sábado, 30 de abril de 2011

Festival une culinária e arte

A comunidade do Distrito de Cachoeira se prepara para receber visitantes em evento que une culinária e cultura

Fortaleza Você já imaginou estar em um local em meio à natureza, ouvindo uma boa música, mais especificamente, um grupo de trovadores mostrando a cultura nordestina, e comendo iguarias típicas e feijão verde? Se acha difícil, não se preocupe, pois, hoje, você tem esta oportunidade. Basta ir ao Distrito de Cachoeira, localizado no Município de Maranguape, onde é realizado o V Festival do Feijão Verde e Trovadores de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza.

A programação está variada, incluindo, visita ao acervo cultural do Ecomuseu de Maranguape, onde acontece o evento. De acordo com uma das organizadoras do festival e coordenadora do Ecomuseu, Nádia Almeida, as atividades começam às 9 horas e terminam às 17 horas. "O festival é realizado em uma comunidade rural, onde a base econômica é a agricultura e que tradicionalmente produz o feijão verde".

Celebração
Nádia salienta que esta é uma celebração da comunidade em torno das tradições culturais. "Tem na sua base esse imaginário, a relação com a terra, haja vista que Cachoeira pertence a uma Associação de Agricultores chamada Comitê Agrícola, constituída em 1970. Não é uma terra pública nem privada, mas coletiva, uma terra socializada". O Comitê Agrícola de Cachoeira realiza suas atividades de produção em agricultura familiar numa área de aproximadamente 250 hectares, coletivamente cultivada por 30 famílias que já estão em sua 2ª geração.

As atividades acontecem durante todo o dia. "Vai ter visitação ao Ecomuseu, para conhecer o acervo e a exposição ´Bordados de Luz´, degustação do feijão verde feito por senhoras da comunidade, farinhada tradicional, comidas típicas".

Trova
Além disso, vai ter uma programação com horários fixos. "O festival trata de dois eixos: a aproximação com a terra, agricultura, e a cultura. Por isso, a importante presença da União Brasileira de Trovadores, que vão se apresentar", comentou Nádia. Todos os anos, eles elegem um tema. O deste ano é "O bordado".

O sarau poético começa às 11 horas e vai até as 14 horas. No período da tarde, das 15 às 16 horas, acontece apresentação do grupo Tambores de Guaramiranga. "Todos os anos trazemos uma atração de fora", destaca. Ainda vai ter venda de artesanato e comidas típicas. "O Ecomuseu trabalha para promover o desenvolvimento local sustentável", complementa.

Participação
No ano passado, segundo a organizadora, 300 pessoas participaram do festival. Para este ano, a expectativa é que este número seja bem maior. "A cada ano, percebemos o reconhecimento do público. A comunidade está feliz em realizar um evento assim. Temos até um tipo de slogan: ´...toda vez que você vem fico feliz...´".

Fundação
Nádia salientou que o Ecomuseu é um ponto de cultura, que tem a gestão dos jovens, e é coordenado pela Organização Não Governamental (ONG) Fundação Terra. "São 50 jovens que estão participando de um programa de formação de agentes jovens do patrimônio cultural". Organização não-governamental sem fins lucrativos, desenvolve desde 1995 projetos de Educação Ambiental e Arte em comunidades serranas do Estado do Ceará. Dentre eles destacamos os projetos Escola da Natureza e da Rádio Comunitária Onda Verde.

De acordo com ela, esse festival é importante para eles porque acabam tendo uma experiência profissional.

Ecomuseu
O Ecomuseu de Maranguape tem a missão de promover uma ação integradora por meio de estratégias que contemplem a identificação de elementos culturais, a conservação desses elementos na educação cultural da comunidade e dos visitantes do Distrito de Cachoeira.

O projeto que abrange uma área de 100 hectares, pretende estudar e catalogar as manifestações simbólicas do local, mapear os conteúdos dessas experiências de vida, a partir da concepção da comunidade e seu patrimônio cultural como um museu e suas relações entre homem, cultura e natureza.

Uma vivência integrativa e interativa que convidará o visitante a percorrer o passado desta comunidade em seu diálogo com o presente e assim promover novos territórios de sentido. Um projeto que pretende planejar, programar e realizar programas de educação ambiental e educação artístico-cultural que promovam a formação e o aperfeiçoamento profissional e humano da comunidade de Cachoeira e dos visitantes.

Vale conferir este momento de descontração, mas, acima de tudo, de valorização da cultura e da terra.

MAIS INFORMAÇÕES
V Festival do Feijão-Verde e Trovadores de Maranguape
Local: Ecomuseu de Maranguape
Telefone: (85) 8816.4309/ 8887.6357

Evelane Barros
 Subeditora do Regional

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Companhia teatral realiza leituras dramáticas

Em Tauá, estudantes e o público em geral têm a oportunidade de aprofundar o contato com o fazer teatral

Jovens atores sociais, com idades entre 9 e 17 anos, buscam favorecer a narratividade dos participantes
FOTO: SILVANIA CLAUDINO
Tauá Até o dia 5 de maio, a comunidade estudantil e a população têm a oportunidade de assistir a espetáculos teatrais produzidos pelos alunos do próprio Município, por meio do projeto II Ciclo de Leituras Cínicas, realizado pela Companhia Artes Cínicas de Teatro.

O projeto, em sua segunda edição, iniciou em janeiro, propiciado pelo êxito obtido em 2010. A iniciativa une literatura e teatro, trabalhando leituras dramáticas junto a crianças e jovens.

Para esta edição, foram selecionados três textos: "A Farsa de Romeu e Julieta", de José Mapurunga, "As Bondosas", de Ueliton Rocon e "As artimanhas de Simão ou O Causo dos Dotes", de Márcia Oliveira. Trabalhadas em sequência, as leituras dramáticas envolvem no elenco onze atores e três músicos.

Programação
Atualmente, o grupo está apresentando a leitura do primeiro texto, desde o dia 26 de abril. Alunos do Liceu de Tauá e do Projovem Adolescente já assistiram às apresentações.

No dia 4 de maio, será a vez dos alunos do Ceja e no dia 5, haverá apresentação para o público em geral no Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. As apresentações do projeto são gratuitas.

"O Ciclo de Leituras Cínicas é uma ação que se assume como a possibilidade de articular literatura e teatro, uma vez que em seu interior são trabalhadas leituras dramáticas de textos teatrais que têm como marca a comicidade", relata o produtor Gilmar Costa. Ele ressalta que depois das apresentações das leituras, são realizadas conversas formativas entre os atores e o público, com o intuito de favorecer a narratividade de suas impressões sobre as leituras dramáticas e o fazer teatral como um todo.

Para o produtor, as leituras dramáticas são eficazes instrumentos para formar público leitor e apreciador do fazer teatral. Daí, ao realizar o II Ciclo de Leituras Cínicas, a companhia se propõe a trabalhar com diversos textos teatrais integrantes da dramaturgia cearense e nordestina, beneficiando atores sociais de 9 a 17 anos de idade, participantes de atividades em espaços culturais e educacionais de Tauá, mantidos pela esfera pública e em espaços livres, como ruas, calçadas e praças.

A ideia para a implantação do projeto foi motivada pela participação de atores no Festival dos Inhamuns de 2006 e 2009 na cidade, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Alguns de seus atores participaram da leitura dramática da crônica de Dona Maria Quitéria dos Inhamuns, dirigida por Sidney Souto, na programação do II Festival dos Inhamuns - Circo, Bonecos e Artes de Rua de 2006, e na Oficina Pesquisa e Elaboração de Textos, ministrada por Selma Santiago e Ronaldo Agostinho, que integrava o projeto de Formação nas Áreas de Circo, Bonecos e Artes de Rua - programação preparatória para o IV Festival dos Inhamuns, em 2009.

A Companhia Artes Cínicas de Teatro atua neste Município desde o ano de 2007, e é composta por um grupo de jovens envolvidos com as dimensões da arte, da cultura e da educação, constituindo-se como entidade cultural civil sem fins lucrativos. Realiza ações artísticas e, ainda, teatrais em parceria com diversos órgãos públicos e, também, privados.

MAIS INFORMAÇÕES
Cia. Artes Cínicas de Teatro Avenida Coronel Lourenço Feitosa, 61 Sala 4, Centro - Tauá-CE

Telefone: (88) 9915.8406

quinta-feira, 28 de abril de 2011

AL-CE: Deputado João Jaime quer incluir Acaraú no roteiro turístico oficial do Estado


O deputado João Jaime (PSDB) apresentou o projeto de lei nº 91/11 na Assembleia Legislativa que visa a inclusão do município de Acaraú, na região norte, no roteiro turístico oficial do Estado.

O QUE DIZ A LEI 

PROJETO DE LEI Nº 91.11

INCLUSÃO DO MUNICÍPIO DE ACARAÚ, NO ROTEIRO TURÍSTICO OFICIAL DO ESTADO DO CEARÁ.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ

DECRETA:

Art. 1º -  Inclui o município de Acaraú, no roteiro turístico oficial do Estado do Ceará.

Art. 2º -  Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, aos 25 de Abril de 2011.

DEPUTADO JOÃO JAIME
PSDB – 3º SECRETÁRIO


JUSTIFICATIVA

A presente proposição visa reconhecer as belezas da região e proporcionar uma maior visibilidade a este município cearense, gerando oportunidades de ampliar a visitação ao local.

A cidade de Acaraú é o maior produtor de lagosta do Brasil e sobrevive da pesca, agricultura e da pecuária, e localiza-se a 255 km de Fortaleza.

O turismo é uma outra base da economia regional devido aos atrativos naturais, como as praias da Barrinha, Aranaú Monteiro, Arpoeiras, Barra do Zumbi, Espraiado,Volta do Rio e Coroa Grande. Pode-se encontrar ainda as lagoas de Espinhos da Volta, Dantas, Lagamar e Carrapateira.

Como principais eventos culturais do município pode-se destacar a Festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição; o Carnaval, que tem atraído muitos visitantes à cidade por serem bastante tranquilos os festejos dos foliões; o Festival Junino, realizado pouco antes do seu aniversário de emancipação política, no dia 31 de julho; e a Festa do Camarão, realizada em Outubro e um evento de porte internacional, sendo realizada na cidade a feira internacional do camarão, atraindo visitantes nacionais e internacionais.

Portanto, o presente Projeto de Lei objetiva incluir no roteiro turístico do nosso Estado esta cidade de grandes oportunidades, belezas naturais e povo tão hospitaleiro que encontamos  no município de Acaraú.
 
Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, aos 25 de Abril de 2011.

DEPUTADO JOÃO JAIME
PSDB – 3º SECRETÁRIO

Fonte: Portal da AL-CE

Para entender Fortaleza

Publicação do Inesp, que será lançada hoje, na Assembleia Legislativa, pretende explicar aspectos do crescimento da Capital, passando, inclusive, por questões de ordem econômica

A sede da 10ª Região Militar já foi um forte construído por holandeses e faz parte da história da Capital: prédio está presente na obra de Farias e Bruno
FOTO: RODRIGO CARVALHO

Como se deu o processo de ocupação de Fortaleza? Como a cidade cresceu? Que povos mais influenciaram a sua cultura? Que histórias estão por trás de prédios e locais como a Praça do Ferreira e o Passeio Público? Para essas e outras perguntas os leitores encontrarão respostas no livro "Fortaleza - Uma breve história", do professor e deputado federal Artur Bruno e do historiador Airton de Farias, que será lançado, hoje, a partir das 19 horas, no Plenário 13 de Maio, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

Um dos objetivos do livro é contar de forma resumida a história da capital cearense, desde as primeiras tentativas de colonização portuguesa até os dias atuais. A obra percorre as principais transformações econômicas e sociais da cidade e conta a origem de Fortaleza, a partir da construção, pelos holandeses, em 1649, do Forte Schoonenborch, às margens do Riacho Pajeú. No local, hoje funciona a 10ª Região Militar.

Trata ainda da elevação à condição de vila, em 13 de abril de 1726, data que marca o aniversário de Fortaleza; do lento processo de expansão econômica; até chegar à hegemonia como principal cidade do Estado.

A obra foi editada pelo Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp), órgão vinculado à Assembleia Legislativa, e a abertura é de autoria do Professor Francisco Pinheiro, que além de deputado estadual é historiador. De acordo com Artur Bruno, o livro é um presente à cidade nesses seus 285 anos de história e uma forma de os fortalezenses conhecerem melhor a história de sua terra natal.

De acordo com Airton de Farias, o projeto do livro existia há três anos e ele foi concebido a partir de pesquisas em produções acadêmicas. Apesar disso, não se trata de um "livro acadêmico", ressalta. "É um meio termo. O livro poderá ser lido pelos mais diferentes públicos. Não é didático e nem acadêmico".

O historiador nega, ainda, que a obra seja de história política. Com muito mais intensidade, garante, fala-se de como a cidade nasceu e cresceu, da formação dos bairros. "Tratamos de fatos já bastante conhecidos, mas também de passagens mais obscuras de nossa história, como a insegurança, a falta d´água na vila, seu desenvolvimento econômico", afirma.

São problemas que a cidade enfrenta até hoje - em maior ou menos grau, dependendo da região. Por isso, o livro pode ajudar a compreender os dramas que a Capital vive, ao mesmo tempo em que aposta perspectivas para o futuro. "Muito do que se vive hoje é reflexo do que a cidade era. É o caso do Centro e dos problemas de mobilidade", acrescenta Airton.

Para ele, uma das passagens que mais o impressionam tem relação com a forma como a cidade sofreu um processo de "metropolização", a partir dos anos 50. "Tendo em vista, por exemplo, a vinda da Copa do Mundo para Fortaleza, é preciso repensar muita coisa. A cidade cresceu demais. E mais intervenções urbanas importantes devem acontecer nos próximos anos. Por isso, a participação da população será muito importante. Não é um papel apenas no poder público".

MAIS INFORMAÇÕESLançamento do livro "Fortaleza - Uma breve história", hoje, às 19 horas, no Plenário 13 de Maio, da Assembleia Legislativa (Av. Des. Moreira, 2807, Dionísio Torres). Contato: (85) 3277.2500

Fonte: Diário do Nordeste

Casos e curiosidades da Cidade com Nirez

(ÍGOR DE MELO)

O jornalista, pesquisador e historiador cearense Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) fará palestra hoje (28), às 19h30min, no Espaço Cultural Porto Freire (Parque Del Sol).

Abordando o tema Fortaleza, Casos e Curiosidades, a palestra gratuita integra a exposição Fortaleza - Memórias do Tempo, que prossegue até o dia 30 de dezembro reunindo imagens e objetos originais da capital cearense entre as décadas de 1920 e 1970.

SERVIÇO

PALESTRA COM NIREZ
Quando: hoje (28), às 19h30.
Local: Espaço Cultural Porto Freire/ Parque Del Sol (rua Joãozito Arruda, s/n - Cidade dos Funcionários).
Acesso: gratuito.
Outras informações: 3459 0061 / 3459 0062.

Fonte: O Povo

terça-feira, 26 de abril de 2011

MEC amplia prazo para bolsistas do ProUni

Pesquisa coloca o Brasil em último lugar entre 36 países ao avaliar percentual de graduados acima de 25 anos

Para o MEC, a ampliação das bolsas para o dobro do tempo do curso dará mais oportunidades aos universitários
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Brasília. O Ministério da Educação (MEC) aumentou o período de duração das bolsas do programa Universidade para Todos (ProUni). Portaria publicada ontem no Diário Oficial aumentou o prazo de validade das bolsas para o dobro do tempo de duração dos cursos. Antes, este limite era de uma vez e meia.

Assim, quem é bolsista numa faculdade que pode ser concluída em quatro anos passa a ter até oito anos para se formar. Antes, este prazo era de seis anos. Segundo nota divulgada pelo site do MEC (www.mec.gov.br), a dilatação do prazo de validade dará mais oportunidades a quem precisa trancar a matrícula durante a faculdade.

O MEC esclarece que estudantes que ganham a bolsa após já terem cursado um ou mais semestres deverão desconsiderar este período na hora de calcular o prazo de validade.

O ProUni foi criado em 2004 e concede bolsas integrais e parciais (50% da mensalidade) a alunos de cursos de graduação, em instituições privadas de ensino superior. De acordo com o Ministério da Educação, o programa já atendeu 863 mil universitários. A nova regra foi estabelecida pela Portaria Normativa nº 9, de 20 de abril de 2011, publicada na seção 1, página 21, da edição do Diário Oficial de ontem.

Pesquisa
Para concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior. Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), coloca o Brasil no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos.

Os números se referem a 2008 e indicam que apenas 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira. O Chile, por exemplo, tem 24%, e a Rússia, 54% da população com nível superior concluído.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008 e destacou que o número anual de formandos triplicou no país na ultima década.

"Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter", avaliou. Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre os ensinos médio e o superior.

A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas.

Costa lembrou que o próximo Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020. Segundo ele, esse patamar está, atualmente, próximo de 17%. Para isso será preciso ampliar os programas de acesso ao ensino superior, como o ProUni.

Fonte: Diário do Nordeste

O romantismo de Os Nonatos

Em única apresentação em Fortaleza, a dupla de cantores "Os Nonatos" apresenta, amanhã, às 21 horas, no Theatro José de Alencar (TJA), suas canções românticas acompanhados por banda própria. O show acústico promete emocionar o público cearense.


Os Nonatos conquistaram um público diverso com o romantismo e a sensibilidade de suas composições. A dupla também vai se apresentar em Quixadá

Românticos incontestáveis, Nonato Neto, paraibano de Cachoeira dos Índios, e Nonato Costa, cearense de Santana do Acaraú, juntos, formam a dupla musical Os Nonatos, cuja poesia une diversidade musical e muito romantismo. Os dois se conheceram durante uma disputa de cantoria e a afinidade foi tamanha que nunca mais se separaram.

Desde 1994, a dupla de músicos não comparecia em terras cearenses, mas, a partir de amanhã, eles estarão de volta, com duas apresentações. A primeira delas, acontecerá no Theatro José de Alencar (TJA), às 21 horas. Já a segunda, prevista para a quinta-feira, terá como palco o espaço da AABB, na cidade de Quixadá, Interior do Ceará.

Show
Conforme Nonato Costa, a dupla iniciou a carreira como poetas cantadores. "Durante 10 anos, nós nos dedicamos ao repente, mas, naturalmente, passamos por um processo de transição e agora seguimos uma linha mais romântica. Claro, que tem muita gente que nos pede para cantar alguns repentes, e nós atendemos a todos com muito gosto", diz.

Na apresentação de amanhã no TJA, a dupla vai realizar um show acústico, com violão e acordeom. No repertório, 20 músicas de autoria da dupla, com destaque para os sucessos: "Mudar pra que?"; "Ponto final"; "Um nós por dois eus"; "Casa de campo", entre outros.

Com suas canções, Os Nonatos vêm conquistando público diversos, ressoando nos mais diferentes ambientes culturais. Além de Jackson Antunes, Flávio José, Vicente Nery, Sirano e Sirino, Amazan, Tom Oliveira, Valdonys e mais de 35 bandas já interpretaram suas músicas, a exemplo de Mastruz com Leite, Cheiro de Menina, Aviões do Forró, Solteirões, Caviar com Rapadura, Saia Rodada, Cavalheiros do Forró, Garota Safada, Forró do Muído. Só neste ano, entre as suas músicas mais tocadas nas rádios estão: "Sem céu e sem chão"; "Um nós por dois eus"; e "Encontrei em você".

A dupla tem como admiradores de suas canções, os humoristas cearenses Chico Anysio e Tom Cavalcante e o arquiteto Oscar Niemeyer, que ganhou uma música em sua homenagem. "Se Deus fosse fazer outro planeta/ Niemeyer seria o arquiteto", diz o refrão do repente de Os Nonatos.

MAIS INFORMAÇÕESEspetáculo "Os Nonatos" - Show acústico, amanhã às 21 horas, no Theatro José de Alencar. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) - R$ 15,00 (meia).

Fonte: Diário do Nordeste

segunda-feira, 25 de abril de 2011

1ª Semana Indígena: Cultura e saberes Tremembé

      Sabrina - Índia Liceu 2011     Foto: Totó Rios
 O Liceu de Acaraú, em parceria com os Conselhos Indígenas de Queimadas e Telhas, em Acaraú e de Almofala, em Itarema, promoveu a semana indígena entre os dias 18 a 20 de abril deste ano. O evento contou com palestras, ritual do torém e apresentação do trabalho desenvolvido pelos conselhos indígenas.
Confira as matérias publicadas no Blog Acaraú pra recordar
Cacique Tremembé João Venâncio e Totó Rios-Dança do Torém

Totó Rios e Pajé Tremembé Luiz Caboclo

Antropólogo Babi Fonteles e Totó Rios

Totó Rios e Cacique Tremembé João Venâncio

Prof.  Raquel-Organizadora do Evento e Totó Rios



Belezas do Ceará

Desbravar a rica biodiversidade do Ceará é o objetivo do "Expedições", programa da TV Diário que chega, amanhã, à segunda edição. Composto por imagens inéditas de diferentes regiões do Estado, é apresentado por Clotilde Dantas

Clotilde Dantas apresenta o novo programa da TV Diário, “Expedições”
FOTO: ALEX COSTA
O Ceará é associado a imagens de litoral, sertão e caatinga. Poucos sabem que o Estado possui uma biodiversidade que vai muito mais além. Mostrar toda a riqueza do Ceará é o compromisso do "Expedições", programa que chega, amanhã, à segunda edição.

Em um ano e meio, a equipe da TV Diário desenvolveu o projeto do programa. Repórteres, produtores, editores e cinegrafistas viajaram pelos sertões e litoral, passando por serras, rios e lagos, vencendo matas nativas, caatinga e várias formas de solo e calor.

Clotilde Dantas conta que está conhecendo mais o Ceará por meio do "Expedições"
FOTO: ALEX COSTA
Os cinco primeiros programas foram realizados em parceria com uma equipe do Diário do Nordeste que, em 2009, garimpava paisagens do Estado para uma reportagem. Nesse processo, os jornalistas receberam a orientação de um biólogo, Thiers Pinto.

Ao todo, foram realizados 16 programas, sendo que alguns ainda estão em fase de finalização. O primeiro foi ao ar na terça-feira passada, dia 19 e, segundo o editor George Facundo, recebeu muitos elogios. "Precisávamos revelar o Ceará em sua profundidade. O programa de estreia mostrou o que resta da Mata Atlântica no coração de Fortaleza e os desafios do mangue para ficar livre da interferência humana".

A apresentadora Clotilde Dantas conta que também está muito contente com o programa. "Eu mesma acabei conhecendo retratos do meu Estado que não conhecia. O Ceará ainda é muito pobre, mas riquíssimo em biodiversidade".

O parque do Cocó tem sido espaço para a jornalista apresentar o programa
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Para a apresentadora, o "Expedições" desvenda regiões e personagens fortes, capazes, muitas vezes, de sobreviver no meio do nada. "Essa é uma experiência que estou tendo como jornalista, editora, telespectadora e cearense".

Clotilde escolheu apresentar o programa em um espaço ao ar livre. "Abdiquei do estúdio porque achei que o contato com a natureza traria proximidade com a temática. Algumas gravações ocorrem no Parque do Cocó. Dá mais trabalho, mas fazemos tudo por amor ao programa", explica a jornalista.

Os próximos "Expedições" mostrarão serras do Estado; locais onde a vegetação está denegrida pelos homens; os diferentes rios, além de revelar a realidade dos aterros sanitários e trazer à tona um filão da economia que está crescendo: o da mineração.

"Queremos chamar a atenção do interesse público para que passe a aproveitar as potencialidades do Estado de maneira realmente eficaz", espera Clotilde.



Cresce o número de turistas em Icó

Duplicou a quantidade de visitantes no Centro Histórico de Icó, no primeiro trimestre do ano, comparado a 2010

Teatro da Ribeira dos Icós é um dos prédios que compõe o sítio histórico de Icó. O local, tombado pelo Iphan, em 1997, é composto pela Casa de Câmara e Cadeia e Sobrado do Canela Preta
FOTO: ALEX COSTA
Icó No primeiro trimestre deste ano, aumentou o número de visitas agendadas e de fluxo de turistas ao Centro Histórico desta cidade, localizada na região Centro-Sul. Em comparação com igual período do ano passado, foi quase o dobro de pessoas. Desde o segundo semestre de 2010 que a secretaria de Cultura do Município implantou ações voltadas para a divulgação do patrimônio material e de incentivo à realização de excursões estudantis culturais.

O programa Roteiro da Nossa História oferece acompanhamento dos visitantes por guias da Secretaria de Cultura. No roteiro, caminhada pelo sítio histórico, que inclui visita às igrejas, casarões, prédios públicos, antiga Casa de Câmara e Cadeia, o Teatro da Ribeira dos Icós e o Sobrado do Canela Preta. Há opção de o turista conhecer o espaço gastronômico no distrito de Lima Campos, onde há as tradicionais peixadas de tucunaré, consideradas patrimônio imaterial.

Patrimônio
A cidade de Icó localizada às margens do Rio Salgado é patrimônio nacional e o núcleo urbano foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1997. A área tombada inclui vários quarteirões. No entorno do Largo do Thebérge, uma imensa praça, de um quilômetro de cumprimento por 100 metros de largura, estão localizados os principais imóveis históricos.

O Programa Monumenta do Ministério da Cultura, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e em parceria com o Governo do Estado, restaurou a partir de 2000 as principais obras arquitetônicas: o Teatro da Ribeira dos Icós, a Casa de Câmara e Cadeia e o Sobrado do Canela Preta e ainda liberou recursos para obras de restauro em imóveis particulares.

"Temos um conjunto arquitetônico importante que precisa ser mais conhecido e divulgado", disse a secretária de Cultura, Jequélia Alcântara. "Muitos jovens, moradores da região, ignoram a nossa história". O esforço da Secretaria de Cultura é atrair moradores de Municípios do interior do Ceará e de outros Estados.

Há também as visitas não agendadas de turistas que visitam a cidade e procuram acompanhamento na Secretaria de Cultura. Entretanto, a prioridade da instituição é para as visitas agendadas. "Os alunos universitários e de ensino médio são os que mais procuram conhecer o Centro Histórico", observou Jequélia Alcântara.

Desde 2009, que alunos da rede pública do Município passaram a ter acesso a duas cartilhas com informações sobre o patrimônio histórico da cidade e a sua necessidade de preservação. As publicações "Icó, História, Cultura e Tradição" e "Educação Patrimonial em Icó: conceitos e diretrizes" servem de instrumento pedagógico auxiliando professores e estudantes.

As duas cartilhas foram frutos de um convênio celebrado entre o Programa Monumenta do Ministério da Cultura, Senac, Sistema Fecomércio e a Prefeitura de Icó. A elaboração nasceu como resultado do Projeto Conhecer para Preservar, patrocinado pelo Monumenta. Inicialmente, 20 professores da rede pública participaram do projeto, tendo participação ativa na elaboração dos instrumentos pedagógicos.

Em Icó, o visitante encontra o pesquisador e guia histórico, Altino Afonso, que com dedicação acompanha os grupos, dá as informações e tira as dúvidas sobre o passado do Município que, durante o ciclo do gado nos séculos XVIII e XIX, viveu período de riqueza e crescimento.

Recentemente, a partir da chegada de padres da Ordem dos Carmelitas às paróquias de Nossa Senhora da Expectação e de Nossa Senhora do Rosário, as igrejas passaram a ficar abertas, oferecendo oportunidade de visitas.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura de Icó
Casa de Câmara e Cadeia - Rua Inácio Dias, S/N - Centro Histórico do Largo do Thebérge - Fone: (88) 3561. 1628

Fonte: Diário do Nordeste

O guardião de 30 mil deuses

O menino do sertão se tornou dono de uma das maiores bibliotecas particulares do Brasil. José Augusto Bezerra nutre gratidão pelos livros e diz: ''toda comunicação é positiva''
(DEIVYSON TEIXEIRA)
Numa sala de poucos metros quadrados, grande parte da história do Brasil. Não à toa, na porta de vidro que guarda o tesouro de livros raros de José Augusto Barbosa está estampada a passagem bíblica do livro Êxodos: "Bata o pó das tuas sandálias pois o chão em que pisas és um solo sagrado".

O bibliófilo gira a chave e convida Debret, Guimarães Rosa, Camões, Euclides da Cunha, Drummond, Gilberto Freyre e tantos outros para também conversar com O POVO. Filho de Jaguaribe, José Augusto, que talvez estivesse destinado à lida de vaqueiro, prometeu ao livreiro Melquisedec montar sua própria biblioteca. Ele presenteou o menino com o primeiro dos mais de 30 mil livros que José Augusto possui hoje. Uma coleção que já ganhou elogios de políticos e bibliófilos de várias partes do Brasil e do mundo.

Aliás, está na biblioteca de José Augusto o mais importante conjunto de Imprensão régia. Isso sem falar na cartilha em que estudou D. Pedro II, no menor exemplar de uma Constituição brasileira, nos livros de reis...

O POVO - Como surgiu o seu interesse pelos livros?
José Augusto Bezerra - O interesse surgiu pelo estímulo inicial da minha mãe. Embora ela não tivesse leitura, admirava muito os livros e me passou um pouco disso. Mas acredito que tais coisas nascem espontaneamente. Uma vocação, palavra do latim que quer dizer chamado. O chamado interior, quase sempre, irresistível. Muitas vezes se abandona tudo. Dinheiro, glórias, aventuras por um chamado espiritual ou por uma carreira diplomática. No meu caso, quando criança, minha família saiu de Alto Santo, no interior do Ceará, para Recife pensando em educar melhor, a mim e a meu irmão. No Recife, criança, de família modesta, ia trocar os livros que usava num ano letivo por outros novos nos sebos de lá. Comecei a olhar livros, conhecer e perguntar sobre eles. É uma arte que exige atenção, perspicácia e interesse. Embora todos os meus filhos gostem de livros, ainda não consegui transmitir essa paixão do chamado a nenhum deles, pois cada um tem o seu próprio chamado. Talvez os netos.

O POVO - O senhor chegava a adquirir outros livros?

José Augusto Bezerra - Com o tempo comecei a observar outras pessoas que não iam procurar livros didáticos, mas sim livros mais especiais, chamados raros. Comecei a procurar a saber sobre aquilo também. Tinha um livreiro que se chamava Melquisedec. Era também bibliófilo. O que geralmente não dá certo. Ou se é vendedor ou se é colecionador. Ele termina ficando numa dúvida e ansiedade. Vender uma obra que gostaria de ficar ou vive-versa é uma angústia. Melquisedec observou o meu interesse e minha atração pelos livros. Quando eu tinha 12 anos ele me disse: “Tenho aqui um livro que considero extraordinário”. E era, para ele, na época, um livro extraordinário chamado Fábulas de La Fontaine, ilustradas por Gustavo Doré. Ainda hoje para mim Doré é o maior do gênero no mundo. E disse o velho livreiro: “Quero lhe dar esse livro e quero que prometa que vai formar uma grande biblioteca”. Prometi, recebi o livro e ainda o tenho. Depois me tornei um estudioso do Gustavo Doré, tanto que adquiri o primeiro livro feito por ele. Procurei cumprir o compromisso. Hoje tenho uma biblioteca que está entre as importantes, particulares, do Brasil.

O POVO - Como foi montada esta biblioteca?
José Augusto Bezerra - Ao longo de 50 anos fui criando esse patrimônio cultural. Naturalmente, a maioria dos colecionadores recebe herança de parentes e pais, e dão continuidade. Ou mesmo de amigos que dão como doação. Eu não recebi de ninguém. José Mindlin, que era considerado o maior bibliófilo do Brasil, esteve na minha biblioteca três vezes. Numa delas me disse: “Até que enfim encontrei um homem tão louco quanto eu!”. Mas depois ele disse uma coisa importante: “As nossas bibliotecas em termos de qualidade e quantidade são parecidas, mas quase a metade da minha biblioteca foi me dada pelo Rubens Braga de Moraes e você construiu a sua sozinho, o que é mais difícil”. Normalmente as bibliotecas particulares são especializadas em um tema. É quase uma loucura fazer uma biblioteca genérica como eu fiz. Abrange 12 áreas diferentes e em todas estamos bem situados no Brasil.

O POVO - Mas o senhor continua adquirindo?
José Augusto Bezerra - Sou presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos e então, através disso, todos me têm muita atenção, no Brasil e no Exterior. Ontem esteve aqui uma pessoa da Alemanha querendo fazer uma exposição dos livros raros da minha biblioteca, em Viena e em Berlim, no ano internacional do Brasil na Alemanha. O que não deixa de ser uma honraria para o Ceará. Continuo adquirindo livros referentes ao Brasil. Tal biblioteca, chamada brasiliana, especializada no Brasil, resguarda a memória do País. Eles me oferecem e vamos adquirindo vagarosamente. A maioria em leilões. Tem mais segurança, pois é uma coisa pública e sabemos as fontes. Essa é uma biblioteca viva e continua a ser construída. E espero que continue até o dia em que eu estiver vivo. Esse é um compromisso meu com a minha vocação.

O POVO - Qual é o livro mais raro, qual traz mais orgulho?
José Augusto Bezerra - Há poucos dias foi feita uma matéria numa revista especializada, chamada Scriptorium, sobre a minha biblioteca. O escritor disse que encontrou um colecionador que não transparece vaidade por ter livros raros. Realmente não tenho vaidade de tê-los. São companheiros de jornada. Quando pego um livro com 500 anos penso quantos donos ele já teve. E então eu sei que não sou dono propriamente. Estou apenas como guardião por determinado momento e sinto nisso mais uma responsabilidade do que uma vaidade. Não tenho um livro para dizer que é o mais raro. Tenho muitos livros raros e cada um deles tem uma história. Alguns passei 30 anos procurando, outros nunca esperei encontrar. Quando você pega um papel e vê que passou ali a mão de Santos Dumont! E talvez o único documento do mártir da Independência Tiradentes em mão de um particular no Brasil! Qual dos dois é o mais importante? Pegar por exemplo a primeira carta que D. João VI fez quando chegou ao Brasil ou um documento pessoal de Hitler. Cada um tem uma emoção diferente. Acho que a grandeza da biblioteca está no conjunto, na sua importância coletiva.

O POVO – Existem quantos livros na biblioteca?
José Augusto Bezerra - São aproximadamente 30 mil. Da história do Ceará é o maior conjunto já feito, creio. São oito mil livros. O maior conjunto de dicionários do Brasil, o maior conjunto de Linguística e Filologia da Língua Portuguesa. O maior conjunto sobre Rachel de Queiroz do País. Um dos maiores sobre manuscritos do Brasil, o maior acervo sobre oratória. Talvez o maior conjunto do mundo sobre ex-líbris. A Imprensão Régia é outra coleção extraordinária e um conjunto excepcional sobre a literatura infantil no Brasil também.

O POVO - Adquirir livros ainda é uma coisa cara no Brasil?
José Augusto Bezerra - Ainda é. O governo tem que subsidiar, trabalhar o mercado, para que o livro chegue às mãos de crianças e jovens. Quando lemos, abrimos a nossa mente e descobrimos novos horizontes. E o que acontece é que aumentamos a nossa ambição. Se você não tem novos horizontes, que ambição você tem? Não está preocupado em sair daqui, pois sabe que vai para outro lugar ganhar a mesma coisa. Mas se você sabe que pode ganhar mais em outro lugar você vai se preparar para chegar lá e vai ter mais ambição. O estudo eleva a ambição e a ambição gera a riqueza. A riqueza individual somada é riqueza coletiva. A riqueza das nações. A ambição individual só cresce se você ler.

O POVO - E é relevante o suporte desta leitura?
José Augusto Bezerra - Não importa o suporte. O livro já foi feito de pedra, de barro, foi feito de osso, de pergaminho, de papiro, de papel de linho e, atualmente, de papel celulose. E temos agora o livro eletrônico. Não faz diferença o suporte. O livro não esta sendo substituído. O material do livro é que está sendo substituído. A essência dele sempre foi a de preservar o conhecimento. Não importa se é feito de pedra ou se é virtual. O fato é que está preservando o conhecimento humano para que a nova geração continue de onde a anterior parou. Antes do livro, quando morria uma pessoa, era como se se incendiasse uma biblioteca. Morria todo o conhecimento. Com a invenção do livro nem você nem seu conhecimento morre propriamente. A próxima geração começa de onde a outra terminou. Esse foi o grande benefício do livro: possibilitar que a nova geração não precise mais reinventar a roda. Só depois do livro a humanidade se desenvolveu em todos os campos.

O POVO - O senhor conhece algum projeto em outro país que deu certo nesse sentido de incentivar a leitura?
José Augusto Bezerra - Todos os países que cresceram primeiro tiveram que se desenvolver culturalmente. O Brasil está lendo mais, se desenvolvendo mais em termos de leitores, formando mais nas universidades. É pouco ainda, pois temos um atraso histórico. Fomos o último país da América do Sul a ter imprensa. Houve um atraso de 200 anos em relação a outros países. Estou falando na América do Sul. Não estou nem falando em relação à Europa. Quando o Brasil fez seu primeiro livro a Europa já estava com 300 anos de livros e leitores. Entrava já em uma segunda fase do livro. Em certos momentos, acontece que os fatos nos empurram, nos levam. Hoje o Brasil está numa rota boa, cresce, e o progresso vai exigir mais gente especializada e mão de obra. Se não tiver um nível colegial não se emprega. A própria estrutura de desenvolvimento do País exigirá que a velocidade acelere e os governantes não terão como fugir da responsabilidade de criar novas possibilidades para que leia mais.

O POVO - Como o senhor percebe as mídias sociais?
José Augusto Bezerra - Toda comunicação é positiva. Essas mídias são importantes, mas não competem com os livros. Elas são para o relacionamento rápido e o livro é para relacionamento profundo. No livro você não fala com outra pessoa viva. Você fala com outra pessoa que geralmente é morta ou que está muito distante. O seu relacionamento é mais longo, profundo. Acho que as coisas se complementam. A internet dá as informações mais rápidas. E quando você quer dar dados mais completos vai buscar nos livros, daí se evitar citar a internet como fonte de pesquisa.

O POVO - O tempo que as pessoas gastam usando essas ferramentas não seria um tempo em que poderiam usufruir do livro?
José Augusto Bezerra - Essas duas coisas são necessárias. Tem que haver equilíbrio de tempo. No Brasil, o hábito da leitura ainda é frágil. Normalmente não há um equilíbrio ideal, mas é uma questão de tempo. Isso vai ter que se harmonizar, pois as necessidades obrigam. Então, se as pessoas querem se preparar para concursos e empregos, e desejam melhores salários, não vão conseguir isso com os bons papos pela internet, embora sejam também necessários. Tem que tirar tempo para ler. O desafio é sempre o ponto de equilíbrio.

O POVO - O senhor pessoalmente gosta de ler em outros formatos como internet ?
José Augusto Bezerra - Não sou contra, sou a favor, mas, ainda por uma formação, é algo pessoal, gasto mais tempo com o livro impresso do que com os meios virtuais. Eu pelo menos não perco muito tempo com conversas na internet. Tenho mais rapidez e captação se for pelo livro. Porém as pessoas mais jovens tendem a captar melhor pelo virtual, embora, como digo, essas coisas não se substituem, não se excluem, apenas se completam.

O POVO - O senhor tem quatro filhos, gostaria que algum deles mantivesse a biblioteca?
José Augusto Bezerra - Não tenho isso como aspiração. Todos gostam de livros, mas nenhum com a minha paixão. Mas também não pressiono. Creio que tudo deve ser profissionalizado. Transformei a minha biblioteca no Instituto José Augusto Bezerra. A ideia é que através de palestras e exposições pagas esse instituto se torne autossuficiente. Poderíamos preservar naturalmente um patrimônio que é da sociedade, dos estudiosos, dos pesquisadores.

O POVO - O senhor conhece alguém que teve sua vida mudada pelos livros?
José Augusto Bezerra - Com raras exceções todas as pessoas de sucesso devem suas vitórias ao livro. Poderia citar muitos casos. Eu, pessoalmente, nascido no sertão do Jaguaribe, poderia ser um vaqueiro hoje. Através dos livros construímos um nome. A leitura é o caminho. Foi, é e será o caminho das pessoas e das empresas. As organizações de sucesso são feitas com homens que leem mais. As instituições, os laboratórios e as universidades são de homens que leem muito. Todos os homens extraordinários têm um débito com os livros. Até, por exemplo, o ex-presidente Lula que não teve muitas oportunidades de ir à escola, de uma instrução regular. Mas interessantemente ele teve os livros orais, o grande livro da vida, a fonte de todos os livros. No começo da História, quando ainda não havia escrita nem imprensa, os livros eram orais. Alguns homens especiais, na falta do livro escrito, usam este conhecimento que ainda está no seu DNA e leem diretamente das circunstâncias que os cercam. Com certeza, muitos que não sabem ler poderiam escrever sobre suas fantásticas experiências.

O POVO - Como definiria sua relação com os livros?
José Augusto Bezerra - Uma bela pergunta que nunca me foi feita! Diria que tenho uma relação de carinho, de amizade, de respeito e de gratidão pelo que me ensinaram. Aprendi que estão aí dispostos a me dizer sempre mais se nós tivermos tempo e atenção. Esse foi o meu chamado, o meu destino. Victor Hugo dizia que os livros são deuses adormecidos que podemos acordar a qualquer instante. Portanto, tenho essa relação com divindades. Deuses que vez por outra estou acordando. É uma relação de simpatia, alegria. Não há cobranças. É uma relação altamente prazerosa.

Manoella Monteiro
manoella@opovo.com.br

Isabel Costa
isabelcosta@opovo.com.br

Fonte: O Povo

domingo, 24 de abril de 2011

Comissão do Centenário de Juazeiro vai publicar livros

No total, serão publicados 20 livros, entre reedições e estudos científicos inéditos sobre Juazeiro do Norte

Juazeiro do Norte. Lançamentos, relançamentos, teses de mestrado e doutorado, artigos científicos. Tudo isto à luz dos 100 anos de Juazeiro do Norte e da participação do Padre Cícero. Essa história fará parte de um evento memorável para marcar o centenário. Serão lançados em uma só noite de autógrafos 20 livros, entre reedições e textos científicos inéditos. Todo o material será distribuído gratuitamente. O apoio financeiro é do Banco do Nordeste. Serão impressos um total de mil livros de cada edição.

Todo o trabalho de distribuição será coordenado de forma estratégica. Haverá o lançamento pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Prefeitura local de um dos livros importantes para compreender melhor o Padre Cícero, escrito pelo padre Azarias Sobreira, com o título "Padre Cícero - O Patriarca de Juazeiro".

Debate
Segundo o presidente da Comissão do Centenário, Geraldo Menezes Barbosa, a meta era chegar à marca dos 100 livros, um para cada ano de existência de Juazeiro. Mas houve uma redução no número de publicações a serem lançadas, e finalmente chegou-se aos 20 livros.

Presidente da comissão do Centenário, Geraldo Barbosa, pretendia inicialmente publicar 100 livros, um para cada ano de existência da cidade do Padre Cícero
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
A comissão fez a escolha do material após debates seguidos. A finalidade foi englobar as diversas áreas do conhecimento, para garantir um material diversificado no contexto histórico, social e cultural, além da marcante presença da religiosidade popular da cidade.

O lançamento está marcado para o dia 20 de julho, há dois dias da festa centenária da cidade. Cada autor irá receber uma porcentagem do material, mas a distribuição irá ocorrer, principalmente, em instituições de ensino e entidades representativas. Mais dois livros estão dentro da Coleção Padre Cícero e o Milagre de Juazeiro, com a publicação inédita de documentos que se encontravam no arquivo da Diocese, sobre Juazeiro e o sacerdote. Dois volumes, cada um com cerca de 600 páginas, estarão prontos em maio, mas o lançamento ocorrerá em julho.

São mais de 2 mil documentos inéditos, entre telegramas, cartas e fotografias que estarão disponibilizadas também na internet. Junto com a coleção "Padre Cícero Romão Baptista e os Fatos de Joaseiro", será produzido um documentário sobre a produção dos dois volumes, a ser lançado em DVD, com depoimentos de pesquisadores que também vão fazer parte dos livros, com artigos específicos. O lançamento deve acontecer também no dia 20 de julho.

O projeto tem a coordenação do padre Francisco Roserlândio de Souza e até o mês de maio deve estar com os dois volumes prontos para serem levados à gráfica. Serão mil unidades. São cerca de 600 páginas em cada volume. O primeiro deles teve a coordenação do historiador e estudioso dos fatos de Juazeiro, professor Renato Casimiro, e o segundo da antropóloga, socióloga e escritora, professora Luitgarde Barros.

Para Luitgar de Barros, os trabalhos publicados hoje servirão para pensar Juazeiro daqui a 100 anos
Seleção
Todo o trabalho para escolha do material que irá compor as 20 publicações foi criteriosamente debatido entre os integrantes da Comissão do Centenário, que tem, inclusive, a participação de pesquisadores e intelectuais, também parte desse processo de registro histórico da cidade. Um deles é o escritor Raimundo Araújo, com o livro "Rostos de Juazeiro".

O volume de propostas antes do processo de escolha era muito maior, conforme o presidente da Comissão, mas os recursos não estiveram disponíveis para todos. Inclusive um deles, "O Patriarca de Juazeiro", do padre Azarias Sobreira, entrará no rol das publicações pela sua importância, mas com o financiamento da Prefeitura e UFC.

Os livros estão na história da cidade. São centenas hoje para falar do Padre Cícero, de um Município que cresce num ritmo acelerado. Um Nordeste que incorporou a cultura da região, por onde passam romeiros de todos os nove Estados da nação nordestina. A maioria desses livros trata de entender o fenômeno religioso e o processo de crescimento de uma cidade. São dez décadas de desenrolar de uma história, que parece não ter fim. Que fez com que escritores e pesquisadores buscassem nos detalhes entender o fio condutor do processo.

Para o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, José Carlos dos Santos, a seleção dos livros buscou contemplar os aspectos histórico, político, religioso, cultural, antropológico e social da cidade e da região. Livros que mostram desde a participação das mulheres nesse processo histórico, a exemplo das beatas que conviviam com o Padre Cícero, às relações de trabalho nas instituições públicas, no seu sentido subjetivo. Essa abordagem foi feita pelo secretário e estará presente nas publicações.


CELEBRAÇÃO
20
Livros serão publicados pelas comemorações do centenário de Juazeiro. O objetivo da iniciativa é englobar as diversas áreas do conhecimento, para garantir um material diversificado.


DOCUMENTOS
Acervo traz material de alta qualidade

Juazeiro do Norte.
A coleção relacionada ao Padre Cícero e os milagres de Juazeiro é, para a escritora Luitgarde Barros, o material mais importante dessas novas publicações. Os livros contarão a história da cidade, trazendo um material de alta qualidade, com escritos e relevante acervo iconográfico.

O projeto tem a coordenação do padre Roserlândio de Souza. Para melhor organização do material, ele convidou dois escritores e pesquisadores da história de Juazeiro, Luitgarde Barros e Renato Casimiro. A equipe iniciou o trabalho com as primeiras reuniões na Capital.

A vinda para Juazeiro aconteceu no início deste ano, com a finalidade de conhecer "in loco" o material. Foi realizada uma revisão paleográfica das cartas e telegramas do Padre Cícero, e a partir deles foram divididos os assuntos mais recorrentes.

Todo o material foi estudado minuciosamente por cada pesquisador. Eles vão enfocar assuntos específicos. O segundo volume, segundo a coordenadora dos trabalhos, é uma coletânea. "Tem telegramas que consideramos importantes para incluir no livro", diz. Assuntos relacionados, por exemplo, à guerra de 1914 e outros pontos históricos serão enfocados.

Os documentos primários para o segundo volume estão relacionados à questão da independência de Juazeiro. O primeiro volume já estará mais restrito ao milagre de Juazeiro, protagonizado pela beata Maria de Araújo e o Padre Cícero, e todo o processo que transcorreu a partir desse fato.

A escritora destaca a importância do lançamento desse trabalho, ressaltando o primeiro centenário de Juazeiro do Norte. "A cidade já conta nesses 100 anos com um número grande de universidades e tem a obrigação de registrar esse pensamento, visando não só o estudo do Juazeiro do Norte no próximo século, como uma revisão do segundo centenário", opina.

Esta será, conforme Luitgarde Barros, a produção de Juazeiro até o ano de 2011. "As gerações futuras também terão oportunidade de contar com um documentário de Juazeiro, com comentários de pensadores sobre o primeiro centenário de autonomia da cidade".

A professora Luitgarde, segundo o padre Roserlândio, tem uma visão abrangente do processo político que se deu em Juazeiro do Norte. Uma das grandes pesquisadoras da história de Juazeiro, Luitgarde escreveu o livro "Juazeiro do Padre Cícero - A Terra da Mãe de Deus", com segunda edição, revisada e ampliada, lançada no ano de 2008.

Os documentos a serem publicados, em sua integralidade, são referentes a manuscritos do Padre Cícero e outros protagonistas da história da cidade. Envolvem o período de 1889 até 1937. O projeto foi lançado no ano de 2009, por meio de parceria entre o Sesc, Senac, Fundação Waldemar Alcântara, Prefeitura de Juazeiro do Norte e Fundação Padre Ibiapina.

O presidente da Comissão do Centenário, Geraldo Barbosa, afirma que serão livros de ata, por registrarem todos os fatos relacionados aos 100 anos da cidade. Mas ressalta o alto nível de importância de todos os livros que serão relançados, que traduzem a história da cidade e todo o seu processo de formação, trazendo à tona os fenômenos místicos. Uma forma de mostrar a diferença de Juazeiro no contexto das cidades do Brasil.

Na lista de reedições, estão "Joaseiro do Cariry", de Joaquim Marques Alencar Peixoto; "Mistérios do Joaseiro", de Manoel Pereira Dinis; "Joazeiro do Pe. Cícero e a Revolução de 1914", de Irineu Nogueira Pinheiro; "Padre Cícero, Pessoas, Fotos e Fatos", de Walter de Menezes Barbosa; "Padre Cícero e Juazeiro - Textos Reunidos, volume I", de Néri Feitosa.

De inéditos, serão lançados "Memórias de Um Romeiro", de Fausto da Costa Guimarães; "Odílio Figueiredo: Um Juazeirense de Expressão", de Odílio Figueiredo Filho; "Rostos do Juazeiro", de Raimundo Araújo; "De D. Bosco a Pe. Cícero: A Saga do Escultor Agostinho Balmes Odísio", de Vera Odísio Siqueira. Além destes, serão publicados trabalhos acadêmicos inéditos sobre aspectos de Juazeiro e do Padre Cícero.

Elizângela Santos
Repórter

O Diário do Nordeste de hoje,24 de abril de 2011 trás uma série de matérias relacionadas a 100 anos de Juazeiro do Norte e do Pe. Cicero.

Confira os links:
- Pesquisa revela bilhetes entre devotos e ´Padim´
- Do pároco de vila a ´santo´ do Nordeste