áurea era buscada pelos artistas
Tanto nas artes como na arquitetura, as regras de proporcionalidade (o equilíbrio harmônico) sempre foram recorrentes para assegurar ao seu criador um auxílio favorável para suas composições. A seção áurea é uma das mais conhecidas. Muito já se estudou ou se escreveu sobre ela.

Afim de proporcionar uma visão abrangente desta temática, incluindo a sua compreensão espacial, seus aspectos simbólicos e místicos, sua ocorrência em estruturas da natureza e no ordenamento de obras de arte; o professor Antônio Martins da Rocha Junior escreveu o livro "Divina proporção: aspectos filosóficos, geométricos e sagrados da seção áurea".

Publicação
O livro, que será lançado, hoje, às 19h30, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, foi contemplado com o Prêmio Literário para Autores Cearenses 2010, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult). O Prêmio selecionou escritores, editores, quadrinhistas, pesquisadores e autores de projetos gráficos em literatura e cultura em reconhecimento à originalidade de seus trabalhos.

"O livro apresenta uma visão histórica da seção áurea, servindo como um mote para se estudar outros assuntos. O interesse, portanto, não é difundir um formalismo de modelos predeterminados, mas fornecer instrumentos para uma análise simultaneamente matemática e poética de um objeto estético ordenado segundo a seção áurea ou qualquer outra proporção", explica Rocha Junior.

O pesquisador ressalta que a seção áurea é um tipo de proporção encontrada em estruturas da natureza e amplamente utilizada, da Pré-História à Modernidade, como ordenamento de certas manifestações artísticas.

Proporção áurea
"Ela fazia parte dos conhecimentos artesanais dos artistas, arquitetos e construtores nas grandes civilizações antigas e na obra de Euclides (330-275a.C). A seção áurea, no entanto, só será compreendida como experiência universalizante, ou seja, por meio da Filosofia, Geometria, História, Biologia, Física e de outros conhecimentos. Uma vez que você abre os olhos para a seção áurea, poderá refletir se o olho só vê aquilo que lhe interessa ou se existem configurações predeterminadas para a ordem das coisas".

Rocha Junior explica que a proporção áurea era, originalmente, uma proporção geométrica e não um conceito de cálculo abstrato. Nos primórdios das civilizações, o homem parecia compreender apenas de forma intuitiva o processo de ordenamento do mundo, da realidade.

"As relações de proporcionalidade da seção áurea são estabelecidas, originalmente, entre áreas e não entre números. Se hoje temos uma compreensão mais abstrata do que concreta das relações matemáticas, decorrentes da Modernidade inaugurada com o Renascimento, procuraremos explicar a seção áurea inicialmente por meio de processos algébricos, para, posteriormente, compreender o seu sentido espacial".

Livro  
Divina proporção Antônio Martins da Rocha Junior
Expressão Gráfica, 2011, 206 Páginas
O livro será lançado, hoje, às 19h30, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Navalhas registradas

Será lançado hoje, à noite, a exposição e o livro "Barbearia do Tempo", do fotógrafo Sérgio Carvalho. Imagens revelam o cotidiano desta tradicional atividade

  FOTOS: SÉRGIO CARVALHO
O projeto surgiu a partir de uma coincidência, de maneira inesperada. Durante uma viagem até o município litorâneo de Cascavel (a 70 km de Fortaleza), para visitar a Feira de São Bento, o fotógrafo Sérgio Carvalho descobriu a resistência ao tempo de uma profissão que já foi bastante popular. Entre os becos da feira, deu de cara com 12 barbeiros em plena atividade, de posse de suas tesouras e navalhas.

O achado suscitou no fotógrafo a ideia de um projeto, que resultou na exposição e no livro "Barbearia do Tempo", a serem lançados, hoje à noite, no Espaço Cultural Correios de Fortaleza. As imagens revelam, a partir do olhar acurado do autor, detalhes do cotidiano desses profissionais "à moda antiga".

  FOTOS: SÉRGIO CARVALHO
"Essa história surgiu por acaso, quando visitava a feira de Cascavel, considerada a segunda maior do tipo livre, no Brasil, atrás apenas da Feira de Caruaru (PE)", ressalta Carvalho. "Nesse dia, descobri esses barbeiros trabalhando lado a lado, nas varandas do mercado. Nunca tinha visto aquela cena em feira alguma, e sou frequentador delas. Faz parte do meu universo. Então foi algo que me chamou atenção", recorda.

"Isso foi em meados de 1999. Ao todo, eram 12 barbeiros. Fiz algumas fotos no dia e depois comecei a voltar todos os sábados para desenvolver mais o projeto. Conversava com os barbeiros, observava-os em ação, seu cotidiano", descreve o autor.

A partir daí, Carvalho iniciou o projeto de um ensaio documental sobre o tema. "Comecei a pesquisar sobre a Feira de São Bento, sobre os barbeiros. Com esse projeto ganhei o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará", explica.

  FOTOS: SÉRGIO CARVALHO
Logo depois, o fotógrafo foi contemplado pelo Edital de Patrocínio Cultural dos Correios. As duas premiações viabilizaram a produção do ensaio, do livro e da exposição, que fica em cartaz até julho. "São 26 imagens expostas, que, de certa forma, representam a realidade de vida e de trabalho desses barbeiros. É um trabalho de registro da profissão, mas com toda a subjetividade visual do fotógrafo", observa Carvalho.

No lançamento, alguns barbeiros vão estar presentes, quando verão as imagens pela primeira vez. Outra iniciativa do projeto é a realização de oficinas de arte e visitas guiadas para 300 crianças de escolas públicas. "Essa contrapartida é uma das exigências dos Correios no Edital. As atividades serão conduzidas pela arte-educadora Ângela Moraes", detalha Carvalho.

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento do livro e da exposição "Barbearia do Tempo", de Sérgio Carvalho. Hoje, às 19h30, no Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38, Centro). Contato: (85) 3255.7260

Ceará-36% dos professores não têm nível superior

Na educação infantil faltam professores em Fortaleza. Já no Interior, o problema é a ausência de capacitação
FOTO: MIGUEL PORTELA
Os dados da última Sinopse do Professor, com base no Censo Escolar 2009, apontam que dos 87.067 docentes da Educação Básica no Ceará, 31.378 não cursaram o Ensino Superior, ou seja, 36%. Neste total estão incluídos aqueles que fizeram somente o Ensino Médio ou o antigo normal/magistério e também os que só possuem o Ensino Fundamental.

Com esses dados, o Ceará aparece com o segundo menor percentual do Nordeste. Entre as regiões do País, os números são díspares: Enquanto no Centro-Oeste 79,6% dos integrantes do magistério possuem nível superior, no Nordeste o índice não chega nem a metade desse percentual.

Para alguns especialistas, esses números comprometem a educação ofertada no Estado. Para se ter uma ideia da situação, pelo menos no que tange a educação de crianças de zero até seis anos, a integrante do Fórum da Educação Infantil do Ceará, Maria de Jesus Ribeiro, aponta que o quadro se agrava no interior do Ceará.

"Em Fortaleza temos o problema da falta de professores. Já no interior do Estado, o gargalo é a falta de formação, pois ainda acredita-se que para criança pequena qualquer educação serve", informou.

Proinfantil
Segundo Maria de Jesus, para melhorar a capacitação dos professores, existe o Proinfantil, que é um curso em nível médio, à distância, na modalidade normal, destinado aos professores da educação infantil em exercício nas creches. Diz que as turmas no Ceará podem ir para o seu quarto grupo.

"Esse curso só existe porque ainda acontecem contratações de pessoas, sem a escolaridade exigida pelo MEC, para lecionar nas creches. O que não era mais para acontecer, se levarmos em conta uma das metas do Plano Nacional de Educação, que não foi atingida pelo nosso Estado, que proíbe a contratação de pessoas não capacitadas", explica.

A falta de recursos financeiros dos próprios professores é um obstáculo para a formação deles, mesmo em cursos gratuitos, pois há custos de transporte, alimentação e materiais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que a formação para atuar na Educação Básica deve ser feita em cursos de licenciatura. Para a primeira fase do Ensino Fundamental e para a Educação Infantil é admitida, mas não recomendada, a formação de Ensino Médio Normal.

CAPACITAÇÃO70% dos educadores com especialização
A Secretaria da Educação (Seduc) aponta que atualmente, a rede estadual tem 16 mil professores efetivos com nível superior, em sala de aula nas escolas estaduais. Desse total, 70% já possuem uma especialização.

Além disso, acrescenta que a formação de professores da rede hoje, está focada nos processos de aprendizagem que visam aumentar o desempenho acadêmico dos alunos, dando ênfase aos mecanismos que promovem a melhora dos níveis de leitura e compreensão de textos, além do raciocínio lógico.

O coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da Seduc, Rogers Mendes, explica que a estratégia adotada é a descentralização, em que cada Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) e a Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor) elabora seu projeto de formação dos professores lotados na regional.

"Apoiamos estes projetos de formação de duas formas: logística (recurso para contratação de serviços e consumo) e disponibilização de bolsas da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), para professores da regional atuarem como formadores de seus pares".

Apoio
O apoio logístico para 2011 está orçado em R$ 1,3 milhão. Já as bolsas da Funcap, estão previstas para este ano, 638. O investimento é de R$ 765 mil. A ideia é que a Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pedagógico, faça o monitoramento e discuta com as equipes de formação das Credes e Sefor sobre as melhores estratégias de formação.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fotógrafo Tiago Santana retrata sertão em novo trabalho

  Foto: Divulgação
O homem, a terra. O homem que se confunde com a terra. Pode parecer banal, mas também se transformar em poesia se este tema é narrado pelas fotografias de Tiago Santana. Contador do Nordeste, Santana, desde que se iniciou na fotografia no final dos anos 1980, relata a vida dos romeiros, dos habitantes do sertão, da terra onde nasceu e se criou, à exemplo de grandes escritores como Graciliano Ramos. E é esta a história que lhe interessa. Não como uma reportagem jornalística, mas como uma possibilidade de ampliar o imaginário.

Inscrito na mais tradicional escola de documentarismo que caracteriza de alguma forma a fotografia cearense, Santana é o segundo autor brasileiro (o primeiro foi o Sebastião Salgado) a ser inserido na famosa coleção de livros de fotografia francesa PhotoPoche, criada em 1982 no Centre Nationale de la Photographie, pelo Editor Robert Delpire, e um dos projetos editoriais em fotografia mais difundidos do mundo, com mais de 150 livros, publicados em 3 coleções (História, Notas e Sociedade). Seu livro "Sertão" (Actes Sud, 12,80 euros) acaba de ser lançado em Paris.

O encontro entre autor e editor aconteceu em julho de 2007. "Ele conhecia meus livros Benditos e Chão de Graciliano e me disse que gostava muito da minha forma de fotografar", conta Santana por e-mail. "Para minha surpresa me fez o convite para entrar na Coleção Photo Poche, com meu trabalho sobre o sertão."
Quatro anos depois, com o número 17 da coleção Société, Tiago Santana nos apresenta um belíssimo ensaio sobre o sertão nordestino. A força de suas imagens também chamou a atenção do escritor cubano residente na França Eduardo Manet, que escreve o prefácio do livro: "Cada fotografia de Tiago Santana nos coloca frente a um enigma. Melhor: frente a enigmas fascinantes".

Santana nasceu no Crato, em 1966. Começou a trabalhar como fotojornalista e fotografo documentarista em 1989 e, desde então, publicou obras importantes, como "Benditos" (2000), "Brasil sem Fronteiras" (2003) "O Chão de Graciliano" (2006) e "O Sertão Dentro de Mim" (2010). Em 1994, fundou a editora Tempo de Imagem.

Num mundo cheio de redundâncias, de imagens que se plagiam a si mesmas e que aos poucos vão perdendo sua característica de linguagem e, portanto, de comunicação, a fotografia de Tiago ainda é capaz de surpreender, de nos tocar. "Procuro encontrar uma forma de contar histórias com sutileza, estranheza, mistério. Busco na singularidade daquelas pessoas, em seus lugares, olhares e paisagens que me inquietam e me impulsionam a fotografar, como se quisesse não só desvelar algo, mas também criar". O sertão de Santana não é exótico. É um olhar diferenciado de quem habita a região, mas que ao mesmo tempo também procura entendê-la e recriá-la. 
Fonte: Estadão

Livro "Barbearia do Tempo" é lançado na quinta-feira

A obra contempla em fotografias o cotidiano das barbearias nos becos da Feira de São Bento, em Cascavel

  Foto: Divulgação
O livro "Barbearia do Tempo", do fotógrafo Sérgio Carvalho, será lançado na quinta-feira, 2, às 19h30, no Espaço Cultural Correios de Fortaleza.

Paralela ao lançamento acontece também a abertura de exposição sobre a obra, com curadoria assinada pelo fotógrafo e editor Celso Oliveira.

A obra, contemplada com o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará e com Edital de Patrocínio Cultural dos Correios, traz imagens que buscam resgatar a tradição do cotidiano das barbearias nos becos da Feira de São Bento, em Cascavel, no interior do Estado.

"Barbearia do Tempo" conta com textos de Gilmar de Carvalho, professor do curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), de Celso Oliveira e do médico Assis Carvalho, irmão do fotógrafo.
Serviço

Lançamento do livro "Barbearia do Tempo", de Sérgio Carvalho

Dia 2 de junho, às 19h30
Local: Espaço Cultural Correios (rua Senador Alencar, 38 - Centro)
Outras info.: 3255 7262.
 
Fonte: O Povo

Francisco Pinheiro volta a Secult-Ce

Afastado desde fevereiro de suas funções como titular da Secretaria da Cultura do Estado, Francisco Pinheiro volta ao órgão hoje - ele já esteve à frente do cargo em janeiro e promete colocar em prática novos projetos, que deverão ser concretizados nos próximos três anos e meio

Pinheiro despediu-se, ontem, da Assembleia Legislativa
FOTO: FÁBIO LIMA (13/10/2008)
Seis meses depois de ter sido indicado pelo governador Cid Gomes para a Secretaria da Cultura do Estado (Secult), o ex-vice-governador Francisco Pinheiro (Professor Pinheiro) assume, em definitivo, hoje, o cargo. Ele chegou a atuar como secretário no último mês de janeiro, mas ficou pouco mais de 30 dias na função. No início de fevereiro, ele licenciou-se do cargo para assumir como suplente de deputado na Assembleia Legislativa, deixando em seu lugar a secretária adjunta, Maninha Morais.

No discurso de despedida na AL, ontem, ele foi breve. Falou da boa convivência com os colegas, "apesar das diferenças ideológicas". Ele pediu que seus projetos, ainda em tramitação no legislativo, fossem acompanhados por seus colegas de partido. Pinheiro elogiou, ainda, o processo democrático que elegeu a professora Otonite Corteza reitora da Universidade Regional do Cariri (Urca) e destacou a importância de discussões em torno do desenvolvimento sustentável.

Sobre a nova (ou velha) função, Pinheiro se disse tranquilo e aproveitou para afirmar que "há má vontade e desinformação" entre os que afirmam que a pasta da Cultura não tem trabalhado. "Tudo o que deveria ter sido feito foi devidamente cumprido, como os editais, que foram todos lançados", declarou o atual secretário.

De acordo com Pinheiro, no próximo sábado, todas as secretarias, incluindo a da Cultura, apresentarão ao governador novos projetos estruturantes para serem colocados em prática até o fim do seu mandato, em 2014. "Apesar de afastado do cargo, participei ativamente e acompanhei de perto a elaboração destes projetos", garantiu ele.

O primeira promessa diz respeito a criação da Pinacoteca do Estado, que deverá ser montada nos galpões da antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), no centro histórico da Capital.

Outro projeto é de criação do Sistema Estadual de Arquivo e Documentação do Ceará. De acordo com Pinheiro, o acervo histórico do Estado está sendo perdido e, por isso, pretende criar arquivos municipais, onde todo este material será catalogado e mantido de acordo com as normas mundiais de conservação. Além disso, tudo será digitalizado e, "com exceção de documentos sigilosos", poderá ser consultado por qualquer pessoa através da internet.

Além disso, adiantou o secretário, a ideia da Secult é criar uma rede de centros culturais semelhantes ao Dragão do Mar, de Fortaleza, pelo Interior. "Seriam grandes centros de difusão da cultura funcionando em prédios que já existem e seriam reformados para esta função", explicou.

Pinheiro declarou também que não tem qualquer intenção de modificar a equipe que compõe a Secult. "Todos os gestores e assessores dos equipamentos culturais do Estado já foram confirmados ou substituídos quando passei um mês como secretário. Tudo já vem funcionando normalmente", ressaltou.

O secretário acrescentou que projetos importantes, como os de incentivo à leitura, terão continuidade. Outros, sofrerão algumas modificações. É o caso da política de editais, que tem sido mantida, mas terá a fiscalização ampliada. "O professor Auto Filho (ex-secretário) implantou esta política, mas daremos um passo adiante, verificando se os projetos estão sendo executados a contento", avisou.

Ele destacou que os recursos destinados para a pasta serão redefinidos e que buscará junto ao Governo Federal suporte financeiro para executar, principalmente, os projetos de arquivo e documentação. "Esta é uma área bastante importante".

Impasse
A crise na Secult teve início no dia 2 de fevereiro, data marcada para a posse dos candidatos eleitos deputados estaduais no pleito de 2010. Na ocasião, Francisco Pinheiro, iria assumir o cargo de secretário da Cultura do Ceará. Até aquela data, ele esteve durante todo o mês de janeiro em atividade na Secult. Contudo, por figurar na lista dos deputados eleitos (com 38.581 votos), Pinheiro teve que deixar a secretaria para assumir o mandato de deputado estadual. Para seu espanto, ao chegar às dependências da Assembleia Legislativa, onde deveria acontecer a posse dos eleitos, ele foi surpreendido com a notícia de que não seria mais titular da vaga de deputado. A Justiça Eleitoral havia feito alterações no quadro de eleitos, e, a partir daquele momento, Francisco Pinheiro passou a ser primeiro suplente. E o historiador não foi empossado.

Assim, naquele dia, em razão da saída dos deputados eleitos que ocupavam cargos nas secretarias, o então Secretário da Cultura foi convocado para assumir a Assembleia como suplente. Em entrevista ao Caderno 3, concedida no dia 16 de abril deste ano, ele explicou, que no dia da posse surgiu uma liminar em que o Partido Trabalhista Cristão (PTC) ganhou uma vaga na Assembleia e tirou uma vaga da coligação PSB, PT e PRB.

"Estamos trabalhando no sentido de reverter essa situação, tendo em vista que o partido que ganhou a vaga, o PTC, não fez coeficiente eleitoral. Entramos com uma ação sete dias depois, que hoje está tramitando no Tribunal Regional Eleitoral e, de lá, segue para o Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Temos que aguardar a decisão, mas estou certo que o bom direito vai prevalecer", destacou na época.

Pinheiro, que disse, ontem, ainda aguardar uma decisão da Justiça Eleitoral, chegou a revelar, ainda, que a lista dos novos gestores dos equipamentos culturais do Estado só seria confirmada após seu retorno à Secult. A medida é uma das mais importantes para o setor, e seu adiamento parece ter colocado a Secretaria em um hiato. O único nome que havia sido confirmado foi o de Isabel Cristina Fernandes, nomeada diretora de Ação Cultural do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC).

Desde então, quem assumiu a titularidade da pasta da cultura foi Francisca Andrade de Morais, Maninha Morais. Ex-presidente do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC). Ela foi nomeada secretária adjunta da Cultura do Estado, em janeiro, e passou a acumular as duas funções. Na época, ela também conversou com o Caderno 3. "A secretaria está funcionando. Estamos recebendo todas as demandas, temos uma pauta imensa de audiências. Estamos lançando os editais no período que tem que sair, aliás, acabamos de lançar o Edital da Paixão, e o Edital dos Pontos de Cultura fechamos agora com 399 projetos inscritos, para escolha de 100 pontos. Com relação aos projetos que vamos desenvolver, estamos fazendo reuniões com todas as coordenações, fazendo um balanço mesmo. Muitas questões foram pensadas no mês de janeiro, quando Professor Pinheiro estava aqui, e estamos considerando todas as demandas e dando os devidos fins. Estamos antenados, trabalhando junto. Quando essa situação for resolvida, apenas daremos continuidade aos trabalhos", revelou Maninha.

FILIPE PALÁCIO/ANA CECÍLIA SOARES
REDATOR/REPÓRTER

Paic debatido por secretários

Secretário-adjunto da Seduc apresenta, em São Paulo, os dados de redução do índice de analfabetismo no Estado

Ciclo de debates, promovido pela Fundação Itaú Social, reuniu, na manhã de ontem, secretários de Educação de vários Estados, educadores, especialistas na área
FOTO: DIVULGAÇÃO
O Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), do Governo Estadual, cujo foco é alfabetizar todas as crianças até os sete anos de idade, tem conseguido resultados positivos na educação do Ceará. A iniciativa foi debatida no Ciclo de Debates em Gestão Educacional promovido pela Fundação Itaú Social, em São Paulo.

O Paic começou como uma iniciativa da Aprece, Undime, Unicef e 40 municípios cearenses, tendo sido transformado em política pública prioritária do Governo do Estado, em 2007. Desde então, vem mudando a realidade da aprendizagem das crianças cearenses.

No ano passado, conforme dados da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), além de 99,5% dos municípios terem ficado com média satisfatória, os dados do Spaece mostraram que 71% dos estudantes encontram-se alfabetizados ao término do segundo ano do ensino fundamental. Em 2007 esse percentual era de apenas 40%. O estudo apontou também uma expressiva redução do número de alunos no nível "não alfabetizado". Caiu de 33%, em 2007, para 7% , em 2010.

O Programa foi tema da palestra do secretário-adjunto de Educação do Estado do Ceará, Maurício Holanda Maia, ontem, no lançamento do programa. Ele falou sobre o sucesso do programa durante evento, que reuniu gestores públicos, técnicos, educadores. Na ocasião, trocarem experiências sobre o tema "Regime de Colaboração em Educação: modelos e desafios de articulação".

O secretário mostrou como o governo estadual conseguiu estender o Paic, melhorando seus índices educacionais.

O secretário recordou o caso de protagonismo municipal de Sobral (CE), que levou à criação do Paic. "No fim do ano 2000 foi feita uma avaliação do nível de leitura dos alunos da rede pública da cidade com oito anos de idade. O resultado apontou que mais de 50% deles não sabiam ler", relatou Maia. "A partir daí, foram estabelecidas duas metas: alfabetizar as crianças de até sete anos e as maiores de sete anos que não soubessem ler", afirmou.

Índices
Por meio de intervenções sistêmicas, não apenas a meta foi atingida como outros índices educacionais foram transformados - entre eles o de abandono escolar, zerado desde 2007. É a prova de que a criança aprende, a despeito de sua situação social. Ela não abandona a escola por causa da pobreza, mas porque a própria escola é pobre de oportunidades, de ensino", diz.

Para o secretário, o convite para participar do Ciclo de Debates significa poder compartilhar experiências bem sucedidas de gestão no Ceará. A partir daí, demonstrar que o Nordeste não está condenado eternamente a ter os piores índices de desenvolvimento. "É uma prova de que podemos ter indicadores sociais tão bons ou melhores do que os de outras regiões, inclusive àquelas com situações conjunturais muito melhores".

Reflexão
O Ciclo de Debates tem como objetivo ampliar a reflexão sobre estratégias e experiências que potencializem os esforços de gestores da educação para a melhoria na qualidade do setor. Ao longo do ano, estão previstas mais duas edições do evento.

Na abertura da programação, o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Matias, destacou a satisfação da instituição em promover o evento e a qualidade do público presente. Para ele, o programa Ciclo de Debates comprova o compromisso da empresa com a comunidade e a educação. "A palavra-chave é colaboração. Só teremos educação pública de qualidade se as parcerias forem efetivas", destacou.

Em seguida, Cibele Franzese deu início ao seminário, com uma apresentação elucidativa sobre o tema Regime de Colaboração. A especialista explorou aspectos como a estrutura policêntrica da Federação, que requer negociações constantes de interesses, e as dificuldades de conciliar a autonomia de municípios e Estados e a elaboração de políticas públicas em âmbito federal.

A especialista enfatizou a necessidade de se construir um sistema nacional de educação. Para tanto, recorreu a exemplos em outros setores da gestão, como a implantação do SUS.

O secretário de Educação do Tocantins, Danilo de Melo, destacou a importância da articulação entre programas de saúde, educação e assistência social e da reflexão sobre prioridades para investimentos.

ADRIANA MARTINS

REPÓRTER
*A repórter viajou a convite da Fundação Itaú Social

terça-feira, 31 de maio de 2011

Jornalista do O POVO vence prêmio Gandhi

Ana Mary C. Cavalcante levou para casa o prêmio de R$ 5 mil por conta da série de matérias "Amor e a Aids", publicada em novembro de 2010

Ana Mary C. Cavalcante venceu na categoria Jornal Impresso (MARCUS CAMPOS)
Com a série de matérias intitulada “O Amor e a Aids”, a jornalista Ana Mary C. Cavalcante ganhou o prêmio Gandhi de Comunicação 2011 na categoria Profissional – Jornal Impresso. O material é formado por três reportagens publicadas pelo O POVO no período de 7 a 9 de novembro de 2010, que abordaram histórias de quem convive com o vírus HIV. O evento aconteceu na noite de ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)
“Esse era um prêmio que eu tinha vontade de ganhar” afirmou a jornalista após a premiação, segurando o troféu em uma mão e em outra o cheque de R$ 5 mil. Ana Mary destacou seu envolvimento com os textos e seus personagens afirmando que “quem ganhou o prêmio foram as pessoas que estão nessas matérias, que são pessoas comuns, de ações costumeiras, mas provam pra gente que é possível esse amor maior que a Aids. Essas pessoas vivem em mim”.

Premiados
Dos 73 inscritos na premiação, somente oito foram premiados, já que na categoria Profissional - Fotojornalismo não houve inscritos. Na categoria Profissional - Telejornalismo, Sabrina Kelma de Aguiar , da TV Verdes Mares, foi a vencedora. Já na categoria Radiojornalismo, a premiada foi a jornalista da Rádio Jangadeiro Maria Liduína Saraiva. Em Campanha ou peça publicitária, a publicitária Marina Moraes foi a vencedora do prêmio.

Quatro estudantes também foram premiados. João Moreira Rocha Sobrinho venceu na categoria Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Comunicação Social. Andréia Nunes de Carvalho Pinto ganhou na categoria Trabalho de Mídia Impressa de Estudante de Jornalismo. Na categoria de Trabalho de Mídia Eletrônica de estudante de jornalismo, o ganhador foi Miguel Anderson da Costa Ferreira. Já na categoria Trabalho de Estudante de Publicidade e Propaganda, o vencedor foi Daniel Silva Barboda.

Antes da premiação, aconteceu o Fórum Comunicação e Paz na Natureza, tendo como palestrante a professora Ilza Giraldi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

ENTENDA A NOTÍCIA
O Prêmio Gandhi de Comunicação é realizado pela Agência da Boa Notícia. Tem o objetivo de estimular trabalhos nas áreas de jornalismo e publicidade que mostram o que de bom a sociedade produz.

Roberta Arrais
robertaarrais@opovo.com.br

Foto: O Povo

Acaraú-Colegio Virgem Poderosa-72 anos de existência

Escola Normal Rural de Acaraú
Em data de 30 de maio de 1939, Mons. Sabino de Lima, com a cooperação de alguns vontadosos acarauenses, fundou a "Sociedade Escola Normal Rural de Acaraú", cujo objetivo era criar e manter a futura Escola Normal, a qual foi oficialmente instalada a 23 de fevereiro de 1944, com o inicio das aulas do Curso de Admissão, sob a direção da professoras Odenília Barreto Coelho e Ana Barreto Coelho. E logo a 13 de março do mesmo ano, 19 candidatas foram aprovadas, ingressando no 1° Curso Normal Rural, naquela casa de ensino médio.

Mons. Sabino de Lima
A 31 de dezembro de 1952 chegaram a esta cidade as Filhas do Coração Imaculado de Maria, isto graças ao trabalho do Dr. Nelson Andrade de Sales. Desde então vêm elas dirigindo aquela conceituada casa educacional, com reais proveitos para a infância e a juventude femininas de Acaraú e de outras comunas.
1ª Irmas que chegaram no Acaraú-Filhas do Coração Imaculado de Maria, entre elas Ir. Mônica
 Confira mais informações da História do Colégio Virgem Poderosa no Blog Acaraú pra recordar: aqui

Fonte: Livro Município de Acaraú-Nicodemos Araújo

Do Blog: Parabenizamos às Irmãs Coordimarianas, professores,ex-professores, funcionários, alunos e ex-alunos pelo aniversário de fundação do CVP.

Acaraú-Mar avança 10 metros, por ano, no Ceará

Segundo o Labomar, dos 573 quilômetros de litoral, em apenas 15 foram realizadas intervenções

O estado do Ceará é conhecido mundialmente pela beleza do seu litoral. Contudo, quilômetros de praia, que atraem milhares de turistas, podem simplesmente sumir se não forem realizadas intervenções urgentes. É o que confirma um estudo feito no ano passado, pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar). A pesquisa mostra que na última década, o mar vem avançado em média, 10 metros, por ano, nas praias cearenses.

Na tarde de ontem, em comemoração ao Dia do Geólogo, especialistas, cientistas e representantes do poder público se reuniram com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa de Fortaleza para discutir o tema.

Um dos presentes no debate foi o diretor do Labomar, Luiz Parente. Segundo ele, a aceleração da erosão nas praias do Ceará tem preocupado pesquisadores da área. Parente ressalta que os trechos mais afetados são: a praia da Barreira, localizada no município de Icapuí; Caponga em Cascavel; Icaraí, em Caucaia e Praia do Morgado, no município de Acaraú. "Se não forem realizadas intervenções, essas praias certamente vão sumir nos próximos 10 anos".

Para se ter uma ideia da ausência de ações e políticas públicas, segundo Parente, dos 573 quilômetros de litoral, em apenas 15 foram realizadas intervenções, como por exemplo, a engorda da Praia de Iracema, onde fica localizado o aterro.

Ele explica ainda que apenas 10% dessa erosão é causada por fatores naturais, outros 90% são de responsabilidade do homem. Segundo Luiz Parente, a construção de barragens, represas, açudes e a ocupação desregulada do litoral são os principais fatores do avanço do mar. "As intervenções são caras, a cada 100 metros de praia o custo varia em torno de R$1 milhão. Contudo, são necessárias", ressalta Parente.

Para o geólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Wagner Costa, que realizou sua tese de doutorado sobre o avanço do mar no litoral cearense, a situação no Estado é grave devido os terrenos serem recentes do ponto de vista geológico.

De acordo com ele, as intervenções mais eficazes para reverter o problema são: a engorda artificial do litoral; a construção de espigões; bacias portuárias e o ordenamento da ocupação das praias. "Não existem políticas públicas concretas no Ceará para tratar do problema, a soluções existem, falta iniciativa", afirmou.

Ações
No entanto, conforme o Superintendente da Secretaria do Patrimônio da União no Ceará, Jean Saraiva, algumas medidas já foram e estão sendo realizadas, para reverter o avanço do mar. Segundo ele, na praia de Icaraí (Caucaia), numa faixa de 1.370 metros, foi introduzida a técnica de "bag wall", conhecida como "barramar". "São escadas feitas com sacos de argamassa especial. A medida que o mar vai avançando o material vai se petrificando", explica.

Ainda de acordo com ele, a Prefeitura de Icapuí também solicitou a construção de um paredão de cimento na Praia de Barreira, local onde o mar já destruiu casas e até uma escola. Outro projeto que ainda está aguardando ser aprovado é o da engorda da Beira-Mar. "Todas as intervenções solicitadas serão realizadas. Contudo, falta um maior envolvimento da comunidade científica"

KARLA CAMILA
ESPECIAL PARA CIDADE

Literatura-Leia-me, se for capaz

O escritor Pedro Salgueiro lança amanhã uma coletânea de autores cearenses apenas sobre contos fantásticos: causos, lendas e histórias para ninguém dormir

Xilogravura de Sebastião de Paula
Na boca da noite, quando a lua cheia chegava e a escuridão já não era mais contida pela parca luz dos postes da Light, vinham com ela as muitas histórias misteriosas, contadas ao breu das velas, recriadas pelos adultos com o intento sem-vergonha de assustar meninos pequenos.

Ah, mas não era só isso. Contar histórias fantásticas sob a luz da vela de cera era a manutenção de uma tradição virtuosa, da qual boa parte dos cearenses, até onde penso, usufruíram.

E nem é preciso ir assim tão longe no tempo. Porque mesmo na cidade grande, longe das paragens do interior, quando simplesmente faltava luz, toda criança já ouviu do pai, da mãe, do avô ou mesmo do irmão mais velho, uma dessas histórias de arrepiar.

Era ali, pertinho da vela, na mesa ou no chão da sala, enquanto se olhava de rabo de olho para a lâmpada vermelha da TV (à procura de um vestígio de eletricidade), que se buscava nos bornais da memória os causos contados muito dantes. Quais delas você ouviu? Eu ouvi a da pedra acorrentada que ia se soltar de cima da serra e destruir a cidade inteira; a do rio que sussurrava anunciando que ia morrer gente afogada; a da pick-up preta que carregava os moleques e outras tantas, lendas urbanas ou sertanejas.

Para o escritor Pedro Salgueiro, natural de Tamboril, as histórias ouvidas eram "cavalos sendo misteriosamente açoitados em estradas escuras, luzes vistas debaixo das oiticicas na beira de rios, machados cortando carnes durante a madrugada no mercado fechado e meninos que apareciam e desapareciam em jardins e camarinhas...", como descreve o próprio.

De tanto ouvir tais causos, Pedro investiu na produção do romance fantástico e, de escritor, passou a pesquisador do assunto. Em cerca de três anos de pesquisa, Pedro conseguiu, com a parceria de alguns outros escritores, reunir em torno de 130 contos fantásticos desenvolvidos por autores cearenses, desde obras de Juvenal Galeno, escritas na década de 1830, até livros inteiros dedicados ao gênero, produzidos por jovens escritores como Alan Santiago e Robson Ramos.

"O Cravo Roxo do Diabo: o Conto Fantástico no Ceará", que será lançado amanhã no Sesc Senac Iracema, foi fruto desse mergulho no insólito, escrito aqui mesmo, no Ceará, ambientando muitas vezes ali, na esquina daquela rua pela qual você passa todos os dias.

Gênero
Apesar das histórias de deuses, da Antiguidade Clássica, o fantástico se consolidou a partir do Romantismo e, desde então, transformou-se ao longo dos anos. Por isso, não se pode dizer que haja uma característica própria apenas da produção cearense. Segundo Pedro Salgueiro, no entanto, algumas particularidades permanecem, garantindo a harmonia do gênero.

"Até o século XX, predominavam as histórias fantásticas fantasmagóricas, mas isso vem mudando. Hoje, entre os modernos, os escritores mais jovens, há um pouco de tudo: lendas urbanas, ficção científica. O fato é que o conto fantástico é aquele que aborda aquilo que não pode ser explicado racionalmente e esse conceito, de certa forma, une essas produções". Acrescenta ele que muitas dessas histórias atuais são ligadas ao cotidiano e os eventos misteriosos acontecem, inclusive, à luz do dia.

Os três anos de pesquisa demonstraram como o gênero é, de fato, relativamente novo no Nordeste. Apesar de vários autores cearenses terem escrito algo de fantástico em suas obras, produções integralmente pertencentes ao gênero são recentes porque, de acordo com Pedro, o Nordeste é uma região convencionada como realista.

"Essa região era vista assim por conta das histórias de lutas do homem contra as intempéries do clima, as secas... Essa pesquisa também surgiu desse desafio, de mostrar que há no nosso Estado muita produção fruto da imaginação e não só literatura voltada para o social", defende Pedro.

Pesquisa
Vencer o edital que viabilizou a produção do livro foi até fácil, difícil mesmo foi a compilação de tantos textos, encontrados por indicações de autores e principalmente por investigações dignas de Sherlock Homes.

Para tanto, Pedro Salgueiro contou com a parceria do professor do Departamento de Letras da Universidade Federal do Ceará, Sânzio de Azevedo, e do professor de filosofia Alves de Aquino, conhecido como o Poeta de Meia-Tijela, que desafiou Pedro a incluir na coletânea uma outra vertente do gênero fantástico: a poesia. Deste modo, as quase 700 páginas de "O Cravo Roxo do Diabo" guardam 130 contos, 60 poesias e ainda 17 fragmentos de romances.

Entre os autores selecionados, destacam-se nomes como José Alcides Pinto, Carlos Emílio Corrêa Lima e Dimas Carvalho, alguns dos que privilegiaram o gênero em suas obras. Muitos dos outros autores o implantaram em seus escritos muito mais como um desafio, uma fuga da escrita realista, uma experimentação motivada por uma boa história que o povo conta.

Até o próprio nome que intitula o livro tem os seus dois pés no gênero. "O Cravo Roxo do Diabo" é o título de uma obra de Alvaro Martins (1868-1906), uma das primeiras a ser pesquisada para o compêndio e a única que simplesmente desapareceu. Isso mesmo, juro. O tal texto estava publicado em uma edição da revista Iracema, cuja coleção está integralmente preservada na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Ou ao menos estava. Faltava uma. A bendita (ou maldita?).

Até Jorge Brito, bibliófilo cearense, foi escalado para a busca e, pasmem, sequer ele tinha posse do conto ou sabia onde localizá-lo. Aí, não tem jeito, se Jorge não sabe, ninguém sabe. Resolveu-se, contudo, deixar a obra como título da coletânea, afinal já se havia mexido com o nome do "capiroto", então era melhor não contrariá-lo.

Quem sabe um dia, quando estranhamente faltar luz na sua rua, você escute que o próprio Alvaro apareceu um dia, em carne e osso, entregando a edição da revista a uma bibliotecária. Aquela que, inclusive, mora no seu condomínio. Vai saber.

Romance fantástico
"O Cravo Roxo do Diabo": o conto fantástico no Ceará  
Pedro Salgueiro
Expressão Gráfica, 2011, 673 páginas, R$ 30,00


O livro será lançado, amanhã, às 19h, no Sesc Senac Iracema (Rua Boris, 90c), integrado ao projeto Bazar das Letras. Promoção de lançamento: levando dois títulos, paga-se R$ 50,00

MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER